Surpresa do dia!



Surpresa do dia!

Era um dia lindo, ensolarado e mais quente do que o normal em Londres, e, portanto, não poderia ser um dia melhor para um casamento, na opinião da ruiva à janela. Ela já estava vestida adequadamente (afinal, não era todo dia que se era madrinha do casamento de sua melhor amiga), e estava sentindo-se muito feliz pela amiga.

No entanto, os enjôos andavam cada dia mais insuportáveis e mais fortes; qualquer coisa a deixava enjoada, até mesmo aquela linda vista de uma das janelas da mansão Zabini.

Olhou para o lado e viu que a costureira contemplava a amiga vestida naqueles metros de tecido, tule e dezenas de pérolas.

“Por Merlim!Como Samantha está linda nesse vestido de noiva!”

As coisas não podiam ser melhores naquele dia, exceto pelo fato de que ela teria de encará-lo e contar-lhe o que estava acontecendo, afinal, não poderia esconder a barriga naquele dia e, como diz a lei da natureza, não poderia escondê-la até o bebê nascer... Sem falar que carregar aquilo em segredo com ela já não estava mais dando muito certo, pois ela não conseguia mais disfarças os “sintomas”. As pessoas estavam começando a reparar nas tonturas e nos enjôos constantes, na irritação e sensibilidade anormais e em todo o resto. No entanto, quando a indagavam sobre o motivo de tudo aquilo, ela desconversava com um sorriso amarelo, dizendo que era no máximo uma virose insistente que não a largava, mas que logo passaria com alguns comprimidos.

Só David realmente tinha certeza do que estava acontecendo. Claro que Sam já desconfiava, e ela não era tonta, mas resolveu não se interferir. Se dissesse alguma coisa podia só piorar as coisas, e amigos existem para ajudar, e não atrapalhar. Resolveu que só opinaria caso Gina falasse, e uma hora era teria de falar.

Na verdade David meio que sacara tudo e ela não teve como negar. No meio de uma pequena crise de nervos, confessara o que já estava na cara, mas ele, ao invés de repreendê-la, simplesmente lhe abraçou e mostrou-se compreensivo; era por isso e por tantas outras coisas que ele fazia por ela que a cada dia que passava ela parecia gostar mais e mais dele. É claro que ele tinha que executar os planos dele, afinal, David tinha assumido obrigações e datas, e não as estava cumprindo, pois o coração andava falando mais alto que o cérebro... A velha briga razão x emoção. Ele estava ficando um pouco confuso, como nunca havia ficado antes em sua vida. Resolveu seguir o coração, e assim acabou se declarando para ela. Não que ela o amasse de verdade, mas andava muito carente e, assim, acabou rendendo-se àqueles lindos olhos verdes.

Desde então eles estavam fazendo um “ensaio” de namoro, mesmo que ela não se sentisse bem ficando com ele estando grávida e amando outro, mas David parecia não se importar com isso. Ele vivia dizendo que o que importava para ele era só estar perto dela, não importava de que maneira fosse, e isso sempre a fazia sorrir, afinal de contas, não era todo dia que se ouvia isso de um homem. E depois de muito tempo a ruiva estava dando um sorriso sincero encostada à janela. Entretanto, Gina observava algo de estranho em David, como se ele estivesse sempre representando para ela, como um ator numa peça de teatro.

Fez que não com a cabeça e não se importou mais; estava grávida e, portanto, muito mais sentimental; é claro que David estava sendo sincero.

E, naquele dia, a Arianos estava decidindo o que fazer com o Dr. Rogier Von Rajoult.

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Ele estava sorrindo, enquanto ela estava no outro cômodo, preparando a “surpresa do dia”. Há algumas semanas ela havia inventado a “surpresa do dia”, que era sempre alguma coisa simplória, mas que fazia muito bem para a relação dos dois. Ele não se interessou de começo, mas depois percebeu que aquilo fazia um bem muito grande.

Ele lhe trazia coisas da rua, como anéis, rosas, balas, doces, e ela sempre fazia algo que não tivesse que sair de casa para arranjar, ou, se tivesse, que fosse muito perto. E foi com isso que ele percebeu o quanto Sophie era recatada e caseira, mas resolveu não comentar, afinal, as surpresas dela sempre tinham uma emoção de “feito por ela mesma” que as surpresas dele não tinham, e ele amava isso.

Na semana anterior a surpresa dele foi um kit erótico de couro preto, com chicote e amarras. Ele achou que ela talvez fosse ficar muito “alegre” e quisesse usar ali mesmo, mas ela ficou vermelha e começou a chorar. Disse que detestava amarras, e ele não entendeu e perguntou porque ela havia ficado daquele jeito. Ela não respondeu; apenas deu-lhe um beijo no rosto e saiu da sala, o que o deixou bastante desconcertado. Ela não havia lhe entregado a surpresa naquele dia.

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-Gi, você acha que estou suficientemente bonita?- Sam perguntou com um misto de desespero e incerteza na voz, e era a enésima vez que ela fazia isso. - Gina, você está me ouvindo?
-Hã?- a ruiva respondeu como quem havia acabado de sair de um transe. – Você está ótima Sa...

Gina estava correndo pela décima vez para o banheiro; o perfume da amiga a enjoava mais que tudo esses tempos. O perfume da amiga e o perfume de qualquer pessoa que passasse por ela, logicamente.

- Acho melhor você ver o que está acontecendo com você, senhorita Weasley... O que você e o David andam aprontando, hein? Vocês não andam fornicando em cima dos relatórios e memorandos, andam? – a morena perguntou em um tom divertido, mas um pouco receosa; talvez Gina não gostasse da brincadeira – Ai meu Merlim! O que o James iria dizer?

As duas gargalharam. Samantha deu um suspiro de alívio.

- Pare de dizer bobagens, sua pervertida! Desde que você está com o Zabini só ouçovocê falando em sexo! Não sei onde eu estou com a cabeça de te deixar casar com ele! – a ruiva disse tentando fazer uma imitação barata de uma mãe severa, mas não ficou lá muito convincente...

As duas riram de novo.

- E por falar em Zabini, ele já deve estar tendo uma ADP, achando que você desistiu! Vamos acabar logo com isso.

O relógio na parede denunciava que a noiva estava uma hora e trinta e cinco minutos atrasada. “Um atraso bem considerável”, pensou Gina consigo mesma.

Elas se olharam, como que pedindo forças uma à outra, e saíram do quarto nervosas. Afinal, naquele dia o futuro de ambas seria definido...

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Ela havia acordado muito cedo para deixá-lo perfeito para o casamento do amigo. Draco estava cada dia mais feliz por ter Sophie e cada vez mais triste por não ter Gina a seu lado. Estava absolutamente dividido; o coração mandava que ficasse com Gina, e a razão, com Sophie. Seria lógico ficar com Sophie, afinal, “Malfoys agem com a razão”, mas ele decididamente estava de saco cheio de ser um Malfoy. Ou, nesse aspecto, ele quisesse ser um Malfoy realmente.

Há muito ele estava colocando as duas na balança, vendo seus prós e contras, como se fossem meros automóveis que se compara antes de efetuar a compra... Não eram, mas ele não tinha muita consciência disso. Sophie costumava dizer que, quando Draco Malfoy descobrisse o amor verdadeiro, o mundo acabaria. Ele ria e pensava consigo que, então, o mundo já deveria ter acabado desde o dia que reencontrara Gina na livraria. Sophie nunca entendera o motivo das risadas dele.

Ela sabia muito bem o que Draco sentia pela ruiva, e, dos últimos tempos para cá, sabia que tinha que falar com ela. Ela nunca havia amado tanto assim um homem, e, talvez por isso, devesse querê-lo só para si mesma, mas estava convencida de que só a felicidade dele poderia fazê-la feliz. E a felicidade dele tinha nome: Virginia Weasley.

