Prólogo




The myriad choices of his fate
Set themselves out upon a plate
For him to choose
What had he to lose
(The Black Angel's Death Song - The Velvet Underground)



O Hog's Head nunca fora conhecido por ser um bar muito seleto; talvez por isso, a aparência do homem sentado em meio às sombras não chamasse tanto a atenção. Envolto em uma pesada capa negra, tudo o que dele se via era a metade inferior do rosto, coberta por uma barba rala e talhada por uma grande e torta cicatriz que chegava até o canto da boca. Tinha a mente fixa em uma única idéia, tão fixa que deixava em segundo plano toda a dor que seu corpo e espírito sentiam. Agourento como um corvo, ele aguardava. E não tardou muito para que sua vítima aparecesse. O jovem Severus Snape. O homem sorriu quando finalmente o viu, depois de anos de espera e planejamento cuidadoso; e se a crueldade em seu sorriso foi real ou apenas uma impressão causada pela cicatriz, nunca se saberá. Quase instintivamente, seu corpo tornou-se tenso, como se se preparasse para saltar sobre sua grande chance, agarrá-la e, com alguma sorte, salvar a si mesmo de um terrível futuro.

Snape adentrou o Hog's Head naquela tarde fria e escura de fevereiro, com a capa grossa e puída coberta por pequenos flocos de neve, parecendo mais triste, aborrecido e solitário do que nunca. O homem havia escolhido a data, um final de semana em Hogsmeade, cuidadosamente, assim como o local. Sabia que Severus, naquela época, costumava freqüentar aquele bar. Sempre sozinho. Snape murmurou um "uísque de fogo" para o barman, atirou alguns nuques sobre a superfície gasta de madeira e dirigiu-se a uma mesa nos fundos do bar, onde sentou-se descuidadamente, com a costumeira expressão de poucos amigos. Mas o rapaz que o desculpasse: não passaria aquela tarde tão solitário como planejava.

"Severus."

Snape endireitou-se imediatamente ao ouvir seu nome pronunciado por um estranho encapuzado que, apoiando uma mão na qual faltavam dois dedos sobre a mesa, perguntou:

"Posso me sentar aqui?"

"Quem é você? O que quer?"

"Conversar. Apenas conversar."

E desafiando a carranca do rapaz à sua frente, sentou-se à mesa na qual claramente não era bem-vindo. Snape fez menção de se levantar.

"Fique", o estranho ordenou secamente.

"Por que eu ficaria?"

"Porque tenho assuntos do seu interesse para tratar."

Severus encarou desconfiado o rosto meio deformado à sua frente.

"Que tipo de assuntos?"

"Assuntos que dizem respeito a seu futuro." Notou um misto de interesse e ansiedade surgir no rosto do rapaz, e sorriu para si mesmo. Havia-o fisgado. "Diga-me, Severus. Já pensou no que pretende fazer da sua vida?"

Sim, ele já havia pensado. E havia uma certa idéia que ganhava cada vez mais força em seu íntimo, algo que o faria, enfim, destacar-se no meio da multidão, impor respeito, atrair admiração. Vingar-se. Do pai, das humilhações que sofria, da vida medíocre que levava até então. Ser alguém. Mas não era nada muito recomendável para ser dito a um completo desconhecido. E pensando melhor... aquilo poderia muito bem ser um disfarce do Potter e companhia, tentando tornar o passeio menos entediante. Como é que não havia pensado naquilo antes? Snape sobressaltou-se levemente, tornou-se tenso, antevendo mais uma humilhação.

"Quem é você?", sussurrou, as sobrancelhas unidas no meio da testa, tentando parecer ameaçador.

"Um amigo", o estranho disse, em voz firme.

"Amigo? Não tenho amigos", Snape mentiu, orgulhoso, querendo parecer auto-suficiente.

"Muito bem, como quiser. Sou alguém que veio lhe apresentar uma proposta."

"Apresente, então."

"No meu quarto."

"Não", Snape se retraiu, preparando-se para ficar de pé. Era uma armadilha, só podia.

"Escute, Snape. Não é algo que possa ser mostrado no meio de um bar."

