Memórias



Título: Acerto de Contas – O Dossiê Haarlem

Autor:
Mari Gallagher

Contato: marigallagher(arroba)Hotmail(ponto)com ou mmaaryy(arroba)Hotmail(ponto)com, [email protected]

Shipper: Harry e Hermione

Spoilers: Livros 1 a 5

Gênero: Romance/Aventura

Status: Em andamento

Sinopse: (PÓS-HOG) Hermione está à beira do altar, pronta para casar-se e ser feliz para sempre. Mas algo faz com que ela simplesmente repense suas decisões. Harry Potter voltou, mais misterioso e charmoso do que nunca...

No capítulo Anterior...
Hermione reencontrou Harry e voltou a ver Ryan, e o mistério da morte do amigo está prestes a lhe ser revelado...



Capítulo V – Memórias



“Well I never pray

But tonight I'm on my knees yeah

I need to hear some sounds that recognize the pain in me, yeah

I let the melody shine, let it cleanse my mind, I feel free now

But the airways are clean and there's nobody singing to me now”

The verve – Bittersweet Symphony


Hermione preparou dois chocolates quentes e colou na mesa de centro à frente de Harry, que murmurou um obrigado e tomou um gole. Ela retirou o casaquinho de lã cinza que usava ficando apenas com uma camiseta de alças finas e jeans. Nunca vira Hermione tão à vontade, nem mesmo em Hogwarts. Ao mesmo tempo em que se sentia novamente em casa ao ter contato com uma pessoa tão conhecida a postura, o comportamento e até mesmo o semblante tão maduro de Hermione lhe proporcionavam um leve toque de desconhecido de estar diante de um “novo velho mundo”.

- Bem... – disse ela com certa apreensão – Pode começar a falar.
Ele pousou sua caneca na mesa de centro fez o mesmo com a de Hermione, em seguida retirou um pequenino frasco de conteúdo prateado de dentro do casaco e levantou-se. Ainda em silêncio conjurou uma bacia pedregosa sobre a mesa e despejou nela toda a substância fluida brilhante na penseira.

- Prefiro lhe mostrar. – estendeu a mão para Hermione. - Me permite?
Ela aceitou o convite e junto dele mergulhou no limbo da penseira. Sentiu-se girar cada vez mais rapidamente e o chão sob seus pés deixara de existir. Seu estômago dava voltas quando finalmente paredes se materializaram à sua volta.

Após o rodopio Hermione viu-se À porta do que parecia ser um grande escritório. As paredes, para o seu fascínio, estavam cobertas de livros. Centenas de exemplares. Era noite e o gabinete estava iluminado apenas pelo fogo na lareira. Harry caminhou puxando Hermione pela mão para o interior do lugar que estava ocupado por duas pessoas, além deles. Ela pôde ver então o divã em uma das extremidades no qual repousava uma feição conhecida. Era ele. Harry. O Harry de quem Hermione se recordava, aquele que costumava ser seu amigo anos antes. Ainda estava sob as vestes de Hogwarts e Hermione soube de quando era aquela memória. Era do dia que ela por tempos considerou como sendo o último da vida de Harry. O dia, ou melhor, a noite da batalha final.

O outro ocupante do escritório era um homem de meia idade, face sisuda, imponente e despreocupada. Os cabelos penteados para trás de forma peculiar e os olhos levemente puxados, cor-de-chá, lhe concediam um ar austero e intimidante. Ele estava parado diante do janelão, observando com atenção algo do lado de fora. Sobre o divã, o jovem Harry remexeu-se despertando do aparente sono. Espreguiçou-se com os olhos semi cerrados até que ao reparar o local estranho a sua volta sentou-se sobressaltado massageando as têmporas com uma careta.

- Onde estou? – perguntou com tom rouco.

O homem de terno marrom voltou-se imediatamente abrindo um sorriso acolhedor.

- Mr. Potter! Que bom quem acordou, esperava ansiosamente por este momento... Como se sente? – a voz dele era musical e grave.

Harry franziu o cenho olhou mais uma vez para as paredes e objetos, a respiração ofegante.

