Capítulo 15



"O que é que te preocupa"

"Nada", ele murmurou de forma automática, cotovelos apoiados na mesa de fórmica, testa franzida, olhos voltados para a frente.

Lily o conhecia bem demais para acreditar. Deixou o sorvete de lado e fixou os olhos nele, intensamente, até que Severus não pudesse mais ignorar seu olhar, suspirasse e virasse o rosto na direção dela.

"Não é nada de mais. Só minha mãe, fazendo perguntas demais sobre o que eu teria tanto a fazer aqui, entre os... trouxas."

"Entendo", Lily disse, voltando a se ocupar do sorvete, tomando lentamente uma colherada e o imitando e franzindo a testa. "Ela não poderia... nos impedir, de alguma forma... poderia?"

Severus deixou escapar um som semelhante a uma breve risada de incredulidade.

"Mesmo que tentasse... não", afirmou, convicto, sacudindo a cabeça. "Ela só me parece um tanto... desequilibrada demais", acrescentou, sem poder conter um leve ar de desdém.

"Você deve entender que é por causa da história com... bem, seu pai."

De maneira completamente indiferente, Severus afirmou que sim. Lily deu outra colherada no sorvete e, agora, o comeu com um pouco mais de ânimo, enquanto pregava os olhos nele outra vez e sua expressão era do mais completo enlevo. Durante tanto tempo havia pensado no quanto lhe fazia mal ser tão revoltado, indeciso e inseguro, além das Artes das Trevas... mas ela jamais havia parado para pensar no que surgiria em seu lugar, se ele abandonasse tais comportamentos. Então, foi com surpresa e admiração que recebeu aquele novo Severus, surgido quase que da noite para o dia. Tão inusitadamente protetor, o que a a fazia sorrir e até mesmo rir. Protegê-la... do quê? Tão seguro do que queria e tão mais maduro do que qualquer outro rapaz de sua idade...! Como se houvesse amadurecido anos em questão de horas. E as novas qualidades, somadas às antigas que ainda existiam, como a seriedade, a inteligência, o senso de humor sombrio... e, agora que ele havia começado a cuidar um pouco da aparência, fazendo com que Lily a notasse e concluísse que ele podia ser bastante charmoso e atraente à própria maneira... Sem conseguir se conter, ela se curvou e se aproximou dele, dando um beijo estalado em seus lábios. Afastou-se com a mesma velocidade, apanhou a colher outra vez esquecida sobre a mesa e a enfiou, cheia do sorvete cor-de-rosa salpicado de vermelho, por entre os lábios dele, ignorando seus protestos. Enquanto ele engolia, ela beijou-o outra vez, agora, demoradamente, entreabrindo os lábios e levando-o a fazer o mesmo, deslizando a língua sobre a dele e sentindo-a ainda gelada e doce, retomando aos poucos a temperatura morna. Ele deixou de lado qualquer preocupação que tivesse com a mãe e relaxou; apoiou uma das mãos no rosto dela e a outra em sua nuca, e beijou-a com aquela intensidade que só ele possuía, e que era um pouco assustadora, e desafiadora, porque parecia ser apenas uma pequena amostra do que existia dentro dele. É, ainda era daquela forma... mesmo menos sombrio, Severus ainda parecia guardar tanto dentro de si... não que ela realmente se importasse, aquela era parte de seu charme, mas... mas... Lily hesitou por um segundo ou dois no meio do beijo enquanto pensava se, dentre esses segredos, ainda não existiriam alguns ligados às Artes das Trevas, afinal, o homem havia dito que Severus se sentiria atraído por elas para sempre. Mas então, Lily se repreendia. Severus estava determinado a não ceder outra vez. E ela, cheia de orgulho, voltou a beijá-lo com ímpeto.

O som de passos, incomodamente próximos demais, fez Severus se afastar, parecendo constrangido ao olhar em torno e, então, relaxado ao descobrir que os passos não pertenciam a ninguém que conhecessem. Lily se pôs a observá-lo, sentado à sombra, tentando se proteger do sol forte e quente mesmo que a esplêndida tarde de verão já estivesse chegando ao fim, vestido com suas roupas meio velhas e tão desbotadas que pareciam todas de um mesmo tom cinza. Mas ela tinha uma ligeira impressão de que, mesmo se as roupas fossem novas, seriam todas daqueles tons neutros. Os cabelos muito negros caíam com as pontas espetadas para mais de uma direção por sobre os ombros dele, e os olhos, tão negros quanto os cabelos, a faziam se sentir quente e consciente de sua beleza. As sobrancelhas pareciam eternamente unidas no centro da testa. Ela se endireitou em sua cadeira e, posicionando um dedo indicador sobre a ponta externa de cada sobrancelha, tentou estendê-las, deixando-o menos sisudo. Conseguiu durante o tempo em que manteve os dedos ali, mas bastou retirá-los para que elas retornassem a sua posição normal. Ela deu uma pequena risada, ele pareceu um tantinho sem jeito, e ela o beijou apressada outra vez.

