Caminho Duplo



CAP 11 – Caminho Duplo



O tempo havia deixado marcas muito fortes na casa de Londres dos Malfoy. Desde que Lucio Malfoy morrera, Draco se pôs a conservar aquela casa. Ele sabia que ela era parte da história da família e, como tal, um marco.
Ultimamente, no entanto, ele achava que essa idéia de “tradição” estava se tornando uma verdadeira droga, uma coisa obsoleta. Lembrou-se do último jantar “em família”, quando alguns parentes seus estavam vivos ainda.
-Lucio, sempre soube que você seria o orgulho de nossa família! – dizia um tio de Draco, um sujeitinho pouco apreciado que morava na Escócia. Não estudou em Hogwarts e, portanto, não era considerado um legítimo Malfoy.
-Obrigado, sei que sou a glória dessa família. E sei que Draco irá corresponder a todas as expectativas! Não vai, meu filho?
Draco sentiu o rosto corar, de medo. Sabia que o pai só lhe olhava daquela maneira quando estava em uma situação delicada.
-Claro, papai. Irei honrar nosso nome.
Ele deu risada. Era muito pequeno ainda.
Eu não sabia o que estava dizendo... Não sabia...
Eram quatro horas da manhã e ele ainda não havia dormido. O telefone tocou e indicou que era Blaise.
-Quem morreu? – a voz era fria.
-Por que alguém teria morrido, Draco? – Blaise percebeu que não era um bom momento... Há muito Draco estava diferente, meio que mudando...
-Por que? Porquê para você me ligar às quatro da madrugada só pode ser caso de morte...
-Vai ficar feliz quando te contar porquê te liguei às quatro da madrugada...
-Desembucha logo, Blaise! Desembucha, pois meu dia não está muito bom...
Blaise resolveu falar logo.
-Irei me casar com a Sam. Semana que vem.
Draco tomou um choque. Sabia que Blaise e Sam estavam namorando ardentemente, mas não pensou que poderiam se casar tão cedo.
-Mas, já? Acho que está sendo precipitado...
O noivo ficou chateado. Ligou para Draco todo empolgado e levou um banho de água fria...
-Oh, sim! Irei mandar seu convite! Agora tenho que desligar! Um abraço.
Draco ia perguntar o que mais Blaise pretendia dizer, mas a linha já havia ficado muda. Colocou o telefone na base e se dirigiu ao bar. A garrafa de uísque estava vazia, assim como as de vinho... Só sobrou uma garrafa de champagne. E daquelas bem vagabundas.
Não havia problema algum. Sabia que o dono do bar não hesitaria em lhe vender alguns litros de álcool.
Álcool é bom. Álcool é bom...
No fundo ele sabia que não era. A rolha do champagne voou e ele bebeu, no gargalo. Sentiu como se o seu medidor de felicidade e excitação se levantasse, mas foi pouco. Só havia uma pessoa que poderia levantar esse medidor, mas ela devia estar triste com ele.
Caminhou até o chaveiro e pegou a chave do Alfa Romeo zero quilômetro que comprara algumas semanas antes. O bar não era longe, mas ele pretendia comprar muita bebida, e iria precisar carregar em algum lugar.
A garagem da mansão era um ambiente fechado e abafado, com uma só janela, que nunca estava aberta, pois os ratos costumavam passar por ali. Apertou o botão e então as portas do belo hatch, que se chama Brera, se abriram. Entrou.
O interior era todo de couro, com os instrumentos voltados para ele. Colocou a chave no contato, observou o reservatório de combustível, que estava completo, e girou. O motor V6 3.2L de 260 cavalos roncou, dando-lhe uma sensação de prazer. O carro voava. Posso ir até os 250Km/h, seus idiotas!
Ele acelerou algumas vezes e se lembrou que a porta da garagem não estava aberta ainda. Quando foi acionar o comando para que as duas portas deslizantes se abrissem, o champagne começou a fazer o efeito de sempre e o ronco do motor começou a ficar distante, cada vez mais distante... Fechou os olhos e se encostou ao volante, uma sensação deliciosa. Experimentou acelerar mais um pouquinho o motor V6, uma emoção incrível...
Então ele adormeceu.
Adormecido, ele acabou apertando mais ainda o acelerador do carro e o levou até a alta rotação de 5500 RPM. O motor do belíssimo carro, então, não parou de consumir litros e litros de combustível, liberando o fatal dióxido de carbono no ar da garagem.
Com os vidros abertos, uma passagem tentadora para o gás, a toxina não demorou a invadir o interior do veículo e a entrar pelas narinas de Draco.
Ele estava sufocando, mas ainda dormia. Morreria contente. Bêbado e contente.