- Onde estou?? E quem é você? – falou ainda mais alto levando desesperadamente as mãos à cabeça num lamento de dor.

O homem pareceu satisfeito, seu semblante tornou-se mórbido. Em silêncio sacolejou um pequeno sino que aparentemente irritou mais o Harry jovem. Quase instantaneamente uma jovem criada irrompeu na sala, passando ao lado de Hermione. Carregava uma caneca de alumínio sobre uma bandeja, que estendeu a Harry.

- Beba, vai se sentir melhor. – disse o homem de terno marrom. – Teve uma noite muito agitada, Mr. Potter. - Harry, hesitante, aceitou a bebida e encostou os lábios na caneca. – Obrigado Martina. – agradeceu o outro a fazendo se retirar.

- Que lugar é este? Eu deveria estar em Hogwarts! O que estou fazendo aqui? O que aconteceu? E quem é você? – pestanejou assustado. – Eu... Eu estou...? – calou-se.

- Morto? – o homem completou com naturalidade. – Não.

O Harry jovem respirou aliviado.

- Não desta forma que imagina. – acrescentou o homem.

Harry franziu o cenho, confuso.

- Como assim?

- Meu nome é Ralph Carter. – fez uma pausa. – Eu sou o homem responsável por lhe conceder uma nova vida.

- O quê? Eu não estou entendendo... Eu... Onde estão os outros? – balbuciou.

- A salvo. Agora estão a salvo.

- O que aconteceu?

- Acabou, Harry. Está tudo terminado. O lorde das trevas está morto. – calou-se por um instante até que levantou a sobrancelha. – E você também.

O Harry adolescente estremeceu.

- Quê? Mas você disse que...

- Sim, eu disse. Também disse que seus amigos e todos os outros estão a salvo.

- E eles não estão?

- Enquanto acharem que você está morto, sim.

- O que quer dizer?

- Que agora, exatamente neste momento, para todo o mundo além destas paredes Harry Potter está morto. – o garoto horrorizou-se – Você está morto. É o que todos pensam.

- É algum tipo de... Piada? – retrucou o Harry jovem.

Carter resignou-se a olhá-lo com uma expressão severa.

- Não. Há um corpo e daqui a cerca de... – consultou o relógio de pulso. – ...Dezoito horas também haverá um funeral de Harry Potter, já está tudo arranjado.

- Um funeral? Meu funeral?

- Teoricamente sim.

- Do que diabos você está falando! Eu não morri! – tentou levantar-se, mas as pernas cambalearam e caiu de volta ao estofado.

- É melhor se acalmar, Harry.

- Acalmar o cacete! – berrou de volta, a voz saiu esganiçada. – Quero saber o que está acontecendo e quero saber agora!

- Se não disciplinar seu tom terei que deixá-lo e nos veremos quando estiver mais sociável. – preparou-se para sair. – Martina o levará para seu quarto. Boa Noite.

O homem se aproximava de Hermione quando a voz de Harry voltou a ecoar.

- Espere! – Carter estancou.

- Sim?

- D-desculpe. – disse fazendo um certo esforço. – Pode me falar o que está havendo? Por favor?

Carter esbanjou um discreto e satisfeito sorriso.

- É claro. – retornou ao local inicial, diante da enorme escrivaninha. – Você tem o direito de saber, e iria saber de qualquer modo. Só quero que esteja tranqüilo o suficiente para isto.

- Eu estou. – tentou não soar tão ansioso quanto realmente se sentia.

- Muito bem. – levou as mãos aos bolsos. - Você não está em Hogwarts, nem perto. Estamos em Somerset. Você foi trazido para cá quase no mesmo instante que chegou ao Hospital St. Mungus há algumas horas trás. Sua lesão não foi grave, o feitiço de Bellatrix Lestrange não o atingiu o suficiente para causar estragos irreversíveis, ela não estava mais em condições de matar sequer uma coruja quando o atacou. Você apenas ficou inconsciente e ao chegar ao Hospital minha equipe cuidou para que sem que ninguém percebesse fosse removido.

