Capítulo 16



Por mais esforços que o Ministério da Magia desprendesse, no entanto, Lord Voldermot e seus seguidores adquiriam a cada dia mais poder, mais influência e mais capacidade de aterrorizar as populações bruxa e trouxa da Grã-Bretanha, desfazendo famílias, fazendo antigos amigos voltarem-se um contra o outro e manipulando a mente das pessoas, de maneira que o começo do ano letivo de 1977 não foi tão despreocupado como os anteriores.

Algumas coisas, porém, não eram afetadas nem mesmo pela sombria hipótese de uma guerra para breve:

"Esse ano vai!", James Potter exclamou, dando um soco na palma da outra mão.

Talvez ele realmente não tenha notado, tão absorto estava em sua obsessão, ou preferiu fingir não ver os olhares evasivos e a falta de resposta que seus três companheiros deram - ao contrário da adesão empolgada que tivera nos últimos três ou quatro anos. Sirius chegou a replicar com alguma coisa sobre ensinarem Ranhoso, no que foi prontamente auxiliado por Peter, enquanto Remus se mantinha firme em sua nova visão em relação a Snape, mas... até mesmo aquela pequena empolgação não durou muito, e James teve que percorrer sozinho a multidão com os olhos, à procura do tom certo de ruivo, mais escuro, e terrivelmente sedoso e brilhante, por causa da absoluta lisura dos fios. É, era aquilo. Por mais semanas que se passassem sem colocar os olhos em Lily ele passava tantas horas no castelo a observando que era capaz de recitar de olhos fechados, tão bem como se ela estivesse ali em sua frente, os mínimos detalhes da garota. Sorriu para si mesmo ao vê-la finalmente em carne e osso e observar o quanto realmente havia decorado de suas qualidades. Sorriu ainda mais, agora de zombaria, ao notar Severus alguns passos para trás, tentando se desvencilhar da mãe.

"Nem no último ano o Ranhosinho se sente seguro o suficiente pra vir sozinho... o quão patético alguém pode ser?"

Peter deu uma risadinha e colocou-se nas pontas dos pés, tentando enxergar a cena. Sirius olhou naquela direção com ar de tédio, e Remus olhou para o lado oposto, de forma que não enxergou o pequeno espaço que ia se abrindo à medida em que Severus caminhava na direção de Lily e, então, de mãos dadas com ela, na direção do trem. Não dava pra ouvir nada daquela distância mas, se fosse possível, ouviriam o silêncio breve que caiu quando as pessoas olhavam para alguma coisa em Ranhoso, alguma coisa em sua roupa, para ser mais exato. James, ansioso e furioso e apaixonado como nunca, não queria saber de silêncios ou sons ou roupas de segunda mão, de forma que bastou Severus e Lily estarem próximos o suficiente para ouvi-lo que ele passou a mão pelos cabelos, ajeitou os óculos sobre o nariz e os cumprimentou:

"Evans", e ignorando o ar de indiferença no rosto dela, prosseguiu: "Sabe, Evans, sétimo ano... momento em que as pessoas se tornam adultas e maduras e param pra pensar no futuro e naquilo que elas querem pro resto da vida... não concorda?", e ignorando o silêncio que continuou, e ignorando também o fato de Sirius, Remus e Peter permanecerem exatamente onde haviam estado na última meia hora em vez de se aproximarem e cercarem Snape, James mirou Severus de alto a baixo e perguntou: "E tenho sérias dúvidas se é isso mesmo o que você quer... um perdedor, um..."

Como se houvessem combinado, ela e Severus deram pequenos risinhos debochados.

"Surpreendentemente, Potter, eu concordo quanto a se tornar maduro e adulto", Lily disse, apertando com mais força a mão de Severus, então virando o rosto e sorrindo para o rapaz pálido e magro. Severus, por sua vez, sorriu também, um sorriso do mais puro sarcasmo e segurança, ao se virar para James e completar a linha de pensamento da namorada:

"Mas eu pensaria mais uma vez antes de definir quem é o perdedor, aqui", erguendo a mão e apoiando-a sobre o peito, e girando suavemente... o distintivo de monitor-chefe.

O queixo de Potter caiu, e seu silêncio atraiu a atenção dos outros três Grifinórios, que só então se aproximaram, apenas para se tornarem tão chocados quanto ele - e, agora, era compreensível, todo o resto da escola. Apenas Lily parecia estar encarando aquele fato como a ordem natural das coisas.

