De volta à vida real



Título: Acerto de Contas


Autor:
Mari Gallagher


Contato: marigallagher(arroba)Hotmail(ponto)com ou mmaaryy(arroba)Hotmail(ponto)com


Shipper: Harry e Hermione


Spoilers: Livros 1 a 5


Gênero: Romance/Aventura


Status: Em andamento


Sinopse: PÓS-HOG Hermione está a beira do altar, pronta para casar-se e ser feliz para sempre. Mas algo faz com que ela simplesmente repense suas decisões. Harry Potter voltou, mais misterioso e charmoso do que nunca...


No post anterior...

Hermione abandona o altar após ver Harry - que pensava estar morto - na cerimônia de casamento, sua cerimônia de casamento.





Capítulo I – De volta à vida real






“I close my eyes

Only for a moment,

And the moment's gone.

All my dreams,

Pass before my eyes, a curiousity.

Dust in the wind,

All they are is dust in the wind.”

Scorpions – Dust in the wind






Hermione embarcou no primeiro trem de volta para Londres, ainda vestida de noiva. Ao chegar em casa, ignorou todas as corujas e mensagens acumuladas em sua lareira, trocou de roupa e saiu. Não sabia exatamente para onde deveria ir, mas precisava falar com alguém. Harry. Tinha visto Harry! Como era possível? Harry havia morrido praticamente diante de seus olhos! Tinha ido a seu funeral, chorado dia e noite durante anos a perda, inconformada por não ter podido defendê-lo do feitiço mortal lançado por Bellatrix Lestrange. Nunca havia aceitado completamente a morte do amigo que amara desesperadamente. E agora, dez anos depois da Batalha Final vira Harry, em carne e osso. Apareceu em seu casamento, e definitivamente não está morto! Sequer tinha parado para avaliar a amplitude de sua sandice de fugir do casamento, aquilo não vinha ao caso no momento. Estava extasiada e ao mesmo tempo aturdida com o que vira e com o que fizera.

Retornou para casa após dar voltas sem sentido no bairro e preparou um chá calmante para si mesma. As corujas continuavam a chegar, apenas uma prévia do que Hermione era consciente que estava prestes a enfrentar. Imaginou que em pouco tempo começariam a aparecer pessoas ali, em seu apartamento que ficava em Mayfair. Na verdade, bem antes do que esperava escutou as batidas na porta. Pelo olho mágico constatou que era Luna, sua melhor amiga, que a essa altura da vida já estava razoavelmente elegante e sensata. Hermione voltou, sentou-se no estofado e gritou:

- Pode entrar!

Luna caminhou apreensiva e puxou uma cadeira sentando à frente de Hermione. Ficou em silêncio com uma expressão interrogativa.

- Hermione... O que aconteceu? - indagou quase num murmúrio.

Ela esperava por uma explicação. Sim, e não apenas ela, mas todos que estavam em Buxton. Mas, como? Como explicaria sem parecer insana o que havia acontecido? Pelo sim e pelo não para Luna não poderia mentir por muito tempo, muito pelo contrário. Ela era a única com quem sabia que poderia revelar o fato inesperado.

- Eu... - disse após alguns minutos. - Eu vi Harry.

Luna pestanejou várias vezes.

- O quê disse?

Hermione suspirou. Não ia ser fácil, deveria ter imaginado.

- Harry. Eu o vi. – disse rapidamente. – Parece inacreditável, mas ele estava lá, no casamento!

A loira a olhou com um misto de perplexidade e piedade.

- Hermione... - balbuciou. - Harry está... Morto.

- É, eu sei, ele deveria estar! - disse nervosa. - Mas não está Luna, não está! Eu o vi! Você precisa acreditar, estou falando sério!

- Mas Hermione...

- De alguma forma, que eu não sei explicar ainda qual é, ele não morreu! – a loira ainda a olhava com incredulidade. - Acha que eu inventaria uma coisa dessas? Ou que eu sairia do meu próprio casamento sem mais nem menos? Harry apareceu lá, Luna! Eu o vi exatamente alguns instantes antes de sair correndo. Demorou um pouco para que tivesse certeza, mas quando ele se aproximou por entre os arvoredos eu tive certeza! Era ele. Ele estava lá!

Luna teve um sobressalto.