- Removido? Vocês me trouxeram do Hospital para cá? Mas por quê?

- Para salvá-lo.

- E eu posso saber de quê?

- De você mesmo.

- O quê disse?

- O trouxemos para cá Harry para sua própria segurança e para segurança dos seus amigos e de toda a comunidade bruxa. Quando fizemos isto deixamos um corpo, devidamente morto, com a sua aparência. Todos pensam que você está morto. Todos.

- Mas eu não estou!

- Não, felizmente não.

- Deixe-me ver se entendi. Vocês forjaram minha morte?

Carter parecia não esperar pela pergunta.

- Exatamente. – admitiu com um pouco de prazer inesperado. – Uma ação acima de qualquer suspeita. Você deu entrada no Hospital e os médicos disseram algum tempo depois que não havia resistido, e fim. Fim da história.

- Não consigo acreditar no que estou ouvindo. Eu não o conheço! Por que fez algo assim, quem é você!?

- É verdade, você não me conhece. Acho que ainda devo algumas explicações a respeito disto.

- É! Deve sim.

- Faço parte de uma comunidade fechada de tradição milenar chamada Consecro de Nemesis. – fez uma pausa. – Já ouviu falar da Deusa Nemesis, presumo?

Hermione teve um leve sobressalto e encontrou o olhar do amigo ao lado. O Harry adolescente se remexeu fazendo uma careta.

- Não. Quer dizer, não sei. O que tem ela?

- Nemesis é conhecida popularmente como a ‘deusa que em nome dos deuses castigava os maus’ em outras palavras “a deusa da justiça”. Ela tem uma doutrina a qual seguimos. O Consecro é uma instituição que tem como objetivo consagrar os ensinamentos de Nemesis e praticá-los.

- E o que tudo isto tem a ver comigo? – perguntou impaciente.

- Em essência nossa comunidade busca a paz onipresente. A harmonia entre as relações humanas. Coisa que há décadas temos buscado sem muito sucesso. Uma guerra explodiu, tivemos mais mortes do que nossa Irmandade poderia suportar, chegou-se a cogitar o estado total de caos, apocalipse. Esta noite, no entanto, um grande passo foi dado em busca desse objetivo. Aliás, dois passos.

- E quais foram?

- O primeiro foi a queda do Lorde das trevas. O segundo foi... A sua queda.

Harry estremeceu.

- Espere um segundo. Sua deusa castigava os maus, e eu não sou mau! Não entendo onde está o seu interesse na minha morte!

- Você me interpretou mal. Não pretendemos castigá-lo, é lógico que não, Harry, o objetivo é justamente o contrário. O que queremos é deter, cessar as batalhas e proteger os envolvidos. – Harry continuava a o olhar, confuso. – O Lord das Trevas conseguiu unir mais dezenas de Comensais no último ano. Comensais que agora foram derrotados, mas que ao contrário de seu Mestre não morreram e desejam a todo custo vingança, especialmente contra você. A guerra não acabaria caso você continuasse vivo, estaria apenas começando.

- Não... Não, não. Está enganado, não seria assim.

- Seria, Harry. Você sabe. – Harry pestanejou. – Tudo iria se iniciar. O terror, as mortes, a insegurança, tudo movido pela sede de vingança por aquele que destruiu o poderoso Lorde das Trevas. Os comensais não iam parar até que lavassem sua honra! E isto ia custar muito caro. Ia custar dor, sofrimento, lamúrias atrás de lamúrias. Era o que você desejava que acontecesse?

- E-eu... Não, isso não!

- Eu sei que não. Mas era exatamente isto que iria acontecer caso você saísse, além de vitorioso, vivo. Só existia uma chance de trazer paz e estabilidade para todos: Se os comensais não precisassem mais existir. Se você estivesse morto.

Harry balbuciou.

- N-não, as pessoas estão prevenidas agora... Tem que haver outra solução!

