O Professor Substituto



O mês de Setembro estava passando muito rápido. Todos estavam assoberbados em suas tarefas então havia pouco tempo livre para conversarem. A relação de Rony e Mione havia voltado ao clima de sempre, o que Mione lamentava muito. Ela ansiava por uma atitude de Rony, mas ela não acontecia. Decidiu não forçar e continuar esperando, sabia o quanto ele era orgulhoso e machista e se ela tomasse uma atitude talvez pusesse tudo a perder. Mas sua paciência estava começando a chegar em seu limite, e se o rapaz não tomasse esta atitude logo ela mesma teria que Toma-la.

Harry e Gina quase não se viam. Felizmente, para Harry, ele conseguiu se esquivar de encontros indesejáveis com a moça e Simas. No horário das refeições ele se sentava com os professores e evitava olhar para as mesas das casas. Quando olhava era para a da Sonserina, intrigado com o pequeno número de alunos sentados na mesa e imaginando se isto seria um bom ou mau indício. Durante o dia, quando não estava em aula, ficava em sua sala ou fazendo sua ronda pelo castelo, tomando o cuidado de verificar se não cruzaria com o casal fazendo sua ronda no mesmo horário. Até ali, estava dando certo.

A última semana do mês chegou e com ela, a lua cheia. Esta semana seria a primeira em que Remo não poderia dar aulas, sendo substituído por Harry, que não estava com a menor vontade de fazê-lo. Conseguiu convencer Hermione de substituí-lo nas aulas de segunda a quarta, mas na quinta-feira cedo, Mione entrou em sua sala dizendo:

- Harry escuta aqui. Hoje nem vem que não tem, não posso ficar te encobrindo mais, ouviu?
- Mas porque, Mione? Por favor, eu juro que depois te compenso, vai. Quebra esse galho pro seu amigo.
- Não, Harry. Não posso. É sua responsabilidade. Além disso, eu tenho as minhas obrigações também. Esqueceu-se que eu sou Monitora – Chefe desta escola? Pode dar um jeito de dar as aulas você mesmo.
- Ok! Tudo bem então. – Disse ele a contragosto, pegando o roteiro de aulas que Lupin havia deixado, indicando o que deveria ser abordado nas aulas em sua ausência – Hoje é uma turma do 4º ano... Ah, droga. Você viu o que eles vão ter que aprender na aula de hoje?
- Não, eu não li. O que é?
- Bicho – Papão, Mione. A aula é uma aula prática de como lidar com um Bicho – Papão.
- E daí, Harry? Você sabe lidar com um Bicho – Papão melhor do que ninguém.
- Mione pensa bem. No que você acha que ele vai se transformar pra mim?

Gina acabara de entrar na sala naquele momento, para ver sua programação de tarefas daquele dia. A sala de Harry era a base de operações da Armada. Havia várias mesas menores espalhadas pelo ambiente, além de uma maior para reuniões. Uma outra, separada, estava encantada para servir refeições. Assim que alguém se sentava, surgia um prato à sua frente, de acordo com o horário. Devido aos horários que os diversos membros estavam fazendo, era comum perderem as refeições no salão. A sala não estava cheia de gente ainda, então Gina não pode deixar de ouvir a conversa.

- Sei lá. No terceiro ano era um Dementador, não era? Qual o problema? – Perguntou Hermione.
- Mione, isto foi antes dele voltar. Agora provavelmente o Voldemort é quem vai aparecer. E isto não seria nada bom no meio de uma sala de aula. Por favor, Mione. Me ajuda, vai.
- Sinto muito Harry. Mas não posso. Já tenho outros compromissos.
- E cadê o Rony? Eu poderia levá-lo comigo, caso seja necessário.
- Ele está fazendo a ronda dele, só deve voltar daqui à uma hora. E você não tem uma hora, Harry. A aula começa daqui a dez minutos.
- Droga! – Resmungou Harry, passando a mão pelos cabelos.
- Por que você não leva a Gina? - Perguntou ela, apontando para a amiga que ainda estava por ali.