- Ah... Então foi por isso! Por isso você desistiu do casamento?

- Não... É claro que não, eu só... - ela hesitou. - Quer dizer, eu não sei.

- É claro que sim! Olha, Hermione, você sabe que nesse mundo eu não duvido de nada, e se você me garante que viu Harry, eu acredito que ele esteja vivo. Na verdade, sempre achei as circunstâncias da morte dele suspeitas. Até disse isso a você!

- Eu sei, você disse inúmeras vezes, e eu ignorei.

- Mas mesmo assim, me soa muito fantástico o fato de ele não ter morrido! Já tem dez anos Hermione! E por que Harry simularia a própria morte!?

Ela respirou fundo.

- Eu também gostaria muito de saber.

- Isso tudo está muito estranho... Ele morre e depois aparece justamente no meio da sua cerimônia de casamento! Não faz sentido e ao mesmo tempo faz sentido.

Hermione sentiu uma pontada acima do estômago.

- o que você quer dizer com isso?

- Mione... Não haveria situação mais oportuna para uma aparição de alguém que desejasse vê-la. Seu casamento está sendo noticiado em todas as colunas sociais há pelo menos dois meses! Qualquer pessoa no mundo ficaria sabendo de tudo com facilidade, e poderia tentar chegar na cerimônia, sorrateiramente. Londres em peso estava lá, e boa parte de nata européia também. Não se esqueça que seu noivo é bem influente.

Com a menção do noivo, Hermione teve um leve sobressalto.

- Como... Como Ryan está? - perguntou com receio. Luna fez uma careta.

- Está desolado.

- Ah Merlin! Eu preciso falar com ele, preciso explicar o que houve!

- E que explicação você pretende dar a ele Hermione? Que desistiu de casar porque seu grande amor do passado que deveria estar morto resolveu aparecer pro casamento?

- Não Luna! Harry não é meu... – hesitou. - Grande amor do passado!

- Ah não?

- Lógico que não. Sinceramente não sei quantas vezes terei que repetir!

- Tudo bem, deixemos isto de lado. Como pretende então explicar que desistiu de casar com o Ryan?

Hermione sentiu-se zonza ao ouvir as palavras ‘desistir’ e ‘casamento’.

- Eu não desisti de casar com o Ryan, eu só... Não podia continuar nessas condições! - Luna levantou a sobrancelha. - Espero que ele entenda...

- E quando vai procurá-lo?

- Logo. Mas antes eu tenho que descobrir o que aconteceu com Harry. Preciso achá-lo!

- E como planeja fazer isso?

- Não tenho idéia... Mas de uma coisa eu sei, ele está na Inglaterra!

Despediu-se de Luna, após garantir que estava bem, e foi para a cama muito cedo. Estava exausta, mas mesmo assim não conseguiu adormecer com facilidade, tendo uma noite conturbada cheia de sonhos e pesadelos. Em um deles, sonhou que escavava o túmulo de Harry e encontrava Ryan, morto, vestido como na cerimônia de casamento. Ele se levantava, como um zumbi, e dizia que Harry o havia matado. Acordou de manhã, grata por finalmente a noite ter acabado. Naquele dia nublado, após a noite de núpcias, deveria estar embarcando com Ryan para a Grécia. Ah, como haviam sonhado com aquela viagem, planejado cada detalhe com minúcia. Mas não haveria lua de mel, portanto, os dias de dispensa estavam cancelados, teria que ir trabalhar normalmente.

Hermione era auror formada, e trabalhava no ministério, no quartel general de aurores como Investigadora, um emprego que amava loucamente.

Quando irrompeu no corredor do quartel general, foi fulminada por olhares curiosos, cépticos e inquisidores de todos, inclusive de quem não estava na cerimônia. Sentiu-se muito constrangida e passou sorrateiramente pelas pessoas, murmurando bom dia apenas para quem lhe cumprimentava. Deu graças ao chegar na sua sala. Tinha que pensar. Sim. Tinha que achar um modo de resolver aquela bagunça, com método e bom-senso. Começou a se fazer perguntas chave. Era realmente possível que a morte de Harry fosse uma fraude? Se sim, como tudo teria acontecido? Quem havia planejado? E principalmente, por quê? Não achava que Harry pudesse arquitetar tudo sozinho, então ele fora ajudado por outras pessoas. Pessoas de confiança, além dela e Ron. Quem seriam essas pessoas? Avaliou uma lista de nomes aleatória de possíveis amigos, muito influentes, que teriam tomado parte na fraude. A Ordem inteira, talvez? Não... Arthur e Molly não encenariam algo assim. De repente, algo martelou em sua cabeça. Levantou-se resignada e saiu de sua sala. Rompeu alguns corredores, ignorando os comentários e olhares maliciosos, e entrou na sala do diretor do quartel general sem bater.