Entretanto, se deu conta de que, se quisesse falar com Gina, teria que ter falado antes, pois o olhar distante de Draco denunciava que naquela noite ele iria abordar a ruiva. Além disso, sairiam do país o mais rápido possível. Ela já havia descoberto quem era Rogier, e temia mais do que tudo ter que reencontrá-lo. Poderia representar uma desgraça; poderia representar sua morte.

A única coisa que pôde fazer foi se lamentar, e sentir por não poder ir à festa. Se pudesse ir, talvez ainda houvesse tempo de consertar as coisas, mas “encontrar Rogier é impensável”. Voltou ao quarto.

Draco estava vestindo um smoking preto um pouco apertado, mas muito elegante, que ele insistia em xingar e Sophie em elogiar, afinal, ela havia comprado. Ela não estava dando a mínima para as reclamações dele; ele estava lindo e era isso a única coisa que importava. Em breve o casamento começaria, e ele deveria estar lá sem atrasos. Ela já achava uma falta de educação a noiva se atrasar, quanto mais o padrinho. Não! Ele não iria se atrasar. Nem ela.

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- Pare de andar de um lado para o outro, Zabini! Se não eu te azaro e não haverá mais casamento algum...- Draco disse em sua habitual voz arrastada, sem conseguir arrancar nada do amigo, além de um olhar um tanto frio.

- Não é você que vai casar, Malfoy; então não me diga o que fazer, estamos entendidos? – ele já estava perdendo a paciência com o humor mais que azedo de seu amigo ultimamente. Será que Sophie não estava satisfazendo o loiro o suficiente?

- Realmente não irei me casar, mas, aposto, se eu fosse a sua noiva, não me casaria com você – Draco disse, certo de arrancar uma risada do impaciente e nervoso homem perto dele.

-Se Samantha fosse como você, Draco Malfoy, ela acabaria encalhada para toda a vida dela.

Blaise silenciou e Draco não falou mais nada. Humor negro e brincadeiras sórdidas não adiantavam de nada em momentos como aquele. Blaise ficou refletindo consigo mesmo. Draco nunca mudaria? Nem Sophie conseguiria o feito? Bom, aquele era “apenas mais um casinho à toa do Draco”, por isso, provavelmente, já deveria ter esfriado. Ele estava enganado, redondamente enganado. Nesse momento Sophie terminava de preparar a sua surpresa do dia para Draco.

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Ele olhou para a rua vazia e sentiu que seu coração estava daquela mesma maneira. Já fazia muito tempo que ele sequer se aproximava de uma mulher e se interessasse. A única exceção havia sido uma mulher muito bonita, com um rosto fabuloso, mas ele apenas a viu de longe, passando num Alfa Romeo Brera, um carro que ele achava o mais bonito do mundo.

Gina havia feito aquilo com ele e até agora ele não havia conseguido digerir, ou, ainda, cicatrizar. Era como uma ferida aberta bem no peito dele. O sentimento ainda estava completo, lá, esperando apenas uma oportunidade para aflorar e voltar a imperar. Mas ele não teria essa chance. Ele não teria Gina de volta nem com o mais poderoso feitiço. Meneou a cabeça, como quem reconhece a fatídica derrota.

Uma espécie de filme começou a passar pela cabeça dele, com todos os momentos bons e ruins que ele vivera com a ruiva. Notou que ela já estava muito fria antes mesmo de eles terminarem; parecia que estava permanentemente enjoada daquele relacionamento, enjoada dele. Uma lágrima caiu na lente dos óculos...

A cabeça ainda pesava e ele sentia uma mistura de ódio e amor muito intensos, mesmo que estivesse pendendo para o lado do ex-que-tomou-um-pé-e-fez-as-pases-com-ela...

Um conhecido passou e não o reconheceu. Harry estava realmente acabado, parecia ter 20 a mais de sua verdadeira idade, e por isso ele não culpava as pessoas. A barriga havia crescido consideravelmente, a barba estava por fazer e o grau dos óculos estava fraco já. Um amigo havia comentado que “Harry morrera e esqueceram de enterrar”. Ele ficara nervoso quando soubera e dissera alguns impropérios ao amigo, mas agora se dava conta de que o amigo nada mais fizera do que dizer a verdade e tentar alertá-lo sobre o que ele estava fazendo consigo mesmo. Pensou e admitiu que, se houvesse alguém que devesse ser um exemplo, definitivamente essa pessoa não era ele. Sentiu saudades de Hogwarts, sentiu saudades de Gina, sentiu saudades de si mesmo...

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Quando ele a pediu em casamento nunca pensou que seria tudo tão estranho pra ele. Era de uma família ultraconservadora e sonserina, então por isso (e outros tantos motivos) seus pais nunca o tinham ensinado a lidar com sentimentos; na verdade ele passou muitos anos da sua vida sem saber o que eram ou, ainda, se tinha sentimentos. Foi só quando conheceu Samantha que finalmente se convenceu de que amor, carinho e respeito poderiam existir dentro dele e, claro, também descobriu o que era senti-los. E perdido em seus pensamentos quase não percebeu que um loiro mal-humorado o cutucava para que voltasse ao seu estado normal de consciência. Ele ia abrir a boca para falar um grosseiro “que foi, inferno?”, mas se conteve ao ver uma apressada Gina correr e se postar ao lado de David, no lado direito do altar, o lado que era reservado para os padrinhos de Sam. Agora ele estava paralisado e o encéfalo não era capaz de ligar os fatos à realidade. Paralisou completamente quando os violinos, os violoncelos e toda a parafernália orquestral começou a tocar a marcha nupcial, a tão linda e aguardada marcha nupcial.

Draco já estava em seu respectivo lugar, e Blaise notou que seu smoking estava um tanto apertado demais. “Draco está parecendo mais pingüim do que eu”. Para desgraça do loiro, Killie também estava em seu respectivo lugar, bem perto dele, perto demais, até. Ele deu um suspiro; não entendia como alguém refinado e culto como Blaise poderia ser primo de uma jeca-tatu como aquela, e também não entendia como ele poderia ter dormido com ela. “Por Merlim, onde eu estava com a minha cabeça?”. Deu uma olhadela para ela; o vestido justo marcava a cintura perfeita, os seios rijos e a bunda protuberante. A maquiagem evidenciava uma pele perfeita, um nariz fino e pontudo, e dois olhos fabulosos meio arroxeados, olhos lindos, olhos de uma princesa. Os saltos reforçavam a altura de modelo e a postura perfeita. Não fosse por Killie falar, ninguém diria que ela era mais uma interiorana. Riu consigo mesmo e descobriu onde estava com a cabeça quando havia ido para a cama com Killie... E com qual cabeça havia pensado para fazer isso.

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Numa mansão na área nobre de Paris, algumas das personalidades mais importantes da Europa se encontravam em volta de uma mesa redonda, de mogno bem tratado. “O Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda”, pensou um dos representantes ingleses. “Uma palhaçada”, pensou um alemão.

-Pois bem, senhores e senhoras, a reunião IV de 2007 está aberta – o orador disse – Hoje iremos discutir a expansão do movimento trouxa entre os bruxos da Europa e, ainda, a permanência ou não de Rogier na Presidência da Arianos, visto que o Dr. está constantemente descumprindo prazos e datas, não tem atendido às solicitações e age como se não fosse mais membro.

Um membro italiano, um homem de meia idade, pediu a palavra, que lhe foi concedida.

-O que acontecerá com Rogier se o tirarmos da Presidência?

O orador pensou um instante. Abriu o livro de atas e leu algo mentalmente. Em seguida, fechou o imenso encadernado e disse, pausadamente:

-Se Rogier for retirado do poder – ele hesitou – ele terá de ser morto.

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Ele deu uma risada interior, sabia que Draco detestava Killie, e Killie ainda tinha “sonhos eróticos com ele”, segundo ela havia lhe narrado na última vez em que estiveram juntos a sós. Draco havia sido, realmente, o primeiro e único homem da vida dela, e, desde então, ela estava cada vez mais doida por ele. Se bem que Sam já havia dito que aquilo era “fogo no rabo” e que passaria logo ela achasse um homem que fizesse com ela o que Draco fizera. Realmente, Sam estava certa, “como sempre”.