"Existem coisas que nem mesmo o dinheiro do papai podem comprar, não é mesmo?", ela perguntou, erguendo uma sobrancelha e puxando Severus pela mão, dando por encerrado o embate.

"Mas... mas quem... o quê... quem foi que o Ranhoso enfeitiçou agora...", James caiu em si e começou a gaguejar, ameaçando correr atrás do casal, sem dar a menor importância ao fato de que não era algo nada inteligente a se fazer.

Mas Sirius e Remus, com a cabeça mais fria apesar da surpresa, o impediram, Sirius passando um braço em volta dos ombros do amigo, e Remus tentando fazê-lo enxergar as consequências do novo status de Severus.

"Ele é praticamente inatingível agora, Pontas... a não ser que você queria ser expulso."

"Bah, expulso!", James exclamou indignado, atraindo a atenção das pessoas em volta. "Há quantos anos a gente vem ouvindo essa ameaça? Desde o primeiro dia em Hogwarts! E o que foi que aconteceu?"

Sirius ergueu uma sobrancelha e concordou com o amigo.

"Mas existe uma grande diferença entre atacar um aluno... e atacar o monitor-chefe", Remus explicou com paciência.

"Ele não é o monitor-chefe, é o Ranhoso", James tentou argumentar inutilmente, conseguindo algum apoio por parte de Peter. "E o pior: enfeitiçou Lily!"

Sirius olhava de Remus para James, dividido. Destestava Snape, detestaria-o para sempre, e não perderia uma chance de perturbá-lo, tendo um distintivo preso na roupa ou não... mas já havia se cansado daquela perseguição inútil de James à garota. Sabia como o amigo era teimoso, claro, mas ela era provavelmente mais... e agora que havia assumido as coisas com Severus, insistir só seria tempo perdido.

"Acho que você... deveria desistir dessa segunda parte, Pontas", Remus disse, inseguro, depois de inspirar em busca de fôlego e coragem, expondo em voz alta os pensamentos de Black. Sirius aderiu à idéia, mas acrescentou:

"Agora... precisando de alguém pra atrasar a vida do Ranhoso..."

"Almofadinhas...", Remus começou, em tom de repreensão.

"E a melhor forma de atacá-lo não é justamente atacando aquilo do que ele mais se orgulha?", James perguntou, revirando os olhos de impaciência porque a resposta era tão óbvia. "Lily."

E então, as onze horas soaram, e o trem devia partir. A discussão sobre continuar ou não humilhando Severus continuou na cabine que os quatro escolheram para si, e Remus saiu perdendo por três votos contra um - não que ele esperasse resultado diferente. Suspirou, conformado, pensando consigo mesmo que, mesmo que tentassem uma ou outra vez, acabariam descobrindo por si mesmos que Severus era praticamente intocável, agora... e o assunto que tomava conta de todas as outras cabines em volta tornou a surgir entre os quatro amigos: como, por todos os deuses, aquele Sonserino esquisito, esquivo e suspeito, pelo qual ninguém nunca daria um nuque furado, havia conseguido o cargo mais cobiçado dentre os alunos.

Teorias surgiam, cada uma mais delirante do que a outra, mas quase sempre envolvendo poções ou o uso de Artes das Trevas; mesmo que Severus não fosse visto com livros ou com seus velhos parceiros há meses. Teorias dividiam espaço com desconfiança, inveja e ultraje. E até mesmo o diretor da Sonserina, o Prof. Slughorn, pareceu surpreso quando soube, já em Hogwarts, e as únicas pessoas a encararem o fato com toda a naturalidade eram Lily Evans, e o Prof. Dumbledore.


*


Mas mesmo que uma pequena e incômoda sensação de que havia algo errado ali permanecesse e que, mais cedo ou mais tade, alguém surgiria e devolveria tudo a seu lugar natural, ou seja, retiraria dele o status de monitor, Severus também foi rapidamente se acostumando à idéia.

Era o monitor-chefe.