"Tenho que ir, Sev. Prometi jantar com meu pai, hoje, e ver qualquer coisa com ele na tevê, depois."

O Sr. Evans já havia retornado para cara, embora não se tivesse descoberto o que ele tinha. Mas como estava se sentindo bem outra vez, os dois médicos que havia consultado concluíram que tinha sido apenas um mal-estar. Severus segurou as mãos dela com um pouco de força e prolongou o beijo de despedida o máximo que pôde, mas acabou deixando-a ir. Estavam apenas na segunda semana de dois meses inteiros de férias e de Lily apenas para si mesmo, à exceção de alguns amigos... o que mais ele poderia querer?


*


Um ofegar angustiado deixou os lábios dela, depois outro, e mais outro.

Sempre havia sido tão fraca. Tão "pobrezinha". Tão incapaz de fazer valer sua própria vontade. E todas aquelas suas características estavam se manifestando outra vez. Sem surpresa alguma. Mas, não, ela ofegava outra vez. Não podia deixar o que pressentia seguir seu rumo, não podia deixar a história se repetir, não com seu Severus... Eileen retorcia as mãos enquanto caminhava de um lado para o outro na exígua sala da casinha em Spinner's End, tomada pelo pânico e pela recusa mais profundos. Sentira-se tão segura e confiante no futuro há apenas um ano, quando Severus passara quase que todas as férias trancado em seu quarto, depois de levar para lá todos os livros que de magia ela possuía. Mas a melhor parte tinha sido encontrar, debaixo da cama dele, aparentemente esquecidos, resto de uma carta rasgada. Dela, a garota sangue-ruim, que vinha perseguindo seu filho, provavelmente para extrair dele conhecimento, pelos últimos anos. Jamais aprovara aquela amizade, a garota era nascida trouxa, mas bonita o suficiente para virar a cabeça de qualquer rapaz. E Severus... bem, Severus havia saído a ela, à mãe, sem nada de particularmente atraente, então, era lógico que a pequena sangue-ruim ruiva jamais se interessaria por ele naquele aspecto... e Eileen sabia como as mulheres podiam ser ardilosas e enganar (embora ela mesma gostaria imenso de possuir aquele dom naquele instante), Severus só descobriria quando fosse tarde demais... porque, sim. Ele não apenas havia mudado radicalmente no decorrer do ano, quanto à hipótese de seguir Lord Voldemort, o que ela não havia sido capaz de fazer por ser... bem, fraca demais, como... como havia transformado em realidade os piores pesadelos dela. Havia visto os dois juntos em duas oportunidades apenas naquelas três semanas de férias. Não quisera ver mais, tinha medo de que estivessem... bem, envolvidos de uma maneira nova que não havia acontecido até então. De forma que Eileen preferira dar meia-volta e retornar à pequena sala onde se encontrava agora, pensando em meios de se tornar também ardilosa, em meios de, pelo menos uma vez na vida, lutar. Por Severus. Ele valia a pena, havia sido sempre tão promissor, tão mais inteligente do que ela jamais fora... tão forte e focado em seus objetivos. Até a maldita sangue-ruim surgir.

Outro suspiro angustiado ecoou pela casa vazia.

Ela precisava dar um jeito, era aquilo. De separar aqueles dois, de fazer Severus ver que nenhum relacionamento entre pessoas nascidas em mundos tão diferentes daria certo, bastava olhar para os próprios pais... de fazê-lo ver que a pequena sangue-ruim imunda queria apenas usá-lo, ela sabia, tinha certeza... Não sabia, ainda, como faria aquilo, e a impressão que Eileen teve foi de que passou as semanas seguintes dando voltas atrás de voltas dentro das mesmas paredes enquanto pensava, sem comer, dormir, ocupar-se de si própria, enfim.

Até que, numa tarde, Severus abriu de súbito a porta de seu quarto, desceu apressado as escadas e saiu para a rua, ignorando seus apelos e os cortando com o estrondo da porta da frente, que bateu com toda a força. Seu próprio filho. Sempre fechado e instrospectivo, era fato, mas nos últimos meses, ele havia se tornado simplesmente inalcançável.