- Sim, claro, você tem razão. As pessoas estariam prevenidas e sem sombra de dúvidas lutariam para se defender. Mas a que custo? O custo do medo, de nunca mais conseguir ter um sono tranqüilo, de mal conseguirem viver já que suas próprias vidas teriam que se adequar à iminente ameaça de morte e destruição. – calou-se por um instante atento ao impacto que as palavras causavam no garoto.

- Eu não posso sacrificar minha própria expectativa de vida, prefiro enfrentar a todos os comensais ou quem vier!

- Eu já imaginava que dissesse isto. Mas acha que tem o direito de forçar todos a sua volta a fazer o mesmo? Não pense nas pessoas que mal ou não conhece. Pense nos próximos, aqueles que podem tanto vir a sofrer... Arthur e Molly Weasley, que o tratam como filho, Carlinhos, Gui, Fred, George e Ginny, sua namorada, Hermione Granger sua melhor amiga e todos os outros colegas de Hogwarts, Seu Professor Remo Lupin e a jovem esposa dele. Você sabia que ela espera um filho? Um filho que nascerá enquanto os pais correm perigo de vida lutando contra comensais? - Harry ouviu tudo num silêncio funeral, observava o chão, como se lá estivesse a própria imagem dos nomes que Carter citava. Seus olhos começavam a marejar. – Lembre-se de Lílian e James, seus pais, Cedrico Diggory, Sirius Black, Alvus Dumbledore e Ron Weasley... Todos mortos. É apenas aflição e morte o que deseja para os que ainda estão vivos? É o que quer para eles?

- Nunca, nunca! – disse com veemência.

- Então é conosco que concorda. Para salvá-los você tem que deixá-los.

- Mas... Eu... Como pode pedir para que me afaste deles? São as pessoas que amo!

- E é por este amor que lhe proponho o sacrifício de esquecer sua antiga vida e começar uma nova a partir de agora. Com o tempo restará a seus amigos a boa lembrança da pessoa generosa que você foi pra eles, o seu gesto jamais será esquecido e ainda terá a chance de viver com a certeza que aqueles que ama estão bem, sendo felizes. Você quer vê-los feliz?

Silêncio. Harry ainda encarava o chão como que a se resignar com o próprio destino.

- Sim. – uma lágrima escorreu pela face de Harry e também pela de Hermione. -Eu quero muito.

Ela olhou para o Harry adulto a seu lado. Ele observava a cena imperturbável, mas uma comunicação silenciosa se deu entre os dois, por aquele instante eles conseguiram se compreender, mesmo que Harry parecesse aflito e Hermione inconformada com a decisão tomada naquela noite.

- Então, fará o que é necessário?

O garoto engoliu seco.

- Sim. – a voz saiu rouca e trêmula. – Farei o que for necessário para que meus amigos sejam felizes.

Ralph esbanjou a expressão mais satisfeita da noite.

- Tomou uma decisão admirável, Mr. Potter. – abriu os braços num gesto de congratulação. – Seja bem vindo ao seu novo lar.

O sorriso realizado de Carter foi interrompido pela mão de Harry que puxava Hermione para fora.

- Vamos. – ele murmurou.

A imagem do suntuoso escritório se distorceu quando em um corrupio vertiginoso foram puxados de volta à sala do apartamento de Hermione. Embora segura por Harry as pernas dela estavam ligeiramente trêmulas, por isso deixou-se cair no estofado quase sem fôlego. Detestava penseiras.

- Meu Merlin. – murmurou para si mesma. – Como isto foi acontecer?

Harry sentou-se diante dela e rapidamente livrou-se da penseira guardando o líquido fluido de volta no pequeno frasco.

- Eu me perguntei a mesma coisa por anos. – disse de forma reflexiva. - Nem preciso dizer que me arrependi da ‘admirável decisão’, não é? Me deixei levar por uma chantagem emocional patética!

- Harry...

- É claro que queria o bem de todos vocês, por isso cedi, pela felicidade de todos. Mas nunca pensei que seria tão... Difícil ficar longe.

