Lembranças de um Passado



- Capítulo Catorze -

Lembranças de um Passado

Uma luz enorme banhou o seu rosto e seus olhos aos poucos começaram a se acostumar com a nova iluminação. Pelo que pareceu estava deitado em uma confortável cama e havia três pessoas observando-o; dois homens e uma mulher.

- Mãe? Pai? Sirius? - balbuciou Harry piscando os olhos e tentando fazê-los enxergar melhor o cômodo.

- Dou graças por você está bem, filho. - Harry escutou uma voz feminina dizer no cômodo, ao que seu coração bateu mais acelerado.

- Está melhor garoto? - escutou outra voz cujo dono possuía cabelos longos e negros.

- Quero que você repouse, Harry. Ti salvamos a tempo. Espero que agradeça não só a mim, mas também a Papoula e Snape. Novamente precisei de ajuda para deixá-lo aqui em nossa dimensão - dizia a voz pacífica de Dumbledore, fazendo toda a felicidade de Harry estancar e seu coração desacelerar rapidamente ao passo que o ódio invadia o seu corpo.

Mais ódio ainda Harry sentiu ao perceber que as pessoas que avistara eram apenas Alvo Dumbledore, o Prof. Snape e Madame Pomfrey...

- Eu preferia ter morrido e estar junto de meus pais a estar vivo aqui com vocês - disse Harry sem pensar,quase sem forças, apagando todo o sorriso de Dumbledore e de Madame Pomfrey. Snape sorriu maldosamente e falou:

- Tal pai, tal filho. Sempre mal educados e mal agradecidos - disse arrogantemente - Quero lembrar que ainda está de detenção de uma semana comigo, Sr. Potter.

-Severo, sinceramente acho que isso não será necessário. Quero que retorne os vinte pontos que tirou da grifinória e que repense a sua decisão a respeito de colocar Harry de detenção - dizia Dumbledore olhando para Snape através de seus oclinhos de meia lua - Bom, gostaria de ficar a sós com ele, tenho que falar algumas coisinhas importantes - continuou o diretor encarando Harry com seus olhos azuis.


Snape retirou-se com um resmungo e Madame Pomfrey pareceu entender a intensidade do caso, pois também saiu de imediato sem nenhuma objeção.

Harry agora estava sozinho com Dumbledore na ala hospitalar. Tentava fingir que mais ninguém, fora ele, encontrava-se naquele lugar e nem ao menos se atrevia olhar para o diretor. Dumbledore, porém, observava Harry seriamente parecendo estar com dificuldade para falar.

- Não é a primeira vez que isso acontece com um aluno em Hogwarts - começou Dumbledore esfregando as mãos - E nem será a última. O tempo sempre encantou os seres humanos. É algo mesmo muito fascinante, muito extenso e vislumbrante. Algo que está muito além do entendimento e capacidade de um ser humano normal. São poucos aqueles que conseguem entender o que é o tempo e o que ocorre com quem se atreve a mergulhar em suas teias e armadilhas. O que foi o passado? O que é o presente? O que será o futuro? Harry, isso eu não posso ti responder. Como eu já disse nem sempre uma mente humana está preparada para tantas informações e creio que um garoto de dezesseis anos não será um dos privilegiados a entender todo esse complexo sistema que é o tempo...

- Eu não quero saber o que é tempo! EU QUERO MEUS PAIS! - gritou Harry estrondosamente na ala hospitalar.

- Harry, nem sempre o que queremos é a melhor escolha. - disse Dumbledore ignorando os gritos do garoto - A vida nos apresenta vários caminhos e cabe a nós escolhermos qual levará ao triunfo, e creio que voltar a viver com os seus pais não é o melhor caminho. Além de precisarmos ter consciência do que é certo e errado, de qual será a nossa melhor escolha, devemos acima de tudo saber o que é a realidade e encará-la de cabeça erguida. Espero que tenha entendido o que quero dizer. O destino impossibilitou a sua vivência com seus pais; essa é a realidade e pertence a você o dever de encará-la e superá-la, pois sei que você é um garoto forte, corajoso, e como tal deverá agir. Desculpe pelo meu autoritarismo, mas não permitirei que você aproxime-se de outro portal do tempo...