*


Ele abriu lentamente a mão, espiando-a com o canto dos olhos, e dando um pequeno sorriso, que foi ficando maior à medida em que os olhos dela se arregalavam de surpresa.

"Eu não acredito!"

"Ora, você está vendo, não está?", ele fingiu repreendê-la, mas sua própria felicidade era demais para que soasse muito convincente.

"Sev, isso é maravilhoso!", ela exclamou outra vez, abraçando-o pelo pescoço e beijando-o até deixá-lo meio sufocado.

Severus tornou a fechar a mão, segurado cuidadosamente o distintivo de monitor-chefe que acabara de receber, juntamente com a lista de material do sétimo ano. E, para ser bem sincero, ele também havia tido alguma dificuldade para acreditar, mesmo sentido o peso do distintivo em sua mão, tendo seu brilho e cores diante dos olhos. Sua primeira reação havia sido a descrença, e por um segundo ele não se perguntou, desconfiado, se não seria alguma peça - inimigos e gente disposta a fazer pouco dele eram o que não faltava. Chegou mesmo a olhar pela janela e a pensar em usar algum feitiço revelador, mas acabou por cair em si. Aquela era uma coruja de Hogwarts, chegando exatamente no dia e hora que sempre havia chegado durante as férias de verão. Sentou-se lentamente em sua cama, um pouco atordoado, sem tirar os olhos do que tinha nas mãos. Os cantos de seus lábios se curvaram para cima, e foi por pouco que ele não gargalhou. Então, seu primeiro pensamento foi mostrar a ela; e Lily reagira exatamente da forma como ele imaginara. Ela o beijava daquela forma, impaciente e intensa, como sempre agia quando estava feliz.

"Deixa eu ver de novo", ela pediu, estendendo os dedos dele e pegando o objeto sobre a palma da mão pálida.

Sorriu, pareceu lembrar-se de alguma coisa e girou nos calcanhares e, depois de vasculhar na pequena bagunça que havia em cima da cama, encontrou um outro distintivo de monitor-chefe: o dela mesma, que mostrou a ele, com uma pequena risada.

"Duplamente feliz", ela disse, pregando o dele na camiseta puída.

Então, segurou o rosto dele com as duas mãos e beijou-o mais uma vez.

"Mamãe vai adorar saber", ela disse, puxando-o pela mão escadas abaixo.

De fato, a Sra. Evans ficou felicíssima por Severus, e foi logo anunciando que o fato merecia uma comemoração e que, se os dois estivessem pensando em sair, que não se atrasassem para o chá. Mas seria meio difícil estarem de volta no horário, indo para aonde estavam indo. Embora jamais houvessem dito algo nesse sentido, era como um santuário, ou um lugar secreto que pertencia apenas a eles. Ninguém mais parecia sequer desconfiar do pequeno espaço livre, coberto apenas por grama, que se escondia entre um edifício abandonado e o rio. Era preciso se esgueirar pelo pátio abandonado, subir em caixotes ou qualquer outra coisa que houvesse por ali, no momento, e então, saltar para o outro lado, de forma que apenas crianças ou vagabundos conheciam o local. Os primeiros eram cada vez mais raros por ali, os segundos, ao contrário, cresciam de forma alarmante; mas era verão, e qualquer adulto que não tivesse o que fazer preferiria estar em frente a uma caneca de cerveja gelada e a uma televisão do que ali. A água do rio não era era exatamente límpida, mas o lugar era silencioso e isolado e, naquele dia, não precisaram pular por sobre o muro - simplesmente aparataram do hall de entrada da casa dos Evans até lá.

"Viu só? Eu te disse, Sev, que valia a pena escolher outro caminho!", ela exclamou, sentando-se no chão de pernas cruzadas.

Ele se ajoelhou e então, imitou-a, pensativo, fitando a camiseta e o que havia pregado ali.

"Aposto como Dumbledore também percebeu, ah, que droga, que bobagem eu disse... todo mundo percebeu o quanto você mudou... e vê só como vale a pena?"