Na verdade, antigamente ele até gostaria de ver alguém tão atraente ali fazendo de tudo para ter a sua atenção, mas aquela mulher em especial ele já havia “provado” e reprovado, para ser mais exato, mas pelo que Zabini tinha contado para ele, ela o tinha achado o melhor homem de toda a sua vida. Bom, isso é meio recíproco, afinal, ele havia sido o único até então... Ela não tinha com quem compará-lo, portanto.

Draco sabia que Blás não tinha quase parente nenhum vivo, ainda mais depois da terrível guerra, mas ele não entendia como ela tinha sido escolhida como madrinha de seu casamento. Em sua opinião o moreno tinha amigas muito mais atraentes e melhores para pôr no altar como madrinha do que Killie, e foi pensando sobre todas essas coisas inúteis e absolutamente de seu baixo calão com relação a sentimentos e família que seu olhar recaiu sobre ela.

Fazia tempo que ele não a via, e mesmo assim ela continuava com a mesma aparência linda e alegre. É verdade que a barriga estava um pouquinho, mas bem pouquinho mais rechonchuda que da última vez, mas ele mesmo não era exatamente o mesmo com relação à forma física. As comidas, os doces e todas as delícias que Sophie lhe preparava o estavam deixando um tanto mais gordo, além do que ele próprio gostaria e, constatando isso, fez uma nota mental de que assim que possível voltaria a praticar quadribol, afinal de contas, Draco Malfoy não seria Draco Malfoy sem seu corpo escultural e os músculos marcados.
Ela parecia não ter o notado e continuou sorrindo para o homem ao seu lado. Draco sentiu um frio percorrer-lhe a espinha e olhou o rapaz sorridente de cima a baixo, procurando algo nele que pudesse ter conquistado Gina e, obviamente, tratando-se de Draco Malfoy e seu ego ultra-inflamado, não achou nada...

Ela virou-se para ver a amiga entrando. Samantha estava absolutamente deslumbrante no vestido de noiva. Podia ouvir seus batimentos cardíacos, de tão fortes que estavam. A morena a olhou no fundo dos olhos, como quem procura um pouco mais de calma (ou seria força?) para seguir adiante. Ela retribuiu e balançou a cabeça em sinal positivo, enquanto os olhos amendoados repousavam sobre a amiga, como algo que a fosse acalmar e tranqüilizar. E conseguiu. Sam escancarou ainda mais o largo sorriso e seguiu em frente.

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Ele chutou uma pedrinha que estava na calçada. Estava em frente à casa de Gina, próxima ao centro de Londres. Olhou pelas grades. A casa continuava com a mesma graça e ar de doçura de sempre. As lembranças voltaram-lhe à mente mais fortes do que nunca. Voltou a chorar copiosamente e foi se ajoelhando aos poucos. Sentou-se no chão, colocou as mãos geladas no rosto e começou a se perguntar como aquilo poderia ter acontecido. Foi nesse instante que um velho conhecido apareceu. Ele continuava incrivelmente idêntico ao que era. Os cabelos de fogo, a pele branca e os olhos claros.

Ron estava ali, parado na frente de Harry, fitando-o.

-Harry? – o rapaz indagou com uma entonação mista de surpresa e alegria.

-Roooooooon! Quanto tempo! – Harry levantou-se apressado, e foi aí que deu-se conta de que já estava “enferrujado” demais para sua pouca idade.

-Eu que o diga, senhor Potter! – ele soltou uma gargalhada e balançou as mãos no ar, e Harry notou a grossa aliança de ouro que estava em sua mão esquerda. – O que você está fazendo aqui, em frente à casa da Gina?

-Só amargando algumas más e boas lembranças... – havia tristeza e desprezo na voz de Harry. Ron estranhou; Harry nunca fora assim antes, nem em seus piores momentos.

-Ora! Deixe de bobeira e venha comigo; vim visitar a Gina, mas parece que ela não está.

-Como você sabe que ela não está? – Harry perguntou com uma curiosidade extremada na voz.

-Tenho dois motivos: um deles é que ela está no casamento da Samantha; o outro é que, se estivesse em casa, já teria jogado pedras em você! – ele gargalhou, mas Harry não acompanhou-o, apenas fechou a cara e deu um sorriso sem-graça.

-Venha, Harry! Hermione irá gostar de te ver!

E o moço ruivo foi arrastando o outro pela rua.

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A ruiva só pareceu notá-lo quando a marcha nupcial se encerrou e ela finalmente virou-se em direção aos noivos, a fim de passar-lhes um pouco de sua alegria e contentamento com aquela união. Deu de cara com aqueles olhos acinzentados encarando-lhe profundamente, o mais profundo que podiam. Talvez no fundo dos globos oculares; talvez no fundo da alma. Ela estremeceu. Assustou-se ao virar e dar de cara com ele e, instintivamente, apertou a mão de David, que estava ao seu lado, menos interessado na cerimônia que ela. Aliás, muito menos; parecia estar fora de órbita. Só respondeu por conta do repentino aperto de mão. Ele sorriu-lhe e passou-lhe o braço por sua cintura.

Draco, que estava do outro lado, encarava a cena e tentava, em vão, entender o que estava acontecendo. Como que por um reflexo, levantou uma sobrancelha, num ar indagador de criança que vê algo pela primeira vez. Como resposta, ela colocou sua mão sobre a mão do moreno e o encarou, com um olhar maligno e desafiador, com as sobrancelhas arqueadas perigosamente, olhar esse que ele prontamente recusou e devolveu. “Por Merlim! Que merda é essa?”

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Sophie estava sentada, olhando para o chão. Sua amiga e informante da Arianos havia passado a informação de que naquele dia a seita iria decidir o futuro de Rogier. O maldito Rogier. Mas ela estava demorando demais para ligar e informar o que havia sido decidido. Sophie se pegou roendo a pontinha da unha do dedão, e parou rapidamente.

Pensou mais um pouco. Era impossível que alguém descobrisse seu paradeiro; ela havia sido o mais cuidadosa possível em seu plano e ninguém iria colocar as mãos nela enquanto ela estivesse na Inglaterra. Achou que esperar até a viagem era tempo demais, mas não havia solução. Voltou a pensar na amiga.

Christina não teria se esquecido disso; era importante. Instintivamente pegou o telefone e discou o número da casa da amiga polonesa. O telefone tocou três vezes até que uma voz desconhecida atendeu o telefone.

- Alô? – a européia perfeita falou com receio.

- Alô, Sophie, que tal acabar com a brincadeira de gato e rato?

Sophie enfiou o telefone na base. De alguma maneira, a Arianos soubera de sua ligação com Christina. A polonesa devia estar morta agora.

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Ao vê-lo um frio penetrou em sua espinha, e era um misto de excitação e medo por ter de encará-lo. Seu instinto dizia “não fite-o”, mas seus hormônios diziam “fite-o e agarre-o antes que fuja!”... Talvez ela ainda não estivesse pronta para aquilo. Mas agora já parecia tarde demais. “Se não fosse por Sam, esse seria o último lugar em que eu estaria agora” bufou a ruiva pra si mesma. Continuou em seu lugar, torcendo para que a cerimônia acabasse logo e aquele estúpido parasse de olhá-la daquela maneira. Resolveu se acalmar; olhou em volta e foi ao banheiro. Jogou água no rosto e logo depois retocou a maquiagem. Respirou fundo, contou até dez e voltou ao seu lugar.

A cerimônia foi a mais perfeita possível, mas duas pessoas em especial não deram a mínima importância ao que acontecia ao redor. Draco e Gina só pensavam (e viam) um ao outro.

Ele parecia um cachorro raivoso, prestes a atacar qualquer um que desse um passo em falso; ela uma boneca de cera, com um rosto petrificado em uma expressão de modelo, arrogante, intocável.