Sophie Rajoult Von Hüpll era uma mulher atraente. A parisiense radicada na Inglaterra exibia um corpo invejável e uma mente acima da média. Uma de suas frases prediletas em seus momentos de exultação de seu próprio ego era “Reúno em mim o melhor das européias: tenho a cultura de uma francesa, a beleza de uma italiana, a inteligência de uma alemã, o poder de uma portuguesa e a classe de uma inglesa”. Sophie realmente era uma deusa.
Desde que se mudara para Oxford e se casara com Rogier Von Hüpll, um famoso cientista, nunca mais tinha ouvido falar de Draco Malfoy. A última vez que vira o pequeno bruxo fora há muitos anos atrás, numa confraternização de uma seita chamada “Arianos”, somente. Tratava-se uma seita racista que tinha planos para uma limpeza no mundo. Lá havia pessoas de todos os tipos, mas, claro, todos brancos e pertencentes a uma elite. A Arianos havia sido presidida por Adolf Hitler e, ultimamente, pouco se sabia sobre seu atual presidente. Para Sophie não importava, o importante é que ela estava dentro da seita.
Todos sabiam que havia algo a mais sob o casamento dos Von Hüpll. Mas ninguém poderia afirmar com certeza. O cientista sempre manteria a mulher afastada, reclusa, impedindo-a de fazer as coisas, como se ela fosse feita apenas para ele. Sophie, no entanto, parecia aceitar normalmente. Mas só parecia.
A casa dos Malfoy estava idêntica em sua memória. Muitas vezes os Arianos se reuniram ali, sob a salvaguarda de Lucio Malfoy. Ela bem sabia que agora ele estava morto mas, já que estava se mudando para Londres, nada melhor do que fazer uma visitinha de praxe. Além disso, talvez o jovem Malfoy fosse realmente tudo aquilo que falavam, e não lhe custava nada conferir. Ela empurrou o imenso portão, que estava semi-aberto, e entrou.
Dirigiu-se à porta central. Bateu uma, duas, três vezes e ninguém respondeu. Olhando para os lados, retirou sua varinha e destrancou a fechadura. Assim que empurrou a porta, um cheiro insuportável de podridão misturado com álcool lhe invadiu os pulmões. Ela deu um passo para trás.
O que estaria fazendo o jovem Malfoy para deixar a casa chegar naquele estado?
Enquanto caminhava, chutava caixas com restos de pizza dentro, latas de refrigerante e vidros de bebida. Oh, sim! O jovem deveria ser uma bela máquina consumidora de álcool.
Imaginou há quanto tempo uma empregada ou uma vassoura não passavam por ali e sentiu uma excitação repentina ao achar uma cueca jogada no chão. Procurou uma calcinha, mas não a encontrou. A cueca parecia ter sido usada há pouco tempo. Se pegá-lo sem cueca, termino o serviço aqui mesmo!
No entanto, o dono do objeto parecia ter sumido. Voltou alguns metros e olhou a escada, de mármore branco. Com certeza o seu querido rapaz estava descansando. Talvez com alguma companhia...
Olhou quarto por quarto, e não achou o rapaz. Decidida a ir embora, resolveu procurar um pouco mais e foi até a cozinha. Observou que o motor de um carro roncava na garagem. Dirigiu-se até a porta e a abriu.
Um bafo quente e fedorento a fez tossir. Olhou e viu, aturdida, o jovem dentro do carro sufocando. Correu até ele, cobrindo o nariz com a camisa e tentando manter os olhos abertos, que já estavam muito irritados e lacrimejando. Abriu a porta do carro e tentou arrastá-lo. Alguma coisa a impedia de movê-lo para fora, ele deveria estar preso.
Agachou-se e procurou o que prendia Draco Malfoy. Não encontrou. Desesperada, começou a puxar com ainda mais força, um desespero tomando conta de sua alma. Não que ela fosse uma pessoa realmente boa a ponto de se importar com a vida de uma pessoa, mas para fazer o que pretendia, precisava que o rapaz estivesse vivíssimo!
Puxou mais um pouco, as forças se esvaindo e ouviu um pedaço de roupa rasgar. Draco caiu no chão da garagem, ainda dormindo (ou ele estaria inconsciente?). Agora era ela, Sophie, que estava sufocando. Precisava agir rápido antes que ela também sucumbisse.
Agora já praticamente sem forças, arrastou o rapaz até a porta interna da garagem, empurrou e deixou-o ali. Feliz por ter salvado sua vida e a do rapaz, tentou andar, mas caiu no chão com estrondo, ao mesmo tempo em que o motor do belíssimo carro começava a “engasgar”, já sem combustível.
Sua garganta estava trancada, o dióxido de carbono a havia intoxicado. Morreria ali, a míngua, ela e o jovem rapaz. Seu último pensamento foi nadei, nadei e nadei para morrer na praia...