Tanto Harry quanto Gina tomaram um susto, obviamente a idéia não passara pela cabeça de nenhum deles. O rapaz se refez primeiro e disse:

- Certamente a Gina deve ter coisa mais importante pra fazer também.
- O que foi. – Começou Gina, voltando a seu estado normal e irritada com a tentativa de recusa dele – O grande Harry Potter não aceita mais a minha ajuda nem quando não tem mais a quem recorrer é?
- Não foi isso que eu quis dizer, Gina. Bom, tudo bem. Se você puder me auxiliar nesta aula, ficaria grato. – Ele não estava nem um pouco confortável com a situação, mas não tinha outra escolha.

Ambos se dirigiram para a sala de aula sem conversar. Gina estava com um sorrisinho que irritava Harry muito, mas ele não disse nada.

A aula estava transcorrendo normalmente. Harry havia explicado como combater o Bicho – Papão e a classe estava entusiasmada por estar recebendo as instruções dele. Gina permanecia num canto, de braços cruzados assistindo a tudo. Ela não podia negar que gostava de ficar olhando enquanto ele ensinava. Sua segurança, sua confiança, sem falar na sua beleza. Ela não era a única a notar isso. Algumas garotinhas da turma se agrupavam e ficavam cochichando, apontando para ele.

Harry chamou um garoto franzino que tremia muito. Quando ele se aproximou, o Bicho – Papão olhou intensamente para ele e se transformou numa Quimera, um ser realmente assustador. O garoto entrou em pânico, não conseguindo combater seu medo. Harry olhou para Gina, que se adiantou e entrou na frente do Bicho – Papão, enquanto Harry tirava o garoto e tentava acalmá-lo. Então levantou o rosto para a classe e percebeu que todos estavam com os olhos assustados e fixos às suas costas. Virou-se e seu queixo caiu. No lugar da Quimera, agora estava ele, Harry, caminhando para Gina. Mas ele estava morto, com vermes saindo pelo seu corpo, arrastando um pé, com as mãos esticadas para a menina, que estava paralisada, totalmente horrorizada. Pra piorar, o Bicho – Papão – Harry abriu a boca e começou a falar.

- Gina! Por que você não me ajudou? Por que me deixou morrer sozinho, Gina?
- Harry! – A voz da moça saiu num sussurro – Eu tentei ficar perto de você. Tentei te ajudar, mas você não deixou.
- Você nunca mereceu meu amor, Gina. – Continuou a criatura – Devia ter ficado ao meu lado. Se estivesse, isto não teria acontecido.

Harry (o verdadeiro) deu um pulo, se colocando entre Gina e o Bicho – Papão, segurando-a pelos ombros, dizendo:

- Gina, olha pra mim. Gina sou eu, Harry. Eu não estou morto, não ligue pra ele, é apenas um Bicho – Papão idiota, você pode com ele.
- Harry? É você? – Sussurrou ela, desviando o olhar e encarando o rapaz, e em seguida abraçando-o com força – Eu tenho tanto medo, Harry. Tanto medo de que...

Mas ela não pode concluir a frase. Vários gritos dos alunos foram ouvidos, e antes que eles entendessem o que estava acontecendo, ouviu-se uma voz:

- Harry Potter! - Harry ouviu seu nome ser pronunciado às suas costas. Seu sangue gelou nas veias, ele olhou para Gina, que estava com os olhos arregalados de terror e se virou para enfrentar seu maior temor.
- Não! Você não! Não aqui e agora. – Disse.
- Eu vou matar você, Harry Potter. – Respondeu Voldemort, e continuou, sarcasticamente – Mas antes, vou matar todos os seus amigos. E vou começar pela sua linda namoradinha, Harry.
- Só se for por cima do meu cadáver, cara de cobra – Disse Harry, sacando a varinha e escondendo Gina atrás de suas costas – VOCÊ NUNCA VAI CHEGAR PERTO DELA, ESTÁ ME OUVINDO? EU MATO VOCÊ ANTES! EU MATO VOCÊ!
- Não seja ridículo moleque. – Disse o agora Bicho – Papão – Voldemort – Se nem Dumbledore pôde, como é que um pirralho como você vai conseguir? Eu sou imortal...
- Eu vou conseguir sim. Voldemort não é imortal, Assim como você não é Voldemort – Disse Harry, recuperando o controle e andando para frente. Deu um sorriso e gritou – RIDDIKULUS!

