Esclarecimentos



Esclarecimentos
By surviana



Aviso: Todas as personagens do universo Harry Potter, assim como as demais referências a ele, não pertencem ao autor deste texto, escrito sem nenhum interesse lucrativo, mas a JKR.

Por favor, não me processem! Só peguei emprestado para me divertir e divertir os outros!




- Perdeu alguma coisa, senhorita Granger? – perguntou Snape com a voz suave.

- E-e-eu só estava...

- Parada na porta, já sei disso. O que estava procurando? – ele cortou-a.

- O professor Flitwick. Eu preciso discutir meu exame com ele...

- Pouparei a senhorita da espera e vou chamá-lo, espere aqui.

Agora estamos perdidos, Hermione pensou. Assim que o professor deu as costas e entrou novamente na sala dos professores, ela tratou de correr o mais rápido possível para longe dele.

- Aqui está... – Severo olhou para os dois lados do corredor. – Mas onde se meteu aquela garota?

- Oh Severo, ela deve ter lembrado que o exame estava perfeito e desistiu da pergunta. Deve ter ido aproveitar o sol.

- E me deixou com cara de idiota, indo chamá-lo em vão? Garota prepotente – murmurou a última parte para si próprio.

- Deixe-a Severo, você não imagina a perfeição que foi o exame dela, um estouro!

Severo saiu caminhando pelo corredor, sem sequer ouvir o que o professor Flitwick havia comentado. Soltou algumas pragas pelo caminho, condenando a si próprio pela tentativa fracassada de tentar ser gentil com a aluna da Grifinória. O que esperava, seu imbecil? Que agradecesse a sua maravilhosa gentileza? Mas que belo bobalhão você ficou. Distribuindo sorrisos e favores por causa de alguns beijos, faça-me o favor...

Seguiu para as masmorras, afastando o papel ridículo que havia feito de sua mente e concentrando-se nos agradáveis momentos que passara mais cedo. Seria uma boa lembrança... e ainda havia muito a explorá-la...



A noite chegou, e Hermione seguiu com os amigos rumo ao alçapão.

Faz alguma coisa – Harry pediu desesperado.

Hermione hesitou somente alguns instantes, Neville fôra seu primeiro amigo em Hogwarts, mas era um caso de vida ou morte. Ela se adiantou.

- Neville, eu realmente lamento muito. – Ergueu a varinha. – Petrificus Totalus!

Correu até ele para desvirá-lo, seu coração estava totalmente apertado. Quando viu o corpo de Neville todo rígido e os olhos dele a olhando aterrorizado, a infelicidade quase a fez chorar.

- Ah, Neville, me desculpe.

Seguiu com os garotos o caminho inteiro com a pontada de culpa ardendo em seu peito. Coitado dele, deitado naquele chão frio sem poder se mexer. Rezou mentalmente para que algum aluno mais velho descesse até a sala comunal e o encontrasse para desfazer a azaração. Suas preocupações com Neville se esvaíram quando escorregou pelo alçapão e deu de cara com o que a esperava lá embaixo.

Desta vez não era um vasinho pequeno com alguns tentáculos, mas um imenso espécime do visgo do diabo. Lutou para chegar até a parede, lembrando-se da bronca imensa que Snape lhe passara quando tentou tocá-la no Beco Diagonal, horrorizada.

- Cala a boca, estou tentando me lembrar como matá-la! Visgo do diabo, visgo do diabo... o que foi que a professora Sprout disse? Gosta da umidade e da escuridão... – O nervosismo atrapalhava seu raciocínio. – É... é claro... mas não tem madeira...

- VOCÊ ENLOUQUECEU? VOCÊ É UMA BRUXA OU NÃO É? – berrou Rony.

- Ah, certo! – Sacudiu a varinha. – Eitha!