"E como é que eu vou saber..."

"... não é uma armadilha. Tem minha palavra."

Snape se sobressaltou mais uma vez; o estranho parecia ler seus pensamentos... seria um legilimente? Aquela situação toda era muito misteriosa e um tanto quanto desconfortável; e ele sentia uma aversão crescente pelo homem. Tinha uma aura estranha, chegava quase a ser maligna. Severus tinha certeza de que escondia alguma coisa. Por outro lado... o que teria aquele homem para lhe oferecer? E os Comensais da Morte poderiam muito bem recrutar seus membros daquela maneira, em suspeitas conversas de bar. Ele tinha consciência de que, com seus quinze anos de idade, era jovem demais para o que quer que fosse, mais ainda assim... não custava nada dar uma olhada.

"Cinco minutos", ele exigiu.

"Vai demorar bem mais que cinco minutos; mas poderá ir embora nesse tempo, se o que eu tenho a lhe mostrar não lhe despertar o interesse."

Snape estreitou os olhos, estudando o homem. Então, com um mínimo movimento de cabeça, concordou.


*


"Sente-se", o homem ordenou, apontando para uma mesa onde se via uma grande bacia entalhada.

"Uma penseira?", Snape nunca havia visto uma ao vivo, embora já as conhecesse dos livros.

"Uma penseira. E estas, são memórias", o outro explicou, retirando vários frasquinhos de cristal de um malão.

"A proposta", Snape exigiu, ainda de pé, cruzando os braços na frente do corpo, uma das mãos dentro da capa caso precisasse se defender.

"Num instante", o outro respondeu, num servilismo irônico, enquanto despejava o conteúdo de alguns dos frasquinhos na bacia.

Mexeu-os com a varinha como se fossem uma poção cozinhando num caldeirão raso. Quando achou que estava tudo bem mexido o suficiente, chamou o rapaz com um gesto da mão esquerda.

"Mergulhe o rosto aí dentro."

Era uma armadilha, não havia dúvidas. Podia apostar que o que tinha ali dentro não eram memórias, mas algum tipo de poção que o desfiguraria, ou deixaria fora de si, ou qualquer outra estupidez em que Potter, Black e sua gangue pudessem pensar.

"Não."

O estranho suspirou, parecendo exasperado.

"Tudo bem, vou primeiro. Apenas me siga."

Sem esperar resposta, o homem curvou-se para frente; e mergulhou o rosto no conteúdo da penseira. Então, como se houvesse sido sugado, desapareceu. Snape, mais uma vez, se sobressaltou. Podia escapar agora, fugir daquela armadilha... mas então, algo na bacia chamou sua atenção. Era uma imagem, uma memória, se corrigiu, de ninguém mais, ninguém menos... do que ele mesmo. Como...? O que, exatamente, era aquilo? Estaria o homem falando a verdade? Que diabo de proposta seria aquela? Como havia conseguido aquilo, aquela lembrança? Só havia uma forma de descobrir. Snape aproximou-se da mesa, curvou-se para a frente, e mergulhou o rosto no estranho líquido-gasoso.


*

"Que bom que resolveu vir", o estranho o saudou, com um sorriso cruel.

Snape olhou em volta. Encontravam-se em um vilarejo desconhecido. Uma casa em ruínas dominava a paisagem. Parecia ter sido destruída recentemente, porque as paredes ainda sofriam pequenos desmoronamentos aqui e ali.

"Aproxime-se", o estranho ordenou, num tom de voz de quem sorria. De ódio.

Temendo o que veria, Severus se aproximou lentamente. Não precisou caminhar muito para enxergar uma cabeleira vermelha e sua dona, jazendo no chão das ruínas. Imóvel. Coberta de poeira e sangue. Seria capaz de reconhecê-la em qualquer lugar, a centenas de metros de distância, mesmo mais velha como aparecia agora, mas recusou-se a acreditar no que via.

"Não."

"É ela, Severus. Lily."