- Nós sofremos muito, Harry. Eu nunca... Nunca quis aceitar. Quando aconteceu com Ron só a certeza de que ainda tinha você me conformou. E quando o vi naquele dia em Buxton foi como se... Recobrasse minhas esperanças. Senti muito a sua falta.

- Eu também senti. – e sorriu de forma confortante.

- Prometa que não vai mais fazer nada parecido ‘pela nossa felicidade’.

- Prometo que farei outro tipo de coisas...

- Espero que sim. – ela calou-se por um instante, pensativa. – Harry... Há mais do que isso que vimos, não há? Quer dizer... Posso estar enganada, mas, não acreditei nem um pouco nos motivos que estas pessoas supostamente usaram para encenar a sua morte!

- Você está certa... Há muito mais, Hermione. Muito mais. Após a cena que assistimos, eu me estabeleci naquela casa, com uma nova identidade, e com o passar dos anos me convenci totalmente de que aqueles não eram os reais motivos da farsa. Carter usou os argumentos certos na hora certa para me persuadir a aceitar as condições, mas ficou bem óbvio que o interesse dele não era pregar a paz mundial.

Com um toque de varinha Hermione esquentou as canecas de chocolate que ainda estavam no mesmo lugar que haviam deixado.

- Seria um objetivo nobre demais para um ato tão baixo. – estendeu a caneca para Harry.

- Obrigado. – tomou um gole. – Hermione, mesmo após todos estes anos eu não consegui descobrir o que fez Carter e os outros forjarem a minha morte. É um mistério até agora indissolúvel que eu pretendo desvendar a todo custo. – fez uma pausa. - Você já ouviu falar do ‘Consecro de Nemesis’?

- Claro que sim. O Ministério reconhece como uma Associação beneficente...

-... Da alta elite. – concluíram os dois juntos. – Eu sei. Saiu no anuário comemorativo do Profeta Diário, com exatamente estas palavras. Eu acompanhei.

Hermione surpreendeu-se com a precisão com a qual Harry relembrava das palavras exatas.

- Isso mesmo.

- Apesar de condescendente demais a afirmação não é mentirosa. É uma associação da Alta Elite, de fato. Mas não se trata de uma associação beneficente de velhos ricos adorando uma deusa, como se supõe. Não é nada disso. Consecro de Nemesis é uma seita secreta muito bem organizada e... Muito perigosa também.

- Você quer dizer que...

- A história, as reuniões com intuito religioso e os objetivos politicamente corretos são todos embustes. Encenação. Há bilhões de interesses pessoais mascarados na comunidade, e em dez anos de convivência pude assistir a pelo menos uma dúzia de ações ilícitas e criminosas da mais alta gravidade envolvendo os cabeças do Consecro.

- Harry... O Consecro é considerado uma organização religiosa e por isso é altamente respeitada pelos agentes da Lei, às vezes, ou melhor, na maioria das vezes são até colocados acima de suspeita! O que está dizendo é muito sério e importante.

- Eu sei disso. A sociedade é unânime quando aprova o Consecro, eu vejo acontecer todos os dias, mas estão todos terrivelmente enganados. – levantou a sobrancelha para ela. – São criminosos, Hermione. O que praticam não se trata de qualquer tipo de delito. São coisas pesadas, muito pesadas. E quando falo isso me refiro aos atos mais hediondos.

- Eu teria conhecimento de algum? – ponderou.

- Tenho certeza que tem conhecimento de todos. Muitos deles são investigados pela sua equipe. – ela se espantou. – Por exemplo, suponho que conheça o caso Devon?

Hermione fez um gesto de impaciência.

- É claro que sim! Foi arquivado semestre passado por falta de provas e a explosão foi considerada acidental. – disse rapidamente. – Você não está querendo dizer que o caso tem alguma coisa a ver com...

Harry assentiu.

- Não foi acidente. A explosão foi provocada. Os Devon eram membros do Consecro e foram eliminados por designação do Alto Comando, eles sempre foram uma pedra no calçado dos chefes da Irmandade. – falou com naturalidade.

- Harry esta acusação é... Estrondosa! – exclamou excitada. – Se você tiver como provar o que diz, será um escândalo! Você tem?

