Verdadeiras intenções



Até o ponto em que Riddle sabia, Christine era a única aluna de Hogwarts que havia conseguido status de pesquisadora Junior, e em vez dos N.I.E.M.s iria submeter uma monografia, que se aprovada lhe daria passe livre para a comunidade acadêmica universitária de todo o mundo bruxo. Por incrível que pareça, Riddle era calculista o suficiente para pensar na possibilidade de convencer a garota a viajar para a Romênia, para uma pesquisa ou acompanhada dos pais, contanto que ela achasse necessário ter a companhia dele (e para isso bastava que se apaixonasse), e certamente, as despesas do jovem rapaz não seriam nada para uma das famílias mais ricas de todo mundo mágico. Mas era apenas uma idéia. Ele sabia que se fosse assim, ela seria um “alvo” perfeito, mas ainda não estava bem certo.

Naquela mesma tarde, só por curiosidade, aproveitou seus privilégios de monitor chefe para chegar a ficha dela na biblioteca... deteu-se um pouco sobre os traços bem marcados na foto a passou ao exame. “Nada mal... encheu quatro cartelas de entrada/saída enquanto a maioria sequer utilizou a primeira... mas o que é isso?” Riddle se surpreendera. Ali estavam alguns livros de História da Magia pelos quais ele nutria um particular interesse, porém nunca tinham estado ao seu alcance, já que nenhuma de suas táticas (secretas ou com cumplicidade), haviam sido suficientes para driblar a vigilância do bibliotecário Sr. Mazzini e os feitiços de proteção da seção restrita. Mas ela tinha acesso pleno a todos eles, ao que parecia. Isso fez com que ele se decidisse. Precisava ter Cristine Beatrice Lestrange de Black para si. Ela lhe traria algumas satisfações além das tradicionais, pensou com um sorriso um pouco mau... além disso, seria motivo de orgulho perante toda Hogwarts quando uma aristocrata intelectual e independente se pusesse em suas mãos na mesma posição em que qualquer outra garota ficava.

Tom tinha consciência e muita segurança de seus poderes de sedução, mas já estava um pouco enjoado de meninas ridiculamente subservientes e todas igualmente fáceis, tanto que beijá-las sequer andava valendo seu tempo ultimamente. “Lixo”, pensou ele, mas agora havia encontrado alguém com brilho digno de suas armas.

Enquanto isso, a moça continuava mergulhada nos seus livros. Em Hogwarts podia dar livre vazão ao seu amor secreto pelas artes e filosofia dos trouxas. Nesse momento ela estava sozinha no dormitório das meninas, porque todos estavam ocupados com a partida de Quadribol Lufa-lufa / Sonserina (era ésta última que a Corvinal estava apoiando), aproveitando para sorver escondida toda a beleza de uma peça de música barroca chamada “A Paixão Segundo São Mateus” de Johan Sebastian Bach. Nenhum bruxo ainda havia sido capaz de magia tão bela quanto aquele som, vindo de uma partitura que ela havia passado suas últimas férias inteiras enfeitiçando para que pudesse tocar por si mesma quando estivesse em Hogwarts, sem a necessidade de músicos ou instrumentos. Ao que ela soubesse não havia nenhuma proibição de música na escola, mas sendo quem era, jamais poderia ser vista apreciando abertamente uma criação trouxa.

Christine na realidade se ressentia profundamente da ideologia tirânica de sua família. “Facistas”, às vezes murmurava entre nos dentes nos momentos de raiva em que estava sozinha... de qualquer forma eles não iriam entender. Era muito desconfortável precisar viver nesta duplicidade. A sua índole era boa e gentil, mas o com o passar dos anos ela ficava cada vez mais fria e dissimulada. Não tinha o menor interesse em bater de frente com a família, porque não podia se imaginar sem a liberdade que foi conquistando gradualmente graças a seu ótimo desempenho na escola, ( e em coisas extras como concursos de redação, onde uma vitória servia para abrilhantar seus nomes de família em público ) e era a única saída para suportar aquela existência cheia de coisas que não a interessavam de verdade, gastando seu dinheiro e tempo livre com livros e eventuais escapadas ao mundo dos trouxas.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.