O Bicho – Papão começou a inflar como se fosse um balão, como acontecera antes com tia Guida. Quando já estava flutuando e batendo no teto, com mais um gesto da varinha Harry fez com que explodisse, não sobrando nada.

Virou-se então para a classe, e disse:

- Eu peço desculpas pelo que aconteceu aqui hoje. Vocês não deviam ter visto nada disto.
- Você está de brincadeira? – Perguntou o mesmo garotinho que tinha entrado em pânico a pouco – Harry, esta foi a melhor aula que eu tive até hoje. Foi demais. Quem pode dizer que já viu Harry Potter enfrentando Você – sabe – Quem?
- Espero que mais ninguém – Respondeu Harry, com um leve sorriso – Classe dispensada.

Enquanto os alunos deixavam a sala, comentando o ocorrido, Harry olhou para Gina, ainda aninhada em seus braços.

- Você está bem? – Perguntou, se afastando.
- Acho que sim. – Respondeu ela – Então é assim que ele se parece agora? Como você consegue conviver com isto?
- Eu não tenho opção, não é? Satisfeita com o que aconteceu? – Harry estava começando a se sentir vulnerável, inseguro. Seu maior medo fôra exposto bem na frente dela, algo que ele tentava sufocara a todo custo logo seria de conhecimento de toda a escola – Agora você pode ir pro seu namorado e rir do idiota do Harry Potter e de seu Bicho – Papão malvado.
- Quê? Harry, eu nunca...

Mas ela não terminou a frase, pois ele deixou a sala praticamente correndo. Gina ficou ali, se abraçando, tentando reter entre seus braços a sensação que experimentara a pouco. Foi por pouco tempo, mas a lembrança de estar novamente nos braços de quem amava era muito boa, sentindo seu perfume e os braços dele em sua volta lhe davam uma sensação de segurança sem igual. Ali, aninhada em seus braços ela tinha certeza de que nada poderia feri-la. Estava confusa, precisava entender o que havia acontecido, o que significava aquilo tudo. Sabia que o que acontecera ali se espalharia pela escola como rastilho de pólvora e que chegaria aos ouvidos de Simas, mas não tinha cabeça para pensar nisto naquele momento. Depois conversaria com ele. Subiu para seu dormitório e não saiu de lá até a noite.


Harry estava afundado em sua cadeira. Ele tinha ciência dos olhares das pessoas que entravam, mas fazia questão de ignorá-las, até que Rony entrou e se sentou na beirada da mesa, de frente para ele.

- Bela aula a de hoje. – Disse.
- Não é uma boa hora, Rony.Não estou de muito bom humor hoje, OK?
- OK! Só queria te dizer que a Mione está achando que você está com raiva dela. E dizer que todas as turmas estão requerendo uma aula com você, só pra poderem ver o Cara de Cobra também.
- Ótimo! Maravilha! Diz que estarei disponível no próximo século, OK? E diz pra Mione que eu estou chateado com ela sim. Se não fosse a grande idéia dela, nada disto teria acontecido.

Rony achou melhor deixar o amigo sozinho, não adiantava conversar com ele naquele estado.

À noite, Gina resolveu sair da sala comunal. No final da tarde tivera uma conversa com Simas e eles haviam terminado tudo. Simas havia dito que o que ela sentia por Harry ainda era muito forte, e que quando e se ela conseguisse esquecê-lo, voltariam a conversar. Como não queria ficar dando satisfações a ninguém, pegou a capa de invisibilidade de Harry que ainda estava com ela e saiu pelo buraco do retrato. Foi andando em direção à biblioteca e já estava quase chegando quando viu Harry andando pelo corredor em direção a ela. Estacou, esquecendo por um instante que ele não poderia vê-la. Ficou indecisa se falava com ele ou não, quando ouviu alguém se aproximando e resolveu ficar onde estava, escondida. Cho Chang entrou pelo corredor e se dirigiu para Harry.

