Cara a cara com Malfoy



Eu não queria mais enrolar com aquela história. Se eu tinha que falar com Malfoy, que fosse logo. Era algo necessário, mas que eu queria evitar à todo custo.
Sem outra alternativa, caminhei em direção a cabana onde ele dormia. Era de tarde e provavelmente Malfoy deveria estar lá. “Mas também se não estiver seria até melhor” pensei. “Porque se fosse o caso, eu teria uma desculpa para não ter falado com ele”.
Bati três vezes na porta na esperança de que ninguém respondesse ao meu chamado. Mas, para meu total desgosto, abriram a porta.
“Pode ser o Derek!” pensei enquanto tentava me acalmar. Mas não tive tempo para isso. No segundo seguinte, Malfoy apareceu e ficou cara a cara comigo.
Em um primeiro instante não dissemos nada. Ele parecia surpreso em me ver ali. Já eu fiquei o encarando, tentando não demonstrar que estava morrendo de medo dele.
- Eu... eu... – tentei falar algo, mas nada saia.
Malfoy então me encarou com aqueles seus olhos cinzas de uma forma estranha. Comecei a ficar preocupada com o que ele pudesse fazer a mim.
Estava paralisada de medo. Malfoy continuou me encarando, então, de repente, ele começou a gargalhar sem parar.
Me assustei com a mudança brusca de comportamento dele. Eu queria ir embora dali, correr de volta para a minha cabana. Mas não conseguia. Meus pés pareciam grudados no chão.
Ele então parou de rir e voltou a me olhar.
- Você veio aqui por causa do seu diário, não é? – perguntou ele.
- Então foi você? – perguntei tentando não transparecer meu medo.
- Se estava escrito no bilhete meu nome, então só podia ser eu. – falou.
- Por que? Por que motivo você fez isso? – perguntei tentando compreender a situação.
- Eu tinha vontade de ler o seu diário, apenas isso... – respondeu ele calmamente.
- Então por que o devolveu ainda com um bilhete dizendo que foi você quem o pegou? – questionei. A cada minuto mais perguntas apareciam na minha cabeça.
- Porque eu queria lhe agradecer pelas horas maravilhosas de leitura que seu diário me proporcionou. – debochou ele.
- Você continua o mesmo, Malfoy... – falei enquanto dava meia volta e ia embora. Sabia que ele não iria me dar uma resposta convincente mesmo que eu insistisse.
- Espere! – disse ele me segurando pelo braço.
Soltei-me de sua mão e olhei assustada para ele.
- O quê você quer, Malfoy? – perguntei recuando alguns passos para trás.
- Calma... – falou ele. Sua voz era mansa. – Para que tanto desespero? Eu não mordo.
- É perigoso ficar aqui sozinha com você. – falei enquanto tentava me afastar o máximo possível dele. Mas então, Malfoy me segurou novamente pelo braço.
- Gina, Gina... Você deve ter uma visão muito errada de mim. Eu nunca te machucaria.
- Machucaria sim! Você é louco! – gritei, mas logo depois me arrependi. Era melhor não provoca-lo.
- Não se fala assim dos amigos... – debochou.
- Nós não somos amigos! – falei me desvencilhando dele.
- Eu sei que você não me considera mais seu amigo desde aquele dia em que você se declarou para mim e eu te rejeitei. – falou Malfoy.
- Você bateu a cabeça ou o quê? Nós nunca fomos amigos! Muito menos namorados! – falei espantada com o que ele dizia. Malfoy me parecia cada vez mais insano.
- Nós não fomos namorados porque eu não quis. Mas me dê uma nova chance para eu provar o quanto te amo. – disse ele se aproximando de mim, mas eu não permiti. Dei um belo soco na cara daquele loiro enjoado.
- Ai! – gemeu ele – Por que você fez isso? – perguntou.
Antes que ele pudesse revidar o meu soco ou qualquer outra coisa mais, corri rapidamente para longe dali. Definitivamente, eu não deveria ter me encontrado com Malfoy.