Merecia reconhecimento e recompensas, tanto quanto qualquer um. Mais que Potter, pensava, um sorriso de superioridade distorcendo suas feições. Era como se, de alguma forma, lhe esitvesse sendo dada alguma recompensa por ele ter aberto mão do que o faria vitorioso, afinal - não que ele pedisse por recompensas depois do que havia visto na mente de seu equivalente adulto. De qualquer forma, talvez Lily estivesse certa. Talvez valesse a pena... talvez ele tivesse mesmo outras maneiras de se destacar... ora, era sem dúvida o mais longe que havia chegado até então, e absolutamente não havia Artes das Trevas envolvidas ali. Ah, e ele sem dúvida ainda tomava muito cuidado em não chegar nem perto de qualquer coisa que o levasse de volta aos velhos hábitos. Mas não havia problema nenhum em se sentir vitorioso e recompensado. Nem em agir quando deveria - era pra isso que o distintivo pesava em seu peito, afinal, não era? Dumbledore achava que ele merecia, então, ele agiria como o monitor-chefe que era, agora, ao reconhecer passos furtivos que não deviam estar sendo ouvidos pelo castelo àquela hora.

"Sr. Riley... não acho que este seja o lugar correto em que o senhor deveria se encontrar esta noite... a não ser que esteja procurando problemas", ele disse, notando o quão próxima sua voz estava de soar letal e perigosa, daquela forma baixa e sutil... e o quanto ele mesmo havia passado da insegurança, ainda que não se desse conta dela, ao oposto exato.

Era, também, bastante recompensadora a forma como o outro olhava para ele, agora, cheio de medo e revolta e frustração, cerrando os punhos e comprimindo os lábios para não dizer nada que piorasse a situação. Oliver Riley era um Corvinal, que havia entrado em Hogwatys exatamente no mesmo ano que Severus e, desde então, agia com quase o mesmo fervor dos quatro malditos Grifinórios para não deixá-lo em paz. Era excelente, Severus pensou sorrindo, fitando-o por baixo das sobrancelhas que se uniam ameaçadoras no meio da testa, excelente vê-lo naquela posição, querendo reagir mas tendo que se colocar em seu lugar. Ah, era claro que um pequeno "excesso" na punição tornaria a recompensa ainda mais doce. Lily, porém, o havia pego em um desses excessos bem nos primeiros dias, e não havia ficado exatamente feliz - e o maldito homem o havia traumatizado o suficiente para que Severus se atrevesse a contrariá-la. Claro, ela poderia não saber... não fossem os novos passos, mais leves que os de Riley, ecoando pelos corredores na direção dos dois rapazes. Ele logo sentiu a respiração dela em seu pescoço, e era quase como se o corpo dela emanasse pequenas ondas de calor sobre o dele, e Severus acabou apenas fazendo o discurso padrão, e enviou o Corvinal de volta a seu dormitório.

"Você é mesmo muito bom nisso, sabia?", ela perguntou, acariciando os cabelos dele e então, beijando-o na boca.

Severus imitou-a, prolongando o beijo e tentando concentrar-se nele e não no que sentira vontade de fazer - se vingar. A frustração foi diminuindo aos poucos até desaparecer, substituída pelo prazer e satisfação de estar ali, exatamente onde sempre quisera estar. Namorando Lily. Seu estômago ainda se retorcia quando aquele pensamento o assaltava de repente, assim como a mesma sensação de que havia algo fora do lugar. É, e as coisas estavam mesmo fora do rumo que deveriam seguir... não fosse o homem. E Severus encerrava o beijo, fitando o nada, sombrio e aborrecido, pensando, mais uma vez, por que, exatamente, o maldito e intrometido homem havia feito tudo aquilo. Insistido tanto, usado um feitiço sobre o qual ele jamais havia lido sobre... compartilhar memórias, emoções, sensações. Pensar sobre aquilo o deixava dividido: ele se sentia grato, mais, até. Mas, ao mesmo tempo, a idéia de alguém se intrometendo em sua vida o deixava terrivelmente contrariado. E mesmo que fizessem longos meses desde a última vez que tivera o desprazer de se encontrar com o homem, aquela ausência estava longe de deixá-lo aliviado. Pelo contrário. Severus temia o que o homem poderia querer da próxima vez que surgisse - porque era óbvio que ele quereria algo em troca. Quem, por deus, simplesmente lhe entregaria Lily de bandeja? E por que motivo? Severus sacudiu a cabeça e franziu a testa. Lily riu, fazendo-o se voltar para ela, momentaneamente surpreso por não estar só.

"Deixa eu adivinhar... você não vai me contar, mais uma vez, no que é que estava pensando", ela comentou, com ar divertido, enrolando uma mecha dos cabelos no dedo.

"Não era nada demais", ele blefou como sempre.