- Oi Harry. Fazendo sua ronda? – O rapaz só balançou a cabeça – Posso te acompanhar?
- Não sou uma boa companhia hoje, Cho. – Respondeu ele.
- Você sempre é uma boa companhia, Harry – Disse a garota, dando um sorriso – Fiquei sabendo da confusão na aula de hoje.
- Não quero falar sobre isso, OK?
- OK! Vamos falar de outra coisa então. Eu estive reparando em você ultimamente, Harry. Você mudou muito, sabia?
- Certamente não para melhor.
- Mas foi sim. Está muito melhor. Mais maduro, mais bonito. Sabe, me arrependo muito de termos terminado...

A esta altura, Gina encostada na parede estava quase pulando no pescoço de Cho.

- Cho me escuta. Você é uma garota incrível. Linda e tudo mais, mas não dá. Não posso me envolver com ninguém. Sou como um ima para a morte, olha a minha vida. Meus pais morreram, meu padrinho morreu, Dumbledore e até Cedrico morreu, só por estar ao meu lado na hora errada. Não posso colocar mais ninguém em perigo.
- Mas e quanto a Rony e Hermione? Eles estão sempre com você, e nada aconteceu com eles até hoje.
- Nada? Cho, Mione já foi petrificada por um Basilisco. E Gina já foi pega por Voldemort só por ser irmã do Rony. Se eles não morreram até hoje foi por pura sorte. E não sei até quando esta sorte vai continuar. Mas eles já estão marcados, entende. Não adianta nada eu me afastar deles, eles correriam perigo do mesmo jeito.
- Mas e quanto a Gina?
- Gina não merece este destino. Ela é tudo o que me resta. Se alguma coisa acontecer com ela, acho que não agüento. Ela tem que ficar segura, entende. E isso só é possível ficando bem longe de mim.
- Então foi por isso que você terminou com ela? Para protege-la?
- É. Ela merece arrumar alguém que he de segurança, com quem possa viver em paz. Sem medo de ser atacada por comensais dia e noite.
- Harry, a Gina concorda com isto? Quero dizer, ela sabe dos seus motivos?
- Não. Claro que não. Ela não aceitaria.
- Lógico que não, Harry. É um absurdo. Ela tem todo o direito de saber e eu tenho certeza de que se soubesse, ela estaria aqui do seu lado.
- E é exatamente o que eu não quero, será que não dá pra entender? Enquanto ela estiver segura, eu vou estar bem.
- E você, Harry? Não vai se aproximar de mais ninguém?
- Não Cho. Se não posso ficar com ela, não vou ficar com mais ninguém. Portanto desista, OK? Agora se me dá licença...

Harry saiu pelo corredor. Se não podia ter sossego para pensar andando pelo castelo, só havia um lugar onde o deixariam em paz. Seguiu para o alto da torre de astronomia, onde haviam instalado um posto de observação. Dispensou o sextanista que estava de serviço e ali ficou até tarde.

Ainda encostada na parede, Gina estava chorando. Mas não de tristeza e sim de alegria. Parecia que uma luz havia brilhado em seu interior, deixando tudo claro. Como ela não entendera antes? Então ele terminara com ela não porque não a amava e sim porque a amava tanto, que não queria que ela estivesse por perto se algo acontecesse. Ela já devia esperar alguma coisa assim, este tipo de atitude heróica e machista dele. Mas ela não iria deixar isto continuar. Estava claro que ele estava sofrendo com a separação tanto quanto ela e precisava encontrá-lo para dizer isto.

Gina saiu correndo pelos corredores procurando-o, mas não encontrou Harry em lugar nenhum. Esgotada, resolveu conversar com ele no dia seguinte.

Enquanto isso, no alto da Torre, Harry chegara a uma conclusão. O aparecimento do Bicho – Papão e a conversa que tivera com Cho fizeram-no concluir que não podia mais adiar sua partida. Ele tinha que ir atrás das Horcruxes o quanto antes. Decidido, assim que chegou a pessoa que iria substituí-lo, ele foi para seu dormitório. No dia seguinte teria uma conversa com Rony e Mione e eles partiriam, naquele dia mesmo. Só assim poderia por um fim naquele pesadelo e ao mesmo tempo, tirar um pouco Gina de sua cabeça.

N.A: Espero que tenham gostado deste capítulo. No próximo, como já ficou claro, Caça às Horcruxes. Até.

Claudio

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