- Finalmente eu me casei! – a morena disse pulando no pescoço da amiga – Agora só falta você!

Sam deu um sorriso tão sincero que comoveu Gina.

- Não vai demorar muito se depender de mim, Sam – David disse cumprimentando a amiga e beijando suavemente os lábios de Gina.

E não vai demorar muito se depender desse bebê, pensou Gina.

Do outro lado Zabini tentava tirar o loiro de seus devaneios.

- Você não vai me cumprimentar, Draco?

- Me poupe das suas basbaquices sentimentais, Blás... – disse Draco, mais mal-humorado do que de costume nos últimos tempos.

- Cacete, Draco! Nem com o meu casamento, o casamento do seu único e melhor amigo, seu humor melhora? – Blaise tentou soar como inocente e ofendido. Ele nunca falava palavrões, mas não achou uma expressão melhor. Realmente ficara indignado; como aquele filho da puta poderia ficar com aquela cara nojenta no casamento dele?

Mas Draco não estava dando atenção ao amigo, muito pelo contrário: ele estava começando a ficar enjoado com a cena deplorável que Virginia executava ali, bem na sua frente, como que por provocação. Refletiu melhor; não, realmente era uma provocação, e uma provocação que ele não estava disposto a aturar.

Ela estava muito enganada se achava que se desfilasse com algum idiota na sua frente o faria mudar de idéia, afinal de contas, agora ele tinha Sophie à sua disposição; não precisava mais gastar o seu tempo com a Weasley nojentinha. Pensou melhor; nem três Sophies seriam suficientes para suprir a sua necessidade de Virginia Weasley.

- Já entendi qual é o seu problema! Saiba, meu caro, que dessa vez você perdeu! – ele viu o familiar olhar “de não me atinge” do amigo ser dirigido a ele. Blaise falou de propósito, como se essa fosse a sua vingança pessoal e extremamente necessária para a manutenção do seu ego.

- Não sei do que você está falando...

Era claro que ele sabia. “Hipócrita”.

- Pelo o que eu ouvi, e vi, ela está apaixonadíssima pelo Vedder, e acho que serão os próximos a se casar... - o moreno disse no seu tom mais animado, mas, ao mesmo tempo, era o seu tom mais sarcástico. – Pelo jeito você perdeu dessa vez amigão...

- Me poupe, Blás, me poupe! Esse é meu ultimo dia em Londres, portanto, não me aborreça, ok? E só para o seu governo,eu não perco nada,ouviu bem? Malfoys nunca perdem...

Blaise olhou para Draco com um olhar de dó. Essa foi a primeira vez que Draco se sentiu ofendido com alguma coisa que Blaise fizera. Ele não precisava do sentimento de piedade de ninguém. Tudo estava nos conformes. Não, não estavam. A quem ele estava tentando enganar?

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Ela estava concentrada, tantando raciocinar, mas isso era praticamente impossível. Percebeu que tremia e o esmalte do dedão já não existia mais. Se Christina estivesse realmente morta, ela com certeza seria a próxima.

- Não, Sophie, você não será a próxima.

E realmente não seria. Não enquanto o próprio Rogier estivesse vivo.

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Eles começaram a caminhar em direção aos outros convidados para a festa. Draco sabia que aquele papo de não ter perdido nada não tinha convencido o amigo, mas agora só conseguia sentir raiva.

- Hoje eu só quero curtir e, a propósito, onde estão aquelas suas primas jeitosas e distantes de terceiro grau? Mas Sophie não pode saber...

- Você não se emenda Malfoy! O moreno completou com um sorriso e com um pensamento. Draco podia ser infiel, mas ele não seria. Sua vida era Samantha e ele faria tudo que pudesse por ela.

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Já passava da meia-noite e a festa transcorria em perfeita ordem; Sam estava radiante e Gina ficara feliz em ver a amiga tão bem, mesmo que ela temesse que o sonserino machucasse sua amiga.

Virginia já havia dançado úusicas e mais músicas seguidas com David, mas aquele outro a perseguindo com o olhar estava deixando–a sufocada. Começou a respirar com dificuldade e o moreno perguntou-lhe se estava bem. Ela disse-lhe que só precisava de um pouco de ar fresco e foi com essa desculpa que ela se retirou de perto de David e estava rumando para os jardins.

Queria ficar um pouco sozinha, afinal, a parte mais difícil para ela naquele dia ainda estava por vir e ela teria de fazê-la, mesmo que custasse todas as suas forças. Só precisava ficar um pouco sozinha e se preparar. Acariciou um pouco a barriga. Seria um menino ou uma menina? Se fosse menina, seu nome seria... meneou a cabeça de um lado para o outro. Só podia estar maluca e pensar em possíveis nomes com certeza não era a melhor coisa para se fazer naquele momento. Começou a ensaiar mentalmente como abordaria aquele desgraçado maldito que havia feito aquilo com ela. Pediu desculpas a Draco por tê-lo ofendido.

Novamente meneou a cabeça. Aquilo era ridículo; ele jamais se sentiria ofendido, afinal, nem havia ouvido. Concentrou o pensamento nele novamente e se deu conta de que não conseguiria pensar. Olhou para o céu: estrelado, lindo, transmitia paz. Isso mesmo, paz. Era tudo o que ela precisava. Só que ela não contava que seria seguida pela pessoa que menos queria ver naquele momento.

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Draco já havia tomado pelo menos uma garrafa de fire wisky, tomando como base para a conta as dezenas de copos que descansavam esplendorosamente sobre sua mesa, sem falar nas outras bebidas que ele nem lembrava o nome, mas que sabia que havia ingerido...
Estava ficando insuportável vê-la ali na sua frente rodopiando nos braços de outro. A vontade que tinha era de ir até eles e meter a mão na fuça daquele atrevido cheio de dentes e arrancá-la dali, levando-a consigo. Mas, felizmente, ainda sobrava-lhe um resto de sanidade. E ela parecia estar divertindo-se muito com aquele panaca. Olhou-a com mais afinco e percebeu que, mesmo havendo um sorriso no rosto, o seu olhar era triste... Virginia Weasley estava triste e Draco Malfoy sabia que a felicidade dele era ela e vice-versa. David e ela estava dançando mais freneticamente agora, enquanto tocava Madonna na pista de dança. Ambos estavam se divertindo.

- Talvez até mais do que se divertia comigo, disse ele, pesaroso.

Mas também do que ele estava falando, afinal ?! O jeito dramático que estava usando e abusando consigo mesmo por conta da pequena dava a entender que eles haviam vivido um romance de séculos, o que na verdade não acontecera nem estivera perto de acontecer. Haviam tido um envolvimento forte, mas nunca sequer se aproximou de ser longo... se bem que a duração não tinha nada a ver com a intensidade. “Um namoro não é como o dinheiro, que quanto mais, melhor”, pensou ele.

Olhou de volta para os dois.

Finalmente viu aquele nojento tirar as patas de cima da sua ruiva. Sim, ela era sua!Gina não sabia disso, mas era sua ruiva e de mais ninguém! Depois de receber um suave beijo na testa, ela virou-se e rumou para os jardins. Seria a chance de Draco: ir atrás dela e dizer-lhe que amanhã, a essa hora, estaria partindo para a Grécia e que não sabia quando voltava (e se voltava). E então ela entraria em desespero e diria que não conseguiria mais viver sem ele, e que se ele fosse embora ela morreria de saudade e, finalmente, o loiro a tomaria nos braços e a levaria para a sua casa, onde a possuiria de todas as maneiras possíveis e imagináveis até que os dois estivessem exaustos e não conseguissem nem sair um de cima do outro...

Ele deu um sorrisinho safado e ponderou que aquilo era uma loucura sem fundamentos. Se fizesse isso, no máximo ela mandaria-lhe um “FUCK YOU” bem grande na cara e iria embora. Mas até que aquela insanidade não era uma má idéia... pensou nas posições que poderiam fazer e pegou-se com uma ereção. Mesmo sendo uma loucura, falaria com ela. Sabia que, mesmo que ela lhe falasse aquilo, iria conseguir mexer com ela, e Virginia não parecia, mas era bastante sentimental, o que só aumentava as suas chances.

