O Retorno a Hogwarts



Gina Weasley levantou-se cedo naquela manhã. Era o dia do embarque e ela estava deprimida. Era a primeira vez em sua vida escolar que ela iria sozinha para Hogwarts, sem a balbúrdia a que estava acostumada. Não havia os gêmeos fazendo algazarra, não havia Rony reclamando de sono nem Hermione brigando com ele nem Harry, com seu jeito tímido correndo para arrumar suas coisas. A mãe de Gina, Molly, também sentia o clima diferente na casa, sempre tão movimentada em dias de embarque.

Ela chegou na cozinha para tomar seu café, lá já se encontravam Gui e Fleur, que já haviam retornado de Lua – De-Mel e que fariam parte da escolta do trem até Hogsmeade. Eles, assim como a matriarca Weasley iriam com ela até a estação de King’s Cross logo mais.

Quando chegaram na plataforma 9 e ¾, faltavam quinze minutos para a saída do trem. Gina guardou seu malão e voltou para se despedir da família. Já havia se despedido de Gui e Fleur, mas quando se aproximou da mãe, notou que esta estava com o olhar fixado em um ponto atrás dela, com os olhos já úmidos. Ao se virar para ver o que perturbara a mãe, tomou um choque. Seu irmão Percy, que havia rompido com a família a mais de dois anos acabara de atravessar a passagem que dava acesso à plataforma e se dirigia para o grupo.

Lá chegando, cumprimentou com um aceno o irmão e a cunhada, deu um sorriso sem graça para a mãe e falou para Gina.

- Preciso falar com você, Gina.
- Pode falar Percy. Mas fala logo, porque o trem já está para partir.
- Muito bem. – Começou ele, respirando fundo – Gina, vim lhe pedir para que não volte a Hogwarts este ano. É loucura ir até lá.
- O quê? – assustou-se a garota, não acreditando no que estava ouvindo.
- Gina será muito arriscado voltar. Como seu irmão mais velho eu me sinto na obrigação de vir alertá-la. Não é porque a nossa família idolatra o Potter, que todos devemos atender aos seus desejos.
- Você está louco, Percy? – Gina estava furiosa com o irmão, e segurava Gui pelo braço, impedindo-o de avançar sobre o outro – isto não tem nada a ver com o Harry. Eu vou porque acredito em Hogwarts, acredito que é importante que ela reabra, que se não fizermos isto, estaremos nos entregando para o Lorde das Trevas. Harry está no meio disto tudo não por vontade própria, posso lhe garantir. E quem você pensa que é para chegar aqui, querendo dar lição de moral em alguém? Você renegou sua família, seu nome. Não foi visitar papai no hospital quando ele foi atacado, nem Gui quando Fenrir o mutilou. Não foi sequer ao casamento dele com Fleur. Você não tem direito de estar aqui, ouviu bem?
- Gina me escute. – Continuou o rapaz, desconcertado – Você não entende? É por tudo isso mesmo que você disse que não deve voltar. O Lorde das Trevas certamente atacará Hogwarts novamente para matar Harry. Se você estiver lá poderá ser ferida como os outros, e você é só uma menininha ainda, deveria estar sendo protegida por nossos pais e não sendo enviada para o lugar mais perigoso que existe atualmente.
- Percy. – Disse a moça, soltando fogo pelos olhos – Não sou mais uma menininha. Não sou covarde. Nossa família não é de covardes, que se escondem atrás do ministro buscando proteção. Se o perigo existe, estarei esperando por ele, não deixarei aqueles que amo sozinhos para enfrentá-lo. Estou muito envergonhada de ter um irmão como você, Percy.


Dizendo isto, ela se virou, abraçou a mãe que estava chorando de orgulho pela filha e embarcou no trem, que começava a partir.

A viagem foi mais tranqüila do que se esperava. O trem estava bem mais vazio do que nos anos anteriores e os alunos ficavam dentro das cabines. Os membros da Armada circulavam pelos corredores, periodicamente, para verificar se tudo estava bem. Do lado de fora, sempre havia uma escolta. Primeiro foram Moody, Quin, Dédalo e mais três bruxos que circundavam o trem em suas vassouras. Na metade do Caminho, foram substituídos por Gui, Fleur, Tonks e outros três bruxos. Já estava anoitecendo quando o trem parou na estação de Hogsmeade, onde eram esperados pelos membros restantes da A.D. Assim que os alunos começaram a desembarcar, estes levantaram vôo, acompanhando-os em direção às carruagens. O já conhecido grito de “Alunos do primeiro ano, por aqui”, de Hagrid se fez ouvir sobre a confusão do desembarque.