Morta. Indubitavelmente morta. O ar lhe faltou como se Severus tivesse recebido um soco no estômago; e precisou se escorar na primeira coisa sólida que encontrou, o braço do homem, para não cambalear. Mesmo que não fosse real, vê-la daquela forma deixou-o em choque.

"Como... quem?"

O homem não respondeu às perguntas, e disse de forma quase satisfeita:

"Olhe bem. Guarde em suas lembranças."

A cena se dissolveu. Agora se viam em um local escuro e úmido, como uma masmorra; e apertado e claustrofóbico, como uma cela. Num canto, via-se uma figura vestida de trapos imundos, encolhida em posição fetal no chão. Um clima pesado e trágico pairava no ar. Subitamente, uma segunda figura materializou-se na cena. Reconheceu Lord Voldemort, terrível e viperino. Sem qualquer aviso, ele sacou da varinha e disse calmamente:

"Crucio", e então, disse mais e mais uma vez, e a cada 'Crucio' tornava-se mais ensandecido, até o som de sua gargalhada fria e aguda dominar qualquer outro.

Reconheceu a si mesmo como o torturado, magro, mais magro do que sempre fora, sujo, o cabelo enorme caindo-lhe em mechas gordurosas pelo rosto. Ele retorcia-se no chão; e nos poucos instantes em que a maldição era interrompida, arrastava-se aos pés do Lord, saliva escorrendo pelo queixo, balbuciando pedidos incoerentes de perdão. Humilhando-se mais do que sendo humilhado. Sentiu-se enojado, revoltado. A imagem tornou-se difusa, e então, voltou a se firmar. Agora, estavam parados em um cemitério, diante de uma lápide de pedra bem gasta. Todas as sepulturas ao redor estavam transbordando de flores e velas; mas essa, estava vazia. O homem, mais uma vez, ordenou-lhe que se aproximasse.

Snape obedeceu, já sabendo que nome encontraria ali. Mas foi surpresa constatar que a lápide possuía apenas o nome; e as datas de nascimento e morte: 1960, 1999. Não chegaria sequer aos quarenta anos de idade, e não teria filhos, esposa, amigos. Mas, novamente, pensando bem, aquilo também não era algo muito difícil de se imaginar. Quem o quereria? Quem se aproximaria dele? Estava certo em ser e pensar como fazia. Não precisava mesmo de ninguém. E seu coração se endureceu.

As imagens passaram a se suceder em rápida seqüência diante de seus olhos. Viu uma versão de si mesmo apenas um pouco mais velha do que era agora, acariciando a Marca Negra tatuada a fogo no braço. A expressão em seu rosto, de fria vingança, era terrível; e logo uma máscara branca e assustadora o cobriu. Depois, surgiu Lily outra vez, mas agora, cheia de vida... aos beijos com o maldito Potter. Snape cerrou os dentes de ódio. As imagens sucediam-se agora num turbilhão cada vez mais rápido: ele sozinho em alguma masmorra, à noite, a cabeça afundada nas mãos e os ombros curvados como se carregassem o peso do mundo. A boca retorcida e azeda. Remoendo culpa e inveja. Olhando de esguelha para pessoas felizes, sorrindo, casais. Black, Potter, Lupin e Petigrew o humilhando, perseguindo. Depois Potter, agora sozinho, o humilhando mais uma vez ao dizer que ficara com a garota, no final. As masmorras outra vez; e ele, uivando e arranhando e socando as paredes com os punhos fechados, como se quisesse que as pedras sentissem ao menos um mínimo da dor que sentia. Gritando o nome dela.

Então, Lord Voldemort outra vez.

'Mate', ele sussurrou.

E tudo ficou negro como a noite.

"E é assim que tudo acaba, Severus", sussurrou o estranho, perigosamente próximo. "Morto pelo próprio mestre... não é irônico?", E sem esperar resposta: "Vamos", ordenou mais uma vez, agarrando-lhe o braço com a mão mutilada.

E num piscar de olhos estavam de volta ao quarto decrépito da estalagem. Severus engolia grandes golfadas de ar. Estava tonto, ainda mais pálido, e positivamente assustado. E por piores que haviam sido as memórias que o homem lhe mostrara, nenhuma era mais terrível do que a primeira delas. Lily morta.

