A Fuga




Karina estava deitada na cama, como sempre, quando alguém abriu a porta.

- Vai-te embora Alexander. – ordenou Karina.

- Eu não sou o Alexander. – informou uma voz feminina.

Karina ergueu-se nos cotovelos e olhou para a porta, estava lá uma mulher ruiva.

- Quem és tu? – inquiriu Karina sentando-se. – És a nova empregada que o Alexander contratou?

- Eu? – perguntou Gabriella entrando no quarto. – Bem... pode-se dizer que sou a tua consciência.

- Eu não sou o Pinóquio, não preciso de consciência, mas não fazia mal arranjar uma a muitas pessoas daqui. – disse Karina cinicamente.

- Miss Riddle, vim-lhe dar uma palavrinha. – afirmou Gabriella avançando para ela lentamente.

- Então é melhor desembuchar. – declarou Karina, não gostava mesmo nada daquela mulher... havia uma aura à sua volta que causava arrepios a Karina.

- Como quiseres. Eu quero o colar. – afirmou Gabriella friamente.

- Que gente insistente! Já disse que não tenho nada. Que dores de cabeça vocês me dão! – exclamou Karina levantando-se da cama.

- Eu aconselho-a a lembrar-se, ou mato-a. – disse tirando um punhal do cinto e apontando-o à garganta de Karina.

- Matas-me? Então é melhor que o faças já, porque eu não tenho o colar, mas, se o tivesse era capaz de o destruir só para não ter de dá-lo a uma pessoa vil como tu. – disse Karina friamente. – Já o disse ao teu amigo Alexander. Fiz-me entender?!

- Não me compares ao Alexander, porque eu não tenho nada a ver com ele. Eu sou muito mais cruel e para ter o que quero sou capaz de muitas coisas, coisas que nem te passam pela cabeça. – murmurou-lhe friamente e cravou-lhe o punhal na barriga. – Isto é para não te armares em esperta comigo.

Tirou o punhal e quando o fez o corpo de Karina começou a desaparecer.

- Mas o que se passa? – murmurou recuando dois passos.

Olhou para o punhal e viu que estava manchado de sangue como ela esperava.

- Mas que estranho... esta gaja era humana? – perguntou-se vendo o corpo de Karina tornar-se em nada. – Ou então... – olhou para a porta e avançou lentamente. – Talvez tenha fugido... Mas isso é impossível, ela não tinha a varinha.

*

Enquanto isso Leopold foi ter com Alexander à fortaleza dos Black Dragons. Alexander ficou completamente surpreendido, não esperava o amigo.

- Que bom ver-te! – disse Alexander levantando-se da sua secretária e abraçando o amigo.

- Digo o mesmo, é uma enorme felicidade estar contigo! Então como é que vais? – perguntou Leonard.

- Vou indo. Tenho andado aqui com uns problemazinhos mas nada que não se resolva. – riu-se Alexander.

- Isso é mau amigo, posso ajudar-te nalguma coisa? – perguntou Leopold atenciosamente.

- Não, não podes. Não é necessário. – responder Alexander. – É uma jovem que está aí presa, mas sinceramente... fiquei completamente apaixonado! Ela é tão diferente...

- Ai o amor... – suspirou Leopold sorrindo.

Karina também já tinha feito aquilo com ele, deixara-o completamente doido, ao ponto de ter tentado fazer inúmeras loucuras, das quais se arrependia agora, e profundamente.

- E a Gabriella quer que a mate! – murmurou Alexander. – Mas não posso...

- Tu não tens que obedecer à Gabriella, mas nem em sonhos! – afirmou Leopold descontrolando-se um pouco.

Alexander olhou-o espantado.

- He pá, acalma-te! – pediu rindo-se do estado do amigo.

- Eu acho que a Gabriella domina-te demais. Já lhe tentaste dar ordens? – perguntou Leopold.

- Penso que nunca foi preciso... – murmurou Alexander.

- É esse o teu problema, tens que te impor. – fez notar Leopold.

- É... acho que tens razão. – disse Alexander sorrindo para o amigo. – Eu tenho que controlar a Gabriella... mas e a Karina?

- Karina? – inquiriu Leopold fingindo que não percebera.

- A pequena que cá está. Eu... adoro-a! Quando penso nela sinto arrepios, mas arrepios de prazer, ela tira-me do sério. – suspirou Alexander.

- Imagino... estás completamente apanhadinho. – riu-se Leopold. – Nem pareces tu!

- Mas a sério, devias conhecê-la. Ela é fantástica!

- Ia gostar imenso. – respondeu Leopold cinicamente.

*


Karina saiu do quarto agarrada à barriga e tentou correr o mais depressa possível, mas o golpe que tinha dificultava-lhe imenso os movimentos. Era bastante fundo e as suas roupas estavam a ficar ensopadas em sangue, mas não se notava muito, pois a sua roupa era completamente preta.