Após embarcarem, com Hagrid à frente e ladeados por Neville Hermione, com Rony fechando o cortejo, os novos alunos viram sobre suas cabeças o cortejo de vassouras, rodeando-os e sobrevoando, com movimentos graciosos. Alguns mais atentos puderam ver sob a luz pálida do luar, as silhuetas de vários Sereianos armados, acompanhando-os sob o tapete de águas cristalino.

Assim que desembarcou, Gina se viu diante de uma figura que ela não esperava. Era Dobby, o Elfo-Doméstico, que lhe fazendo uma reverência, disse:

- Srª Weezy, mestre Harry Potter mandou Dobby cuidar das bagagens de sua senhora e de seus amigos.
- Oi Dobby. – Respondeu ela – Tudo bem? Você vai cuidar de nossas bagagens? – Dobby balançou positivamente a cabeça, fazendo uma nova reverência – Muito obrigada, Dobby. Onde está Harry?
- Mestre Harry Potter está guardando os portões do castelo, minha senhora.
- Ah! Certo! Claro, me esqueci. – Disse a garota, um tanto decepcionada. Esperava que Harry estivesse ali na plataforma, esperando seu desembarque – Então Tchau, Dobby. E obrigada.

Gina lanço-se ao ar, aproveitando a maravilhosa sensação que o vento da noite no seu rosto proporcionava, E aquela vassoura era realmente fantástica. Seguiu o caminho pelo qual as carruagens já se dirigiam ao castelo, cruzando com seus irmãos que obviamente faziam malabarismos e piruetas com suas vassouras, tirando vivas e aplausos dos alunos que se encontravam debruçados sobre as janelas das carruagens. Sem dúvida, aquele seria um retorno do qual ninguém se esqueceria. A escolta era formada por alguns dos melhores jogadores de Quadribol da escola, das diversas casas, dos últimos anos. Gina prosseguiu seu caminho e chegando ao portão, outra imagem para marcar história. Em pé, ao lado do portão estava Grope, o gigante irmão de Hagrid, com um imenso porrete apoiado no chão e car de poucos amigos. Do outro lado, estavam Cho e Marieta, com caras pior do que a de Grope, lançando-lhe olhares desconfiados de vez em quando. E sobrevoando o portão em grandes e graciosos círculos, estava Harry montado em Bicuço, o Hipogrifo. Gina não conteve o riso e o pensamento: “Não posso negar que o Sr. Tem classe, sr Potter. Muita classe”.

Ela não deixou por menos. Assim que chegou ao portão, cumprimentou-o com um aceno de cabeça, executou uma finta de Wronsky seguida por um Looping que arrancou uma nova onda de aplausos de quem passava embaixo e retornou para a vila. Harry sorriu, mas continuou atento a sua tarefa, vigiando tudo ao seu redor.

Quando as últimas carruagens despontaram na curva, a escolta começou a entrar nos terrenos da escola, pousando graciosamente em frente às grandes portas que davam acesso ao salão principal. Logo após a última carruagem passar pelo portão entrou Gina, fazendo-lhe um sinal de que estava tudo bem. Harry pousou com Bicuço. Pediu para Cho e Marieta se dirigirem para o castelo, afirmando que logo se encontraria com elas, e lacrou o portão. Todos estavam seguros agora, pelo menos por enquanto. Despediu-se de Grope, levou Bicuço para seu estábulo e subiu para o castelo também.

Quando entrou no salão, o professor Flitwick já estava saindo com o banquinho e o Chapéu Seletor. Ele entrou e se colocou ao lado de Fred e Jorge, que estavam ali em pé, junto com os outros ex-alunos. Olhou para a mesa dos professores e viu que Hagrid já estava em seu lugar, o que significava que Rony e Mione já estavam por ali e realmente, sentados à mesa da Grifinória lá estavam eles, conversando com Gina. Voltou novamente sua atenção para a mesa dos professores e notou uma cadeira vazia, à direita da diretora. Neste momento a diretora se levantou pedindo silêncio, no que foi prontamente atendida, e começou a falar.