Até então, a única vantagem que Severus havia visto em abdicar do seu talento para as Artes das Trevas havia sido salvar Lily de sua própria ambição (o que não era pouco, era claro, porque, do contrário, ele mesmo estaria condenado, até o fim). Mas, agora, tinha de concordar com ela. Havia outras vantagens. Lily estava orgulhosíssima e quanto a ele mesmo... sentia-se satisfeito, e mais, cheio de si, como não se sentia havia muito tempo. Havia finalmente sido reconhecido, não por aqueles idiotas da Sonserina, mas por gente superior. Claro. O Prof. Slughorn sempre o havia tido em alta conta, mas não fora além disso. Mas aquele distintivo em seu peito... ah, como aquilo era diferente...! Dava-lhe até mesmo um pequeno poder, entre os estudantes, que fosse, mas o colocava acima deles, Severus percebeu, analisando melhor a situação. E se ele tivesse continuado andando com aquela escória que costumava ser a turma da qual fizera parte... será que Dumbledore, ainda assim, lhe daria aquele voto de confiança? Onde estavam Potter e Black, naquele instante? Severus sorriu. De fato. Começava mesmo a ver vantagens em escolher aquele outro lado.

Lily o fitava sorrindo, com aqueles olhos que pareciam crescer para cima dele.

"Vem cá", ela pediu, estirando-se sobre a grama e puxando-o, para que ele fizesse o mesmo.

Beijou-o, mais uma vez, e Severus pôde sentir algo diferente no ato, uma lentidão ainda maior, uma entrega também maior. Lily apoiou a mão sobre seu peito, deixou que a língua dele deslizasse para dentro de sua boca e, quando o beijo chegou ao fim, ambos permaneceram ali, naquela exata posição, e ela apoiou a cabeça em seu peito, passando o braço esquerdo pela cintura dele.

"Gosto tanto da gente assim, Sev. Só eu e você", ela sussurrou, minutos mais tarde, quebrando o quase-silêncio.

"Hm", ele concordou, de olhos fechados, concentrando-se apenas em acariciar os cabelos dela.

Era estranho. Desde que percebera ser diferente das pessoas que o cercavam, com exceção da mãe, ansiava por Hogwarts, pelo mundo, afinal, ao qual pertencia. Mas Lily, sempre Lily, o fizera entrar em conflito com aquilo em que sempre acreditara; e não muito tempo depois de finalmente ser aceito na escola, ele se viu desejando aqueles momentos em que eram apenas eles dois, sem a rivalidade das casas, sem todas as atividades que lhes roubavam preciosos minutos de convivência. Mas, não, sequer devia ou queria pensar naquilo naquele momento... havia ainda um mês inteiro de férias e depois... depois, tudo teria mudado. Era monitor-chefe, agora; todo e qualquer aluno que aprontasse, os três malditos inclusive, temeriam o que ele seria capaz de fazer. Severus suspirou de satisfação mas, então, uma pequena ruga surgiu entre as sobrancelhas. Vingança. Não. Não deveria vingar-se de ninguém. Com alguma dificuldade procurou refrear aquele instintido, e focar-se no fato de que seria, ao menos, deixado em paz, a partir de então. É, aquilo já era bom por si só, ser deixado sozinho... ou antes, com Lily. Agora, poderiam andar pelo castelo a noite por quanto tempo quisessem, sem se preocupar em serem pegos ou denunciados.

"E gosto... tanto de você, Sev. Tanto...", ela sussurrou, erguendo-se sobre um cotovelo e inclinando-se sobre ele, de forma que o cabelo ruivo caísse em cheio sobre ele, como uma cortina. Beijou-o com delicadeza. "Estou tão orgulhosa. Você é tão diferente dos outros, tão adulto...", ela disse, alisando o cabelo dele para trás, e beijou sua testa. Severus sentia que podia passar a tarde toda ali, todo o resto das férias; tudo o mais poderia esperar, seus estudos para os NIEM's, os estudos sobre Poções, mais especificamente...

Mas ela não tardou a lembrá-lo do chá, ao qual chegaram de fato com algum atraso - arrancando murmúrios de desprezo da irmã de Lily, 'acha que só porque é bruxa pode deixar todo mundo esperando', 'rapaz asqueroso' e outras frases que não ninguém foi capaz de compreender direito. Severus não deu a menor atenção. Depois do chá, subiram para o quarto dela, e ele ainda permaneceu ali por várias horas antes de finalmente voltar para casa. Sentia-se tão satisfeito e orgulhoso de si mesmo... aquele havia sido, no que podia se lembrar, o melhor dia de sua vida até então, Severus pensou, girando a maçaneta. As melhores férias. A melhor época. E era tão estranho ele se sentir bem daquela forma, pensou, sorrindo. Onde estava o velho pessimismo? Claro, ainda era cético demais para crer que sua vida se transformaria em um mar de rosas, mas... não havia muitos motivos para ser pessimista, no horizonte, naquele instante.

