Uma Triste Realidade



Cedrico. Diggory. Cedrico Diggory. Ced.
Harry estava sem um pingo de sono. Aquela noite tinha sido incrível – fora apenas a segunda vez que ele teve a oportunidade de transar com Cedrico. Agora estava sentado na sala comunal enquanto todos os outros grifinórios estavam dormindo. Segurava um exemplar do livro "Hogwarts – Uma História" em suas mãos. Ele não estava estudando mas o livro foi a primeira coisa interessante que viu na sala comunal quando desceu de seu quarto sem sono. Não sabia de quem era o livro, tampouco se importava. Começou a escrever o nome de Cedrico várias vezes, como se aquilo fosse capaz de tirar a imagem rosto do garoto de sua cabeça.
Cedrico. Diggory. Cedrico Diggory. Ced.
- Por Merlin! O que que eu to fazendo? Pareço uma criancinha apaixonada! – começou a riscar o que tinha escrito ao perceber o quanto seria estranho se alguém abrisse aquele livro e visse o nome de Ced escrito inúmeras vezes. Muito pior! Rony e Hermione conheciam sua letra e, caso vissem aquilo, iam achar ainda mais estranho.
Harry Potter estava apaixonado. Ele não entendia de onde surgiram esses sentimentos estranhos e nem porque eles escolheram o popular Cedrico Diggory como vítima de suas aspirações. Harry começou a conversar com Cedrico apenas nesse quarto ano, quando conheceu ele no Torneio Mundial de Quadribol. A primeira vez que viu Cedrico, Harry gostou de olhar para o garoto, mas não sentiu nada demais. Sempre que podia, ele encarava Cedrico durante seus encontros no salão principal. Se sentia meio bobo, sentia medo de cumprimenta-lo – parecia que tudo que ele fosse dizer seria reprovado por Cedrico. Mas quando conversaram pela primeira vez – “Nossa, como foi maravilhoso” – pensou ele. E sempre que podia tirava férias de de suas preocupações escolares e voldemortianas para pensar como seria bom se ele pudesse beijar Cedrico Diggory e o que aconteceria depois.
Alguns dias atrás, porém, Harry viu Cedrico passar de um simples conhecido seu para o grande amor de sua vida. Ainda não tinha trocado palavras suficientes para ele tivesse certeza disso, mas Harry se envolveu sentimentalmente e sexualmente de uma maneira tão forte com Cedrico que em menos de uma semana já pensava assim. Será que Cedrico também gostava tanto assim de Harry? Mas ele não tinha um caso com Cho? Será que para ele Harry não tinha sido apenas uma diversão? Como isso poderia acontecer sendo que eles transaram apenas duas vezes?
Dúvidas atormentavam a cabeça do menino que sobreviveu quando, de repente, Harry destraiu-se com um barulho que vinha da entrada da sala comunal.
- Preciso entrar, POR FAVOR!
Harry reconheceu a voz de Cedrico. Sabia que a mulher gorda não abriria nenhuma exceção, e resolveu ajudar o rapaz.
- Calêndula Flamejante. – disse Harry e instantaneamente a porta se abriu
Um Cedrico desesperado apareceu.
- Ced? O que aconteceu?
- Harry, vamos ali fora conversar, tem que ser rápido e dessa vez ninguém pode nos ouvir.
- Tá... tudo bem... mas aconteceu alguma coisa?
Diggory não respondeu, apenas saiu da sala apressadamente e sem conferir se Harry estava vindo atrás.
- Como você conseguiu chegar até aqui? – perguntou Potter ao pararem em frente a primeira estátua que encontraram.
- Sou monitor... a gente acaba descobrindo onde ficam as outras casas. Mas isso não importa. O problema é que o Draco Malfoy viu a gente no banheiro. Ele estava lá. Ele viu. Harry... ele estava lá.
- O Draco? c-como isso? como assim?
- Ele chegou antes. Ele ficou escondido. Ele me obrigou a...
- O QUE ELE TE OBRIGOU A FAZER?
- Ele me obrigou a chupa-lo. Desculpa Harry... eu fiz isso por nós... eu acreditei que se eu fizesse o que ele pedisse sem hesitar ele esqueceria o que viu – ou pelo menos teríamos mais tempo para lidar com a situação.
- Você não precisava...
- Ele me chantageou! Disse que iria contar para Dumbledore se eu não o obedecesse!