Ela estava ainda mais bonita naquela manhã. Parecia que a alegria do casamento a havia transformado interior e exteriormente falando. As pregas e as rugas do rosto estavam suavizadas, os dentes tinham mais brilho, os olhos estavam mais vivos... Foi assim quando conheceu Blaise e era assim agora que iam se casar.
É bem verdade que o pedido de casamento a pegou desprevenida. Ela realmente não esperava.
Em seu íntimo ela ansiava por aquele momento, mas ainda queria mais um pouco de tempo antes de tomar uma decisão que poderia mudar sua vida. Chegou a pensar que casamento, naquele momento, era precipitado, mas refletiu que iria se casar com uma pessoa maravilhosa que a amava, compreendia e completava.
Pegou o telefone e discou o número de Gina, que ela sabia de cor há anos. A ruiva atendeu.
-Gina, tenho uma novidade para te contar!
Gina havia acabado de levantar da cama e ainda estava meio sonolenta. Olhou o relógio e viu que já eram dez da manhã. Por Merlim! Ela nunca dormira tanto assim em sua vida!
-Conte logo, Sam! Estou ficando agoniada!
-Irei me casar com Blaise daqui a seis semanas! Ele me pediu ontem à noite, foi super romântico...
Gina não ficou realmente surpresa. Ela sabia que os dois iriam se casar cedo. Só não imaginou que fosse tão cedo, mas jamais diria isso, para não ofender a amiga. Ensaiando a voz mais empolgada que podia, disse:
-Oh! Que felicidade, Sam! Não poderia haver notícia melhor no meu dia!
-Sabia que ia adorar, Gina! Oh, Gi, nunca me senti tão feliz assim na minha vida!
-Mas conte-me logo, Sam! Sabe como odeio ficar curiosa! – as duas riram.
Ele havia feito o pedido na noite retrasada. Levou-a para jantar no Vitorian’s Palace, um luxuosíssimo e famoso restaurante da área nobre de Londres. Sam se assustou ao saber do local; ela achou que era uma extravagância sem justificativa, e tentou dialogar, mas já era tarde. É evidente que sabendo de sua própria condição e conhecedor de sua amada, Blaise preferiu fazer segredo e revelou o local do jantar somente na porta do local. Mesmo que Sam tenha relutado, ele sentou-se à mesa e teve o melhor (ou, pelo menos, o mais caro) jantar de sua vida.
Havia feito um único pedido para ela: vá muito bem vestida. E ela foi. Como estava “algumas graminhas” acima do peso, apostou no preto. O corte do vestido, que ia até o meio das pernas, tinha um V pronunciado no decote e nas costas, que valorizava seu busto farto. Só por segurança, colocou uma cinta elástica para modelar a cintura. Abriu o guarda-roupa e escolheu o salto preto mais alto que tinha. Tratava-se de um Louis Vuitton com salto agulha de 13 centímetros, que a deixava simplesmente esplendorosa. Era o sapato mais caro que tinha, e só o havia usado duas vezes, por isso estava perfeito!
Escolheu uma bolsa de camurça preta com “strass tão brilhantes que pareciam diamantes”, que combinava perfeitamente com sua presilha igualmente abarrotada de pedrinhas brilhantes e com seus brincos (não é necessário falar o tipo de brincos, não é?). Pronto! Agora só algumas gotas de Angel, o perfume, e ela estava perfeita!
Ficou curiosa para saber o que Blaise estaria aprontando, mas acabou se esquecendo enquanto passava a terceira camada de rímel. Ajeitou mais um pouco a sombra, retocou o pó compacto e, enfim, estava pronta. Olhou para o relógio e viu que estava dez minutos adiantada. Milagre e bom sinal! Durante sua vida ela havia aprendido que quando conseguisse comparecer a um compromisso no horário certo, tudo daria certo. Aproveitou os minutinhos para dar mais uma ajeitada na aparência e para desapertar um pouco a cinta, que a estava impedindo de respirar.
Blaise ficou de buscá-la às nove da noite em ponto. Eram oito e cinqüenta e oito quando ela sentou-se à janela de seu apartamento para esperar pelo namorado. Teve que aguardar apenas três minutos: Blaise chegara. Naquele momento ela viu que ele estava planejando alguma coisa muito séria. Acabou ficando sem palavras.
O carro que Blaise usou para ir buscá-la tratava-se de um Rolls Royce Limusine 1975, de cor preta. Era o carro mais esplendoroso que ela já havia visto em sua vida. De dentro do carro saltou Blaise, vestido em um smoking preto com camiseta branca e gravata borboleta. Ela nunca o havia visto tão lindo daquele jeito.
Ele desceu do carro, foi até a porta, pegou a mão dela e, sem dizer nenhuma palavra, introduziu-a dentro do veículo. O interior, todo de couro bege, cheirava a jasmim, seu perfume predileto. Ela observou que perto de si havia um frigobar, que devia estar cheio de bebidas. Logo um pensamento malicioso passou por sua cabeça, mas logo esvaiu-se. Estava tão maravilhada que não conseguia nem falar. Ele fez um sinal para o motorista e o carro começou a se mover.
Samantha sentia as maçãs do rosto arderem, e isso era incomum para ela. Não sabia se ardiam por ansiedade ou por qualquer outra coisa, mas sabia que aquela noite iria ser, sem dúvida, uma das melhores noites que ela já tivera em toda a sua existência.
O Rolls Royce andou mais algumas quadras e parou. Ela leu no letreiro e teve mais um susto: Vitorian’s Palace. Meu Deus, o Vitorian’s Palace! Aquele era simplesmente o melhor e mais luxuoso restaurante de toda a Inglaterra! Um calafrio lhe percorreu a espinha e ela não demorou muito para atinar que Blaise talvez estivesse querendo algo mais com todo aquele luxo. Não, sexo não era, já haviam feito sexo muitas vezes. Então, o quê?
Ele desceu primeiro e a puxou consigo. O motorista partiu em direção ao estacionamento, sem dizer nada. Os garçons olharam espantados para o ilustre cliente: estavam cansados de ver carros da Vauxhall, da BMW, da Mini... Mas um Rolls Royce era o cúmulo! O cúmulo do dinheiro.
Evidentemente, nenhum deles iria perder a chance de faturar algumas gorjetas a mais. Passaram, então, a fazer todas as vontades do cliente.
-Boa noite, querem ver agora o menu?- o garçom tinha um sotaque francês muito peculiar. Sam adorava aquele sotaque, achava elegante, bonito. Blaise, não.
-Oh! Por favor, daqui a pouco, sim? – Blaise disse e acabou assustando Samantha. Ele era uma pessoa educada, mas passava longe do que estava representando naquela noite.
-Um vinho, então? Temos um Chattêau 1912 simplesmente divino, sir! – Blaise riu internamente. Um francês jamais diria “sir”, no máximo iria tratá-lo como “Olá verme, quer que eu lhe cuspa na cara?”. Lembrou-se da velha briga entre ingleses e franceses e riu-se internamente de novo. Isso não passa de uma grande besteira. Não para Draco. Ele teria dito ao garçom: “Claro, e depois eu lhe enfio um dedo no rabo!” Se bem que se o garçom fosse francês realmente, poderia gostar...
-Agradeço novamente, mas não quero. Obrigado! – ele lançou um olhar para o garçom que deixou o pobre charlatão sem jeito.
Ela olhava fixamente para ele. Queria comer, queria beber, mas ele não percebia...
-Sam, tem idéia do porquê de estarmos aqui esta noite?
O olhar dele era diferente de todos os olhares que ela já tinha visto, diferente mesmo. E ela já tinha visto muitos olhares dele!
-Não, Blaise... Acho que ainda estou muito assustada... não sei se essa é a melhor palavra...
-Não faz mal. Também me senti assim na primeira vez em que estive aqui.
-Ainda bem que compreende, querido.
Ela se sentiu como uma velhinha de 70 anos de idade acabando de sair do geriatra.
-Pois bem... – Ele bateu duas palmas.
Num segundo apareceram dez violinistas, que começaram a tocar um pedaço de Ópera maravilhoso. Ela notou que o restaurante estava completamente vazio. Meu Deus, o que ele vai fazer?
Ele se ajoelhou na frente dela e abriu uma pequena caixa de camurça preta. Retirou de lá de dentro um anel de ouro 21 quilates, repleto de brilhantes e com uma imensa gema ao centro. Os olhos dela quase se ofuscaram com o brilho da pedra.
Os violinistas estavam mais embalados ainda, mas ela nem percebia. Sem controle, começou a chorar feito uma criança e se enxergou como uma colegial boba.
-Sam... venho planejando esse momento há tempos... Bem...
Ela estava ansiosa. Agora entendia o porquê de tudo aquilo.
-Diga, Blaise!
-Quer casar-se comigo?
Ela levou um choque. Esteve esperando por aquele momento durante toda sua vida. Num momento, todas as brincadeiras de criança apareceram: ela se casando de mentira, ela tendo filhos de mentira... Bom, a parte do sexo agora era verdade, mas isso não passava de um detalhe.
Lembrou-se do primeiro namorado e ficou irritada consigo mesma. Isso lá era hora de lembrar de ex-namorados?
Só teve força para falar três palavras:
-Sim! Eu aceito!
Num momento, todos os funcionários bateram palmas, enquanto o noivo beijava ardentemente a noiva. Era um sonho! Um verdadeiro conto de fadas!