“Tenho que sair daqui o mais rapidamente possível” pensou.

Subitamente alguém a puxou pelo braço para dentro de uma sala.

- Toni! – exclamou Karina vendo quem era.

- Sim, sou eu. – murmurou Toni. – Estas a pensar sair daqui assim? Mete pelo menos uma capa para não te reconhecerem.

- Obrigada Toni, és fantástico. – sorriu-lhe Karina e deu-lhe um beijo na cara. – Agora vou indo ou ainda me apanham.

- Sim, vai lá. – murmurou Toni. – Rápido.

Karina saiu da fortaleza o mais depressa que podia e quando passou pelos guardas ninguém a fez parar ou coisa parecida, só inspeccionavam quem entrava, nunca quem saia.

- Que bonito. – murmurou Karina parando de correr. – Estou no meio da Sibéria e sem varinha!!!!

Mal tinha acabado de dizer a frase quando sentiu algo a tocar-lhe nas costas, a ponta de uma varinha.

- Vira-te lentamente. – murmurou-lhe uma voz ao ouvido. – E tira o capuz da cabeça.

Karina conhecia aquela voz, era-lhe extremamente familiar, única mesmo. Virou-se lentamente e tirou o capuz da cabeça, ficando a olhar para Draco Malfoy.

- Karina, estás bem! – murmurou o rapaz aliviado.

- Ai Meu Deus! – exclamou Phillipa. – Pensávamos que era um bandido ou um membro dos Black Dragons.

Karina sorriu-lhe animadamente.

- Karina, minha querida! Está tudo bem? – perguntou Ian preocupado, aproximando-se.

- Está tudo óptimo. – respondeu Karina, fugindo à verdade e tentando esquecer o golpe que tinha e que cada vez a punha mais fraca por causa do sangue perdido.

- Então já podemos ir. – disse Draco friamente e virando as costas a Karina.

A auror olhou-o petrificada e deixou cair os braços do lado do corpo.

- O Malfoy tem razão. – disse Harry. – Trouxemos um botão de transporte.

- Fizeram bem, eu fiquei sem varinha. – informou Karina.

- Coitadinha... – murmurou Draco ironicamente.

“Draco...” pensou Karina desiludida, não sabia que ele ainda estava tão ressentido.

Começaram o caminho de volta, mas Karina ficou no mesmo lugar, sem se mexer. Não se estava a sentir nada bem e aquele modo de Draco falar foi bem pior que a punhalada que tinha sofrido.

- Então Karina, mas conta lá o que aconteceu, o que te fizeram eles por lá? – perguntou Harry olhando para trás. – Karina?!

Correu para trás e ajoelhou-se ao lado de Karina que tinha desfalecido. Na neve havia uma imensa mancha de sangue que nenhum deles tinha reparado.

- O que aconteceu? – perguntou Draco correndo até lá, seguido por Ian e pelos outros.

- A Karina está a sangrar imenso, tem um golpe no ventre. – murmurou Harry gravemente. – Temos que a levar para St. Mungo.

Pegou-a ao colo e levou-a até ao botão de transporte, uma camisola rasgada.

- Hermione, muda o destino do botão de transporte. – pediu Harry urgentemente.

- Como quiseres. – disse Hermione. Apontou a varinha à camisola e murmurou: - Arc modem.

Tocaram todos no botão de transporte e desapareceram.

O hospital de St. Mungo era um edifício onde, como em muitos hospitais, reinava a confusão. Pessoas com pés anormalmente grandes ou com bolas de futebol em vez de cabeças estavam sentadas na fila de espera para serem atendidas pelos curandeiros.

- Temos aqui uma jovem com uma hemorragia devido a um golpe. – informou Harry aproximando-se da recepcionista.

- Segundo andar. – respondeu esta sem mesmo olhar para eles.

- Não há elevador. – gemeu Phillipa.

- Isso não é problema. – riu-se Hermione.

Ergueu e varinha e com um gesto suave fez Karina começar a levitar.

- Ai de ti que a deixes cair, Granger. – ameaçou Draco ferozmente.

- Cala-te, porque neste momento és quem tem ajudado menos. – ordenou Phillipa.

Draco abriu a boca para protestar mas voltou a fechá-la pois viu que não tinha argumentos para combater aqueles factos que por si já eram reais e ele sabia-o mesmo não querendo admitir, o seu orgulho sempre fora grande demais.

Mas ele queria ajudar Karina! Podiam passar a vida a discutir mas ela era tudo para ele, a coisa mais preciosa que tinha, era a sua própria vida. Se Karina morresse ele não saberia o que haveria de fazer. Karina era tudo o que ele tinha, a única pessoa que tinha gostado dele verdadeiramente, a única pessoa que lhe despertara o amor no fundo de si, a única pessoa que ele amara e que haveria de amar, ela era a única em tudo o que se poderia imaginar. Sem ela o seu mundo desmoronava-se! Era ela quem sustinha a sua vida, era a sua razão de viver! Draco viveria sempre para ela. E nada o impediria de ficar com ela, a não ser a vontade da própria Karina.

