Petrificação



Cap.13 - Petrificação
By Surviana





Aviso: Todas as personagens do universo Harry Potter, assim como as demais referências a ele, não pertencem ao autor deste texto, escrito sem nenhum interesse lucrativo, mas a JKR.

Por favor, não me processem! Só peguei emprestado para me divertir e divertir os outros!






Era noite, Harry e Rony haviam saído da ala hospitalar há pouco tempo, e Madame Pomfrey lhe aplicava a medicação noturna.

- Você devia agradecer muito ao professor Snape, Senhorita Granger. Somente duas semanas e os pêlos já estão desaparecendo. Ele me disse que só mais uma aplicação, e eles somem por completo! Isso não é ótimo?

Hermione fez um grande esforço para tentar sorrir em resposta. Estava triste desde que contara a verdade sobre a poção Polissuco para o Professor Snape. Ele começou a tratá-la muito mais friamente que de costume. Não dava mais explicações e, várias das noites que passava ao lado de sua cama, ele trazia volumes extremamente grossos para ler. Hermione desconfiava era que de propósito, pois ele sabia que ela odiava ser interrompida numa leitura, e jamais faria isso com outra pessoa também.

Foi uma sorte o Professor Dumbledore ter vindo visitá-la no mesmo dia que resolveu contar a verdade sobre a poção. Viu a expressão do mestre em Poções se contorcer em fúria e piorar ainda mais quando o diretor e Madame Pomfrey mostraram-se orgulhosos de um feito desse tamanho por alunos do segundo ano. Porém, o que mais piorou seu ânimo foi ouvir a enfermeira da moldura próxima à entrada da ala hospitalar contar para Madame Pomfrey que o Professor Snape quase lançou uma maldição no Professor Lockhart quando cruzou com ele, próximo do corredor do terceiro andar.

Madame Pomfrey terminou com sua medicação e saiu para cuidar dos outros pacientes. Hermione virou-se de lado e puxou o cartão dourado de debaixo do seu travesseiro e olhou-o por um tempo. Até o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas ela havia envolvido nessa história; história essa que não levou lugar algum.

Ouviu vozes se aproximando e rapidamente guardou o cartão no lugar de origem. As vozes tornaram-se mais nítidas à medida que chegavam mais perto, e Hermione conseguiu reconhecer a voz serena do diretor e o tom de voz gelado do mestre em Poções.

- Devia deixá-lo preparar a medicação dela, não foi ele quem causou isso tudo? E assim ela sentiria na pele em quem deve confiar.

- Severo, seja mais maleável, a Senhorita Granger agiu de boa fé; curiosidade natural de adolescentes, já conversamos sobre isso outro dia. E não despreze o fato dela estar se sentido ameaçada.

- E pelo que a Senhorita Granger estaria se sentindo ameaçada? Andou ouvindo os resmungos da Minerva que insiste em me culpar, Alvo?

- A Senhorita Granger é nascida trouxa, Severo. Nós todos lemos as inscrições na parede. Quem quer que tenha escrito aquilo, os atacará primeiro. Diga-me, o que você faria se soubesse estar correndo risco de ser, na melhor das hipóteses, petrificado?

Aquilo pareceu calar o professor. Pela fresta na cortina, Hermione o viu franzir a testa e balançar a cabeça sem saber o que responder. Os dois bruxos seguiram para a sala de Madame Pomfrey, e Hermione voltou a ficar sozinha na quietude da enfermaria. Pensou no quanto o diretor sabia sobre o interior das pessoas. Realmente aquele tinha sido seu motivo principal para dar ênfase ao preparo da poção. Até tinha deixado escapar isso para seus amigos, mas eles não perceberam seu pesar.

Ouviu passos se aproximando, e o Professor Snape tomar seu lugar junto a ela. Sempre que ele chegava, o feitiço que os isolava do restante da enfermaria se renovava, assim a iluminação que ele deixava para ler e para que ela própria concluísse suas lições, não incomodava ninguém.

Ele não abriu o livro dessa vez, e ela o olhou pelo canto do olho. Hermione o viu retirar um frasquinho contendo uma poção de coloração rosa-pálida de dentro das vestes. Ele destampou o frasco e entregou na sua mão.

- Sabe o que é isso? – Hermione negou com a cabeça. – Citus expelium, uma poção a base de elementos como aveia, sorgo, azévem e milheto. Não sofrerá mais com os assomos de pêlos em sua garganta. Beba.