Sophie estava meio tonta ainda. Agradeceu profundamente por todas as provas de resistência à intoxicação que seu marido a havia feito passar. Agradeceu como nunca tinha agradecido em toda sua vida.
Dióxido de carbono era um veneno rápido e poderoso, mas ela, Sophie, era ainda mais rápida e poderosa. Olhou para o lado e sorriu: o rapaz loiro ao seu lado parecia dormir, respirando lentamente e tossindo às vezes. Normal que ele tussa, e é até melhor, para limpar os pulmões.
Levantou-se, cambaleante, e dirigiu-se à pia: queria lavar o rosto, beber água... queria tirar aquele gosto de petróleo da sua boca. Abriu a torneira, a água escorreu. Fez uma concha com as mãos e se dirigiu ao rapaz; jogou-lhe um pouco de água no rosto e ele despertou. Olhou fixamente para ela e disse, enrolado:
-Mas que diabos! Quem é você? O que faz na minha casa? – ele não reconheceu Sophie, e ela nem esperava isso.
Ela riu dele. Quando soubesse o que Sophie acabara de fazer por ele, iria agradecer-lhe por toda a vida.
-Vejo que continua genioso, Draco – a voz era doce, mas cautelosa. Durante sua vida, ela aprendera a ponderar o que iria dizer para não se arrepender demais.
-De onde me conhece? Diga!
Ele estava ficando vermelho.
-Acalme-se e venha, irei lhe contar tudo que precisa saber. E nada mais.
Draco a viu vir em sua direção e pegar no seu braço, levantando-o. Ia relutar, mas as mãos macias da mulher o impediram de tal ato e o que se levantou foi outra coisa completamente diferente.
-Pronto para uma história de arrepiar cabelos? – ela disse concentrada, mas não esperava uma resposta.
-Se não tenho escolha...
Sophie contou-lhe, então todos os acontecimentos de alguns minutos atrás. O carro funcionando, ele sufocando, ela penando para arrastá-lo, a água no rosto...
É bem verdade que ela realmente esperava que ele a agradecesse. Por sua vida não havia tido muitas chances de salvar a vida das pessoas, e, quando tivera essa chance, recusara, mas agora era diferente. Tudo bem que a sua ninfomania era o que tinha falado mais alto naquele momento, mas ela preferiu omitir essa parte do jovem... Ah! Ela amava os carinhas novinhos! Sempre cheios de força, cheios de si mesmo, sempre tão cheios...
Ele ouviu tudo aquilo com o olhar parado, fixo, que deu a Sophie a impressão de ele estar pensando na morte da bezerra. Não, não estava. Estava digerindo tudo aquilo, de forma calma, lenta. Talvez porque achasse um absurdo. Talvez porque desejasse agradecer a sua salvadora.
Olhou novamente para aquela mulher. Sua visão lhe lembrou os quadros de Afrodite, a deusa grega da fertilidade. Ela devia ter seus 30 anos de idade ou coisa assim. Os cabelos aloirados desciam por cachos bem feitos até o meio das costas, com uma franja na maçã do rosto que deixava-a com uma aparência feminina e sensual. Os grandes olhos verdes carregavam consigo alguma maquiagem, que lhes fazia brilhar. O perfume era delicioso, mas o dióxido de carbono estava interferindo profundamente no cheiro, e isso o irritou. Os seios, não muito fartos, eram rijos. A cintura era finíssima; o quadril era grande, mas sem exageros. Naquele vestido apertado que ele viu, observou as belas coxas da mulher, que ele logo pensou como as coxas mais bonitas que já tive o prazer de ver depois das coxas da Madonna. Oh, a Madonna! Falaremos dela depois. Sophie estava usando um sapato alto de 15 centímetros, exagerado, já que ela devia possuir, sem salto, 1,75 m de altura. Com o salto, estava mais alta que ele, e isso o ofendia profundamente.
Ele continuava parado, perplexo, mas resolveu falar.
-E quer que eu acredite nessa ladainha toda?
Ela ficou pálida. Como ele podia não acreditar no que ela acabara de contar? Era a mais pura verdade!
-Eu não quero que você acredite, você tem que acreditar! Não contei uma informação falsa sequer! Falei a mais pura verdade para você!
Foram poucas as vezes em que ele tivera dúvida com relação à algo em sua vida, mas agora estava em dúvida. Seu coração (ele tinha um, por acaso?) lhe dizia para crer em qualquer palavra que a deusa dissesse, mas sua razão não. Olhou mais um instante para ela e disse:
-Por que deveria acreditar em você? Nem ao menos sei seu nome.
Ela percebeu que era seu momento.
-Não seja por isso. Sou Sophie Rajoult.
Oh! Por Merlim! Ele ouvira falar de Sophie Rajoult durante toda a sua vida, principalmente pela boca do pai, e agora estava ali, cara a cara com ela! E o pior, a havia chamado de mentirosa! Por Merlim!
-Sophie Rajoult? Caramba! – ele não era de falar gírias, mas não achou palavra melhor naquele momento.
-Sim, Draquinho lindo. Sou Sophie Rajoult, estive muitas vezes nessa casa, e muitas vezes com você. Que bom que se lembra de mim. Esperava que não se lembrasse...
Aquele “Draquinho lindo” o havia animado. Ou seria apenas uma forma de deixá-lo mais à vontade?
-Eu não deveria ter desconfiado de alguém que salvou a minha vida... – ele balançou a cabeça com a intenção de passar mais verdade para as palavras. Ela achou que ele realmente estava falando a verdade, pois abaixou a cabeça. Não, não estava. Ele estava observando que ela não estava usando calcinha.
-Então está quase desculpado –ela disse com malícia.
-Desculpado? Quase? Eu não peço des...
-Sim –ela interrompeu-o, com mais malícia ainda.
-O que tenho que fazer para ser perdoado, então? – ele não era bobo e já tinha percebido o que ela queria e, pensando bem, o que ele queria também.
-Não diga nada. Apenas haja por instinto.
Ela sentou no colo dele, de pernas abertas, e começou a beijá-lo. Abriu o zíper dele e, naquele momento, ele viu porquê Afrodite era a deusa da fertilidade.