O jato de luz azul voou para as dobras da planta, liberando Harry e Rony imediatamente. Atrás de cada câmara que entravam, um novo obstáculo os aguardava, e Hermione não sabia onde estava toda aquela coragem que a dominava. Só agora havia se dado conta de que nunca havia desperto dentro de si toda aquela força que a movia a enfrentar o mal. Era imensamente emocionante sentir seu coração bater acelerado e o medo invadi-la, mas não ser forte o bastante para fazê-la parar. Voar era imensamente horrível, mas não parecia tão ruim quando o motivo era deter o bandido que ameaçava a paz do Mundo Mágico. Nem jogar xadrez pareceu tão frustrante; Rony os conduzia com maestria. Mas a hora mais difícil ainda estava por vir: abandonar um amigo.

- Isto é xadrez! A pessoa tem que fazer alguns sacrifícios! Dou um passo à frente e ela me come, isso deixa você livre para dar o xeque-mate no rei, Harry!

Não houve opção. Hermione olhara de Rony para Harry, mas não disse nada. Quando a rainha branca golpeou Rony na cabeça e ele caiu com um estrondo no chão, ela gritou por não poder se mexer e ampará-lo. A rainha o arrastou para fora do tabuleiro, e ela e Harry deram continuidade ao jogo. Quando as peças se abriram, ela nem queria imaginar o que havia na próxima câmara.

- Ele vai ficar bem, o que é que você acha que vai acontecer agora? – ouviu a voz de Harry perguntando-a.

- Tivemos o feitiço de Sprout, o visgo do diabo. Flitwick deve ter encantado as chaves. McGonagall transfigurou as peças de xadrez para lhes dar vida. Faltam o feitiço do Quirrell e o do... Snape.

Ela agradeceu quando viu o Trasgo no chão, e a lembrança do último Dia das Bruxas ameaçou voltar a assombrar-lhe, mas antes que isso acontecesse, haviam chegado à porta seguinte. Nada muito assustador, pelo menos não até cruzarem a soleira da porta e ficarem encurralados pelas chamas.

- Olhe! – Apanhou o papel que estava ao lado das sete garrafas que estavam em fila sobre a mesa. Leu o pergaminho e sorriu. Lógica. Que bom, ela pensou, isso prova que ele realmente é inteligente. Mas ela também é inteligente, e por essa ele não esperava. De todos os obstáculos, foi engraçado o dele ser o mais fácil de atravessar. Se a situação não fosse tão complicada, ela até riria da ironia. Mas ainda tinha o obstáculo final, e essa fôra à hora de deixar mais um amigo. Correu até Harry e o abraçou.

- Hermione!

- Harry, você é um grande bruxo, sabe?

- Não sou tão bom quanto você.

- Eu! Livros! E inteligência! Há coisas mais importantes, amizade e bravura e, ah, Harry, tenha cuidado!

Despediu-se de seu amigo e voltou atrás pelas câmaras por onde já haviam passado. Agora que já não estava mais em perigo, e Harry estava prestes a encarar sozinho o bruxo que o aguardava lá embaixo, a angustia dominou sua razão, e ela se pegou chorando. As lágrimas desciam enquanto tentava reanimar Rony e fazê-lo montar na vassoura. Queria sair logo dali e avisar ao diretor que Harry estava sozinho. Quando Rony finalmente voltou a si, voaram em disparada alçapão acima e cruzaram com Dumbledore no Saguão de Entrada.

- Senhorita Granger! Harry foi atrás dele, não foi?

Só teve tempo de confirmar com a cabeça, e viu o diretor passar como um raio por ela em direção ao corredor do terceiro andar. Ajudava Rony a se colocar em pé, mas ele parecia estar com algum osso da perna partido, e ela tinha medo que piorasse algo já quebrado. A professora Minerva correu ao seu encontro, e com um leve aceno da varinha, conjurou uma maca para Rony; ele parecia mal. Hermione desatou a falar tudo que vinha em sua cabeça, antes que a professora achasse que havia se metido em mais uma confusão.

- Acalme-se, querida. – Rony gemeu alto e Hermione novamente desatou a falar, agora com choro misturado as palavras, e a professora pôs as mãos em seus ombros. – Acalme-se, querida – repetiu. – Seu amigo vai ficar bem, preciso levá-lo a enfermaria, mas para isso preciso ter certeza que a senhorita ficará calma.