- EU NÃO ME APROXIMEI DE PORCARIA NENHUMA. - gritava Harry à plenos pulmões - Eu sonhei com um portal e sei que isso faz diferença.

Dumbledore mais uma vez fixou os olhos em Harry, estalou os dedos e calmamente recomeçou:

- Esse detalhe não era de meu conhecimento. - Dumbledore baixou os olhos parecendo nervoso - Harry, como foi esse sonho?

Harry contou cada detalhe que pode se lembrar até o momento em que abriu os olhos e viu Snape em sua frente. Dumbledore parecia cada vez mais inquieto e seu olhar parecia fugir do encontro com os olhos de Harry...

- Houve um grande erro esta manhã! - anunciou Dumbledore, a mão coçando o queixo - Deviam ter me dito que você não entrou em contato com um portal do tempo. Está tudo errado! - o diretor parecia ter perdido a consciência de que Harry encontrava-se na ala hospitalar, falava sozinho - Se alguém não entra realmente em contato com um portal do tempo e é envolvido em um “ritual de fixação dimensional” esse indivíduo provavelmente... - Dumbledore calou-se parecendo perceber que Harry encontrava-se na ala hospitalar. Olhou para o garoto com os olhos cheios de lágrimas e pareceu engolir em seco, baixou a cabeça e fechou as mãos.

- PROVAVELMENTE O QUÊ? PROVAVELMENTE MORREREI? ESTOU CANSADO DE SER AMEAÇADO DE MORTE. ESTOU CANSADO DE SER SEMPRE A VÍTIMA! - Harry voltava a gritar fazendo esforços para se levantar da cama.

- Quero que fique onde está, Harry. Tenho muitas explicações a lhe dar. - recomeçou Dumbledore com uma voz mais viva e forte que de costume - Serei claro e rápido, não quero complicar a sua cabeça nem causar maiores sofrimentos. Quero silêncio e nenhuma interrupção, está me entendendo? - Harry balançou a cabeça positivamente - O sonho que você teve hoje foi obra de Voldemort. Ele novamente invadiu sua mente e está reproduzindo sonhos, lembranças. Está como que procurando o que você realmente deseja e de qual forma deseja para enfim mostra-lhe na realidade o portal correto para o cumprimento de seu anseio. Belo truque o dele de por você montado a unicórnios, é mesmo uma boa cena para conquistar qualquer ser humano. Mas não a você, Harry. Parece que você ficou um pouco irrequieto de estar ali e, em parte, por sua vontade foi retirado desse encanto. Ele está simplesmente ti fazendo ter um primeiro contato com o mundo dos portais e quer introduzi-lo e mergulhar nesse mundo até que você esteja sufocado o suficiente para não conseguir sair. Peço que resista a esses sonhos e tentações que Voldemort lhe apresenta a todo instante. Lembre-se que ele está mais forte do que nunca e o único objetivo de sua amaldiçoada vida é a sua morte. - Harry estremeceu ao ouvir essas últimas palavras, mas permaneceu calado conforme Dumbledore ordenara - Se hoje você não entrou em contato com um portal real, todos os nossos esforços foram em vão e simplesmente causarão algumas conseqüências e, talvez, seqüelas em sua vida. Creio que você lembrará de coisas que não fez e esquecerá de coisas que fez. Terá alucinações e talvez mais desmaios - Harry olhou assustado para Dumbledore -, mas não se preocupe já tenho tudo planejado de como você estará novamente curado. Primeiro quero que você volte a estudar Oclumência - Harry gemeu -, segundo, prometerá para mim que não se atreverá a fuçar em nada que tenha a ver com o tempo, e terceiro, na próxima lua cheia quero você em minha sala logo após o jantar. Creio que o que eu já disse é o suficiente para o seu entendimento da situação. Amanhã, se você estiver em condições, volte às aulas e esforce-se contra as armadilhas de Voldemort. Se tudo correr bem próxima semana você estará curado. - Dumbledore se encaminhou à porta de saída da ala hospitalar, pegou a maçaneta da porta e antes de girá-la Harry perguntou:

- Farei Oclumência com o Prof. Snape? - uma expressão de tédio no rosto.