Ela tinha o namoro perfeito e teria um casamento perfeito. Tudo tinha que sair perfeito. A festa teria que ser perfeita, a valsa teria que ser perfeita, seu vestido teria que ser perfeito, os padrinhos teriam que ser perfeitos. Pois aí morava o perigo. Os padrinhos.
Não era novidade para ela que essa parte iria dar trabalho. Um dia Blaise havia comentado que tinha a intenção de chamar Draco para ser seu padrinho (e na verdade ele nem precisava dizer; era o suposto melhor amigo do Malfoy...), mas ele e Gina estavam se dando bem na época. Agora, no entanto, os dois no mesmo local, próximos, poderiam causar o efeito de uma bomba atômica sobre a tão sonhada festa de Samantha e Blaise. Juntos (ou separados?) poderiam arruinar a festa, ainda mais depois dos rumores de que Draco havia se tornado um enxugador de álcool profissional.
Claro que nenhum dos dois iria desistir de seus padrinhos por isso, não fazia sentido, a opinião era unânime. Mas teriam que ser o mais cautelosos possível, para evitar qualquer tipo de desconforto, principalmente depois que ela revelou que o seu padrinho seria o novo namorado de Gina, David. Blaise conversou com ela, para que ela mudasse o seu padrinho e assim não tornasse pior o que já estava ruim, mas ela relutou e insistiu que David ficava, ou não teria casamento algum. Falou, também, que se algum padrinho deveria sair, que fosse o Senhor Malfoy, que agorou o casamento deles e ainda nem havia sido convidado.
Foi a primeira briga dos dois.
Blaise, a princípio, se magoou com a noiva, mas logo acabou concordando. Havia aturado por anos o mau humor daquele cara. Estava cansado daquilo, e resolveu que iria convidar Draco e só; o rapaz que passasse longe de seu altar. No entanto o coração falou mais alto e ele acabou ligando para Draco, que aceitou de prontidão o convite para ser padrinho, mas reiterou, novamente, que achava que os dois estavam sendo precipitados...
Uma vez Malfoy, sempre Malfoy.
Se Blaise não se importava com as ofensas do amigo, Sam se importava, e muito. Ela chorava noites seguidas pela situação em que Blaise sempre estava metido, e tinha muita pena do noivo, e muito ódio também, por ele ser tão besta e não perceber aquilo. Draco era um ser insatisfeito que levava energias ruins por onde fosse, mas Zabini não se importava com isso. Na verdade até parecia se divertir... Enfim, ela declarou que o loiro era, a partir de agora, seu primeiro e único inimigo, já que ele havia feito sofrer sua melhor amiga e seu noivo, as duas pessoas que ela mais amava na vida.
Mas foi justamente por esse amor que ela resolveu respeitar a opinião de Blaise com relação a Draco ser o padrinho dos dois. Se isso faria seu amado ser feliz, a faria ser feliz também... E pelo amor que tinha por seu “Ursinho” ela suportaria qualquer coisa, a te o insuportável Draco Malfoy.
Ela aceitou, mesmo que relutante, que Draco fosse padrinho de seu casamento. Blaise a fez prometer que seria tolerante com seu amigo e não daria nenhum vexame, e ela concordou. Mas que ele não a provocasse, pois ela viraria o cão!
Blaise, agora mais tranqüilo, pegou o telefone e ligou para sua prima Killie, a única que ainda estava viva. Ela aceitou o convite muito feliz, principalmente depois de saber que iria formar um casal com Draco. Ele havia sido o primeiro (e único, diga-se de passagem) homem na vida de Killie.
Assim que desligou o telefone, Balise permitiu que algumas lágrimas escorressem de seu rosto. Killie fora a única sobrevivente de uma acidente de jatinho que matara toda a sua família. Até aquela data ninguém podia afirmar com precisão o porquê de a bela moça caipira ter sobrevivido ao acidente. Ele, Blaise, cria que fora o destino, e nem Killie sabia do feitiço que a havia protegido na queda mortal. Quando digo nem ela quero dizer nem ela mesmo, já que ninguém sabia que ela tinha poderes especiais. Nem ela.

