O Último Suspiro



O sol já banhava a mansão dos Malfoys quando Draco acordou atordoado. Ele olhou para os lados e viu-se deitado no quarto dos pais. Um pesar imenso instalou-se no seu peito, fazendo-o ter vontade de ficar deitado ali para sempre. Morrer ali, junto com as coisas dos pais. E, por um momento, realmente levou essa opção em conta. Morrer ali seria melhor que morrer diante do Lord das Trevas. Mas a lembrança de sua mãe chorando, implorando para que o filho se salvasse e doando sua vida para ele surgiu em sua mente. Ele sentiu seu estômago afundar, não podia ficar ali.

Ele sentou-se na cama com certa dificuldade, passou a mão pelos cabelos loiros, agora sujos, espalhando-os num ato deliberado e sacudiu a cabeça como para expulsar aquela dor que o havia possuído desde a morte de Dumbledore. Ainda assim, ele olhou para os lados observando a mobília muito bem cuidada do quarto dos Malfoys. Sentiu saudade, um sentimento novo para o coração gelado daquele Sonserino. Para se livrar daquele sentimento estranho, ele tentou organizar os pensamentos: Como conseguiria tirar seu pai, Lucio, de Askaban sozinho? Como se esconderia, depois disso, dos Comensais da Morte e dos Aurores do Ministério? Ele não sabia como poderia completar esse desafio que o destino lhe pregara. Nesse momento, ele pensou, minha mãe deve estar nas mãos de Voldemort. Ele tinha que tirar esses pensamentos pesarosos da cabeça se quisesse sair ileso daquela história, e concentrar-se na sua sobrevivência e na do pai. Levantou-se e caminhou até a grande janela por onde o sol entrava abundantemente e inclinou-se para ver o pátio e a rua lá fora. Sabia que não poderia ficar na mansão pois seria o primeiro lugar a ser procurado pelos comensais de Voldemort, a menos que ele enfeitiçasse a casa. Mas isso era magia desconhecida pelo adolescente que nem cursara o sétimo ano em Hogwarts ainda. Hogwarts... A Escola parecia uma lembrança distante agora dos momentos de sossego e calma de sua vida, quando não tinha que se preocupar com nada exceto em incomodar os idiotas da Grifinória, Lufa-Lufa e Corvinal. Despertando dos devaneios ele espreitou a rua silenciosa lá fora e percebeu que estava tudo nos conformes ainda. Não por muito tempo, pensou rancoroso.

Draco dirigiu-se até seu quarto e, depois de se olhar no grande espelho que lá tinha e ver que sua aparência estava deplorável, pegou algumas vestes limpas e rumou até o banheiro onde pretendia tomar um banho. Talvez se sentisse melhor depois de um. Quando chegou no confortável banheiro enfeitado com tapetes fofos e detalhes de ouro em tudo, começou a despir-se rapidamente das roupas que, agora lembrava, eram da mãe. Ele parou e olhou para as roupas e, instintivamente, botou a mão nos bolsos e retirou um pedaço de pergaminho extremamente surrado. Intrigado, ele largou as vestes no chão e abriu o pergaminho para lê-lo. A letra era inconfundivelmente a de Narcisa Malfoy, mas parecia ter sido escrita com pressa e acompanhada de várias lágrimas desesperadas.


Querido Draco,
Você sabe, querido, que nunca concordei com a sua entrada no mundo das Trevas. Nunca permiti se quer que você soubesse direito tudo o que eu e Lucio fazemos ou deixamos de fazer. Eu estava te protegendo, filho. Sempre quis somente te proteger. Mas você cresceu. E amadureceu. Não pude fazer nada contra a sua vontade e a de seu pai, pois ele achava que você deveria ser um grande bruxo. Eu acreditava nisso também, com certeza. Mas eu queria outro destino para você. Não queria que você convivesse com toda a preocupação que eu e Lucio vivemos hoje, afinal era apenas para ser divertido. O que parecia uma luta para os trouxas desaparecerem virou uma guerra contra a vida. O Lord das Trevas nunca foi humano, o que eu nunca deixei de ser... Seu pai, porém, foi mudando sua forma de ver o mundo e as coisas e logo não era o mesmo Lucio com quem me casei. Tentei entender como as coisas tinham se perdido de tal forma... Por Slytherin, como me arrependo. Não sou tola de acreditar que poderíamos ter vivido tranqüilamente até porque fomos nós que escolhemos este caminho. Fomos nós que traçamos nossos destinos. Agora, desesperada por sua vida, peço que me entendas. Dou-te minha vida para provar o quanto te amo, filho. O quanto amo seu pai. Não tenha medo de pedir ajuda. Se não quebrares o orgulho da família Malfoy por você, quebre-o por mim. Só quero que você sobreviva. Tudo o que peço é que você sobreviva. Tempo o suficiente para ver tudo e sentir tudo o que eu quero que viva.
A vida não é só medos e tristezas, Draco. Foi acreditando nisso que me casei com seu pai.
Espero ter explicado algo, mas agora não consigo pensar direito. Não consigo parar de chorar.
PS1.: Severus te protegerá.
PS2.: Espere até o anoitecer em casa e terá a ajuda que consegui te fornecer.