Pensou em Sophie.

-Sophie que se dane! Eu vivo em função de Virgina Weasley!

E ele foi na direção dela.

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Ela estava entediada, irritada e com ciúmes, muito ciúmes. Isso não era normal para ela, afinal, passara anos “aprendendo” a reprimir sentimentos inúteis como o amor. Convenceu-se de que seu ex-marido era realmente um idiota completo. Na verdade já estava convencida o suficiente, mas sempre achava algo mais para ter mais e mais certeza.

Mas ela também não poderia fazer nada para impedir que Draco fosse à festa... sim, seu motivo de ciúmes era o loiro. Nunca na vida imaginara que além de se envolver e se apaixonar por Lucius ela também se envolveria com o jovem Malfoy, e pior, nunca imaginara que disso cresceria um afeto tão intenso, ainda mais porquê, quando se envolveu com ele, de cara percebeu que havia outra, alguém que perturbava até mesmo os sonhos do loiro... Incontáveis foram as vezes em que Sophie acordara assustada com ele sussurrando o nome dela: Virginia.

Não sabia se o que a irritava mais: se era o fato de não conseguir controlar mais seus sentimentos como antes, ou o simples fato de ver um homem dormir e fazer amor com ela pensando em outra.

Ela definitivamente não estava acostumada com isso, nunca na vida nenhum dos homens que ocuparam um espaço em sua cama havia dormido com ela pensando em outra. E quando ela o ouvia no meio do sonho chamar por outra aquilo acabava com a sua auto-estima e seu amor próprio. E ela sentia vontade de enforcá-lo, esquartejá-lo ou fazer qualquer coisa que o fizesse calar a boca e parar de chamar o nome daquela vaca!

Com o tempo, entretanto, entendeu que na podia fazer nada a respeito. Foi então que decidiu fugir para a Grécia e levá-lo consigo. Fez um teatro bem feito para que ele aceitasse ir com ela e, então, poderia se livrar dele.

Sophie sabia que Draco Malfoy era uma arma importante e, por isso, não o deixaria escapar. Pelo menos enquanto a Arianos estivesse atrás dela ela o manteria vivo. Depois, daria um jeito de livrar-se do corpo e tudo estaria acabado.

-

Ela ficava ainda mais linda com a luz do luar sobre a pele e principalmente sobre os cabelos cor de fogo, mas ele não estava ali para elogiá-la, mas sim para dizer-lhe que ela podia parar com aquele teatrinho patético com aquele palhaço, porque aquilo não o estava atingindo em nada. Agora ele tinha uma mulher melhor que ela em todos os aspectos possíveis. Refletiu mais um pouquinho, com os neurônios bêbados tentando trabalhar o mais rápido que podiam e convenceu-se de que aquilo NUNCA a convenceria, pois era a mentira mais deslavada do mundo. No fundo não era aquilo que ele queria dizer, mas com o tanto de álcool que ele tinha na cabeça, já não sabia mais nem o seu nome direito.

Já fazia algum tempo que Gina estava sentada naquele banco do jardim, observarvando o luar. Na verdade tinha saído do salão com aquela desculpa de que queria tomar um pouco de ar porque estava se sentindo tremendamente enjoada com toda a alta sociedade bruxa lhe dirigindo olhares e cumprimentos exagerados (coisa que no passado não acontecia, simplesmente porque Weasleys não andavam com a alta sociedade bruxa), mas o que a incomodava mesmo era aquele olhar cinzento perseguindo-a em cada movimento que fazia e cada suspiro que dava. Era perturbador ficar no mesmo salão que Draco Malfoy, visto que em poucos instantes teria que lhe dizer que esperava um filho seu. E pensando em todas essas coisas nem se deu conta que alguém encostava as costas no banco em que estava sentada.

- Ora, ora o que temos aqui? – ele disse com o seu habitual tom de voz arrastado, assustando a mulher que estava à sua frente – A Weasley fêmea contemplando o luar,estou certo?

Ele olhou-a, tentando afastar a visão embaçada, mas estava muito, muito difícil...

- Ma... Malfoy, eu não esperava vê-lo aqui nos jardins – Gina disse, tentando parecer o mais segura possível de suas palavras. “É impossível”, pensou amargurada e se arrependeu de não ter estudado teatro.

- E porque não, Weasley? Eu não sou suficientemente digno da sua companhia, é isso? – ele diminuiu o tom de voz, deixando-o perto de um sussurro, mas um sussurro que Gina podia ouvir perfeitamente – Ah não, me esqueci! Você prefere clones do Potter, não é mesmo? Convenhamos, Weasley: aquele babaca que estava se esfregando com você no salão não passa de uma imitação do Potter-perfeito... Só lhe falta a cicatriz, mas, se você me permitir, eu resolvo isso em dois tempos... – terminou a frase cerrando os punhos e sorrindo malignamente. O olhar foi a mais perfeita tradução de “fatal”.

Ela assustou-se com o tom de voz dele; não queria ter que iniciar uma discussão com ele agora, afinal, essa seria a chance de lhe dizer tudo logo. Mas também não podia deixar de notar a raiva com que ele se referiu a David e como o comparou a Harry; ela nunca tinha pensado nisso, mas o fato de David ser moreno e possuir os olhos verdes o tornavam bem parecido com o Potter. Mas nada além disso. Draco Malfoy era um psicótico do inferno e ela se arrependeu de ter desejado falar com ele naquela noite. Resolveu que iria encarnar uma personagem e se fazer de rogada e segura; não, não daria o braço a torcer.

- Isso é ciúmes Draco?- ela perguntou um pouco divertida, gozando da cara amarrada dele e lhe lançando um olhar comprido, acompanhado de um sorriso irônico.

- Ciúmes de você?- ele deu uma risada forçada, tão forçada que nem ele mesmo acreditou nela. - Não seja tola e convencida, Virginia; eu não tenho ciúmes de ninguém, ainda mais de você, que não significa nada para mim. E pra você eu sou Malfoy, esqueceu? – ele concluiu, fazendo uma cara indecifrável.

Aquilo a feriu profundamente. Pensou que ele não a trataria tão friamente. Ele também não precisava jogar na sua cara que ela não significava nada para ele... ela já sabia muito bem disso...

- Se para mim você é Malfoy, para você eu sou Weasley, certo? – ela tentou dizer tão controlada quanto podia e segurou a raiva que estava explodindo dentro dela.- E a que devo a honra de sua presença?

Ela olhou-o com desprezo e ele notou logo.

- Ah...eu... só estou caminhando, não vê? Ou por acaso estou proibido de andar pelos jardins da propriedade do meu próprio amigo?

Ao ouvir o que o loiro disse ela virou-se, de modo a poder contemplar melhor o seu rosto e, ao ver a sua expressão emburrada, a ruiva não pôde deixar de sorrir com o jeito com que o loiro havia falado; parecia uma criancinha mimada. E, por instantes, ela esqueceu que aquele simples encontro casual deles no jardim serviria pra grandes revelações.

- Você pode andar por onde quiser Dra..., desculpe, Malfoy. Eu apenas me surpreendi, foi isso...- ela disse dando de ombros e continuando a observar o loiro. Ele estava diferente, talvez por causa do smoking mais apertado do que habitual, ou por estar com as bochechas rosadas por conta dos copos a mais que tinha tomado; ou apenas pelo fato de que a ruiva não o via há tanto tempo...

-

Ele não estava ouvindo o que a mulher à sua frente dizia; estava mais interessado em admirá-la. Fazia muito tempo que não a via e sabia que ela estava diferente; possuía um brilho no olhar que antes não estava ali. Não que seus olhos não brilhassem, longe disso, mas era um brilho a mais, uma coisa diferente. Sem falar que ela estava visivelmente mais rechonchuda, mas não era uma coisa feia: parecia que o corpo todo havia resolvido aumentar de tamanho proporcionalmente, mesmo que ela não tivesse crescido nenhum centímetro .