Hermione colocou a poção em seus lábios e, com muito esforço, pôs para dentro; o gosto era horrível. Não conseguiu desmanchar a careta de asco que fez. A poção pareceu dar voltas em seu estômago por, no mínimo, uns dez minutos antes de Hermione se sentir melhor, o que durou um breve instante. No segundo seguinte, tinha saltado da cama e estava vomitando na bacia destinada a isso, posta estrategicamente por Madame Pomfrey embaixo de sua cama.

Sentiu a mão do professor ampará-la e gentilmente levá-la para se deitar novamente. Pôs uma toalha molhada com água morninha sobre sua testa e baixou a iluminação somente para uma meia-luz, deixando uma penumbra aconchegante.

- Sente-se melhor? - Hermione assentiu. – O vômito é uma reação natural, confie em mim quando digo que foi o último que teve.

- Obrigada, professor.

- É meu dever cuidar dos alunos, Senhorita Granger.

- Essa poção... ela foi toda feita à base de medicação trouxa?

- Sim, mas precisa de uma combinação de elementos mágicos para que prolongue seu efeito.

- Nunca ouvi falar dela.

- Foi criada há pouco tempo, pela necessidade de alguns animagos que se transformam em felinos amenizarem o desconforto das fecalomas. Como no corpo docente da escola temos um desses animagos, sempre a temos em estoque. Ela demora três semanas e meia para ficar pronta, e o estoque da Professora Mcgonagall havia terminado um pouco antes do seu acidente. Ela estava em preparação todo esse tempo.

- Oh... sim, obrigada professor.

Houve um breve silêncio antes do professor voltar a falar.

- Senhorita Granger, a partir desta noite minha companhia não será mais necessária. Conseguirá dormir tranqüila durante a noite; os efeitos da Polissuco já estão sendo expelidos pelo seu organismo. A diminuição dos pêlos em seu rosto é a prova disso. Quero apenas alertá-la que não vai dispor sempre do cuidado que eu, o diretor, a vice-diretora e principalmente Madame Pomfrey lhe prestamos. Por seus estudos exaustivos e acelerados, deve estar ciente das infinitas Poções malignas que existem, e do que um acidente com uma simples poção pode acarretar para quem a toma. Portanto, sempre que for manipular alguma poção, triplique sua atenção, a não ser que queria mesmo ferir alguém. E se, por acaso, precisar manipular alguma poção além do seu nível de aprendizado por motivo de sobrevivência, aconselho que procure pessoas competentes para lhe orientar. Alguém que cede o livro Poções Mui Potentes para alunos de segundo ano entrega provas concretas que não tem discernimento para saber o que isso poderá acarretar.

Hermione tinha os olhos ardendo por segurar o molhar deles ao sentir a sinceridade nas palavras do professor. Estava preocupado com ela, mesmo que não confessasse abertamente.

- Quanto aos seus olhos, demorarão mais para voltarem à cor normal. Embora se minha opinião servir, amarelo ficou uma cor agradável na senhorita. – Hermione sorriu. – Cair no mesmo erro é burrice Senhorita Granger, muito cuidado com o que toma.

Ela assentiu e ajeitou-se nas cobertas. Com um aceno de sua varinha, Snape deixou a enfermaria na sua penumbra normal, apanhou o frasco vazio e saiu do recinto. Hermione o acompanhou com os olhos até as sombras o encobrirem. Ser cuidada por um Mestre era muito mais confortável que ir a um médico, isso era uma certeza.

Quando saiu do hospital duas semanas mais tarde, Hermione voltou a suas atividades normais com os amigos, e as aulas de Snape continuaram como antes: impessoais e frias.




Da janela próxima a sua cama, Hermione avistava o céu iluminado radiantemente pelo sol de maio. A brisa suave brincava com as folhas das árvores enquanto a grifinória se espreguiçava, despertando de um sono tranqüilo.

O café da manhã na mesa da Grifinória, como sempre era nos sábados que havia uma partida, fora animado. O mingau de aveia parecia ainda mais saboroso quando a animação de um jogo a contagiava. Sempre que seu olhar e o de Harry se cruzavam, dava-lhe um afetuoso sorriso de boa sorte. Ele bem que precisa, ela pensou, enquanto relembrava as estripulias que Harry costumava fazer montado na Nimbus 2000.

Assim que saiu do Salão Principal com Rony e Harry, contemplou mais uma vez o céu pelas enormes vidraças. Um grito alto quase a derrubou no chão, enquanto estava distraída, admirando a paisagem.

- Harry! O que foi isso?! – disse Hermione com as mãos no coração, tentando em vão diminuir seus batimentos acelerados.

