Corvinal, de fato.



De certa forma Christine vivia uma duplicidade por causa de sua paixão pelos trouxas, e tinha medo se mostrar efetivamente para as pessoas; não é exagero dizer que tinha várias máscaras das quais fazia uso eventualmente.
Às vezes recebia olhares desconfiados de Grifinórios que supunham-na tão preconceituosa quanto sua estirpe sugeria. Isso fazia com que sentisse um pouco de raiva:
"...eles falam tanto de preconceito de sangue e me discriminam por causa da minha família... definitivamente, ainda que inegavelmente bravos e generosos, não se pode deixar de reconhecer que os Grifinórios prejulgam tanto e tão rápido quanto qualquer outro..."
Às vezes sonserinos a bajulavam e então o que ela sentia era uma ponta de desprezo:
"... que vileza, quanta subserviência... eles pensam que vão ganhar alguma coisa andando comigo? Oras... EU NÂO COMPARTILHO DESSES VALORES!
No fundo, é muito problemático fundamentar seu próprio valor como pessoa no fato de pertencer a determinado grupo que se auto apregôa superior: primeiro porque vc não consegue enxergar sua autenticidade como indivíduo, e dessa forma, jamais será capaz de trilhar o sem-número de caminhos secretos e imprevisíveis de seu autodesenvolvimento; segundo, porque se perde muito ao olhar as pessoas de forma hierárquica e / ou preconceituosa; dessa forma a perspectiva fica estreita e muitos ângulos ricamente surpreendentes e desconhecidos jamais serão alcançados; terceiro... isso tudo tem como base uma concepção ridiculamente estreita de liberdade... e, sinceramente, SE NÃO HÁ LIBERDADE QUE SENTIDO FAZ TODO O RESTO?
Hum... definitivamente, minha mentalidade não é sonserinamente lestrange-blackiana, e não seria nada incoerente com os princípios absurdos da minha família me apagra do tapete poeirento... por falar nisso... ATÈ ISSO! Tantos galões em Gringotes e nem decoram a casa direito; pura falta de gosto.
Era com esse tipo de devaneio que ela gastava horas a fio preenchendo seu diário, Isidore, que se chamava assim em homenagem a um de seus poetas trouxas prediletos : Isidore Ducasse, mais conhecido como Conde de Lautreámont, autor de um livro belo e sombrio chamado "Os Cantos de Maldoror".
Assim, a garota era mais muito mais complicada do que poderia supor o "Riddle de Belvedere"; Christine apelidou ele assim porque não estava imune à sua beleza sombria, e o comparava a uma estátua renascentista do deus Apolo.

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