Draco releu a carta três vezes, desesperado por mais alguma informação subentendida. Era certo que não entendera o que a mãe dissera com “A vida não é só medos e tristezas, Draco. Foi acreditando nisso que me casei com seu pai.” O que aquilo teria a ver com o que ele tinha a fazer agora? Ele não podia acreditar que aquilo era tudo o que a mãe deixara como conselho em seu último suspiro antes de morrer. E certamente não havia entendido o que queria dizer com “Espere até o anoitecer em casa e terá a ajuda que consegui te fornecer.” Ele não sabia o que ou quem poderia ajudá-lo naquele momento.

Absorto nas palavras da mãe, ele tomou seu banho relaxante na grande banheira, tentando afogar-se uma ou duas vezes, sem sucesso. Talvez por falta de coragem ou porque o perfume da banheira o fazia espirrar constantemente, mas o fato é que não conseguiu mesmo. O que o deixou certamente mais frustrado.


O dia transcorrera rapidamente, e a mansão presenciou um Draco profundamente angustiado, vagando o dia inteiro e se entupindo de tanto comer. Quando o sol se pôs, ele se sentou na varanda de seu quarto e passou a observar o movimento inexistente da rua em frente à mansão. E ficou ali, sem saber quantas horas, esperando que a ajuda comentada pela mãe chegasse. Bom, parecia que ela não viria e o garoto acabou dormindo sentado na poltrona que arrastara para a varanda.

Clac!

Draco acordou-se de súbito, assustado. O barulho que o acordara era certamente de alguém aparatando. Ele levantou-se e ficou observando a rua atentamente. Entretanto a rua estava tão movimentada quanto antes. Preocupado, ele desceu até o hall e destrancou a porta por magia usando a varinha da mãe. A grande porta abriu-se rangendo, tornando a apreensão do garoto ainda maior. E a tensão aumentou quando não havia ninguém ali na frente e nem no pátio inteiro. Mas ele tinha certeza de que alguém aparatara na mansão pois o barulho fora muito audível.

Ele fechou a porta, cauteloso, sem fazer muito barulho. Voltou silencioso para seu quarto e foi quando abriu a porta do mesmo que viu um vulto negro lá dentro. Preparado, ele apontou a varinha para o mesmo, precipitando-se para dentro do quarto. O vulto olhava para a varanda e parecia nem ter visto ele entrar.
- Quem é você! – exigiu Draco tentando parecer ameaçador, ainda apontando a varinha para o coração da pessoa. O vulto foi se virando lentamente, provocando tremores involuntários da parte do Malfoy. Foi quando uma voz que lembrava dias quentes de verão na praia disse divertida:
- Draco! Como ousa apontar essa varinha pra mim, garoto? – ela tinha se virado completamente agora e já abaixava o capuz soltando-lhes os cabelos compridos nos ombros. Era o que mais chamava atenção na garota que parava em frente à Draco, com um sorriso simpático nos lábios rosados, depois dos olhos incrivelmente cinzas. Não era um cinza opaco, era um cinza vivo daqueles que aquecem quem os vê. Os cabelos, que chamavam muita atenção também, eram de um vermelho vinho muito bonito. Não era um ruivo comum, parecia até ser tingido e contrastavam muito bem com a pele alva e bem cuidada. Draco não podia dizer que a garota era uma musa, linda esbelta e maravilhosa. Mas ela tinha um sorriso que o fazia esquecer dos problemas que o cercavam e dizia que estava tudo bem. Assim como os olhos dela. E ele estava intrigado até os ossos a presença dela.
- Draco, você está bem? – Ela se aproximou, sacudindo a mão na frente dele como se ele estivesse em transe.

Oi de novo! ^^ Eu sei que ficou meio grande e mais chato que o normal. Muita enrolação, mas os próximos capítulos vão melhorar, prometo! hehe :D
Não deixem de comentar, ok? Mesmo que seja para dizer: "Porra, tá horrível". Pq daí eu me toco pelo menos e tento melhora. hauieahe.
^^
Obrigada por todos que tiveram a paciência de ler até agora, espero que gostem desse cap!
Beijos! ;)

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