- A voz! – disse Harry espiando por cima do ombro. – Acabei de ouvi-la de novo, vocês não ouviram?

O “não” morreu em seus lábios quando uma resposta muito mais esclarecedora se formou em sua mente. Deu uma palmada em sua própria testa, concordando com ela.

- Harry, acho que acabei de entender uma coisa! Tenho de ir até a biblioteca.

Não esperou a resposta e saiu correndo no sentido contrário ao do bando de alunos que seguiam para o campo de quadribol. Estava eufórica. Como demorou tanto para perceber uma coisa tão lógica? Se somente o Harry escutava a voz, era óbvio que o quer que o monstro fosse, ele era uma cobra! Somente o Harry sendo oflidioglota poderia ouvir! Uma coisa tão simples de se entender, não acreditava que demorara todo esse tempo para notar.

Madame Pince somente lhe deu um raro sorriso quando entrou na biblioteca. Não precisou procurar muito, lá estava ele: “Magizoologia – abordando serpentes”. Folheou as páginas, demorando-se em alguma espécie que lhe chamasse atenção.

Basilisco

Passou os olhos pelas linhas que descreviam sua origem.

Esta cobra, que pode alcançar um tamanho gigantesco e viver centenas de anos, nasce de um ovo de galinha, chocado por uma rã. Seus métodos de matar são os mais espantosos, pois além das presas letais e venenosas, o basilisco tem um olhar mortífero, e todos que são fixados pelos seus olhos sofrem morte instantânea.

Os cabelos da nuca de Hermione se arrepiaram ao final dessa linha. Uma cobra gigantesca... mas onde? Alguém a teria visto... Hoje havia sido uma das manhãs que seu cérebro acordara elétrico. Uma pequena luzinha se acendeu nele quando repetiu a pergunta para si própria. Rabiscou com a pena o que seu intelecto lhe revelou.

Lembrou-se de fazer uma pequena oração de agradecimento, costume aprendido com seus pais, por todos que foram atacados não terem encarado os horríveis olhos. Sorriu imaginando como o herdeiro de Sonserina devia estar frustrado por não ter conseguido causar um mal ainda maior que a petrificação.

Seu sorriso morreu em seus lábios quando pensou ouvir por trás de si um leve rastejar de algo no chão de pedra. Seu sangue congelou nas veias. Inconscientemente, sua mão rasgou a página do livro, quando deslizou silenciosamente da cadeira e seguiu com cautela para a saída.

Harry havia escutado a voz há pouco, devia ter se precavido disso. A alegria por ter conseguido desvendar o segredo foi substituída rapidamente pela culpa de ter sido descuidada a ponto de estar sozinha dentro do castelo.

Precisava se manter alerta. Vasculhou corredor antes de pôr o pé fora da biblioteca. Agora ouviu mais nitidamente; o frio que desceu pela sua espinha se intensificou quando avistou no final do corredor uma monitora da Corvinal, a mesma que havia lhe ajudado com a bagagem no trem no ano anterior.

Não! Não! Não! Sem nenhuma dúvida, de um salto saiu correndo de encontro a monitora.

- Feche os olhos! – gritou em desespero. – Feche!

O rastejo agora parecia ainda mais perto. Antes de alcançar a garota que a olhava confusa, enxergou o pequeno espelho em sua mão.

- O espelho! Aqui! Joga!

Viu os olhos da garota se arregalarem ainda mais, e se deu conta que o monstro tinha acabado de virar no corredor. Penélope saiu correndo pela outra ponta do corredor. Hermione estava a apenas três passos de distância dela, que soltou o espelho desesperada. Antes que caísse no chão, a grifinória o apanhou. Só tinha uma chance de sobreviver, se fossem petrificadas as presas do Basilisco não a poderiam perfurar.

Sem hesitar, apontou a varinha na direção de Penélope e entoou o Feitiço da Perna Presa. A monitora caiu dois metros depois de si. Hermione apontou a varinha para o espelho e, dessa vez, recitou o feitiço de ampliação estudado na última aula de Feitiços. Ele estendeu-se a frente das duas no corredor, refletindo a cobra gigantesca que se aproximava rapidamente.

- Abra, agora! – gritou.

As duas alunas viram a imagem refletida no mesmo instante. Os horripilantes olhos foram focalizados por Hermione poucos segundos antes do Basilisco a alcançar. Assim que os contemplou, sua mente congelou. Não pôde ver, sentir, perceber... nada. Nem ao menos o fim de seu feitiço e o espelhinho tilintar no chão.