- Ora, Malfoy, eu sei que sou linda e tudo o mais, mas não precisa ficar babando em mim – ela usou seu tom mais irônico possível e sorriu de lado,como ele mesmo fazia, tirando o loiro do transe e o fazendo sorrir, desconcertado

- Olha só quem está aprendendo a ser irônica e convencida! Tsc! Onde você aprendeu a ter esses modos, Weasley? – ele perguntou divertido. Sabia muito bem onde, ou melhor, com quem ela havia aprendido.

- Com uma doninha muito convencida e oxigenada – ela riu.

Ele sorriu para ela e disse, com um tom de voz calmo de amigo conselheiro.

- Sabe...ironia não combina com você, Virginia. Deixe-a para quem sabe usá-la.

- Oh, então agora voltamos a nos tratar pelos nomes? – a ruiva perguntou, ainda mais irônica do que antes. Ela viu uma artéria pulsando freneticamente no pescoço dele.

- Você sabe que eu sempre gostei de te chamar pelo nome, Virginia. Eu gosto desse seu nome – ele disse dando de ombros e sentando-se ao seu lado no banco.

Ela sorriu, afinal, aquilo era verdade; ele sempre dissera que gostava do seu nome, desde o dia em que ele resolveu lhe mandar aquele buquê de flores. A ruiva não ficava muito feliz em ouvir seu nome, porque não gostava dele, achava-o piegas, mas era tão bom ouvi-lo dizendo seu nome que sua pequena revolta sumia instantaneamente. Olhou novamente para ele e refletiu rapidamente. Sua consciência dizia “controle-se Gina! Lembre-se de que o Malfoy já deixou bem claro que não quer nada com você! Além do mais, ele está bêbado, não está vendo? Diga a ele o que tem de dizer e saia já daí, vocês estão próximos demais!”, mas ela não estava ouvindo. Era o alarme de sua cabeça soando, mas ela não queria ouvir. Ela gostava de ficar sentada ao lado dele e não poderia acontecer nada se eles permanecessem sentados um ao lado do outro, podia? Sim, podia...

Draco havia se sentado ao lado dela, mas nem tinha se dado conta do que havia feito.Na verdade, estava perdido em pensamentos; ele tinha seguido-a para a insultar e lhe jogar na cara que estava com uma mulher melhor que ela, mas assim que viu o seu sorriso e que ouviu sua voz havia esquecido de tudo isso, e a única coisa que queria era passar o máximo de tempo possível ao seu lado, assim, sem lhe dizer nada, antes que ele tivesse de ir embora. Não queria ir embora sabendo que ela sentia raiva dele ou coisa parecida, o episódio da praia ainda estava muito vivo em sua mente.

- Draco? Draco! – ele olhou-a assustado - Você não está me ouvindo?

Pronto! Logo agora que ela já estava quase na metade do caminho e iria lhe dizer tudo ele parecia fora de órbita e, no mínimo, não tinha ouvido uma palavra sequer do que ela havia dito.

- Não ouvi Virginia, me desculpe – ele virou-se e a olhou – o que você estava dizendo?

Ela suspirou; teria que começar a falar tudo de novo. Por que tinha de ser tão torturante assim?

- Estava dizendo que tinha uma coisa muito importante pra te contar – ela tomou fôlego – e queria que você ouvisse isso da minha boca. Acho que seria melhor, entende?

Ele arregalou os olhos; o que será que ela queria lhe dizer de tão importante assim? Foi então que algo lhe veio a mente...

FLASHBACK

- Você não vai me cumprimentar, Draco?

- Me poupe das suas basbaquices sentimentais, Blás... – disse Draco, mais mal-humorado do que de costume nos últimos tempos.

- Cacete, Draco! Nem com o meu casamento, o casamento do seu único e melhor amigo, seu humor melhora? – Blaise tentou soar como inocente e ofendido. Ele nunca falava palavrões, mas não achou uma expressão melhor. Realmente ficara indignado; como aquele filho da puta poderia ficar com aquela cara nojenta no casamento dele?

Mas Draco não estava dando atenção ao amigo, muito pelo contrário: ele estava começando a ficar enjoado com a cena deplorável que Virginia executava ali, bem na sua frente, como que provocação. Refletiu melhor; não, realmente era uma provocação, e uma provocação que ele não estava disposto a aturar.

Ela estava muito enganada se achava que se desfilasse com algum idiota na sua frente o faria mudar de idéia, afinal de contas, agora ele tinha Sophie à sua disposição; não precisava mais gastar o seu tempo com a Weasley nojentinha. Pensou melhor; nem três Sophies seriam suficientes para suprir a sua necessidade de Virginia Weasley.

- Já entendi qual é o seu problema! Saiba, meu caro, que dessa vez você perdeu! – ele viu o familiar olhar “de não me atinge” do amigo ser dirigido a ele. Blaise falou de propósito, como se essa fosse a sua vingança pessoal e extremamente necessária para a manutenção do seu ego.

- Não sei do que você está falando...

Era claro que ele sabia. “Hipócrita”.

- Pelo o que eu ouvi, e vi, ela está apaixonadíssima pelo Vedder, e acho que serão os próximos a se casar... - o moreno disse no seu tom mais animado, mas, ao mesmo tempo, era o seu tom mais sarcástico. – Pelo jeito você perdeu dessa vez amigão...

- Me poupe, Blás, me poupe! Esse é meu ultimo dia em Londres, portanto, não me aborreça, ok? E só para o seu governo,eu não perco nada,ouviu bem? Malfoys nunca perdem...

Blaise olhou para Draco com um olhar de dó. Essa foi a primeira vez que Draco se sentiu ofendido com alguma coisa que Blaise fizera. Ele não precisava do sentimento de piedade de ninguém. Tudo estava nos conformes. Não, não estavam. A quem ele estava tentando enganar?

Só podia ser isso! Ela iria lhe dizer que iria se casar com o idiota do Vedder! Porra! Ele ali querendo apenas ficar um pouco ao lado dela e ela se preparando pra dizer-lhe que seria feliz com o clone do cicatriz e que teria uma criação de coelhos com ele! Como ele era idiota!

Gina viu quando a expressão do loiro passou de espanto para raiva, quase que instantaneamente, e depois voltou para a conhecida expressão de indiferença que ele fazia questão de ostentar a maior parte do tempo.

- Não precisa dizer nada, Weasley! Eu sei o que você vai me dizer e, se quer saber, não me importa... Não me importa nem um pouquinho, mas você me decepciona pequena... – ele notou que a face tranqüila dela estava se transformando num misto de susto e descrença das palavras frias dele, o olhar estava perdendo o brilho, o canto da boca começava a tremer – Pensei que você sabia escolher melhor os seus pretendentes, mas vi que você continua a mesma ingênua de sempre. Continua atrás do testa rachada, ou melhor, continua atrás de clones dele.

Ela não estava entendendo: de onde ele havia tirado isso? O que tinha a lhe dizer não tinha nada a ver com o David, Harry ou qualquer outro... e isso a deixou extremamente aliviada. Então ele não sabia realmente do que se tratava.

- Não, Draco... você não sabe. Não é nada disso que eu tenho pra te falar... – ela gaguejava, não entendia da onde o loiro havia tirado aquilo – Eu queria era falar so...

Mas não terminou de falar, pois Draco a interrompeu no meio do caminho.

- Pensa que o Blaise já não veio me falar do seu casamento com o tal de Vedder?! – ele cuspiu o nome do outro – Pensa que eu não vi você e ele o tempo todo juntos, trocando beijinhos e carícias? – ele estava perdendo o controle, mas o que podia fazer se toda vez que chegava perto dela e via que tinha alguém interessado nela ficava louco? – Quer saber Virginia? Seja feliz com ele, porque você me enoja!