- Creio que não. Espero você amanhã às sete da noite em minha sala - e piscando um olho, Dumbledore saiu da sala deixando um Harry explodindo de alegria.


Talvez pelo fato de que tinha medo de ser envolvido novamente pelos planos de Voldemort ou porque estava tão feliz por fazer Oclumência com Dumbledore, mas Harry teve dificuldades de pregar os olhos naquela noite. Empenhou-se a contar estrelas, associando-as as constelações estudadas em Astrologia. Até que avistou uma estrela de grande brilho no céu, seu nome era:

- Sirius. - Harry murmurou para si mesmo, seus olhos enchendo-se de lágrimas.

Seus olhos mais uma vez pararam na estrela que incandescia no céu, tendo maior fulgor que todas suas companheiras. Os pensamentos de Harry centraram-se em imaginar o que teria ocorrido se realmente tivesse atravessado aquele véu. Tinha certeza que aquele túnel fora real, podia sentir.

- Se ao menos Dumbledore tivesse atrasado um pouquinho! - disse Harry para si mesmo...


Acordou assustado, com os olhos pesando de sono, e foi logo a procura de um relógio e, sem encontrá-lo, saiu às pressas da ala hospitalar para vestir-se na torre da grifinória e enfim tentar ter um dia de aula comum.

Havia um barulho de conversa que provavelmente vinha do salão principal onde os alunos estariam se deliciando com a comida feita pelos elfos de Hogwarts. Com isso Harry sentiu-se um pouco mais tranqüilo, afinal se ainda havia barulho no salão ele não devia estar atrasado.

Passou pelo quadro da mulher gorda e rumou rapidamente ao dormitório. Tomou um bom banho, arrumou seus cabelos, vestiu-se rapidamente e desceu para o salão comunal. Uma voz o recepcionou:

- Harry! Harry! Ganhamos o Belly´strong. - dizia Rony euforicamente segurando alguma coisa em suas mãos - O Prof. Merticco me entregou ontem à noite.

Mesmo com a raiva fingida que sentia por Rony, Harry não deixou de lhe dar atenção. Caminhou em direção ao garoto, suspirou e falou:

- Passei parte da noite refletindo se o que fiz foi correto ou não. E cheguei a uma decisão - encarou Rony e após uma pausa falou: Desculpa! Eu sei que eu estava errado. Sempre descarrego minha raiva em cima de você e da Mione. Espero que você possa me desculpar - e baixou a cabeça olhando para o chão.

- Claro que eu ti desculpo. Não é nada fácil ter uma dívida com o Malfoy, não é? Mas chega de más notícias... Veja só o que ele faz - disse Rony abrindo as mãos e deixando uma espécie de bola de pelos amarelados, que ainda lembrava um camundongo, aparecer.

- Esse que é o famoso Belly´strong? - perguntou Harry admirado.

- É sim. Estava pensando em dar um nome para ele. Que tal Fanny?

- Não. Prefiro... - Harry parou pensativo - Ele é macho ou fêmea?

- Nem sei. Acho que isso num tem sexo não. Mas Fanny combina com os dois.

- Pode ser. Eu ia dizer que preferia Bontos, mas seria só se fosse macho... Quê que ele faz?

- Vamos lá, Fanny. - disse Rony animado - Cruzar e Duplicar, já! - gritou Rony apontando o dedo indicador para uma poltrona aveludada.

O Belly´strong voou das mãos de Rony e rumou, a uma grande velocidade, em direção à poltrona que o garoto apontara. Harry ia gritar que o bicho ia se chocar, mas antes que pudesse abrir a boca Fanny pareceu desmaterializar e passou por dentro do acolchoado da poltrona, a mesma brilhou, estremeceu e, para maior admiração do garoto, começou a dividir-se em duas. E lá estavam duas poltronas idênticas, uma ao lado da outra.