Hermione tentou, em vão, se acalmar; alguns soluços ainda escaparam de sua boca. A professora murmurou alguma coisa, fazendo movimentos com sua varinha, e poucos minutos depois uma figura vestida de negro adentrou o Saguão de Entrada. Hermione arregalou os olhos e ocultou Rony do campo de visão do professor Snape. Seu amigo estava muito indefeso; se o professor fosse fazer algum mal a ele, ela o enfrentaria antes.

- Professor Snape, trouxe o que pedi? – a professora bradou. Snape confirmou com a cabeça enquanto passava os olhos pela figura chorosa de Hermione e vislumbrava os cabelos vermelhos de Rony na maca ainda no chão, e retirou um frasquinho com um líquido amarelo-claro de dentro do bolso interno das vestes. A professora McGonagall apontou para a aluna. – É para a senhorita Granger. Fique com ela, preciso levar o senhor Weasley para a ala hospitalar.

Hermione agarrou as vestes da professora quando a viu fazer a maca flutuar e dar um passo na direção do corredor, ela não podia deixá-la sozinha com o mestre de Poções. Minerva lançou um olhar bravio a Snape, e o professor caminhou até a aluna e a afastou da professora pelos ombros. Paralisada pelo choque, Hermione deixou-se levar pelo caminho que o professor indicava, ainda com as mãos fazendo pressão por sobre seus ombros. Quando ele levou-a até a sala dos professores e fechou a porta atrás de si, a realidade caiu diante dela, e Hermione escapou das mãos dele e pôs-se a esmurrar a porta, gritando por ajuda.

- Comporte-se, senhorita Granger. – Snape tinha uma voz calma, diferente da habitual.

A garota puxou a varinha e virou de frente para o professor.

- O que fez com e-ele... Vou duelar com...

Com horror nos olhos, ela o viu caminhar até ela, e as azarações que havia lido nos livros escaparam de sua memória. Sentiu a mão forte dele novamente apertar seu braço, e a outra destampar um frasquinho que tinha tirado de suas vestes. Veneno. Começou a debater-se contra ele.

Mas que diabos essa menina tem? Havia uma norma imposta pelo diretor que proibia o uso de magia contra os alunos. Como, em nome de Merlim, eu vou obrigá-la a beber a poção? Impôs mais força no braço, mas a garota parecia estar fora de si. Puxou a varinha e a viu lançar-lhe novamente o mesmo olhar de terror que havia visto há algumas semanas atrás, na discussão sobre o castigo de Draco Malfoy. Pelo menos isso conseguiu fazê-la parar de se debater. Ele a olhou nos olhos.

- Beba.

Ela agitou a cabeça negativamente, mas não disse uma palavra, e continuou encarando-o com o mesmo olhar de terror. Snape jogou as regras para o alto e murmurou um feitiço que Hermione não conseguiu ouvir, mas que a deixou levemente sonolenta. Sentiu o professor afrouxar o aperto em seu braço e aproximar-se ainda mais dela. Destampou o frasquinho e depositou o líquido em seus lábios. Mesmo que não quisesse tomar, suas forças e vontades pareciam ter fugido dela, e sentiu um gosto levemente ácido descer por sua garganta. Uma sensação de paz invadiu-lhe no instante que o líquido todo havia sido engolido, e mais uma vez ela sentiu uma leve pressão nos ombros, conduzindo-a até uma poltrona próxima.

Suas forças voltaram gradualmente para seu corpo, mas sentia-se muito calma e relaxada para querer usá-las contra o professor, que havia sentado numa poltrona a sua frente. Ela encarou-o, e assim ficaram por alguns instantes. Ouviu a voz dele, ainda parecendo diferente da habitual, dirigir-se a ela:

- Está mais calma, senhorita Granger?

- Sim... professor.

Novamente, o silêncio caiu enquanto ele parecia analisá-la.

