In The Dark



Cap. 23 In The Dark


By Surviana


 


Aviso: Todas as personagens do universo Harry Potter, assim como as demais referências a ele, não pertencem ao autor deste texto, escrito sem nenhum interesse lucrativo, mas à JKR.


 


Por favor, não me processem! Só peguei emprestado para me divertir e divertir os outros!


 


Seus feitiços de proteção o despertaram. O assovio fino vindo da réplica de sua sala indicava que alguém tinha quebrado suas barreiras e invadido seu estoque. Levantou num pulo, praguejando e apenas apanhando sua varinha antes de sair cambaleando quarto afora.


 


Os archotes estavam acessos e o armário das ervas entreaberto. Maldito! Precisava correr para capturar o intruso. O barulho vindo do andar de cima lhe indicou a direção, mas parou em frente à escadaria principal assim que se deparou com o zelador parado ali.


 


— Filch? O que é que está havendo?


 


— É o Pirraça, professor — murmurou o zelador. — Ele atirou este ovo escada abaixo.


 


— Pirraça? — Examinou o ovo nas mãos de Filch. — Mas Pirraça não poderia ter entrado na minha sala...


 


Sua mente trabalhava mesmo enquanto discutia com Filch o incidente. E foi aí que ele se enfureceu, quando o toque-toque irritante da perna de pau daquele auror imbecil alcançou seus ouvidos e fez os cabelos de sua nuca se arrepiarem. Era um pressagio maligno. Somente a presença dele já era suficiente para deixar Snape com o estomago enjoado e a jugular trêmula. De ódio. Puro ódio. E era tão forte, mas tão forte, que ele nem ao menos se lembrava de mais nada discutido antes daquele auror estúpido vir perturbá-lo, com palavras e com aquela risada asquerosa.


 


— Volte para a cama, Snape.


 


— Você não tem autoridade para me mandar a lugar algum!


 


Cuspiu no chão à sua frente. A raiva em seu peito quase o fazia vomitar. Maldições fervilhavam em sua cabeça e queriam voar de sua varinha para machucar quem quer que atravessasse seu caminho aquela noite.


 


— Eu meramente pensei que se Potter anda outra vez passeando por aí a altas horas da noite... é um hábito indesejável que ele tem... deviam obrigá-lo a parar. Para... para sua própria segurança — disse Snape.


 


— Ah, entendo — disse Moody brandamente. — Você sempre tem em mente o que é melhor para Potter, não é mesmo?


 


Maldito!


 


O que ele, Severo Snape, fazia ainda ali naquele castelo? O que estava pensando quando retornou àquele lugar com o sentimento idiota de esperança de que ainda havia chance de consertar seus erros?


 


Por que não se deixou morrer em alguma das sarjetas trouxas em que esteve após se divertir torturando-os?


 


Era muito mais digno ter apodrecido em Azkaban pagando por seus crimes do que ter implorado o perdão de Dumbledore e se deixado humilhar por um auror aleijado.


 


Não tinha dignidade nenhuma em manter sua pose boçal de professor carrasco quando alguns de seus alunos tiveram famílias destroçadas com a sua ajuda. Era um cretino filho da mãe por obrigar outras pessoas de relembrarem seus momentos de dor ao vê-lo. Sua presença para alguns se assemelhava a presença de Dementadores. Criaturas malignas que roubavam as lembranças boas e mostravam todo o lado sórdido de suas vidas. Ele era esse tipo de criatura. Perversa. Má.


 


Cada pessoa que cruzou seu caminho nos anos que serviu a Voldemort saiu marcada, doída, ferida. E agora ele estava ali, desfilando pelo castelo enquanto nenhuma dessas vidas esqueceria o mal que ele ajudara a dissipar. Precisara um aleijado lhe jogar isso na cara e mandá-lo para cama para perceber o obvio: ali nunca fora seu lugar.


 


Já tivera esses mesmos pensamentos anteriormente, mas a pronúncia em voz alta por outra pessoa lhe dizendo isso nunca foi real. Dumbledore só dizia o contrário: que todos temos uma chance, que sempre há quem perdoe os erros dos outros, e era com esse lema de bondade que os outros professores faziam coro. Todos, exceto Moody.


 


Ele fora o único dali que pronunciou a sua culpa em voz alta, que lhe disse o que sempre fora uma verdade absoluta e todos tentavam encobrir: ele sempre foi o vilão, e Hogwarts não precisava de ninguém para lembrar-lhe dos anos de trevas.