"Não sei se as memórias foram suficientes para lhe fazer tomar consciência da dimensão, Snape, do horror e da desgraça que lhe aguardam até o final de sua existência. Gostaria de poder fazer com que sentisse na pele a dor, a ruína, a culpa... aaah, a culpa...!"

"Pare, pare com isso!", Snape o interrompeu, nauseado e furioso. "Foi para isso que me chamou até aqui? Para me passar algum sermão? Para... para..."

E palavras lhe faltaram para expressar o horror e a revolta que havia sentido com aquela experiência. Lily morta.

"Não, Severus", o homem replicou suavemente. "A proposta, lembra-se? Aguarde mais um ou dois minutos, por favor", o bruxo pediu, acenando com a varinha e colocando as memórias de volta nos respectivos frascos; e acomodando novas lembranças na penseira.

Sua mão dessa vez tremia enquanto revolvia as memórias; e ele parecia tão ou mais alterado que o próprio Severus. Mas logo estava chamando o rapaz à mesa mais uma vez; varrendo da mente de Severus toda e qualquer suposição. Um frio na barriga o assaltou quando Snape curvou-se sobre a penseira.

"Se for mais uma daquelas...", ameaçou.

O outro sorriu, um sorriso torto deformado pela cicatriz.

"Prometo que não. Pode ir."

De fato, não era mais uma daquelas memórias de terror e desolação. Apesar disso, eram talvez ainda mais constrangedoras. Porque mais reveladoras. Severus sentiu que precisava sair dali o mais rápido possível. Mas o homem pousou a seu lado e manteve a mão firme em seu braço.

"Preste muita atenção, Severus. Mantenha os olhos abertos", e Snape percebeu um tom zombeteiro na voz do homem, porque havia desviado os olhos para baixo, para os próprios sapatos gastos, ao sentir o rosto pálido tingindo-se de vermelho.

Eram ele e Lily, passeando de mãos dadas à beira do lago.

"Isto é... uma memória?", Snape perguntou, a garganta seca, sem conseguir esconder a curiosidade.

"Uma memória, sim."

"Como?", Snape perguntou, o coração querendo sair pela boca.

O outro apenas deu de ombros, e disse apenas:

"Preste atenção nos detalhes."

Snape obedeceu. Havia no rosto dela uma expressão de adoração exatamente igual à que ele costumava lhe dedicar. Então, lábios se encontraram. O Snape real ofegou. O estranho riu.

Então, mais uma rápida sequência de memórias desenrolou-se diante de seus olhos: ele e Lily entrando de mãos dadas no Salão. James Potter se roendo de inveja, atirando-lhe todo tipo de ofensas. Lily o abraçando por trás, enlaçando seu pescoço com os braços, e beijando seu rosto, seu pescoço, como se realmente o quisesse, o amasse... Eu te amo. Eles dois mais velhos, num café. Mãos dadas sobre a mesa. Snape... sorria. Um sorriso verdadeiro, como nem ele imaginava que seria capaz de dar. O sorriso de alguém realmente feliz. Lendo juntos. Amanhecendo juntos na mesma cama. Ele, Snape, muito mais relaxado, muito menos... ranzinza. Suspirando. De prazer, amor. Até sua aparência era menos desagradável e mal-cuidada. As três linhas douradas do compromisso unindo suas mãos. Eu te amo. Então...

"Não, não desvie os olhos", o estranho disse, naquele tom de voz sorridente e zombeteiro. "Precisa ver tudo, Severus."

... sentiu-se mais constrangido do que já sentira em toda a sua vida: Lily, com o uniforme de Hogwarts, apenas um pouco mais velha do que era agora, sentada sobre uma mesa, as pernas entrelaçadas na cintura dele, a saia erguida; ele, as calças pendendo frouxas, o rosto mergulhado na massa de cabelos vermelhos, movimentando-se... para dentro dela...

"Não é maravilhoso?", o homem perguntou; mas, dessa vez, não parecia estar se divertindo e sim, com raiva do que via, como se estivesse mostrando aquela cena a contragosto.