- Está machucada?

- Acho que não... não tive tempo ainda de me certificar.

O professor levantou-se e ajoelhou-se ao seu lado. A ponta da varinha dele acendeu com uma luzinha branca fraquinha, e ele passou-a ao redor de Hermione, que observou tudo com atenção. Na altura de seu braço esquerdo, ela viu a luz piscar e Snape levantou um pouco a manga de suas vestes para encontrar um pequeno arranhão. Por mais alguns minutos ele passou a varinha ao redor dela, a luz tornou a piscar somente mais uma vez, em um de seus joelhos. Ele andou até o armário no fundo da sala e voltou com um potinho que continha uma pomada alaranjada, espalhou uma pequena quantidade em cima dos arranhões, e quando se deu por satisfeito, voltou a sentar-se a sua frente.

Hermione achou aquilo tudo muito estranho. Por que ele está curando um ferimento meu, se havia acabado de obrigar-me a tomar uma dose de veneno?

- Poção calmante. – Apontou o frasquinho que estava na mesa. – Sente-se melhor?

Ele deve ter notado a expressão confusa em seu rosto e deduziu o que se passava. Hermione começou a sentir-se levemente envergonhada quando as atitudes do professor começaram a fazer sentido em sua mente.

- Sim, senhor... Eu... Eu poderia lhe fazer uma pergunta... professor?

- Eu devo fazer as perguntas hoje, senhorita Granger, mas devido à preocupação que está visível em seu rosto, deixarei que pergunte uma única vez.

Hermione notou que a voz do professor continuava diferente da voz fria que conservava em suas aulas. Aquele tom de voz levemente encorajador que ela ouvia, a deixou bem mais à vontade para falar com ele.

- O senhor estava... – Baixou os olhos, porém diante do silêncio dele, conseguiu continuar. – O senhor estava no alçapão do terceiro andar a alguns minutos atrás?

A compreensão tomou conta do professor, uma leve irritação subiu até sua expressão. Ele conseguiu controlá-la quando observou a figura da aluna apertando as próprias mãos nervosamente. O diretor havia acertado na conversa que tiveram quando ele apontou suas preocupações para a atitude da aluna da Grifinória. Em alguns minutos, conseguiu decifrar por que ela o olhava, a algum tempo, daquela forma. Ela havia descoberto sobre a Pedra Filosofal e deduzido que “ele” estava por trás disso.

- Estive no meu escritório o dia todo, conferindo o material de todos os alunos desse ano letivo, até o encantamento da professora Minerva chamar-me urgente ao Saguão de Entrada.

Hermione levantou os olhos e olhou para seu professor. Dentro dela, uma certeza de que ele estava falando a verdade crescia fervorosamente. O tom de voz dele estava diferente, a expressão no rosto dele também. Parecia dizer-lhe o tempo todo que podia confiar em tudo que ele dissesse, e que ele ali estava somente para acalmá-la e esclarecer o que ela quisesse saber.

- Entendo suas suspeitas, senhorita Granger. Os diretores de Casas estão cientes que os encantamentos foram violados desde que a primeira pessoa desceu pelo alçapão. Fiz um deles, sei que foi desfeito duas vezes essa noite, uma pelo verdadeiro conspirador e outra por quem queria capturá-lo. Agora, a senhorita poderia me contar o que verdadeiramente está acontecendo lá embaixo?

- Bom... Nós, o Harry, o Rony e eu, conseguimos descobrir uma série de fatos durante o ano letivo que nos levaram a acreditar que uma pessoa de confiança do professor Dumbledore estava querendo roubar a Pedra Filosofal, bem debaixo do nariz dele. Mas nós... – Hermione olhou rapidamente para Snape pelo canto do olho. – Acho que nós nos enganamos... eu não sei mais o que está acontecendo lá embaixo, e o Harry está lá sozinho com o bandido.

- Então vocês se equivocaram em algum momento... Entendo... E qual foi o engano, senhorita Granger? – A voz continuava baixa e encorajadora.