 


Era fato. Constatação. E embora aquela fosse a verdade, Severo Snape ainda era o homem covarde e fraco que se escondia do lado onde era mais cômodo. Não iria embora de Hogwarts, nem dignidade para isso ele tinha. Era um egoísta descomunal.


 


**********X**********


 


— Snape disse que Moody tinha revistado a sala dele também? — sussurrou Rony, seus olhos brilhando com interesse. — Quê?... Então você acha que o Moody está aqui para ficar de olho no Snape e no Karkaroff?


 


Hermione respirou resignada. Como aquilo cansava. Todo ano escolar era isso. Será possível que eles não cresceriam mesmo?


 


— Bem, não sei se foi isso que Dumbledore pediu para ele fazer, mas não tenho dúvida que é isso que ele está fazendo. Moody falou que Dumbledore só deixa o Snape continuar aqui porque está dando a ele uma segunda chance ou uma coisa assim... — Era a voz de Harry agora, que embora Hermione tentasse ignorar, concentrando-se no Feitiço Expulsório que estavam treinando na aula de Feitiços.


 


— Quê? — exclamou Rony, arregalando os olhos. — Harry, vai ver Moody acha que foi Snape quem pôs seu o nome no Cálice de Fogo!


 


Foi a gota d’água. — Ah, Rony, já achamos que Snape estava tentando matar o Harry e acabou que estava tentando salvar a vida dele, lembra? Não importa o que Moody diz, Dumbledore não é burro. Teve razão em confiar no Hagrid e no Prof. Lupin, mesmo que um monte de gente não quisesse dar emprego aos dois, então por que não estaria certo a respeito de Snape, mesmo que Snape seja um pouco...


 


—... maligno? — completou Rony. — Ora, vamos, Hermione, então por que todos esses captores de bruxos das trevas estão revistando a sala dele?


 


Sem titubear, Hermione respondeu:


 


Você quer pensar que Snape está armando alguma coisa.


 


— Eu só queria saber o que foi que Snape fez com a primeira chance, se agora está na segunda — disse Harry sério.


 


Hermione respirou fundo novamente. Não adiantava discutir com esses dois. E se ela respondesse ao questionamento de Harry sobre o que Snape tinha feito, o que ele foi no passado, essa discussão pioraria drasticamente, e ela iria sempre perder tempo e saliva considerando seus próprios argumentos diante de um fato tão obscuro. Ele era um ex-Comensal da Morte, mas ninguém ali naquela conversa precisava saber disso.


 


Afinal, ela seria a única que acreditaria que ele era um ex-Comensal. Para Rony e Harry, ele o seria para sempre.


 


**********X**********


 


Por que será que os corredores parecem maiores quando se está ansioso? Ela e Rony caminhavam sem se falar até a sala da Profª McGonagall, ambos engolfados pela culpa de estar ajudando e muito o Harry a encontrar a solução para realizar a segunda tarefa.


 


Mas Dumbledore sempre pregava a amizade, não é mesmo? Sua mente trabalhava em desculpas para explicar o tanto de empenho que ela e Rony puseram em ajudá-lo.


 


Nós não sabíamos que ele não podia ser ajudado.


 


Por coincidência, a professora de Herbologia nos mandou fazer uma pesquisa também, esta noite.


 


Ah, mas nós só estamos tranqüilizando-o, nem pegamos nos livros.


 


Nenhuma delas parecia uma desculpa realmente boa. Mas como será que a Profª McGonagall descobriu que era isso que eles faziam na biblioteca? Será que Vítor tinha ouvido alguma coisa e foi denunciá-los por conta da briga que tiveram por causa de Harry?


 


Ah, mas não ia ficar assim! Não mesmo! Tiraria satisfação com ele assim que o encontrasse no dia seguinte. Quem ele pensava que era para se meter assim na sua vida? Prejudicar Harry por causa das minhocas em sua cabeça, como ela não percebera que ele era tão infantil.


 


— Ai! — Levou uma cotovelada nas costelas de Rony e quase o enfeitiçara quando o encarou, e ele desviou o olhar para frente, obrigando-a a se virar.


 


Era muito mais sério do que ela pensava. Dumbledore os fitava por sob seus oclinhos. Ao seu lado estavam ainda Cho Chang e uma garotinha minúscula que dançara na chegada das delegações estrangeiras a Hogwarts. Indiscutivelmente, era parente de Fleur. Mais ao fundo da sala, os professores McGonagall e, para desespero de Rony, Snape, pareciam absortos numa breve discussão.


 


— Eu acredito — começou o diretor — que devido à proximidade dos presentes com os campeões do Torneio Tribruxo não será necessária uma explicação longa do que será a segunda tarefa que se realizará amanhã no lago da escola. Os campeões devem procurar no lago por algo precioso que lhes foi tirado, por isso estão aqui.