- Como provar? – ela concordou com a cabeça. – Lógico que sim. Não só esta, mas todas as outras acusações que ainda farei.

- O que está pretendendo fazer?

Ele tomou outro gole de chocolate então respirou fundo.

- Acabar com eles. – respondeu seriamente. – Antes que acabem comigo.

- É um grande risco.

- Eu sei, eu sei disso. Mas Hermione, quando abandonei Somerset já estava jurado de morte pelo Consecro. Agora não dá para voltar atrás. Eles sabem que sou uma bomba relógio prestes a explodir a qualquer momento. Por isso vieram atrás de você. Está em perigo. Não só você, mas todas as pessoas que conheço. Os caras vão fazer de tudo para me pegar e desarmar a bomba. Preciso correr o risco, entende?

- Claro, claro. – disse receosa.

- E vou precisar da sua ajuda.

- Harry, você pode contar comigo para tudo que precisar. É só dizer o que exatamente você quer fazer. – ela falou imediatamente.

- Obrigado. – respirou fundo. – Primeiro eu tenho que fazer com que se torne mais difícil que eles tentem algo contra mim. E só vejo um modo para que isto seja possível.

- Que modo?

Ele sorriu, discretamente.

- Publicidade.

Hermione também abriu um sorriso.

- É claro...

- Matar alguém que já está morto é fácil. Mas não alguém constantemente sob o olho da mídia.

- Sim, são os melhores guarda-costas!

- Ou seja, o primeiro passo é acabar com a farsa da minha morte. O mundo inteiro saberá que estou vivo e muito em breve também saberão por quê. Para isso preciso descobrir o motivo da farsa armada por Carter e uma prova concreta e incontestável, que em algum lugar deve existir.

- Estou entendendo.

- E tem uma parte que vou realmente precisar de você... Quero que me leve ao Ministério. Vou contar tudo que sei, fazer uma denúncia oficial, e colocar a investigação nas mãos da pessoa que mais confio. - sorriu. – Você obviamente.

- A cada instante gosto mais do seu plano. Quando faremos isto?

Harry calou por um tempo se concentrando.

- Em breve. – olhou o relógio. – Hermione, eu tenho que ir agora. Tenho alguns assuntos a resolver antes de colocar este projeto em prática. A realidade é que não pretendia procurá-la até que tivesse tudo planejado, mas este ataque hoje fez com que adiantasse minha volta. Ficarei fora por um tempo.

- Fora? – ela o olhou, desanimada. – Para onde você vai e por quanto tempo?

- Escute, eu não posso dizer para sua própria segurança. Mas não se preocupe eu ficarei bem... Preciso resolver algumas coisas pendentes, talvez tenha que deixar o país por alguns dias...

- Harry! Por quanto tempo?

- Não sei ao exato, talvez algumas semanas. – ela fez um muxoxo. - Por favor, não fique se preocupando. A primeira coisa que farei quando voltar será procurá-la, eu prometo. Agora prometa também para mim que tomará cuidado... Faça tudo que estiver ao seu alcance para ficar mais segura.

- Claro, eu farei. Mas pelo menos me diga onde você está morando...

Ele sorriu vagarosamente.

- Logo você saberá. – levantou-se e foi até ela. Tomou as mãos de Hermione nas suas e as beijou.

- Harry... – disse já o abraçando. – Tome cuidado! Não agüentarei ir a outro funeral.

Ele riu.

- Você não irá, pelo menos não por enquanto! – soltaram-se. Ele levantou e vestiu o sobretudo. – Até logo.

- Não se esqueça do que me prometeu.

- Acredite, não esquecerei.

E após mais um sorriso desaparatou da frente de Hermione.

Ela olhou ao redor como que procurando vestígios da sua costumeira vida perfeita de alguns dias atrás. Extasiada confirmou que aquela vida se fora, jamais voltaria. Curiosamente isto não a entristecia nem um pouco. Respirou fundo afundando-se entre as almofadas.

- Estou sonhando?



XXX

TO BE CONTINUED

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