- Bom dia!

O homem grisalho, bigode, expressão vivaz, que fumava um charuto, apesar de acostumado com as entradas súbitas da auror sobressaltou-se.

- Hermione! - olhou-a com preocupação. A mulher sentou-se. – Hermione... O que deu em você ontem?

Ela sorriu.

- Eu pirei. - O homem parecia escandalizado. - Olha só Remo, não vim aqui pra falar sobre o meu "quase" casamento. Tenho um assunto sério para tratar com você.

Lupin tragou o charuto e acomodou-se melhor na poltrona.

- Tudo bem. Estou ouvindo. - ela o olhou fixamente.

- Remo, nós trabalhamos juntos há muitos anos e sabe que eu o tenho como um segundo pai. - Lupin ostentou uma expressão ainda mais preocupada e acenou com a cabeça positivamente. - É levando isso em consideração que peço que seja absolutamente sincero comigo.

- Claro que sim. Mas fale, já está me deixando ansioso!

Ficou em silêncio por alguns segundos captando o olhar de Lupin.

- Quero que me conte toda a verdade sobre a morte do Harry. - ela pediu lentamente. Lupin franziu o cenho.

- Como assim, Hermione? Ninguém sabe melhor do que você! Você estava lá!

- Estava, sei que estava. Mas não sei que feitiço o atingiu, e curiosamente ninguém sabe! O que eu vi foi Harry ficar inconsciente ao duelar com Bellatrix Lestrange e depois ser levado por você e Tonks para St. Mungus. Eu não o vi mais! Apenas recebi um comunicado de que meu amigo estava morto, e fui a um funeral de caixão fechado! - ela falou com tom indignado.

- O que está querendo insinuar?

- Me diga você. - retorquiu de imediato. Lupin hesitou. - Eu quero a verdade!

- Tudo o que sei foi o que acabou de dizer.

- Eu não acredito em você. - Hermione levantou e apoiou as mãos no birô de mogno. - Não sei o que faz com que você tenha me omitido uma coisa tão importante como essa!

- Hermione, se acalme! Não houve omissão alguma! - ele também se pôs de pé. Hermione sorriu, irritada. – O que está havendo? Do que você suspeita?

Ela rangeu os dentes.

- Remo, lhe dei a chance, pedi que fosse sincero, e acredite, tenho meus motivos para crer que você não está sendo! - disse dando as costas para o chefe.

- Hermione! - ele chamou.

- Tenha um bom dia! - falou antes de bater a porta atrás de si.

Retornou à sua sala, bufando. Os burburinhos haviam aumentado e de repente o escritório inteiro parecia muito interessado na edição do Profeta. Todos liam, comentavam, apontavam ou miravam Hermione e em seguida escondiam as páginas. Estava começando a ficar aborrecida. Pegou sua própria edição do jornal e observou. A mesma ladainha de sempre, a não ser por...

- “Ryan Louis Carmichael abandonado no altar por noiva fugitiva”? – leu a nota na coluna social. – Era só o que me faltava!

Não terminou a notícia. Amassou a edição e atirou no lixo. Andou de um lado para o outro massageando as próprias têmporas, até que apertou compulsivamente uma campainha sobre a mesa. Segundos depois, uma mulher morena, cabelos pretos, curtos, e óculos de largas hastes entrou quase correndo parando à sua frente.

- Sim, Hermione, chamou?

- É claro que sim, Jude! - respondeu rispidamente anotando algumas palavras freneticamente em um pergaminho sobre o birô e entregando à secretaria. - Quero que traga tudo que há sobre isso nos arquivos. TUDO. Fui clara?

A mulher observou as letras levantando a sobrancelha.

- Sim... Reluzente! - ajustou os óculos e sorriu. - Você quer para quando?