- Desculpe, professor Snape... Gostaria que o senhor não pensasse mal de nós...

- Senhorita Granger, meu ponto de vista para com os três alunos da Grifinória envolvidos nesse episódio não será alterado por nenhum fato que a senhorita venha contar-me agora. Então, essa preocupação é extremamente desnecessária.

Snape continuou observando a aluna, que agora já estava bem mais calma do que quando entrara na sala, mas ainda assim, parecia temerosa em contar-lhe sobre o incidente. Ele já imaginava o porquê, mas seria bom deixá-la falar.

- Professor, o senhor poderia manter o que conversarmos em segredo? – perguntou com ansiedade estampada no rosto.

- Senhorita Granger, não pareço ter a idade de seus amigos, pareço? Seria um elogio...

- Não, professor, de jeito nenhum... só que... que... se eu contar para o senhor à conclusão que chegamos, não estarei apenas lhe expondo meu ponto de vista... Eu só queria que o senhor não comentasse...

- Não comentarei, senhorita Granger, minha palavra basta?

- Sim, senhor. – Respirou fundo para reavivar a coragem. - Bom... Nós três concluímos que o senhor estava querendo roubar a Pedra Filosofal. Que o senhor tentou passar pelo cachorro de três cabeças no Dia das Bruxas. Que o senhor queria a Pedra, não para si próprio, mas para entregá-la a Você-sabe-quem, e que o senhor tentou matar o Harry na primeira partida de quadribol do ano letivo, e que também apitou a segunda partida para ficar mais fácil ainda matá-lo, e também que o senhor ameaçava constantemente o professor Quirrell, para ajudá-lo no roubo. E que o senhor estaria na última câmara após as chamas roxas...

- Devagar senhorita Granger, vai fazer a poção reverter. Entendo porquê chegou a essa conclusão... Mas me confirme alguns pontos.... Tudo isso que “eu” fiz a levou a pôr fogo nas minhas vestes na primeira partida de quadribol, senhorita Granger? – Hermione tremeu involuntariamente. Snape notou, mas não retirou a pergunta. Ela confirmou com a cabeça baixa. – E foi a senhorita quem lançou a azaração do Corpo Preso no Longbotton? – Ela confirmou novamente. – Então, posso concluir que também desfez o problema de lógica que escrevi sobre as garrafas? – Mais uma confirmação.

Um silêncio abateu-se sobre eles, tão longo que Hermione pensou que o professor havia saído da sala e a deixado sozinha. Esperou e esperou, até sua curiosidade aguçada fazê-la levantar os olhos para ele. Ele fitava a parede um ponto acima de seu ombro esquerdo. Ela olhou na direção para ver se ali havia algo que tivesse prendido a atenção do professor; não havia nada.

Assustou-se quando Snape se levantou da poltrona a sua frente e caminhou até a porta, e abriu-a no instante que a professora Minerva chegava ao aposento. Passou por ela sem nem ao menos ouvir o obrigado que a diretora da Grifinória lhe lançou. Minerva olhou para Hermione com um olhar interrogador, a aluna apenas ergueu os ombros indicando que não havia entendido muito mais que a professora.



Encantamento Eitha, azaração do corpo preso, resolução do problema de lógica que havia desenvolvido para impedir o acesso de um bandido que deveria, no mínimo, ser dez anos mais velho que ela. Acima do normal, até mesmo para um bruxo de família puro-sangue, quanto mais para uma aluna nascida-trouxa. Snape observava a mesa da Grifinória em festa. A comemoração era tão grande, que ninguém prestaria atenção em si. A festa da Sonserina havia sido estragada, isso não podia negar; dos pontos extras que o diretor computou, somente o da senhorita Granger pareceu-lhe merecido. A aluna era realmente brilhante, mas isso não precisava necessariamente ser explicito, ele só precisava saber.