 


Hermione gelou por dentro. Ah não! — pensou. Por favor, não me diga que eu sou a preciosidade do Krum, por favor, por favor.


 


— O Sr. Diggory procurará pela Srta. Chang. O Sr. Potter por seu amigo de longa data, Sr. Weasley. A Srta. Delacour pela irmã, Gabrielle. E por fim, o Sr. Krum, que sentirá falta de sua acompanhante do Baile de Inverno, a Srta. Granger.


 


Hermione evitou os olhos do diretor quando ouviu seu nome, mas foi ainda pior porque seu olhar cruzou com o de Snape, e ela viu uma pontinha de divertimento em seus olhos.


 


— O Prof. Snape trouxe para todos uma poção especial que os impedirá de sofrerem de hipotermia devido o longo contato que seus corpos terão com a água gelada do lago. Após ingerirem-na, eu mesmo os enfeitiçarei com o Sine Cura, que os deixará num estado de sono profundo até que todos sejam liberados do elemento que os cerca, a água. Garanto a todos que não há o mínimo risco de morte para nenhum de vocês. Podemos, senhores, senhoritas? — concluiu Dumbledore, olhando cada um deles.


 


— Sim — disseram quase em uníssono.


 


— E se Snape nos envenenar com a poção, Hermione? — sibilou Rony em seu ouvido sem que pudesse ser ouvido pelos outros, embora pelo ar divertido no rosto de Dumbledore, a garota pudesse jurar que ele tinha escutado.


 


— Besteira — respondeu ela ainda meio enjoada por sua condição de “especial”.


 


A Profª McGonagall entregou-lhes os frascos com as poções e orientou-os a somente tomá-las quando estivessem à beira do lago, segundos antes do feitiço ser proferido pelo diretor. O diretor e a viça foram à frente deles, enquanto Snape os escoltava por trás. Saíram do castelo pela mesma passagem que Hermione tinha usado no Baile de Inverno para se encontrar com Krum. Quando todos chegaram à borda do lago, a irmãzinha de Fleur deu um passo para trás e esbarrou em Hermione, que teve que segurá-la para que não despencasse.


 


Havia uma criatura na água que agora conversava com o Prof. Dumbledore. Hermione percebeu que a garota tinha se assustado com a aparência dele. Os sereianos não se pareciam em nada com as figuras trouxas de belas sereias e nem mesmo com ilustrações deles que estavam espalhadas em alguns semanários bruxos voltados para o público infantil. Ela mesma se assustaria não fosse por já ter lido sobre eles em livros mais confiáveis que revistinhas adolescentes. Sorriu gentil para a garota.


 


— Não há perigo, querida. Vê aquele senhor? — Hermione apontou para Dumbledore. — Ele é o maior bruxo que existe. Pode confiar nele sim. E... nós todos vamos estar lá com você. — Hermione olhou para os outros; Cho confirmou entusiasmada com a cabeça e Rony precisou de uma pisadela no pé da aluna da Corvinal para forçar um sorriso e confirmar também, embora ele mesmo parecesse não acreditar nisso.


 


Gabrielle pareceu se tranquilizar, embora não tenha soltado a mão de Hermione.


 


O sereiano concluiu sua conversa com o diretor, e Rony foi o primeiro a ser convocado a tomar a poção. Quando ele o fez e Dumbledore o enfeitiçou, Hermione o viu cair molemente de encontro às águas e seu corpo boiar na superfície. Uma nova criatura sereiana saiu de dentro delas e puxou seu amigo para o fundo do lago. Hermione sentiu uma pontinha de medo, e seu coração se acelerou.


 


Cho foi a próxima, e agora era a sua vez, mas Gabrielle se recusoue a largar sua mão para que ela avançasse até que a água estivesse em seus joelhos, e Hermione lançou um olhar de súplica ao diretor. O que aconteceu em seguida foi algo tão surreal que Hermione podia jurar que estava tendo alucinações, talvez pelo cansaço de ter ficado horas com Harry na biblioteca.


 


Snape se ajoelhou no chão até ficar na altura dos olhos da garota, enfiou a mão no bolso da capa que vestia e tirou de lá uma bola feita de rabos de ratos viscosa e verde e mostrou-a a Gabrielle.


 


— Eu também vou — disse ele. — E não vou ficar como seus amigos, dormindo. Essa semente me manterá acordado, e eu mesmo cuidarei para que esteja segura. Se quiser, eu lhe coloco ao lado dela. – Ele apontou Hermione.