- Sejam bem vindos a mais um ano. Sei que estão ansiosos para saborear nosso delicioso banquete, mas peço um pouco mais de paciência para os avisos de início de ano letivo. Este ano tivemos uma grande perda. Com a morte de nosso diretor, Alvo Dumbledore, não só Hogwarts como também a comunidade bruxa perdeu um de seus maiores ícones. Nós que permanecemos, nunca poderemos nos equiparar ao grande bruxo que Alvo foi, mas tentaremos fazer o máximo possível para levar até vocês o ensinamento que ele nos deixou. – Ela se endireitou e continuou – Alunos do primeiro ano estejam avisados que adentrar a floresta que circunda o castelo é terminantemente proibido. Devido à guerra que é travada fora dos muros desta escola, lamento informar que neste ano não teremos o campeonato de Quadribol e que as visitas ao vilarejo de Hogsmeade estão suspensas – Um grande murmúrio de desapontamento se fez ouvir, calado pelo olhar autoritário da diretora que continuou – Teremos um novo professor de Defesa Contra as artes das Trevas, o Professor Lupin, que aceitou voltar a fazer parte do corpo docente da escola, além de assumir a direção da casa de Grifinória. – Lupin se levantou, sob aplausos entusiasmados principalmente dos alunos da Grifinória – Devido à particularidade de sua condição, quando o professor não estiver em condições de dar aula ele será substituído por um professor substituto, o qual apresentarei daqui a pouco. As aulas de Transfiguração continuarão a ser ministradas por mim. Informo também, que o grupo intitulado Armada de Dumbledore assumiu a partir de hoje a responsabilidade pela segurança desta escola. Este grupo é formado por alunos e ex-alunos de Hogwarts, sob a responsabilidade e treinamento de Harry Potter – Neste momento, todos no salão se voltaram para Harry, que continuava em pé no mesmo lugar – É uma grande responsabilidade e aqueles que quiserem ajudá-lo nesta tarefa devem apresentar seus nomes ao diretor de sua casa.O Sr. Potter também assumirá o cargo de professor substituto de Defesa Contra as Artes Das Trevas, na ausência do prof. Lupin. Poderá conceder ou tirar pontos das casas e dar detenções. A partir de hoje ele deixa o dormitório na torre do castelo passando para a uma sala no 2º andar, que servirá também de base de operações da Armada. Diante disto, eu convido o Sr. Potter a assumir o seu lugar junto a este corpo docente.

Dizendo isto a diretora indicou a cadeira vazia a sua direita. Harry, assim como toda a escola estava atônito e não se mexeu durante algum tempo. Só depois que Fred lhe deu um empurrão ele começou a andar pelo salão, que agora irrompia em aplausos e vivas. Ele subiu a pequena escada que dava acesso à mesa dos professores, contornou-os, recebendo sorrisos de satisfação destes e se sentou em seu lugar. Depois de pedir silêncio novamente, a diretora disse:

- Que se inicie o banquete!

E, como já era de costume, as mesas das casas se encheram de pratos deliciosos. Imediatamente Harry se virou para a diretora, perguntando:

- Que história é essa de ser professor diretora? Não tínhamos conversado nada sobre isso.
- Eu sei Harry. Resolvi lhe fazer uma surpresa.
- Mas, senhora, não vou conseguir. Não vou ter tempo de ajudar o professor Lupin.
- Harry. – Começou a diretora – Se você não puder dar as aulas, nomeie alguém para dá-las. O importante é que assim você assume um cargo efetivo na escola, o que lhe dá maior respaldo e respeito perante os outros alunos.

Harry compreendeu o ponto de vista da diretora e não discutiu mais. Começou a jantar, conversando esporadicamente com os outros membros da mesa. Quando olhou pelo salão, cruzou com o olhar orgulhoso de Hermione e cumprimentou Rony, que lhe deu uma piscadela em retribuição. Procurou por Gina, mas esta estava distraída conversando som Simas. De novo, Simas.

Após o jantar, Harry permaneceu no salão. Não adiantaria ir atrás dos amigos. Mione era o Monitor - Chefe e Rony e Gina também, então eles estariam ocupados com seus afazeres. Resolveu se recolher, encerrando o dia.