Harry aplaudiu animadamente ao passo que Fanny voltava voando para as mãos de Rony.

- Fantástico. Nunca vi algo mais legal! Olha Fanny, você também é meu. - lembrou Harry ao camundongo - Quero tentar fazer alguma coisa. - disse Harry ao que Rony passou o Belly´strong para as suas mãos. Era verdadeiramente agradável segurar um Belly´strong, seus pelos eram macios e um perfume era impelido de suas orelhas. Criou um grande afeto pelo bicho.

- Bem, deixe-me ver. - pensava Harry acariciando a cabeça de Fanny - Desejo que toda a comida da mesa da Sonserina desapareça! - sorria o garoto observando Rony olhar ansioso para o bicho.

Fanny flutuou alguns centímetros da mão de Harry, seus olhos incandesceram uma luz esverdeada e de sua boca saiu uma fumaça, também verde. A fumaça rodopiou no ar e desenhou as formas de um prato com uma cobra dentro e, em poucos segundos, a cobra desaparecera deixando apenas um prato vazio que logo se espalhou no ar.

- Será que funcionou? - perguntou Rony quando Harry voltava a segurar Fanny.

- Nem sei. Só vamos saber ao chegar no Salão Principal. - respondeu Harry guardando o Belly´strong no bolso de sua calça.

Rony e Harry passaram pelo portal escondido pelo quadro da Mulher Gorda e caminharam em direção ao Salão Principal, quando escutaram gargalhadas vindo em sua direção.

- Ha, ha, ha... Vocês viram a cara que o Malfoy fez quando a macarronada dele tornou-se minhocas e saiu rastejando do prato? - gargalhava Gina, os olhos cheios de lágrimas.

- E quando Pansy percebeu que o arroz dela se tornou formigas? - Simas acabava-se de tanto rir - Você perdeu como ela ficou parecida com um hipopótamo.

- Quê que aconteceu? - perguntou Rony com fingida surpresa.

- Nem sei como ocorreu, mas - Gina dizia enxugando as lágrimas dos olhos e se segurando para não rir - toda a comida da mesa da sonserina transformou-se em bichos estranhos... Fugiram das travessas e até mesmo da boca dos estudantes. Os professores endoidaram querendo saber quem fez aquilo... O mistério é que foi só na mesa da sonserina... Vocês perderam, foi algo que você pagaria para rever.

- Para onde que vocês estão indo? Não vão para as aulas? - perguntou Harry quando viu os garotos passarem pelo quadro da mulher gorda, entrando assim no salão comunal.

- Se você tivesse ido até o salão principal saberia porque não estamos indo para as aulas. - dizia Gina sorrindo para Harry - A maioria dos alunos da sonserina está passando mal e os professores não poderão dar aulas com tão poucos alunos.

- Eles estão doentes? - perguntou Harry sem saber se ria ou se ficava preocupado se fosse descoberto.

- Não... Madame Pomfrey garantiu que eles ficariam bons até o almoço. Por isso que só teremos as aulas que forem após o almoço. - explicou Gina sorrindo ainda mais - Eu seria capaz de dar um beijo em quem fez isso com o pessoal da Sonserina.

- Fui eu! - gritou Simas entrando na frente de Gina e partindo para um abraço.

- Ai, me solta Simas. - dizia Gina, empurrando o garoto quando o mesmo já estava com o rosto a menos de meio palmo do dela.

Simas caiu no chão sorrindo e virando-se rapidamente agarrou a mão da garota e começou a beijá-la.

- Vem minha princesinha! - dizia ele ironicamente - Dá um beijinho no seu Siminhas!

Uma sensação esquisita se formou na barriga de Harry, ao mesmo tempo uma vontade de gritar “Fui eu” ou então de dar um chute na barriga de Simas e ver se ele largava Gina.

- O.K.! Melhor para nós então. - Rony olhou para Harry como que quisesse falar alguma coisa com ele, Harry levantou a sobrancelha indicando o quadro da Mulher Gorda - Vamos à biblioteca, Harry? Para fazermos aquela pesquisa de Snape - Rony piscou um olho para Harry.