A ruiva arregalou os olhos, só podia estar sonhando! Não que ela tivesse imaginado que seria fácil contar pra ele, mas não esperava que ele fosse entender tudo errado e, ainda por cima, dizer essas coisas pra ela! Não...era um sonho e logo ela iria acordar e ver que o casamento ainda nem tinha acontecido.

“Vamos Gina,acorde,acorde!A Sam precisa de você no casamento,vamos acorda... droga,!!!”

Mas ela não acordou e percebeu que não iria acordar, afinal, aquilo ali não era um sonho. Draco realmente dizia que tinha nojo dela e lhe falava para ser feliz com outro.

- Draco... não... não é isso que eu tenho pra te dizer! – ela gritou, mas parecia que ele não tinha escutado, ou não queria escutar, pois continuava a dizer coisas absurdas pra ela.

- Onde já se viu pensar que com uma Weasley seria diferente? Afinal, você é uma Weasley traidora de sangue, ralé, escória, nojenta, uma desgraçada de sangue sujo! – parecia que ele estava falando mais consigo mesmo do que com ela, tentando se auto-convencer, pois gesticulava e andava de um lado pro outro.

– Mas não! Eu tinha que pensar que você seria diferente, mas, enfim, agora você vai lá e se casa com esse ridículo! Terá uma penca de filhos como sempre sonhou, não é mesmo? Ele tem dinheiro, Virginia? Vai dar o golpe do baú, estou certo? – concluiu virando-se para encará-la, mas tomou um choque ao ver a ruiva se acabando de tanto chorar.

-

- Ora, ora! Vejamos se não é Harry Potter! – Hermione dizia com um sorriso sincero e uma alegria irradiante ao ver o maltrapilho parado ali, na sua sala.

-Hermione! Quanto tempo, que saudade! – ele disse tentando parecer sincero, mas não era necessário; aquilo era a mais pura verdade.

- Também estávamos com saudades de você! Por onde andou esse tempo todo? – ela disse olhando para as roupas dele, com um olhar surpreso. Seria aquele o verdadeiro Harry Potter?

- Só estou tentando reorganizar a minha vida, mas logo, logo, tudo voltará ao normal!

Ele sorriu e Hermione soltou um suspiro de alívio por aquelenão ser o estado normal dele.

- Venha conhecer meus filhos, Harry! – Ron disse puxando o amigo pelo braço e levando-o até o andar superior.

-Enquanto isso, vou preparar um chá para nós – e ela foi para a cozinha.

-

Gina não conseguia dizer nada. Fazia tempo que ela não o ouvia ofendê-la tanto e a ofender a sua família também, e aquilo estava lhe dilacerando, lhe matando. A única coisa que ela conseguia fazer era chorar, chorar como nunca havia chorado.

Ele tomou fôlego e passou a mão pelos cabelos platinados, desalinhando-os. Alguma coisa estava errada naquilo tudo: conhecia Weasley e sabia que se fosse em outros tempos ela, no mínimo, já o teria azarado por falar tão mal dela e de sua família, mas não era isso o que ela estava fazendo. Pelo contrário: estava chorando como uma criança recém nascida, copiosamente. A maquiagem estava toda borrada, o delineador e o rímel haviam escorrido pelo rosto, deixando-a com uma aparência estranha e com olheiras negras e profundas. Uma imagem deprimente. E a culpa era dele.

E, se talvez não fosse aquilo que ela queria lhe dizer? E se ela estivesse ali para outra coisa? Sentiu-se um completo idiota por tudo e ainda mais por fazê-la chorar daquela maneira. Queria cavar um buraco no chão e enterrar-se. Sentiu-se tão arrependido que tinha vontade de abraçá-la e beijá-la para que ela parasse de chorar. Queria ter um milhão de dúzias de rosa para lhe dar, queria ter paz para poderem fazer sexo... não, sexo realmente não era a melhor coisa a fazer naquele momento. “Será que eu nunca mudo?”.

- O que foi, Virginia? – ele disse o mais cauteloso possível, ajoelhando-se ao seu lado – Você não vai se casar com o Vedder, é isso? – ela continuou soluçando – Vamos pequena, me conte o que você tinha pra contar, sim? – tentou soar o mais doce possível, para que a ruiva se acalmasse.

“Draco seu maldito filho da puta do inferno! Eu te odeio, seu desgraçado! Seu... seu... Porque você tem de ser sempre tão precipitado, explosivo e inconseqüente?”

Ela percebeu que ele havia parado de falar e tinha se abaixado ao lado dela, tentando acalmá-la. “Draco Malfoy e seu gênio difícil e seu temperamento explosivo de sempre... nunca mudou, nunca vai mudar. Idiota, idiota, idiota! Imbecil loiro!. Gina estava sentindo um ódio tão profundo que não conseguia sequer raciocinar. Mas tinha que pensar. Demorou um pouco, mas conseguiu, finalmente, organizar os pensamentos.

Sorriu mentalmente. Ela sabia que aquilo tinha sido uma possível crise de ciúmes, mesmo que ele negasse até a morte se ela perguntasse. E, ao contrario do que parecia, ela não estava mais magoada com o que ele tinha dito; agora até se sentia feliz em saber que ele se importava tanto assim com quem ela se casasse ou deixasse de casar. Mas sabia que não podia se encher de esperanças, porque pelo que estava sabendo o loiro estava vivendo com uma mulher e se mudaria em breve do país. Mas, mesmo assim, aquela súbita crise de nervos dele a havia deixado um pouco satisfeita, mas, mesmo que o pensamento já estivesse em ordem, o único impulso que o cérebro conseguia transmitir ao corpo era chorar e ter pequenos soluços e espasmos musculares.

Controlou-se o máximo que podia e engoliu o choro, afinal, estava fazendo um papelão e tanto na frente do loiro e não queria que a última coisa que ele lembrasse dela era que fora uma menininha bobona e chorona. Quanto tempo havia passado? Um, dois minutos? Uma hora? Um dia? Não sabia, e nem queria saber. Inclinou-se para pegar seu espelho na bolsa, para avaliar o estrago na maquiagem, já esquecendo que ele ainda estava ali, e deparou-se com Draco ali, fitando-a num olhar preocupado e sinceramente pesaroso.

- Er... desculpe, ruiva, acho que eu entendi tudo errado, não? – ele perguntou hesitante – Eu tenho andado muito nervoso ultimamente e bem confuso, você sabe...

- Tudo bem, Draco. Eu também tenho estado bem estranha e com os hormônios à flor da pele – ela disse – e sim, você entendeu tudo errado, meu caro... agora olhe a merda que você me fez fazer! Estou parecendo uma gótica imbecil que gosta de fazer carinhas tristes!

Ela disse enquanto se olhava no espelho e sorriu para ele, que acabou não correspondendo.

- Me desculpe mesmo, mas é que, quando eu estou perto de você, eu fico louco, entende? – ele disse em um tom desesperado, apaixonado e arrependido.

Ela sorriu para ele, achando graça daquela situação vexatória e tentando se convencer de que aquele ali era, sim, Draco Malfoy. Olhou-o novamente; ainda estava ajoelhado.

- Entendo... entendo porque eu também perco a razão perto de você.

Ao ouvir isso o loiro percebeu o quão perto estavam um do outro e notou como os cabelos ruivos dela cheiravam bem e o quão branca e pontilhada de sardas a pele dela era. A ruiva também percebeu a extrema proximidade dos dois. Ela não queria afastar-se e também não conseguia; era como se ele fosse feito de imã que a atraía todas as vezes que chegavam perto demais um do outro.

- Eu vou embora pequena, embora pra bem longe e você nunca mais vai me ver – ele disse tentando continuar com uma linha de raciocínio lógica antes que fizesse alguma besteira. As palavras saíram de maneira forçada. Não, não era aquilo que ele queria dizer, de maneira alguma. Queria dizer que iriam ficar juntos para sempre, que haviam sido feitos um para o outro, que... Gina interrompeu seu pensamento.