No dia seguinte começaram as aulas. Após o almoço, Harry estava em sua sala (era estranho se acostumar com a idéia de que tinha uma sala), procurando em um livro chamado “Os grandes bruxos da nossa história” alguma coisa que o ajudasse em sua missão, quando Simas entrou, dizendo:

- Posso falar com você, Harry?
- Claro Simas. Está tudo bem?
- Está, está sim. Eu queria conversar com você ontem no dormitório, mas não sabia que você não iria mais pra lá, sabe.
- Falar sobre o que, Simas? – Perguntou Harry, com uma ponta de desconfiança se formando em seu coração e apertando-o.
- Sabe, Harry! – Continuou o rapaz, extremamente nervoso – É sobre a Gina.
- O que tem a Gina? – A voz de Harry agora estava fria e distante, suas suspeitas estavam se tornando uma certeza.
- Bom, sabe. A gente tem conversado bastante ultimamente. Ela me disse que vocês não estão mais juntos e... Poxa, Harry. Ela é linda, cara. Eu queria saber se tem alguma chance, entende... Se você ainda pensa em reatar com ela... Porque se tiver, Harry, eu caio fora, você é meu amigo a anos, não seria legal eu dar em cima dela se você ainda estivesse a fim, entende!
- Olha Simas. – Agora a voz dele era apenas um sussurro, quase não saia – Eu não tenho mais nada com a Gina. Fui eu que terminei tudo. Não importa o motivo, o fato é que terminei e não vejo chances de reatarmos. Então, só te peço um favor, OK?
- Favor? Que favor?
- Não magoe ela como eu fiz, está bem? Se você fizer isto Simas. Se magoar a Gina, terá seis Weasleys e um Potter para arrancar a sua pele, você me entendeu?
- Ah! Certo! Claro, Harry. Entendi. Valeu! Tchau!

Depois que Simas saiu, Harry fechou seu livro. Não tinha mais condições de ler. Um grande vazio se formara em seu peito, enquanto pensava – “Então é isso. Acabou. Ela já me esqueceu, não vai mesmo querer saber de mais nada comigo. Bom, talvez seja melhor assim. Afinal, não era isso que eu queria? Afastá-la de mim, para mantê-la em segurança? Consegui. Então porque é que eu estou tão mal assim? Droga, Gina. Você tinha que me esquecer tão rápido? Bem que eu queria conseguir te esquecer com a mesma rapidez, ruiva. Mas não dá! Simplesmente não dá...”.

No final do dia, quando Simas contou a Gina a conversa que ele tinha tido com Harry, sua primeira reação foi de medo. Ela ficou com receio da reação que Harry teria. Na verdade sua esperança era que Harry explodisse de ciúmes, ao saber que ela estava prestes a namorar outro de seus colegas de quarto. Essa era a idéia, quando ela bolou aquele plano. Namorando algum dos colegas de quarto de Harry, não demoraria muito para ele ter uma crise de ciúmes. Como ela não sentia mais nada por Dino e Neville não era uma possibilidade, pois ele estava se acertando com Luna, sobrara Simas. Logo, o medo foi substituído por decepção, quando Simas descreveu a reação de Harry.

Ela lhe respondeu dizendo que já esperava por isso, que tal reação demonstrava que na realidade ele já não gostava mais dela, e pensou “Então é isso. Chegou ao fim mesmo. Nossa história tinha tuda pra ser tão linda. Mas se ele realmente sentisse alguma coisa por mim teria me procurado, dito alguma coisa. Se não fez isto é porque realmente nunca gostou de mim. Pois bem, Sr. Potter. Agora é pra valer. Vou partir pra outra. Pode demorar o tempo que for preciso, mas eu vou arrancar todo este amor de dentro de mim, você vai ver”.

Terminou sua ronda pelos corredores do castelo e só quando chegou em seu dormitório e se jogou em sua cama se permitiu por pra fora em forma de lágrimas toda a angústia que estava sufocando-a.


N.A. Espero que tenham gostado deste capítulo. No próximo teremos a primeira aula de Harry como professor substituto, e podem ter certeza que não será uma aula simples.

Muito obrigado pelos votos e comentários, até o próximo capítulo.

Claudio

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