- Ah é. Como eu poderia ter esquecido! - fingiu Harry saindo junto com Rony pelo buraco onde ficava o quadro da Mulher Gorda.

- O que é que você quer me dizer? - perguntou Harry quando os dois entraram em uma sala vazia logo no final do corredor.

- Por que o Fanny fez aquilo? Você pediu apenas para fazer a comida desaparecer. - Rony perguntou assustado, atrevendo-se a por a mão no bolso da calça de Harry e puxando o Belly´strong para fora - Fanny, por que você fez isso? - Rony perguntava ao camundongo que simplesmente deitou-se na palma de sua mão.

- Eu pedi apenas para fazer a comida desaparecer e não para se transformar em minhocas! - Harry reclamava a Fanny olhando para ele.

- Bom, então vamos voltar no tempo e fazê-lo corrigir isso - disse Rony olhando para o camundongo - Queremos voltar...

- Não, Rony. Eu não posso, e não devo. - Harry afastou-se do camundongo - Tenho que lhe contar tudo que aconteceu...

Após contar tudo que acontecera nos últimos dias, incluindo tudo que Dumbledore falara, Harry sentiu-se um pouco mais aliviado, já Rony apressou-se a falar:

- Ma-mas você estava morto? - dizia ele espantado e guardando Fanny no bolso.

- M-morto? Por quê morto? - Harry dizia chocado.

- É que você disse que ouviu a voz de Sirius! E Sirius está...

- EU SEI QUE ELE ESTÁ MORTO. NÃO PRECISA FICAR ME LEMBRANDO DISSO O TEMPO TODO. JÁ NÃO BASTA EU TER QUE AGUENTAR TUDO SOZINHO E CALADO? SEI MUITO BEM COMO ELE ESTÁ E NÃO PRECISO DE NENHUM IDIOTA PARA ME LEMBRAR DISSO, COMO SE FOSSE FÁCIL ESQUECER! - gritou Harry exasperado - Desculpa, Rony. Perdi a cabeça de novo - apressou-se Harry acalmando-se.

- Não precisa falar assim comigo. Mas você sabe que eu sempre ti...

- Que é que está acontecendo aqui? - Hermione entrava na sala em que os garotos estavam.

- O Harry irritou-se um pouco de novo. Mas já tá tudo resolvido! - disse Rony sorrindo para a garota.

- Eu poderia saber o motivo? - dizia ela parecendo preocupada.

- Eu não gostaria de repetir de novo - rebateu Harry.

- É para isso que serve o Fanny. - Rony enfiou a mão no bolso e tirou o camundongo que parecia estar adormecido - Acorda Fanny, deixa de ser preguiçoso.

- Rony. Você está usando o Belly´strong? - a garota parecia indignada - Eu e o Prof. Merticco já ti advertimos do que pode acontecer. - virou-se para Harry e falou: O Prof. Merticco disse que ele é um animal selvagem e que precisa ser um pouco treinado e cadastrado no ministério, senão seu uso será ilegal e ele poderá se atrapalhar um pouco na hora de utilizar os feitiços.

- Mas quem que vai treinar um Belly´strong? - perguntou Harry.

- Poderíamos deixá-lo em uma loja no Beco Diagonal, lá eles domesticam animais selvagens. Depois vocês podiam pedir ao pai do Rony para legalizá-lo no Ministério e assim não teriam de pagar nada - Hermione explicou como se fosse a uma criança.

- O.K.! Tenho de admitir que você está certa - Rony sorriu para Hermione que retribuiu o sorriso. Harry achou que ele estava meio que sobrando em meio aos dois.

- Não é querendo interromper o clima entre vocês, mas... - Harry começou meio irônico.

- Clima? Que clima? - Hermione assustou-se e parou de sorrir - Sei muito bem quem gosta de quem na grifinória! - disse Hermione, ao que ela e Rony caíram na risada.

- De que é que vocês estão falando? - Harry perguntou olhando para os dois que riam sem parar.

- Todo mundo sabe que Gina tá caidinha por você! E você não? - perguntou Hermione, os olhos cheios de lágrimas.