"Severus. Onde esteve, Severus?"

A voz angustiada e chorosa da mãe simplesmente não se encaixava em seu estado de espírito. Ele franziu a testa, contrariado, querendo livrar-se dela o mais rapidamente possível. Fechou a porta, apressado, e tomou a direção da escada, mas ela estava bem ali no meio do caminho.

"Não interessa", ele resmungou, tentando desviar e chegar até a segurança de seu quarto.

"Não interessa?", a mãe perguntou, boquiaberta. "Isso são modos?"

Ele fez um muxoxo de impaciência. Ela simplesmente o sufocava, e jamais o entenderia, e o estava chateando - livrar-se dela era simplesmente um direito seu; e não tinha absolutamente ligação alguma com Artes das Trevas, ele concluiu, e deu mais alguns passos na direção dela.

"Severus! Esteve com aquela sangue-ruim outra vez, eu sei..."

"Mãe."

"... ela... ela está usando você! Usou desde o primeiro dia, pra aprender truques e aparecer assim que chegasse a Hogwarts. Continua usando, e continuará usando. Será que não consegue ver?"

"Mãe."

"É o que eles sempre fazem...", ela tentou argumentar, a voz cada vez mais chorosa. "Olhe pra mim, meu filho! Quer terminar... assim? Eu não quero te ver nesse estado... não quero que desperdice seus talentos... não vou permitir!"

"Mãe. Lily não é como ele", ele se sentiu obrigado a dizer, depois da suposição absurda de Eileen.

"Você não nega, então?", ela perguntou, assombrada. "Volta pra mim, meu filho... para aquilo em que sempre acreditamos...", ela pediu, lamuriosa.

Ele deixou escapar outro som de impaciência, então, seu rosto se iluminou. Severus levou a mão ao bolso da calça e retirou de lá o distintivo, e mostrou-o a mãe, a fim de desviar o rumo da conversa.

"Severus!"

Como não podia deixar de ser, Eileen também mostrou-se feliz e extremamente orgulhosa. Pareceu esquecer por completo suas preocupações com lily, e tudo o que fazia era olhar do distintivo para o rosto do filho, e aí de volta ao objeto. Estava outra vez à beira das lágrimas mas seu rosto trazia agora uma expressão de quase felicidade que não ostentava há muito.

"Espere um minuto", ela pediu, e subiu apressada as escadas, acendeu a luz de seu pequeno quarto e retornou logo depois.

Então, deixou alguma coisa cair na mão de Severus: dois surrados galeões.

"Gaste, meu filho. Gaste como quiser, compre vestes novas, ou livros... você merece", ela disse, tão feliz e quase sorrindo que ele por muito pouco não se comoveu com o que viu, ainda repleto do amor e bons sentimentos de Lily que estava.

"Mas gaste com você, não com a garota Evans", Eileen se apressou a acrescentar, tornando-se séria e triste outra vez.

"Não vai acontecer nada, mãe", Severus disse, agora, subindo finalmente as escadas. "Eu já disse... ela não é como ele."

Mas Eileen, não importava o que ele dissesse, jamais acreditaria naquilo.

Quando finalmente resolveu se deitar e dormir, Severus precisou esconder a cabeça debaixo do travesseiro a fim de não ouvir o choro dela, lá embaixo, na sala.


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cap um pouco curto, acho, mas queria postar mais um antes de sair de férias. vou ficar duas semanas fora, to levando meu caderno, talvez escreva algo nesse tempo, talvez não. hm. o snape não aparatou direto do seu quarto pro da lily porque seria falta de educação, haha (ele é capricorniano, afinal =P), e surgir na rua, em plena luz do dia, não seria muito discreto =P e alguém estava com saudades das ceninhas românticas piegas? outra coisa... pode parecer um pouco estranho a rainha do NC-17 sev/lilyano perguntar isso, mas... vamos lá: descrevo a primeira vez deles, sim ou não? eu particularmente acho que não se encaixaria muito bem aqui, é uma fic mais genérica (a não ser algo beeem superficial, o começo apenas da primeira vez, por exemplo...), mas, se vocês quiserem... mostro tudo =P

na pressa, então, agradecimentos rápidos a quem leu e comentou: morg, beca, lynx (saudade da senhoura, também!) e xará :*

espero que gostem deste. e comentem! =p

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