Ela se surpreendeu com a organização do noivo. Tudo estava pronto, ela não teria que mexer em nada. Mesmo que a curiosidade a estivesse corroendo, se contentou com uma única tarefa: escolher o vestido. Para sua alegria, não ouviu nenhuma limitação de preço. Felicíssima, ligou para Gina e a convidou para ir junto escolher o vestido. A ruiva, que estava precisando realmente de uma distração, aceitou logo de cara e chegou em tempo recorde à casa da morena, que até se surpreendeu com a rapidez. Ela conhecia Gina há muito tempo e sabia, justamente por isso, que havia alguma coisa errada... Olhando os olhos foscos da amiga, percebeu que seu inimigo ainda morava no coração da amiga, mesmo que David estivesse lutando incessantemente para tomar para si aquele espaço que era do Malfoy.
Sam sabia que não adiantava falar nada para Gina, pois ninguém mandava em seu coração, e acabou se vendo em uma situação terrível quando Virginia soltou a seguinte pergunta, bem no momento em que ela provava o último vestido da loja, justamente o mais caro, justamente aquele que lhe caía como uma luva (ou, pelo menos, ela achava assim):
-Acha que devo procurar o Draco, Sam?
Com os dedos enfiados na parte do busto do vestido, Samantha ficou paralisada. E agora? Por Merlim! O que quer que dissesse poderia arruinar a vida da amiga... Viu-se, então, dividida entre o bem e o mal: uma parte de si dizia que falasse para Gina que ele não prestava, não valia nada, não a merecia e que se alguém tivesse que procurar alguém, que fosse ele a ela e não o contrário (o que, convenhamos, não seria nenhuma mentira). A outra parte lhe mandava dizer que Gina fosse atrás sim, quem sabe os dois não se acertariam dessa vez?
Resolveu ficar neutra.
-Não sei, Gina... Mas você sabe que pode contar comigo para o que for, não sabe?
Sentiu que poderia ter dado respostas melhores, mas não as encontrou... No entanto, Gina não se deu por convencida com aquilo. Ela estava muito insegura, vulnerável, e era isso que sua melhor amiga lhe dizia num momento como aquele? Tudo bem, se ela estava desconfortável em fazer aquela pergunta, Sam devia estar mais ainda em ter de respondê-la...
-O que acha que ele faria se eu fosse até a casa dele e...
-Não acho nada! –ela foi ríspida .- Agora ajude-me aqui porque essa droga não está passando pelos meus seios... Já foi um sacrifício fazer passar pelo quadril!– ela interrompeu a amiga de uma maneira até grosseira, e pensou se não exagerara. Não, não havia exagerado, falar daquela forma era extremamente necessário.
Gina a olhou e, tentando espantar Draco de sua cabeça e vendo o que sua amiga estava fazendo, disse:
-Oh! Sam, pare com isso, se não ele vai rasgar! –ela riu. Sam usava tamanho M e estava querendo entrar em um vestido P...
-Pare nada, eu sei que eu entro nessa belezinha! Estou enxutérrima! Esse vestido é que foi feito para o corpo de uma modelo esquelética! É só forçar mais um pouquinho e... RAAASG!
O vestido, de sete mil e trezentos dólares se partiu ao meio, deixando Sam somente de roupas íntimas na loja. A vendedora abriu um sorriso de orelha a orelha. Sam e Gina caíram na gargalhada. Não era problema algum, elas não tinham limite de gastos.

Enquanto isso David estava à beira de um infarto. Já havia ligado milhares de vezes para o celular de Gina e ninguém atendia. Idem em sua casa. Ligou para Sam e ninguém respondeu. Já havia lotado de mensagens suplicantes a caixa postal de ambas, mas não obtivera nenhum retorno. Pelo menos ele sabia que com o Malfoy elas não estariam. Sam havia confessado seu ódio pelo loiro no dia em que lhe pediu que fosse seu padrinho de casamento.
Aquilo confortara David, mas só até um ponto. Sabia que para Sam o amor valia mais que o ódio, e, portanto, falaria com Draco pelo amor que tinha por Gina. Teve uma idéia e pegou o telefone. Ligou para Blaise e ouviu, aliviado, o noivo dizer que Sam estava com Gina experimentando vestidos de noiva. Riu quando o noivo fez gracinha insinuando que ambas poderiam estar experimentando vestidos de noiva. Não, não estariam.
Pensou consigo: menos mal para Gina que ela esteja experimentando vestidos de noiva com a gordinha... Se estivesse com Draco, iria me pagar caro. Eu a...Ele parou de falar consigo mesmo. Não podia deixar aqueles pensamentos voltarem a lhe atormentar.
Mas se não os seguisse, correria perigo. A data final estava se aproximando e ele tinha coisas a fazer. Mas não havia feito nada.
Se sentiu um fracasso, pegou alguns comprimidos de sonífero, tomou-os e foi dormir. Esperaria Gina chegar. E ela havia de chegar. Oh! sim, ela iria chegar.