***

Quando cheguei na minha cabana, dei um suspiro de alívio. Tranquei a porta rapidamente com medo de que Malfoy pudesse ter me seguido até ali. Sentei em minha cama e finalmente raciocinei melhor sobre tudo o que havia acontecido.
Como eu havia sido burra. Agi impulsivamente como uma criança. Hermione estava certa. Eu não deveria ter me encontrado com Malfoy. Droga! Por que eu fiz isso?
A situação toda era como um grande quebra-cabeça. Só que as peças não se encaixavam. Malfoy estava muito estranho e não falava coisa com coisa.
E para completar, ele ainda leu o meu diário. Sabia das minhas intimidades. Sabia detalhes da minha vida.
De repente ouço alguém entrando na cabana. Meu coração deu um salto e quase saiu pela minha boca. Só me acalmei ao ver que era Hermione quem chegava.
- Nossa! Você está pálida! Parece que tomou um susto... – comentou minha amiga assim que chegou na cabana.
Pensei rapidamente se deveria ou não contar a Hermione que havia falado com Malfoy. Preferi ficar calada porque se não ela iria me dizer que já havia me alertado sobre isso e me passaria um enorme sermão. Mione não saberia de nada por enquanto.
- Eu estou bem. Só estou um pouco cansada por causa da aula. – menti.
Depois disso não ouvi uma palavra de Hermione. Voltei a pensar em meu problema com Malfoy. Com certeza eu não voltaria a ficar sozinha com ele.
- Gina? Você está me ouvindo? – perguntou Hermione me tirando dos meus próprios pensamentos.
- Me desculpa, Hermione. Eu estava pensando em outra coisa.
- Eu falei que os campistas são adoráveis. – disse ela enquanto se sentava em sua cama.
- É, são sim... – falei sem dar muita importância.
- Você está meio aérea hoje. Talvez devesse relaxar um pouco. – recomendou minha amiga.
- Você tem razão... Vou lá fora descansar um pouco.
- Ah! A propósito, já ia me esquecendo. – disse ela enquanto me entregava um envelope branco. – É uma carta do seu namorado.
- Do Harry? – me surpreendi. Nunca imaginaria que ele me escreveria tão rápido.
Fiquei feliz com aquela carta. Era estranho, mas o dia de hoje estava tendo muitos altos e baixos.

***

Resolvi então dar um passeio em volta do lago, mas agora sem o diário para evitar novos problemas. Adorava aquele lugar. Me transmitia paz, tranqüilidade, era ótimo estar ali. O verde da grama, o azul do lago, o marrom das montanhas ao longe, tudo era muito bonito e colorido como uma paisagem de minhas pinturas.
Sentei na beira do lago para ler a carta que Harry havia me enviado.

Gina,
Eu sei que não faz muito tempo que você foi embora, mas quero que saiba que estou com muita saudade de você. Eu sei que não deveria estar te perturbando, afinal você deve ter muito o que fazer aí no acampamento, mas eu me sinto melhor quando escrevo para você.
Não preciso nem dizer o que você já sabe. Eu te amo muito, Gina. Te amo mesmo. Não conseguiria viver sem você. Não sei como tenho passado esses dias sem sua companhia.
Mas não fico triste, sabe por que? Porque quando você voltar eu vou poder te abraçar, beijar e ficar do seu lado por muito tempo.
Eu acho que é só.

Beijos,
Harry

Uma lágrima escorreu do meu rosto ao terminar de ler aquela carta. Não uma lágrima de tristeza, e sim uma lágrima de alegria. Como era bom se sentir amada. Que gostosa sensação era aquela de ter alguém que se preocupa com você.
Guardei a carta no envelope e suspirei. Naquele momento eu já nem lembrava mais o porque de eu ter estado aflita a poucos minutos atrás. Tudo era besteira. Não havia porque me preocupar se Malfoy sabia ou não da minha vida. Não tinha motivo para ter medo dele.
Esse era um problema tão insignificante que eu já nem me preocupava mais com ele.
Estava me sentindo muito mais alegre e feliz. “Só o Harry mesmo para fazer isso comigo” pensei. Mas minha felicidade repentina se foi tão rapidamente como viera assim que escutei uma voz familiar chamando o meu nome. Logo depois, sinto uma mão encostar em meu ombro.
- Oi, Gina!

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