A manhã de oito de maio estava deslumbrante. Se gostasse do verão, Severo Snape admiraria os campos ensolarados e o brilho das águas do lago. O humor não estava muito bom, na noite anterior recebera uma carta de Marylin convidando-o para uma apresentação que faria no Ministério da Magia pelo lançamento do seu livro. A idéia de aparecer num evento social não lhe dava a menor animação, ainda mais realizado em pleno Ministério da Magia. Bufou de desdém. Precisava ir, não a vira mais desde as férias de verão. Sentia que devia uma explicação, nas entrelinhas da carta pôde perceber isso.

Escreveria a resposta mais tarde quando voltasse do maldito quadribol. Tinha que monitorar os alunos nas arquibancadas e concentrar a devida atenção no maldito Potter. Desde o ataque do Quirrell no ano passado, essa era uma designação sua quando o diretor estivesse ausente da partida.

Apanhou alguns volumes que trouxera da biblioteca a noite passada, e que o acompanharam durante a noite de insônia, e passaria lá antes de se dirigir ao estádio. Ralhou com alguns calouros da Sonserina que quase o derrubaram na euforia de ir assistir ao jogo. A biblioteca estava silenciosa, os cabeças-ocas não estariam estudando quando a inutilidade do quadribol estava para começar. Madame Pince também devia estar nas arquibancadas; era regra o quadro de funcionários estar presente. Como todas as vezes que pegava algo, ele mesmo os devolveria às prateleiras. Já havia devolvido dois às suas devidas estantes, e restava apenas mais um, que não demorou a arrumar também, e saiu de lá para o fatídico enfado da partida.

Snape avançou pelo corredor em direção a porta. Um vento gelado arrepiou-lhe os pêlos dos braços. Uma fragrância leve, sua conhecida, invadiu suas narinas. Avistou algo caído mais à frente, aproximou-se e se abaixou junto ao sólido no chão. Um par de olhos sem brilho e vidrados fitava o infinito; uma espantosa feição de assombro nas linhas rígidas do rosto. Madeixas revoltosas caindo-lhe pelos ombros, e um pequeno espelho ao lado do amontoado de vestes.

Somente uma vez em sua existência lembrava ter visto algo que o deixara em tal estado de choque. Seu sangue aquecido num estado perto da ebulição, e sua mente paralisada pela imagem a sua frente, apertou os punhos e as mandíbulas com dor para resistir à mescla de raiva e pena. Ficou plantado no mesmo lugar durante vários minutos, e quando seu organismo resolveu voltar a trabalhar, seus olhos focalizaram outro sólido um pouco mais adiante no corredor.

Precisava recuperar o controle. Tateou por sua varinha e recitou o feitiço para convocar a vice-diretora. Minerva encontrou-o poucos minutos depois, e sua reação foi tão desesperadora quanto a dele. Os dois professores levitaram os corpos petrificados das alunas até a ala hospitalar, cada qual envolto em seu aturdimento emocional.

Coube a Minerva a tarefa de cancelar a partida. Severo foi convocado pelo diretor ao seu escritório. Enquanto seguia pra lá, seus pensamentos eram invadidos por mais e mais imagens reais e desesperadoras, imagens essas que sempre o acompanharam no caminho de sua vida.




Quando Severo pôs os pés no escritório do diretor, pela segunda vez naquele mesmo dia, tudo estava na maior quietude possível. Dumbledore não estava a vista em lugar algum, as pessoas nas molduras tinham a respiração tão baixa que somente um sussurro passeava por seus ouvidos. O poleiro de Fawkes estava vazio, certamente a Fênix estava ao lado de seu dono onde quer que ele estivesse.

A calmaria do lugar contrastava com a angústia do interior de Severo. Ele demorou-se admirando o céu pela janela do escritório. As imagens que as nuvens formavam penetravam sua mente e levantavam algumas questões que não tinham respostas. Onde estaria a mente de uma pessoa petrificada? Presa dentro daquele montículo de rocha que seu corpo se tornara? Ou vagando em alguma outra dimensão que pudesse existir?

A voz rouca de uma das pessoas nas molduras quebrou o silêncio cortante que o circundava, e Severo virou-se para a direção do emissor.

- Boa tarde, Severo, Dumbledore deixou uma mensagem para você.

- Sim, Fineus, e qual é?

- Sabe onde tem que ir, agora é inevitável.

Severo voltou seu olhar para o céu lá fora, os raios de sol que banhavam os terrenos de Hogwarts pareceram-lhe mais cálidos do que quando os estava olhando antes daquela mensagem. Demorou tanto tempo, que as rugas na testa de Fineus se ampliaram, mas esperou até que o diretor da Sonserina respondesse.