Sophie estava cochilando agora. Draco olhou para a mulher ao seu lado e sorriu; havia tido uma transa tão boa com uma mulher tão boa poucas vezes em sua vida. Olhou novamente para a mulher e levantou-se. Estavam na sala de entretenimento (esses Malfoy e suas frescuras...). Procurou qualquer roupa e achou sua calça. Vestiu-a.
Sua cabeça rodava de dor e pelos pensamentos que estava tendo. Como Sophie aparecera na sua vida, assim, de uma hora para outra. Como ela salvara sua vida e como Gina era bonita... Mas que diabos! Gina não tinha nada a ver com isso...
Enquanto organizava um pouco o local, ficou pensando nas coisas que estavam acontecendo nos últimos tempos... Se deu conta do quanto estava mudando, do quanto muitas coisas relacionadas à “tradição dos Malfoy” já não lhe interessavam nem o seduziam mais. Sentiu como se seu pai lhe olhasse, com um olhar de repreensão e mostrou o dedo do meio para ele. Que se danasse seu pai! Lucio fora um carrasco sem sentimento com ele e agora, que ele estava adulto e o velho morto, não iria seguir nada que aquele monstro lhe ordenara. A única coisa que o velho poderia lhe fazer de bom era deixar-lhe seu bilhão de dólares, e isso ele já havia feito.
Sophie levantou-se do sofá e agarrou-o pelas costas, abraçando-o.
-Para quem estava mostrando esse dedo, Draco?
Ele virou-se e ficou feliz de vê-la ali, ao seu lado. Contemplou-a mais um pouco e então se beijaram. Já fazia muito tempo que ele não beijava alguém com tanta paixão, com tanta vontade. Sophie era diferente de todas as mulheres que ele já conhecera. Todas mesmo.
Ela era especial demais e ele não a deixaria escapar. Pediu-a para ficar em sua casa, hospedada pelo tempo que quisesse e, em uma semana, pediu-a para morar ali, com ele. Ele se encantou com o jeito dela. Ela fazia tudo que ele quisesse e colocou a casa em ordem num piscar de olhos.
Falava sobre qualquer assunto que ele puxasse, e com uma facilidade admirável. Fazia qualquer comida que ele quisesse (e era impossível alguém fazer melhor), era inteligente, linda, enfim, perfeita... Além de tudo, era um furacão na cama e ele experimentava uma série de sensações diferentes toda vez que eles se amavam. Ela era mágica. Além disso, havia salvado sua vida. Não podia desejar alguém melhor. Ela realmente era perfeita. Ou quase...
Tudo mudou cerca de 1 mês depois da chegada da ilustre visitante. Ele estava sentado na copa, esperando o almoço (que ela havia dito que seria especial e, quando ela dizia isso, realmente era). Ela apareceu na copa, carregando uma travessa média fumegante e a colocou sobre a mesa. Retirou o avental e se sentou à frente dele. Ele olhou a travessa e viu uma imensa lasanha quatro-queijos, deliciosa e suculenta.
Enquanto ela cortava uma parte da lasanha e ele estendia o prato para pegar um pedaço, Sophie disse:
-Draco, eu te amo e nós chegamos num ponto de amizade e fidelidade que eu nunca tive com ninguém, por isso acho que já é hora de eu contar algumas coisas para você...
Ele continuou comendo, sem dar muita importância para ela. Conhecia as mulheres, quando começavam a se apegar demais inventavam que tinham coisas ocultas... Se estivesse normal, a despacharia logo de cara, mas não estava. Parou de comer e colocou o garfo e a faca sobre a lasanha. Olhou para ela, os olhos indagando o que de tão importante ela teria para dizer. Ela disse, surpreendendo-o:
-Quer saber? Vamos comer primeiro e depois conversamos! – ela sorriu e ele ficou feliz, estava com muita fome.
Comeram a travessa inteira e foram descansar. Quando digo descansar, digo descansar mesmo, em frente à televisão, abraçados.
O barulho da lava-louças estava invadindo o ambiente, mas não fazia mal algum. Ela disse:
-Agora podemos conversar?
Sim, agora eles podiam, já que a comida já estava em seu estômago. Ele apenas moveu a cabeça, num sinal de positivo.
-Bom, o que eu tenho para contar é muito sério... Muito sério mesmo – ela corou. Dizia isso quando era adolescente e descobria alguma fofoca das amigas. Mas aquilo era completamente diferente. Mesmo! -Sei que deveria ter contado antes, mas não tive coragem, mas agora...
Ela olhou para ele, a fim de receber um olhar incentivador, mas o que recebeu foi um par de olhos azuis acinzentados extremamente frios a esmagando.
-Não me olhe assim, mocinho! – ela agarrou o queixo dele e moveu de um lado para outro, enquanto ria. Ele também sorria.
-Tudo bem, vamos lá. O que tem a dizer?
Ele se ajeitou no sofá (sim, o mesmo sofá fatídico de antes) e olhou para ela, agora com os olhos brandos, serenos, olhos que ele tivera poucas vezes em sua vida.
Daquele momento em diante, ela contou alguns dos mais terríveis segredos que ele já tivera notícia em sua vida.
Contou como era tratada feito uma cadela pelo ex-marido (que ainda era marido, na verdade), e agradeceu por ele, Draco, estar sendo tão bom para ela e não a estar tratando feito um objeto.