"Claro", ela ergueu uma sobrancelha. "Mas vou descobrir todos os seus segredos, Sev. Cada um deles", ela ameaçou, dando o braço a ele e começando a caminhar.

"Pode levar alguns anos", ele comentou casualmente, com um sorriso contido.

Lily suspirou de forma dolorosa, pensou um pouco e disse:

"Tudo bem. Acho que posso fazer o sacrifício de passar alguns anos do seu lado."

O sorriso se manteve surpreendentemente firme no rosto dele até chegarem na Torre da Grifinória. Absolutamente nada nem ninguém cruzou o caminho deles; uma das melhores vantagens em ter se tornado monitor chefe era poder ficar vagando pelo castelo até altas horas da noite. E outra das melhores vantagens era a privacidade. Depois de murmurar a senha, Lily havia parado à porta de seu quarto, de frente para o namorado. Talvez fosse intencional, talvez apenas uma resposta ao olhar intenso que com que ele a fitava - o fato era que ela o encarava de volta com um ar absolutamente sedutor, e mesmo que ela não abrisse a boca e perguntasse se ele não gostaria de entrar, Severus provavelmente o faria mesmo assim. Agora que uma parte da mágica e da surpresa de estar com ela haviam passado, o relacionamento havia se tornado algo mais real e palpável, algo que ele podia apreciar em si, em vez de apenas mal conseguir acreditar na própria sorte. Lily oscilava entre a segurança e a timidez, corando enquanto o puxava impetuosamente para dentro do quarto e fechava a porta.

Ele logo sentiu os lábios dela em sua face, seus olhos, suas orelhas, mas ainda não em sua boca. Ela o provocava, e ele podia sentir seus lábios distendidos, como se ela sorrisse ao fazer aquilo. Ele engoliu em seco, mas logo entregou os pontos: passou as mãos em torno de cintura dela, e puxou-a para si, capturando os lábios carnudos em um beijo, direto e quase rude em sua falta de experiência e empolgação. Ela o beijou com quase o mesmo ímpeto durante algum tempo, mas logo se afastou, corando outra vez. O rubor em sua face, somado aos lábios entreabertos e a respiração entrecortada e aos olhos crescendo sobre ele tornavam difícil a tarefa de resistir. Mas ele jamais faria qualquer coisa para machucá-la outra vez... uma primeira vez, ele se corrigiu, lembrando-se de que esse seria um futuro diferente, onde não machucaria Lily e ela não lhe viraria as costas.

E... tudo bem. Ele ainda achava que seria sorte demais ir muito além daquilo. Sorte demais, cedo demais...

Mas possuíam anos pela frente, ele a lembrou, pouco antes de sair pela porta e tomar o rumo de seu quarto.


*


"Esta não é uma boa idéia."

A mão de Potter apertou com mais força a varinha, e ele estreitou os olhos. Talvez não fosse, mas não aguentava mais ficar parado, simplesmente assistindo ao desenrolar daquele ato completamente anti-natural. Ranhoso tendo poder sobre os alunos. Alguém precisava fazer alguma coisa, e rápido; mesmo que fosse um confronto direto como nos velhos tempos. Principalmente porque Lily estava bem ali. Sirius e Peter estavam alguns passos atrás dele, mas aquele era obviamente um confronto entre ele, James, e Ranhoso.

"Eu poderia ir chamar a Prof. McGonaggall neste mesmo instante", Severus disse, com uma calma insuportável.

"Claro", James respondeu, tentando controlar o tremor nos lábios. "E agir como o belo Sonserino que é, se escondendo atrás de gente mais forte e poderosa..." Severus deu uma risadinha debochada, e James tornou a apertar com força a varinha e acabou rosnando, "seu babaca perdedor."

"Covarde!", a vozinha de Peter sussurrou, entre risadinhas.

Lily riu.

"Será mesmo?", Severus perguntou e ergueu uma sobrancelha. "Talvez um babaca perdedor, mas que tem uma ou duas coisas que você queria ter?"

James riu, mais ácido do que nunca.

"Monitor, eu?"

Severus pensou um pouco e disse.

"Não. Não espero que alguém com a sua... maturidade, realmente se interessasse por isso. Vamos ficar apenas com Lily, então."

"Bom... não acho que alguém com a maturidade dele mereça mais do que um olhar de pena da minha parte", a garota disse, por sua vez.