- Eu sei Draco, eu sei... – estava hipnotizada pelo olhar cinza dele, um olhar que transmitia insegurança, e ela sabia que a segurança dele era ela. – e sei também que você já tem outra. Eu não faço mais parte da sua vida, não é?

Ele assustou-se; não sabia que ela andava tão informada assim sobre ele, mas, também, ela era amiga da mulher de Zabini, como poderia não ser informada?

- É eu tenho... – ele sussurrou – mas você sabe Virginia, que eu não amo a outra, não sabe?

Ela se assustou com aquela pergunta dele, mas não queria pensar nisso.Tinha que sair dali antes que fizesse besteira, ou melhor ,antes que fizesse aquilo que mais queria: beijá-lo, amá-lo, possuí-lo, tê-lo para si.

Como se Draco adivinhasse o que ela estava pensando, aproximou-se sem deixar espaço para que a ruiva escapasse e ,sem dizer mais nada, beijou-a. Um beijo sôfrego, um beijo que precisava acontecer.

“Merlim!O que eu estou fazendo? Estou beijando o Draco! Eu só posso estar ficando louca, só posso! Ai que vontade de chorar! Ai, que vontade de trepar! Ai...”

O turbilhão de pensamentos que invadia a cabeça dos dois era dos mais variados, mas nada importava. Não até o momento em que Gina resolveu empurrar Draco para longe de si e cair em prantos de novo.

- Vá embora AGORA, Draco! Vá e seja feliz seja lá com quem for! Me esqueça,ok? – ela estava berrando, de pé. Ele tentou argumentar, mas ela o interrompeu, gritando mais alto e saindo correndo logo em seguida – Me esqueça Malfoy!

- Merda,Virginia! – o loiro gritou chutando o ar enquanto soltava o ar e bagunçava os cabelos.

A ruiva saiu correndo e nem notou os olhares sobre si; subiu as escadas centrais e entrou correndo no quarto em que estava durante a tarde com Samantha. Se jogou na cama e ficou ali o resto da noite.

Por que as coisas tinham de ser tão confusas e complicadas quando o assunto era ela e Draco Malfoy? Não sabia! E não sabia também porque o tinha mandado ir embora e a deixar em paz, afinal, tudo o que ela queria era ele ao seu lado e, assim, a criança poderia nascer feliz, certo?

Parecia que não...

E tentando não pensar mais nisso adormeceu. Um sono intranqüilo, com pesadelos, mas, mesmo assim, um sono. Virginia Weasley tinha seus próprios fantasmas para lhe atormentar e não queria que Draco Malfoy fosse mais um deles.

-

Sophie continuava no mesmo local, estática. Estava ficando tarde e Draco não dera nem sinal de vida. Sim, ela errou; deveria ter ido ao casamento, mesmo correndo o risco de encontrar Rogier.

Se algo acontecesse a Draco, ela não sabia o que faria...

Não, ela sabia sim.

Pegou o telefone e discou.

- Telefonista?

- Sim – disse a voz do outro lado da linha.

- Ligue-me com Nickolas Kapranos, em Atenas, Grécia.

- Pode repetir o nome, por gentileza?

Ela repetiu. Nick poderia ajudar-lhe.

Pensou em Draco novamente. Não poderia levá-lo consigo. Tinha que sair da Inglaterra. E tinha que ser agora.

-

Ele tinha visto quando o loiro havia se levantado e ido na direção da ruiva. Não poderia vacilar, ou então os dois fariam as pazes e seus planos iriam por água a baixo, sem contar também que não queria abrir mão dela, não agora...

Resolveu segui-los e, se fosse necessário, interferiria na conversa. O importante era que eles não fizessem as pazes e que o loiro não soubesse da criança, pois, se ficasse sabendo, provavelmente resolveria ficar perto da ruiva e não era isso que o moreno queria.

Ela tinha que ficar sozinha, à mercê dele. Apoiou-se atrás de uma árvore à uma distância razoável e dali ouviu toda a conversa. Por pouco não se denunciou quando percebeu que os dois estavam se beijando. Não sabia o porquê, mas aquele beijo havia despertado uma fúria que há muito não vinha à tona, desde que a outra havia fugido, mas graças à sua ruiva tudo acabou bem.

E ao vê-la sair dali correndo e gritando para que o outro a esquecesse, o conhecido bicho ronronante ressurgiu e, após analisar o Malfoy tendo uma espécie de ataque de loucura por causa do ocorrido, decidiu que deveria sair dali e consolar a mulher que devia estar agora aos prantos.

Demorou algum tempo para que a encontrasse e, quando isso aconteceu, pôde notar que ela realmente havia chorado muito, mas, felizmente agora estava dormindo. Sentia-se feliz por agora ter certeza de que não importasse o que acontecesse, teria a ruiva só para si. Olhou para ela novamente; a barriga já estava bem destacada. A barriga que carregava um filho que não era seu, um filho que teria seu sobrenome, mas não teria seu sangue. Teria o sangue de um Malfoy, um maldito Malfoy! Lucius era tão ridículo quanto seu filho, e os dois teriam o mesmo destino no que dependesse de David.

Uma onda de fúria lhe atingiu e ele não teve dúvidas.

Desceu a escada correndo, torcendo para que o outro ainda estivesse ali; estava! Ele foi se aproximando e enfiou a mão por dentro do terno, apalpando a arma com silenciador. Parou em frente ao loiro, que olhou-o assustado, ainda mais quando Rogier, ou melhor, David puxou a arma e colocou-a na sua testa.

- E, então, Draco Malfoy, como vai Sophie?

N.A.: Arthur: Olá, pessoal! Cá estou eu de novo, escrevendo sobre mais um capítulo que, na minha modesta opinião, é o melhor até agora (e o maior também, diga-se de passagem! Hahahah). Espero que vocês gostem do que eu e a tia fizemos! Não é uma reviravolta tão grande quanto a que aconteceu no capítulo anterior, mas, com certeza, é uma continuação excelente!

Dessa vez a minha contribuição foi um pouco menor, pois a Treice fez 70 do capítulo, mas tenho certeza de que vocês vão reconhecer o meu “estilo” aí! Hahahahaha

Espero que vocês gostem dos novos rumos e surpresas que nós preparamos pra vocês!

E, a propósito, essa porcaria aqui tinha que ficar comendo os negritos e os itálicos, né? VTNC! (Arthur num momento mal educado hahah).

Um FELIZ NATAL e um próspero Ano Novo! Que Deus abençoe a todos! D

E não se esqueçam das reviews, que eu também gosto de receber! Hahahaha

Treice: Uow! Eu demorei, mas voltei e com um capítulo enorrrrrrrmeeeeee e muito, muito bom, diga-se de passagem! D

Ahhh e o que será q vocês vão achar, hein?? Porque eu quero, preciso e necessito de reviews, principalmente se elas vierem com opiniões e idéias de como o próximo capítulo deve vir e como eu devo acabar a fic, porque daqui pra frente tudo pode acontecer!

Gostaria de pedir imensas desculpas pela demora, mas foi muito sem querer, porque mais da metade do capítulo estava pronto e então eu mandei pro sócio (Arthur) betar e dar os toques dele e, então, isso só foi acontecer essa semana! huahauhau

Não que não seja minha culpa também a demora, mas ele colaborou, e muito, com isso. p

Mas enfim! Espero que vocês curtam muito esse capítulo que foi feito com muito carinho e dedicação, e não desistam de mim e nem da fic, porque as postagens estão mais demoradas, mas elas vem, ok??

E, olha só, essa veio justo perto do Natal! huahauhauahuahua

Aproveitando...um Feliz Natal pra vocês e um perfeito 2008!

Obrigada a todo mundo que comentou e principalmente a do meu coração, a Dani, que sempre me cobra! Tá aí, Dani, esse capítulo é seu!

Cuidem-se! =* Trê

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