- Ainda não entendo o que vocês... - Harry começou, mas foi interrompido por Rony:

- Ah, deixa de enrolação. A Gina suspira quando ti vê e já percebi que você não tira os olhos dela. Percebi seu ciúme na hora em que Simas tava beijando a mão dela.

- E-eu... Ah, parem vocês. Por tudo vocês acham que eu estou apaixonado? Não, eu não gosto da Gina! Para falar a verdade ela não teria a mínima chance comigo. É muito criança! - mentiu Harry para os dois e de imediato ouviu o barulho da porta da sala fecha-se com um grande estrondo. Virou-se, abriu a porta e pondo a cabeça para fora da sala viu Gina Weasley sentada no chão no final do corredor. Estava com o rosto coberto pelas mãos, soluçando e com lágrimas escorrendo por todo o rosto.

- Gina. GINA! - Harry correu em direção à garota e sentou-se ao seu lado.

- Sai de perto de mim. Sai. - Gina soluçava ainda sem olhar para o garoto - Eu gostava de você desde que ti conheci, mas você não correspondeu os meus sentimentos e aos poucos me forcei a esquecer tudo que sentia por você. E admito esqueci aos poucos e até pude namorar outros garotos e sentir apenas amizade por você. M-mas aquele beijo, reascendeu tudo que eu sentia por você. Harry, eu te amo. - Gina chorava em desespero e Harry alisava os seus cabelos.

- Gina, eu estava mentindo. O Rony e a Hermione estavam implicando comigo e eu inventei tudo aquilo, juro. Gina eu gosto de você. - Harry encostou a cabeça de Gina em seu ombro e alisou ainda mais o seu cabelo - Confie em mim. Vamos levante-se.

Harry levantou-se e segurando a mão de Gina, levantou-a aos poucos. A garota abraçou-o fortemente, Harry estava com o rosto encostado no dela.

- Harry, eu te amo. Penso que vou estourar de alegria quando estou com você - Gina dizia dando um beijo no rosto de Harry - Pena que você não possa sentir o mesmo por mim.

- Gina, eu também te amo - e encostou os seus lábios nos lábios de Gina, dando um quente e demorado beijo. Fechou os olhos e sentiu os braços da garota apertá-lo ainda mais, pressionando o seu corpo contra o dela. Os lábios de Gina aos poucos foram se afastando dos seus e Harry quase caiu para trás quando abriu os olhos.

Ao seu lado viu um outro casal abraçado e se beijando. Um era um rapaz alto e magro de cabelos negros e embaraçados, a outra era uma bela garota de cabelos densos e ruivos que lhe caíam até a altura dos ombros.

Lílian e Tiago Potter beijavam-se como namorados sem se importar se seriam ou não vistos naquele corredor.

- Lílian, esse é o momento pelo qual sonhei por quase toda a minha vida - disse Tiago com uma voz grossa para a garota.

- É, você não beija tão mal assim - e meteu outro beijo em Tiago que novamente fechou os olhos e apertou ainda mais o abraço que dava na ruiva.

- Gina, o que está acontecendo? - disse Harry olhando para a garota e levando um susto maior que o anterior.

Do seu lado Gina estava abraçada e beijando um outro garoto. Harry correu em direção aos dois e gritou:

- Que diabos vocês pensam que estão fazendo? - sua voz saiu em um eco fantasmagórico. Cerrou os punhos e meteu um soco no queixo do garoto, mas sua mão simplesmente atravessou o queixo do garoto como se ele fosse irreal. Assustou-se pela terceira vez ao perceber que o garoto que beijava Gina era ele próprio e de imediato sentiu uma intensa dor no queixo.

Esquecendo o casal Harry e Gina, virou-se para onde estavam seus pais e novamente quase caiu para trás. Lílian e Tiago estavam vestidos como noivos, Tiago com um terno preto e com uma gravata borboleta branca e Lílian, sempre bela, com um vestido branco com detalhes cristalinos. De repente tudo tornou-se um vulto branco e contorceu-se flutuando no ar. Essa cena já era costumeira para Harry, pois ele avistou novamente o espelho flutuante refletindo a si mesmo com dezesseis anos...