 


Faria um efeito melhor se ele tivesse sorrido ao final da frase, mas aquilo já era estranho demais para Snape, e sorrir era abusar da sorte. Gabrielle olhou de Severo para Dumbledore, que lhe deu um sorriso, e dele para Hermione, que apesar do choque de ver Snape tão simpático, lhe deu um aceno de cabeça. A garotinha pareceu relaxar e soltou os dedos de Hermione. Assim que tomou a poção, ela mesma se deixou soltar a respiração que nem ao mesmo se lembrava de ter segurado e ouviu a voz delicada do Prof. Dumbledore recitando o feitiço antes de perder os sentidos.


 


**********X**********


 


A água estava fria demais, antes dele engolir o Guelricho, mas sua experiência com a erva já lhe garantia que passaria. Segurou firme o corpo pequeno da menina e mergulhou na água; o sopro de vida o alcançando assim que sua boca se encheu da água salobra do lago.


 


Avistou os três sereianos que o acompanhariam até o pátio da cidade deles.  Não tinha ainda entendido como conseguira perder o argumento contra Minerva de que aquela era uma tarefa para uma bruxa, carregar criancinhas no colo. Mas até que não era tão ruim se afastar da superfície de vez em quando. E também não era tão ruim ser simpático, embora isso lhe soasse estranho.


 


Criaturas esquisitas, os sereianos, mas divertidas. Cantavam uma música boa de ouvir enquanto nadavam. Ele não gostava da melodia, soava fantasmagórica demais ali com aquelas criaturas feias lhe seguindo. Mas era a letra que o estava envolvendo, envolvendo-o como o escuro sempre o envolveu.


 


When it seems
Like the world around you's breaking
And it feels
Like there's no one else around you
And it's quiet
There's a silence in the darkness
And it sounds
Like the carnival is over


 


Falava sobre a escuridão que os cercava. Escuridão que sempre o cercou. Na infância, quando seus dias eram escuros pelo medo do pai. Na adolescência, quando ela o cercou pela revolta que sentiu pelo mesmo pai. Da escuridão que o cercou quando ela partiu de seus sonhos, deixando-o apenas com o brilho dos seus olhos. Da escuridão de sua tatuagem, do falso poder que ela trazia consigo. Da escuridão de sua própria solidão.


 


As you walk
In the crowded, empty spaces
And you stare
At the emptiness around you
You wanna go
To the city, and the bright lights
Get away
From the sinners that surround you


 


Era tudo tão verdade quando se lembrava de como era ser um Comensal da Morte. Era tudo tão catastrófico e sinistro. Tão podre e sem sentido algum. Eram momentos tão incertos, tão pesados e tão infinitamente negros, que quando se deparava com letras assim, que pregavam luzes, ele quase podia rir em deboche.


 


‘Cuz I will be there
And you will be there
We'll find each other in the dark
And you will see
And I'll see you, too
‘Cuz we'll be together in the dark


 


Como Dumbledore podia pregar tanta esperança para as pessoas? Como ele mesmo dera ouvidos àquele velho bruxo quando estava desesperado de culpa? Por que, quando achamos que tudo esta definitivamente fodido, ainda lutamos para ter uma boa saída? É tão medíocre ser humano. Muitas vezes seria melhor ser um verme, já que suas atitudes foram desse nível.


 


‘Cuz if it's coming for you
Then it's coming for me
‘Cuz I will be there
‘Cuz we need each other in the dark
And if it terrifies you
Then it terrifies me
‘Cuz I will be there
So we've got each other in the dark



Cabelos castanhos dançavam na água à sua frente. A luz verde que emanava das lanças dos sereianos os iluminavam, e o brilho que saía de lá refletiam em suas pupilas. Era essa então a resposta de suas perguntas. Era isso que acabava com tudo no final das contas. Era a merda do amor que destruía todos os desejos das pessoas de se destruírem e acabarem com tudo. Podia ser fraternal, maternal, paternal, sexual e qualquer palavra idiota dessas que rimassem com ele. Fora mesmo o amor que acabara com ele no final. E isso o leva a uma irritante conclusão: aquele velho gagá, como já vira alguns alunos seus se referirem a Dumbledore, sabia mesmo das coisas.


 


Porque tinha sido essa mesma a sua desgraça desde o princípio de tudo. Sofreu porque amava a mãe, e o pai também, aquele cretino que o maltratava. Sofreu quando aquela intrusa grifinória girou um maldito vira-tempo e arruinou sua adolescência. Quando sua melhor amiga resolveu dar seu amor a outro e morrer por isso, ele quase morreu também.