Quando a reunião dos professores após a correção dos exames terminara, Severo voltava ao seu escritório calmamente. Os alunos iriam embora no dia seguinte e a paz voltaria a tomar conta do castelo. Esse pensamento o animava profundamente. Quando reunia o último pertence na escrivaninha, pronto para aposentar suas penas de correção, ouviu uma batidinha na porta.

Caminhou até ela e abriu. Hermione Granger estava na porta. Afastou-se para deixá-la entrar. Em silêncio, ela caminhou e sentou-se em frente a sua escrivaninha. Snape deu a volta e sentou na sua cadeira, ficando de frente para ela, somente a observando e esperando que falasse alguma coisa.

- Professor... eu... vim... – Ela suspirou. – Eu vim me desculpar com o senhor, professor Snape. Eu agi muito mal com o senhor, julgando-o de uma forma que não merecia. Eu devia ser agradecida pelo que me fez, e sou, é claro. Acho que eu... eu esqueci disso quando cheguei aqui.

- Muito bem, senhorita Granger, suas desculpas estão aceitas. Eu não imaginei que a senhorita se envolveria em tais acontecimentos quando fui apresentá-la ao Mundo Mágico, e confesso que fiquei um tanto surpreso com seu desempenho no ano letivo. Agora se me permite, tenho um estoque para arrumar.

Ele apontou o armário de ingredientes ao lado. Hermione conteve a curiosidade de olhar o estoque, havia elementos lá que ela ainda não tinha visto, mas que eram mencionados em alguns livros. Mas pareceu que Snape entendeu que ela queria observá-los de perto. Levantou-se e caminhou até ele, fazendo um sinal que ela o acompanhasse. Hermione passou os olhos por todos, demorando um pouco mais em alguns, e quando se deu por satisfeita, olhou o professor e sorriu para ele. Mesmo sem receber um sorriso de volta, a expressão tranqüila dele a deixou feliz e a pergunta saiu naturalmente.

- Poderia me dar mais algumas sugestões de leituras? Terei dois longos meses pela frente!

Snape quase sorriu com o interesse da garota, mas se conteve. Apanhou uma das penas que foram deixadas de lado mais cedo, e fez uma pequena listinha de títulos. Entregou a aluna, e observou-a sair da sala; ela estava sorridente.

- Apesar de tudo, foi um bom ano. – Suspirou.



N/A: Final da temporada de Pedra Filosofal! Ufa! Mais uma vez agradecimentos a Ferporcel, que beta essa história tão maravilhosamente, a Clau Snape e Bastetazazis, que acompanham e me deixam muito feliz com os elogios. E a todos que deixaram reviews, que são meus alimentos maravilhosos, e também aos que acompanham anonimamente, um Beijão para repor as energias para a nova fase que começa a partir do próximo capítulo. Muito obrigada!

Os seguintes diálogos pertencem à história original:

Faz alguma coisa – Harry pediu desesperado.

- Neville, eu realmente lamento muito – ergueu a varinha – Petrificus Totalus!

- Cala a boca, estou tentando me lembrar como matá-la! Visgo do diabo, visgo do diabo... o que foi que a professora Sprout disse? Gosta da umidade e da escuridão... – O nervosismo atrapalhava seu raciocínio – É... é claro... mas não tem madeira...

- VOCÊ ENLOUQUECEU? VOCÊ É UMA BRUXA OU NÃO É? – Berrou Rony.

- Isto é xadrez! A pessoa tem que fazer alguns sacrifícios! Dou um passo à frente e ela me come, isso deixa você livre para dar o xeque-mate no rei, Harry!

- Ele vai ficar bem, que é que você acha que vai acontecer agora?

- Tivemos o feitiço de Sprout, o visgo do diabo. Flitwick deve ter encantado as chaves. McGonagall transfigurou as peças de xadrez para lhes dar vida. Faltam o feitiço do Quirrell e o de... Snape.

- Olhe!

- Hermione!

- Harry, você é um grande bruxo, sabe?

- Não sou tão bom quanto você.

- Eu! Livros! E inteligência! Há coisas mais importantes, amizade e bravura e, ah, Harry, tenha cuidado!

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