Deu três passos para trás afastando-se do espelho e via seu reflexo de dezesseis anos afasta-se também. Seu coração quase que pulou para fora quando percebeu que o espelho movia-se velozmente em sua direção como que querendo engoli-lo.

Girou nos calcanhares e correu o máximo que pode. Tirou a varinha do bolso da calça e, ainda correndo, olhou para trás e gritou:

- Reduccio!

O feitiço foi engolido pelo espelho que duplicava de tamanho a cada passo que Harry dava. Dobrou um corredor e o que viu fez todo o seu corpo parar. Voldemort estava parado a menos de vinte metros com todos os seus comensais que estavam livres, todo o grupo apontando a varinha para o céu.

- Está pronto! A segunda obra enfim foi concluída. Que comece a Terceira Obra das Trevas!

Tudo sumiu de sua visão e Harry se viu novamente beijando Gina Weasley. Parou de beijá-la e falou:

- Desculpe-me Gina, mas tenho que falar algo de extrema importância com Dumbledore. Acabei de ter uma visão - e saiu correndo em direção à sala do diretor.

A corrida pareceu ser curta, pois em poucos instantes o garoto estava em frente à gárgula de pedra que escondia a escada que levava à sala do diretor.

- Tenho que falar com Dumbledore. É algo de extrema importância para a Ordem - dizia ele, ofegante, para a gárgula.

- Diga a senha - rebateu a gárgula.

- Hum. Eu não sei... Vamos, abra por favor!

- Só se disser a senha!

- Accio Fanny! - bradou Harry apontando a varinha para o teto.

Um zunido se fez no corredor e Harry viu um pontinho amarelado vim em sua direção.

- Wingardium Leviosa! - bradou ele com a varinha e acompanhou o pontinho perder velocidade e pousar, com os pêlos arrepiados, em suas mãos.

- Desejo saber a senha para entrar na sala de Dumbledore - falou para o Belly´strong.

Uma fumaça vermelha saiu da boca do animal e formou as seguintes palavras no ar: Pirulito Sorridente.

Harry virou-se para a gárgula e disse a senha ao que ela girou e deu acesso a escada circular que levava a sala do diretor. Pôs o Belly´strong no bolso e bateu três vezes na porta e em poucos instantes Dumbledore abriu-a.

- Creio que está um pouco cedo para Oclumência, Harry. O que você quer? - disse o diretor com leveza.

- Prof. Dumbledore, Voldemort concluiu a Segunda Obra das Trevas e iniciou a poucos instantes a Terceira Obra! Você tem que fazer alguma coisa. Avise ao ministério, avise à Ordem. Por favor, ele não pode obter mais sucessos.

- Realmente agradeço a sua preocupação e confirmo sua história. Ela é verídica. Eu e todo o ministério, bem como a Ordem, já tomamos conhecimento da segunda obra e protegemos vários trouxas e bruxos do mal que ela poderia causar. Mas essa terceira obra é que me deixa irritado - Dumbledore dirigiu-se à uma janela e chamou Fawkes que voou, bela com suas penas cor de fogo, até onde ele estava. Sussurrou alguma coisa para a fênix, que desapareceu feito uma bola de fogo, e virou-se para Harry dizendo:

- A Segunda Obra foi algo como a construção de uma imensa muralha ao redor das áreas que ele conquistou na noite da invasão às cidades. Essa muralha é impenetrável, até mesmo por aparatação e quem se aproxima dela sofre imensos danos. Foi assim que com o Feitiço Senha cercamos toda a região para proteger trouxas e bruxos. - explicou Dumbledore com calma - Vejo que ele finalmente concluiu a muralha, não sei bem o objetivo disso, mas deve ser algo terrível.

- E qual é a Terceira Obra, professor? - Harry olhou para o diretor que continuava encostado a janela. Então de repente uma tocha de fogo se formou no ar e um pergaminho apareceu atado a uma pena de fênix, Dumbledore abriu o pergaminho e leu:

- “Invasão à Azkaban”.

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