Por alguns segundos o ambiente ficou silencioso. Cedrico olhava para baixo. Harry direcionava seu olhar para a estranha estátua que estava ao lado dos dois rapazes. O olhar maravilhado e cheio de esperança do jovem Potter de alguns minutos atrás tinha desaparecido – ele aparentava ter tido uma decepção irremediável.
- Faz muito pouco tempo que eu comecei a me envolver com você Cedrico, mas os poucos momentos que passamos juntos foram muito significativos. Eu não teria medo que os outros soubessem do meu sentimento por você e em seu lugar eu jamais teria feito isso para o Draco.
- Harry...
Mas Cedrico ficou sem palavras quando viu uma lágrima escorrer dos reluzentes olhos verdes de Potter.
- Harry – continuou depois de alguns segundos – eu... eu gostaria que fosse assim. Também gostaria de contar para todos o quanto eu gostei desses momentos que passamos juntos. Mas não posso. Meu pai não aceitaria. Meus amigos não aceitariam. Pode parecer bobo... mas não pensei de parar nisso logo depois da primeira vez que a gente transou. Você sabe como os bruxos são... suas mentalidades conservadoras...
- Eu sei. – interferiu Harry – eu também pensei nisso. Mas pensei que talvez, tendo você ao meu lado, não precisasse me preocupar com os outros.
- Acho que eu não suportaria o preconceito...
O silencio tomou conta do corredor mais uma vez.
- Malfoy se revoltou.
- O quê?
- Depois que eu fiz o que ele pediu – e no momento que Cedrico disse isso ele viu Harry desviar o olhar novamente – depois que eu fiz o que ele pediu, ele se revoltou, disse que eu não deveria ter obedecido as ordens dele e disse que amanhã todo mundo vai ficar sabendo.
- Ta aí! – disse Harry com um ar de insatisfação – vocês dois são iguais. Ele pelo jeito também ficou com vergonha por ter se envolvido com você, e agora vai descontar a raiva dele na gente. E você ta desesperado... não é?
- Harry... ninguém pode saber. Ninguém iria aceitar...
- Tudo bem. – interrompeu Harry como se tivesse chegado a uma conclusão – eu faço isso por você... e eu gosto muito de você Ced. Eu não preciso assumir o que sinto para o mundo inteiro, apesar de ter muita vontade de fazer isso. Eu me contento com a sua presença ao meu lado. Eu me contento em poder vê-lo sorrindo pra mim.
- Eu gosto muito de você Harry. – e o menino que sobreviveu retribuiu com um sorriso – amanhã, vou tentar impedir Draco de contar o que viu. Se eu não conseguir e ele contar para Dumbledore ou para quem quer que seja... teremos que negar... tudo bem?
- Tudo bem. – respondeu Harry, com frieza.
- Preciso ir, já demorei demais.
Harry e Cedrico deram um abraço demorado. Potter não queria se desvencilhar do corpo de Cedrico. Era tão gostoso, era tão aconchegante, ele se sentia tão protegido e amado que permaneceria abraçado pelo resto da vida. Uma das mãos de Cedrico levantaram a cabeça de Harry que estava acomodada sobre o peito de Ced. Harry olhou os lábios de seu amigo e esperou que ele o beija-se. Sentiu primeiro uma língua úmida tocar sua boca, até que ambos garotos pareciam um só. Harry passava sua língua pelos dentes de Ced, pela língua do garoto, pela sua gengiva, como se nunca mais fosse poder beija-lo novamente e tentasse extrair o máximo de sensações de pudesse da boca de Cedrico. Diggory interrompeu o beijo com um olhar de arrependimento como se quisesse beija-lo até amanhecer.
- Preciso ir. Por pelo menos alguns dias, irei agir como se a gente nunca tivesse conversado. Ok?
- Ok.
- Te amo.
- Eu também - sussurou Harry - espera... EU TAMBÉM TE AMO.

***

Harry subiu as escadas do seu dormitório. Tirou sua camiseta para vestir o pijama. Deitou-se de lado na sua cama e começou a pensar. Viu sua camiseta jogada no chão e esticou a mão para pega-la de novo. O cheiro do perfume de Ced ainda estava lá.
Harry amassou a camiseta e colocou-a do lado de seu travesseiro como se isso fosse ajuda-lo a sonhar com um final feliz para ele e para Cedrico.

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