"Pare com isso!", Snape gritou. Se era uma memória, se era um embuste, não importava. Ele só sabia que era uma enorme invasão de privacidade, expôr daquela forma aqueles desejos mais íntimos. E ninguém, ninguém, tinha aquele direito. "Quero sair daqui. Agora!", exigiu.

"Como quiser", o outro respondeu, irônico.

Agarrou com mais força o braço de Snape e então, num átimo de segundo, estavam outra vez no Hog's Head.

"Que tipo de brincadeira foi essa?", Snape perguntou, lívido, ofegante.

"Não foi uma brincadeira, mas sua proposta. Chegou a sua hora, rapaz. Uma hora à qual você pode não dar importância agora, mas da qual se recordará para o resto de sua vida. A hora da decisão. E então, Severus, diga-me! Qual dos dois futuros você escolhe? A vida como um seguidor do Lorde das Trevas, e dor e desgraça até o fim? Ou uma vida com Lily Evans, e tudo o que sempre quis ter?"

"O quê?"

"Creio ter sido bastante claro, não? Diga-me! Prefere ser um Comensal da Morte, ou ter a mulher de seus sonhos?"

"Não é assim... quem disse que ela quer... quem disse que eu a quero?"

"Severus, meu rapaz... você ficaria surpreso ao descobrir o quanto lhe conheço."

"Isto é... ridículo!"

O homem fez um som de impaciência com a boca.

"A mim, pode pensar que engana. Mas não é possível enganar a si próprio... ou é? Não me recordo mais como era..."

"Não pode me obrigar a escolher!"

"Realmente, não posso. E nem pretendo, lhe fazer aceitar um dos caminhos", e sua voz tinha quase uma ternura que Snape raramente ouvia dirigida à sua pessoa, que quedou-se paralisado onde estava. "Apenas... pense. Analise tudo o que viu, no íntimo de seu coração. Não me responda agora, não responda a mim, se assim o desejar."

"Foi para isso que me chamou até aqui?"

"Como eu disse, Severus, este é o momento mais importante de sua vida", a voz do homem perdeu a doçura e tornou-se dura e fria outra vez. "Como pode não se dar conta disso, seu cabeça-dura?"

"Como pode fazer alguém me escolher?"

"Não posso, e não farei. Você é quem fará. Sabe que, para tê-la, deve desistir por completo das Artes das Trevas. Sabe que, tendo uma, não poderá ficar, também, com a outra. Você escolherá, e fará a sua parte. Você dará uma chance a ela", ele finalizou, enfatizando as palavras.

"Ora, isto é... uma baboseira!", Snape interrompeu, furioso.

"Não é", o homem suspirou.

Snape girou nos calcanhares.

"Lembre-se! Apenas deixe-a se aproximar, Severus! Vê-lo de outra forma! Você sabe o que a atrai..."

"E eu aqui perdendo tempo, achando que fosse alguma coisa séria...!", Snape saiu, resmungando e batendo a porta, ignorando o resto do que considerou mais um discurso moralista inútil.

O estranho desabou sobre a cama. Só deus sabia o quanto lhe custara aqueles minutos tentando manter-se forte, manter o controle de si mesmo e a sanidade. Pelo menos a semente estava lançada. Apresentara a Severus a esperança de ter Lily; e quanto à própria Lily... esperava sinceramente ter melhor sorte com ela. Imaginava que teria, tinha certeza de que teria, porque ela era simplesmente tão... perfeita.

E ainda havia James Potter. O ideal seria tirá-lo definifivamente do caminho; mas sabia que aquilo seria pedir demais. Não podia usar qualquer meio ilícito; e conversas não comoveriam o rapaz. O que quer que fosse que o futuro reservava a ele, Potter, era, hoje, apenas uma possibilidade. Por ora, ele não passava de um garoto mimado e arrogante, que zombaria de suas súplicas e seria capaz até mesmo de atacá-lo... e, sentiu um arrepio sacudindo-lhe os ombros enquanto soltava um daqueles suspiros cheios de dor, revelar-lhe a identidade; e tudo estaria perdido, para sempre.

Mais uma vez.

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