Lembrava-se da primeira vez que a vira, fora no seu quinto ano em Hogwarts, tinha ele 15 anos. Foi no Expresso que os levaria à escola. Ela estava sentada na mesma carruagem que Harry, Ron e Hermione, na companhia de três amigos seus, onde estava incluída a sua prima Helena. Era uma adolescente alta, com tez pálida e um rosto aquilino, com uns olhos de um azul forte e completamente vestida de preto. Mas não parecia uma simples gótica, dava mais ar de uma caçadora de vampiros. Trazia um crucifixo ao pescoço e o cabelo, comprido e muito negro, preso numa. Sem dúvida que a ideia de Karina se parecer com uma caçadora de vampiros tinha algum fundamento, mas Draco só descobriu isso algum tempo depois. Se ele lhe tivesse visto uma pistola, uma besta, ou um chicote, não se tinha espantado nada. Mal olhou para Karina sentiu um enorme nervosismo e, quando ela se levantara e o mandara embora com a sua maneira fria de ser, Draco teve que fazer um enorme esforço para conseguir manter o seu ar cínico e irónico de sempre e não apresentar uma cara de parvo. Draco acreditava que de certeza teria havido sérios problemas se o Director de Durmstrang, a escola que Karina frequentava naquela época, não tivesse aparecida e pedido a Karina para se acalmar... PEDIDO! A palavra certa para se utilizar, porque Karina não era o tipo de pessoa que recebia ordens, a não ser de uma pessoa que ela respeitasse mesmo muito.

Durante o primeiro ano, o ano em que se conheceram passavam a vida às turras um com o outro, ou assim faziam parecer, pois Draco amara-a desde que a conhecera, mesmo ela sendo uma mal-educada que não respeitava ninguém, uma rebelde! Era uma jovem com uma agilidade tremenda e com uma inteligência que superava o próprio Merlin! Sabia tudo e nas Aulas de Defesa Contra as Artes Negras ensinava o próprio professor, o lobisomem Lupin. Era a sua melhor disciplina. Tinha um enorme jeito para animais e uma grande amizade com serpentes! Tal como o pai, ela tinha o dom de poder falar com estes estranhos animais. Não era pessoa para muitas falas, mas quando se tratava de picar Draco tinha uma língua muito afiada, era um divertimento constante, tanto dele como dela.

Mas Draco estranhava o modo de ser de Karina. Só percebeu o porquê de ela ser tão rebelde depois dum incidente que decorrera na escola, mais precisamente no Natal. Descobriu que Karina tinha sido adoptada e que os pais adoptivos de Karina tinham sido assassinados por um vampiro, à sua frente e à menos de um ano. Karina tinha um ódio terrível a vampiros, até que descobriu que o seu próprio padrinho era um deles e que o seu pai biológico era um assassino da pior espécie, um feiticeiro negro sedento de poder e vingança, Lord Voldemort.

Depois de uma série de problemas que se passaram, incluindo a intromissão de Leopold, um antigo namorado de Karina que lhes fez a vida negra até ao último momento, Draco e Karina acabaram por admitir o amor que sentiam um pelo outro e começaram a namorar. Sim, esse devia ter sido o momento mais feliz na vida de Draco, ele que nunca amara, era agora capaz de dar a vida por alguém, fazer tudo por uma mulher que conhecera à pouco mais que um ano!

Agora trabalhavam juntos e Draco ainda ia descobrindo coisas da vida da sua amada, detalhes que ela não contava a ninguém, como esta história dos Black Dragons. Parecia que a auror estava sempre metida em algo que a queria “consumir”, ficar com ela ou destrui-la para toda a eternidade. Não que Draco acreditasse muito, Karina podia acabar com quem quisesse com um simples estalar de dedos, era só querer, mas ela não queria! Preferia estar a sofrer, como agora, do que admitir que tem puderes suficientes para acabar com todo o universo! A não ser que tenha algum acesso de raiva ou ira. Draco sabia que quando alguém se metia com algum amigo de Karina ou com alguma pessoa indefesa, ela passava-se completamente e era capaz de fazer cair um meteorito em cima da cabeça de quem praticasse alguma coisa contra este tipo de gente, porque quando Karina se irritava era melhor fugir e para bem longe! Ou ela destruía-a completamente, não sobrando um único grão de pó para contar a história. E depois arrependia-se mortalmente do que fizera, e ficava deprimida.

Karina era assim, e foi por esta jovem por quem Draco se apaixonara loucamente. Foi esta jovem que a sua pessoa amou, que ama e amará.

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