- Para ontem! - respondeu com rigidez. - A propósito... O que você ainda está fazendo aqui?

Jude teve um sobressalto, acenou positivamente para a chefe e saiu. Ficou inquieta no decorrer das horas que esperou pelo resultado de sua solicitação, sequer almoçou, tomou apenas um lanche. Na metade do horário de almoço Jude retornou com uma pilha de pastas e documentos.

Hermione passou a tarde inteira examinando os autos do inquérito da morte de Harry o relato era simples e conciso, conciso até demais.

"Atingido por feitiço mortal às 22:45 - Socorrido às 22:57 - Deu entrada no Hospital St. Mungus às 23:19 já desprovido de funções vitais."



Procurou incessantemente por detalhes que lhe tivessem passado desapercebidos.



"Sem ferimentos ou cicatrizes"

"Recebido por equipe medibruxa de plantão"

"Bellatrix Lestrange... [...], ré confessa. Condenada à prisão perpétua em Azkaban."

"Processo arquivado."




Ela fechou a última pasta e escreveu três nomes num pergaminho.



Meryl Ashby

Clark Grant

R.L. Carter

Investigar




Virou de costas para o birô na cadeira giratória, pegou sua varinha e apontou para uma espécie de tela semitransparente sustentada por duas hastes de metal prateado.

- Dominic Stratton Leavis, diretor de Azkaban.

O véu tornou-se encarnado e foi invadido de um lado a outro por raios dourados. Alguns momentos depois a face de um homem de meia idade, cabelos castanhos com fios grisalhos, barba espessa, trajes formais, expressão impassível e atraente se materializou entre as luzes.

- Hermione Granger. A que devo a honra? - sua voz era ligeiramente fanhosa.

- Olá Dom. - o homem sorriu.

- Acho que me identificador está com defeito. Aqui diz 'chamada de Hermione Granger, local: Ministério da Magia'... - disse ele intrigado.

- Não há defeito algum. - interrompeu Hermione, sem graça.

- Você não deveria estar na Grécia hoje Sra. Granger Carmichael?

- Houve um... Imprevisto. - justificou.

- Hum... Estou vendo. Mas, em que posso ajudá-la?

Hermione assumiu uma postura mais séria.

- Preciso que agende uma entrevista com Bellatrix Lestrange para o quanto antes!

Dominic franziu a testa e consultou alguns papéis.

- De que se trata? - ele tinha um tom preocupado.

- Ah, nada de catastrófico, apenas gostaria de tentar extrair mais alguma coisa sobre os Vingadores. - respondeu dando de ombros.

- Você é realmente muito insistente. - Hermione sorriu. - Amanhã as três está bem?

- Ótimo, está ótimo!

Despediram-se e Hermione voltou para casa antes do fim do expediente. As corujas acumulavam-se sobre seus móveis, voltou a ignorá-las. Ainda não estava nem um pouco disposta a enfrentar este outro assunto. Só uma coisa a preocupava no momento. Descobrir onde ele estava. Foi tomada por pânico ao imaginar que exatamente naquele instante Harry estava em algum lugar no seu mesmo país, quem sabe até na mesma cidade, e ela estava desarmada, sem poder fazer nada para encontrá-lo imediatamente. Desistiu de brigar consigo mesma por não ter feito algo antes, anos antes, deitou-se quando passava um pouco das onze.

O Sono estava mais tranqüilo, praticamente sem sonhos. Penetrava na atmosfera de um paraíso onírico quando o som irritante da campainha tocando repetidas vezes a despertou. Olhou o relógio: uma e quinze da manhã. Levantou num misto de confusão e aborrecimento, vestindo o robe cor de vinho. Abriu a porta. Era Jason Bell, auror do quartel general.

- Prenderam um integrante dos Vingadores. - disse o belo Jason, sem cerimônias.

Hermione acordou de vez.

- Quem? - perguntou com ansiedade.

O homem respirou fundo e deu a resposta que justificava perfeitamente a interrupção de seu sono.

- Virgínia Malfoy.



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N/A – Aqui está o primeiro capítulo. Acho que vocês repararam que eu estou adotando um método diferente nesta fic. Os capítulos serão menores, num ritmo rápido, para que a narrativa não se torne cansativa. Ademais isto, eu pergunto, o que estão achando? Aceito sugestões e reclamações! Bjinhus!

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