Contou sobre uma organização neo-nazista chamada Arianos que queria dizimar os não puros (incluindo cor de pele e poderes mágicos) do mundo. Deu detalhes de membros, planos e datas. Falou sobre os níveis de poder dentro da seita, e contou que um dos ex-presidentes da seita fora ninguém mais, ninguém menos do que Lucio Malfoy. Aliás, fora assim que ela conhecera Draco, já que seu ex-marido era um dos participantes da seita. E era justamente por isso que ela estava em Londres, fugida, exatamente porque se recusara a participar da seita.
Contou que estava correndo perigo e acabara envolvendo Draco naquilo tudo, sem querer... Mas ela o amava e não teve outra escolha. Pediu perdão para ele e, já esperando ser chutada, por justa causa, começou a pedir perdão novamente. Disse que os dias que passara com ele haviam sido perfeitos, e ela nunca estivera tão feliz, mas agora tinha que ir embora da Inglaterra. Abriu sua bolsa e tirou uma passagem de avião para a Grécia. Iria viver em Atenas, onde tinha muitos conhecidos poderosos que a iriam proteger da seita.
Partiria dali a uma semana. Já em clima de despedida, disse que havia arrumado as malas na noite seguinte e que naquele dia iria sair da casa de Draco para ir para um hotel qualquer, onde ele não pudesse ser envolvido e, portanto, não tivesse que passar por nada ruim.
Draco a interrompeu, com a voz forte e disse.
-Por que você está chorando, Sophie? E onde acha que vai sem mim? Estamos nessa juntos.
Nesse momento ela começou a chorar mais ainda e o beijou, um beijo de amor e gratidão. Ficou ali, abraçada a ele um tempão.
Logo depois conversaram mais, e ela revelou mais segredos. Em seguida, fizeram amor novamente, mais intenso, com mais vontade, mas paixão.
Sentiu que algo mais estava mudando para ele. A imagem de Gina dentro dele estava dando lugar à outra imagem...


NA: Olá pessoal! Vocês não me conhecem, mas eu sou o autor desse capítulo e das personagens novas que apareceram na história (a Sophie e a Killie)!
Acontece que a verdadeira autora, a Treice, não sabia o que escrever exatamente nesse capítulo, mas sabia o que fazer daqui em diante... Entendem? Vou tentar explicar melhor: ela tinha a idéia central, mas não sabia desenvolver. Foi aí que eu entrei! Como eu já estava corrigindo os capítulos e me metendo um pouquinho na história, ela me perguntou se eu gostaria de escrever e, como podem perceber, eu aceitei!
Colocando a minha mente seguidora de Sidney Sheldon para trabalhar junto com a mente inspirada em J.K. Rowling da Treice, elaboramos uma nova história, que agora vai ser bem mais agitada! Tivemos várias idéias até chegar nesse ponto que vamos desenvolver a partir de agora (oops, ela vai, pois acho que daqui por diante eu fico nos bastidores mesmo, hehehehe) .
E mesmo sabendo que isso vai estragar a expectativa de vocês (hehehehe), o capítulo 12 já está saindo do forno e vindo com fortes emoções!
Bom, vocês devem ter percebido que os nossos estilos de escrever são diferentes, né? Eu sou bem mais detalhista, enquanto ela é mais direta. Mas nada que seja tão discrepante para influenciar no andamento da história.
Espero que tenham gostado desse capítulo e das personagens! Ah, posso adiantar que a Sophie ainda vai se meter em muita encrenca! Hahahaha
Para os amigos, um abraço e para as amigas, um beijo!

Arthur

Obs: esse é o Alfa Romeo Brera (sim, ele existe de verdade): http://www2.uol.com.br/bestcars/supercar2/brera.htm

Nota da Tre:Não!Eu não abandonei a fic e nunca a abandonarei,podem ter certeza!
Mas como o Thurzinho disse ali em cima agora eu tenho uma ajudinha dele,porque eu realmente não sabia o que fazer com o Draquinho,mas ai ele veio e me deu uma luz!hauahuahuahau
E sim!É verdade que vai ter muita mais emoção na fic e sim o cap 12 já ta quase todo pronto,mas querem saber quando o 12 vai ser postado???
Só quando eu tiver reviews o suficiente pra me deixar bemmm satisfeita =p
*faz cara de malvada*
Nhaiii e eu amei o que o Thurzinho fez aqui!E vocês acham que ele vai continuar nos bastidores daqui em diante???Eu duvido muito disso!Huahauhauhauhau
Mas enfim!Espero que vocês gostem de tudo e que dêem a sua opinião,porque ela é muitoo importante pra Trezinha aqui!
E Thurzinhoooo tnks a lot por tudo honey!^^
Aliás!Uma dica!!!Reparem no David ali em cima e me digam o que acharam,ok???hahaha
*mas cara de mistério*
Até a próxima pessoas!

PS: Eu não respondo reviews aqui nas atualizações porque eu acho que fica tudo muito confuso,mas estou respondendo a todas,viu???Então não se preocupem,porque eu mando replys individuais e talz!

=*





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