- Diga a ele que irei.

Saiu a passos largos do escritório e voltou a seus aposentos nas masmorras. Com um aceno da varinha, voltou a se vestir com um trouxa. Fazia mais de um ano que o tinha feito da última vez. As circunstâncias tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais o fariam rir, se tivesse esse hábito. Tinha pressa dessa vez e, após sair dos jardins do castelo, aparatou diretamente nos jardins da casa onde já havia desaparatado uma vez.

A expressão fechada de seu rosto não assustou o casal Granger dessa vez. Somente após seu discurso que soou tranqüilo, mas que teria surtido o mesmo efeito se tivesse soado feroz, o casal desabou em emoções. Durante alguns minutos, Severo somente contemplou incomodado o sofrer dos Granger, amaldiçoando-se por ser o portador de tão maléfica mensagem.
Quando as emoções dos dois se abrandaram, ele soube que teria perguntas a responder e tentou abordá-las da forma menos rígida possível, embora contradissesse com sua própria natureza.

- Não seria melhor nos manter na ignorância, professor? Se reafirma que não podemos fazer nada, nem sequer podemos vê-la. O que ganharam com essa informação? Se divertir com nossas fracas reações típicas dos “trouxas”, como vocês mesmos nos chamam? – disse Marie com o olhar duro.
Severo manteve-se impassível de seus próprios pensamento e fez a raiva descer pela sua garganta quando engoliu uma grande quantidade de ar.

- O diretor acha que suas relações com os trouxas precisam ser verdadeiras para surtirem o efeito de harmonia desejado. Alguns bruxos não pensam da mesma maneira que ele, inclua nessa vasta relação a mim próprio. Mas o propósito de todos que formamos a Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts é seguirmos as ordens de nosso superior e assim possamos aprofundar cada vez mais os laços com os trouxas. Se o professor Dumbledore achou melhor que os comunicasse da situação que a filha de vocês se encontra, é por conta da finalidade maior que é renovar com vocês o compromisso de acreditar em nossa palavra. A verdade sempre vale a pena, mesmo que não aceitamos a forma como ela é explicita. A mim coube transmitir aos senhores nossa preocupação e afirmar que os esforços de reverter a situação estão sendo devidamente providenciados.

- Agradeça a seu diretor por nós, professor – Allan tomou a frente do diálogo. – Você veio até aqui e a levou de nós em perfeitas condições, e não me parece o tipo de pessoa que não cumpre com sua palavra. Você a tirou de nós, Professor Snape, e como é o único além de nossa filha que conhecemos, cabe a você trazê-la de volta, ou nós “os trouxas”, como dizem, faremos algo, e embora todos vocês tenham magia, nenhuma magia impedirá um homem determinado. Traga-a de volta, e continuaremos em paz.

Severo não questionou o Senhor Granger, sabia o que a determinação fazia com as pessoas. Assentiu devagar e saiu da casa, aparatando ao Três Vassouras. As palavras do homem rugindo dentro de si. Por que teve que se comprometer com trouxas? Maldita a hora que aceitou a tarefa de buscar a Granger.

O copo a sua frente foi se esvaziando e se enchendo novamente enquanto remoia o maldito dia que se permitiu aceitar as ordens do diretor. O que aqueles trouxas esperavam que fizesse? Só podia esperar as Mandrágoras crescerem para poder ministrar a poção. Nada além disso.

- Algum problema, Severo? – Rosmerta perguntou.

Severo lhe direcionou um olhar azedo. – O copo está vazio.

A bruxa o conhecia razoavelmente bem para saber que se manter longe era o mais apropriado a fazer agora. Não insistiu na pergunta e deixou a garrafa de Firewisky ao seu lado, evitando assim mais uma viagem a mesa.

Quando sentiu sua mente entorpecida o suficiente para evitar os pensamentos desagradáveis, Severo deixou as moedas na própria mesa e saiu do bar. Recebeu o veto frio da noite de bom grado e caminhou devagar até os portões do castelo. Quando acessou os jardins, pensou ter ouvido um arranhar vindo da cabana de Hagrid. Aquele cão estúpido.

O encontro com seus aposentos foi mais que prazeroso, mas a nuvem de entorpecimento foi repelida na manhã seguinte, assim que soube dos fatos acontecidos durante seu estado de álcool-induzido. Não deixou de pensar em si próprio como um inútil, e o clima pesado entre os funcionários e até das aulas, só o faziam torturar-se ainda mais.




N/A: Comentários sempre bem-vindos.

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