James ouviu os passos dos dois companheiros se aproximando, mas fez um gesto com a mão, para que se afastassem. O desprezo explícito no rosto dela era inegável, assim como mais a arrogância no rosto de Ranhoso. Admitir sentir inveja dele seria humilhante demais, muito mais do que qualquer outra coisa em que pudesse pensar.

"Parece que o Sr. Perfeição não pode conseguir tudo, afinal", Severus disse, suavemente.

James foi tomado por uma onda de irritação e explodiu.

"Você se superestima, Evans", disse friamente, ignorando Snape.

A declaração caiu como uma bomba sobre o grupo, silenciando-os.

"Ah. Então eu simplesmente imaginei toda essa perseguição chata e insistente desde o quarto ano?", ela perguntou, com um sorrisinho insuportável de ironia nos lábios.

"Pensei melhor. Se você consegue suportar beijar alguém tão repugnante como o Ranhoso é porque tem um parafuso a menos."

Os ombros dela se sacudiram, como se Lily houvesse reprimido uma risada. Ela continuou a fitá-lo, muito interessada, com aquele sorriso idiota nos lábios.

"Claro que se superestima. Acha que é a única garota aqui da escola? Bonitinha, claro", James disse, dando de ombros como se não se importasse. "Mas não é a única. Inteligente? Haha, como se isso me interessasse numa garota. Eu sei o que não quero: não quero uma louca na minha vida. Pensa só... se você me beijasse, estaria me comparando a ele", James disse, tentando colocar nojo suficiente na voz e no rosto.

Tentando ocultar o choque que sentia ao se ouvir pronunciando tais palavras e renegando tudo o que sentia, porque o ódio que sentia por Snape, sim, havia se tornado muito maior do que o amor por Lily. E antes que se arrependesse, e voltasse atrás destroçando a farsa, ele virou as costas a ela, e caminhou em direção à escuridão.


*


Se ainda faltava alguma coisa para completar a satisfação de Severus, era aquilo. Depois do último encontro com Potter, Snape tornou-se finalmente cheio de si, o que vinha ameaçando fazer desde que recebera o distintivo de monitor, embora Lily até desse ao namorado alguma razão. Por deus. Potter irritava até mesmo a ela, e claro que ela se sentia muito aliviada por ele ter finalmente calado a boca e desistido dela. Além disso, Potter era chato, ponto, e tinha merecido alguma coisa do tipo. Claro. Lily não era ingênua. Ainda via muito da velha personalidade, revoltada, sombria e vingativa, nesse novo Severus. Ou talvez ainda se lembrasse com clareza do que o pobre homem havia dito: Severus teria de conviver para sempre com seu lado sombrio. O que havia mudado era... ele tinha passado a lutar contra aquelas tendências.

Havia ocasiões, pessimistas, ou realistas, em que ela se perguntava até quando ele lutaria; mas este não era um daqueles momentos. Agora, ela se sentia terrivelmente otimista: ele havia mesmo mudado. Se convencido de que continuar daquele jeito não valia a pena. E estava vendo os resultados de seus esforços, estando com ela, sendo monitor... não era possível que ele resolvesse parar de lutar e abrisse mão de tudo, ela pensou, enquanto fechava a porta do quarto. E lutar era muito mais difícil do que simplesmente sofrer alguma lavagem cerebral misteriosa e mudar por completo o que ele sempre havia sido, ela concluiu, fitando com intensidade a figura esguia e não muito alta a sua frente. Severus havia perdido um pouco do receio de tocá-la, embora ainda guardasse alguma parte de sua intensidade para si mesmo. Ela podia sentir que havia muito mais desejo por trás da superfície, quando ele a beijava e acariciava seus cabelos, sua face, suas costas. Estremecia ao pensar no quão mais deveria haver... e que gostaria muito de descobrir, ela concluiu, erguendo o rosto para receber o beijo dele.


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sorry. as férias foram bem massacrantes \o/ e não rolou atualizar antes. próximo capítulo no forno ;D

obrigada, amores! por terem lido e comentado :*

beca: hmm, você sabe como as mães são =X

e primeira vez no próximo capítulo ;D

bejo!

morg: hmmm. coitado do sev. deve ser carma... as coisas nunca vão dar 100% certo pra ele, então, pode aguardar o coice =X

e meo... ce acredita que eu já escrevi um rascunho de prólogo da nossa nova obsessãozinha? *chora*

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