 


E aquela marca em seu braço só fora gravada porque ele impreterivelmente e incondicionalmente idolatraria qualquer um que pudesse não amar. Ele daria qualquer coisa para ter essa capacidade. Era isso, e sua vida teria sido melhor, ou pior. Mas pelo menos estaria livre desse sentimento inconstante e cego, e burro, e enjoativo.


 


Já haviam chegado ao pátio dos sereianos. Era bom ter algo para fazer. Como prometera a garotinha na beira do lago, e para livrar-se dela e poder continuar sua tarefa, amarrou-a na extremidade. Logo em seguida, Chang na outra ponta. Seguida por Weasley. E entre ele e Gabrielle, a Srta. Granger. Com exceção de Gabrielle, que tinha vindo em seus braços, ele flutuou os corpos dos outros dois e atou-os aos troncos com uso de magia.


 


In the dark
In the dark
We'll hold each other in the dark


 


Em algum momento das divagações dele, Severo Snape, ele vos disse qual fora a promessa de Voldemort quando o marcou com aquela tatuagem? Não? Era risível. Se algum de vocês tem um nível de inteligência, por menor que seja, já devem saber qual foi a sua falsa promessa. Ser como ele. Ser como o Lorde das Trevas. Não em grandeza, nem em poder, nem em imortalidade, muito menos em status. Era ser como ele na ausência de sentimentos inúteis.


 


Mas ele era um fraco. E por ser um fraco, ele não usou magia para que a Srta. Granger flutuasse até seu tronco. Ele a segurou em seus próprios braços. E por ser um fraco, ele também não fez as cordas se atarem com magia. Ele mesmo as atou, com seus dedos roçando de leve na pele fria dela.


 


Mas em ser um filho da mãe desprezível ele tinha muito sucesso. Ao fim das contas, ele mereceu mesmo aquela marca. Ele não tinha pudores. Ele se envolvera numa discussão com McGonagall para não carregar a garotinha que os sereianos não tocariam por poder não ser mágica, a idade ainda não havia chegado. Mas em momento algum ele citara na discussão não descer ao lago. Porque ela venceria a discussão das garotas. Dumbledore era outro bruxo sem pudores porque ele tinha absoluta certeza que ele sabia tudo que se passa em sua cabeça.


 


Ele queria estar ali por isso. Ele gostou da sensação dos fios de seu cabelo batendo em seu rosto enquanto ele amarrava as cordas às mãos dela. Ele não rezava por que não tinha fé em nenhum ser superior e achava uma estúpida perca de tempo conversar com estátuas. Mas se houvesse a mínima chance de existir qualquer criatura capaz de realizar desejos, ele agradeceria por esses momentos em que ela estivera inconsciente de sua presença tão próxima. Com consciência de um gato, ou petrificada, ou apenas mergulhada em sono.


 


Ele era mesmo um tolo apaixonado. E também era um pervertido, sempre fora. E quem sabe quando aquela Marca Negra estourasse na sua forma mais escura e reclamasse por suas atitudes mais vis, ele a tomasse para si, para ser só sua garota, e provasse para todos o que Moody gritara aos quatro ventos na noite em que ele perseguiu Potter nas escadarias: ele era um bruxo das trevas. E os bruxos das trevas faziam isso, não faziam?


 


‘Cuz we've got each other in the dark


 


**********X**********


 


N/A:


1. Sempre escrevo os capítulos ouvindo músicas, ainda não tinha usado nenhuma para a fic porque não gosto mesmo, mas foi inevitável.


 


2. Música: Tiësto – In The Dark. Se puderem, ouçam a letra enquanto lêem o capítulo, será perfeito. Ah, e não vou traduzir porque perde o encanto.


 


3. Eu acho que Snape se tortura demais, mas ainda assim ele é adorável. Love Snape.


 


4. A segunda parte do capítulo (a cena dos garotos na aula de Feitiços) consta no livro, ela foi inserida aqui para reforçar que é mesmo do fandom a certeza da Hermione pela bondade do Snape. Garota esperta essa Hermione.


 


5. As seguintes frases foram retiradas da história original:


– Filch? O que é que está havendo?


– É o Pirraça, professor, ele atirou este ovo escada abaixo.


– Pirraça? Mas Pirraça não poderia ter entrado na minha sala...


– Volte para a cama, Snape.


– Você não tem autoridade para me mandar a lugar algum!


– Eu meramente pensei que se Potter anda outra vez passeando por aí a altas horas da noite... é um hábito indesejável que ele tem... deviam obrigá-lo a parar. Para... para sua própria segurança.


– Ah, entendo. Você sempre tem em mente o que é melhor para Potter, não é mesmo?


 

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