Poder, Viagens, Sangue...



Na sala comunal da Sonserina, os dois rapazes encontraram Lestrange. Em seu tom mais vivaz, porém sem perder a superioridade, Riddle dirigiu-se a ele, que atirava dardos num brasão da Grifinória, confortavelmente deitado ao longo de um sofá de verde cana-escuro, do qual pendi um poncho de veludo verde escuro elegamentemnte orlado com brocado negro.
- Porque vc nunca falou da sua prima?
Lestrange não reprimiu uma expressão de contrariedade, "como se fosse obrigação minha reportar qualquer coisa só porque isso poderia lhe interessar", mas respondeu:
- E precisa mais? Para mim ela é uma esquisitona... só pensa em livro; Riddle não deixou de notar que apesar de se concetrar em forgar os dardos com mais força, tranparecia na sua voz um tom despeitado, com uma ponta de raiva; mas a família baba porque ela tira notas altas, ganha essas competições de intelectuais babacas e escreve besteiras em um ou outro tablóide.
Esta informação avivou o interesse de Riddle.
- ...então por causa disso dão muita liberdade pra ela em casa. A sonsinha só faz o que quer sem dar satisfação... diferente de mim, Bella e Sissi. Se a gente não cumprir o protocolo da família, a gente apanha! Mas ela só fala quando pedem, aí leva todo mundo com a conversinha disiteressada de princípios filosóficos... HUMF!
Lestrange praticamente jogou o dardo... Riddle ficou satifeita; a moça devia ter influências dentro da família, se o controle sobre ela não era tão rígido e sua opinião era levanda em conta; além do que, o fato de ter acesso à impressa lhe parecia um fator de poder. E era justamente isso que o interessava acima de qualquer coisa. Iria fazer o que sempre fazia quando queria algo de alguém: primeiro observar sem ser notado e tirar conclusões, para traçar um plano e agir; "dar o bote", em linguagem mais Sonserina.
No outro dia, no café da manhã, estrategicamente posicionado, ele pode observar bem que ela era bela, e isso lhe agradava. A garota se movia de forma discreta e felina, tinha um olhar meio que desconfiado do todo, mas que se concentrava intensamente em pequenos detalhes. Seus gestos eram bastante preciso, mas comedidos e suaves ao mesmo tempo. Parecia estar perfeitamente à vontade com a consciência da própria beleza, que para ela não era questão de disfarçar nem de exibir, era muito natural. Riddle sentiu um calor bom o invadir ao pensar no toque daquela pele luminosa. Ele estava desejando, e isso para ele era um jogo fascinante, porque ele não tinha medo de nada, e se sentia absolutamente livre de qualquer amarra. No momento certo iria sentir muito prazer em conhecer e tocar aquela menina.
Além do mais, ela parecia servir justamente a um propósito seu que parecia, havia algum tempo, estar fadado a falhar. O fato dos seus interesses em nigromancia atualmente apontavam sem dúvida para a Romênia, mais precisamente para a Transilvânia, onde ele poderia pesquisar os segredos que Abramelin, o mago, trouxera do Egito no século XIV para as nobres e perversas famílias dos boyardos, que atormentavam os camponeses com suas maldades, e viviam em trevas de ódio e desespero, brigados com Deus, famintos por sangue numa sede e agonias inaplacáveis. Sim, ele conhecia a história do grande senhor De Garay que era visto há mais de duzentos anos numa encruzilhada perto do seu túmulo, cujo fantasma costumava enlouquecer pobres moças que passavam por ali à noite; ele tinha ouvido a respeito de Vladislav Tepes, pai de Vlad Dracul, que aprendeu do nigromante que veio do Egito como combinar os ensinamentos dos livros dos mortos egípicio com a alquimia européia e as superstições turcas, e ao que se dizia havia feito a desgraça eterna de seu primogênito o oferecendo à Lúcifer ainda no ventre de suas mãe, cuja alma se partiu de dor e passou a vagar desesperada após o parto tentando sussurrar ao filho segredos que ou a cegueira que os padres impunham ou seus ímpetos carnais sempre o impediam de ouvir; também conhecia a história de Elzbeth Barthory, a sádica que se banhava no sangue com que manchava da mais profunda dor a beleza das inocentes... Mas quem lhe interessava sobretudo era Bárbara de Ciley, porque ela sim, de todos era a que dava indícios mais claros de ter seguido os ensinamentos de Abramelin a ponto de chegar perto do caminho que trilhava à imortalidade, o mais inconfessável e profundo sonho de Tom Riddle, futuro Lord Voldemort.
Ele podia imaginar perfeitamente, em um castelo sólido como uma antiga fortaleza, encravado num penhasco inaudito no meio dos Cárpatos, no topo de um morro de ventos uivantes, em noite tempestuosa ou sinistramente calma, não importava, ela estaria sempre ali: Uma mulher branca como suas vestes, deitada numa cripta de pedra, mas que morta permanecia com o dedo indicador levantado, como se segurasse seu espírito por um fio. Tentava imaginar seu rosto, mas este sempre lhe aparecia velado. Será que olhos estariam abertos e estampavam alguma expressão terrível? Não importava o quanto de medo ela pudesse provocar, ele sabia fazer deste sentimento seu aliado, e poderia aprender com qualquer coisa... queria encontrar Bárbara de Ciley e então, não deixaria de saber ler qualquer sinal que houvesse sido deixado.
Esta história interessava Riddle especialmente porque se parecia muito mais com magia que com vampirismo (ela achava aquela sanguinolência um tanto vulgar...) Imagine, se ele, um mago de capacidades notavelmente fora do comum, iria depender de pescoços de sangues ruins, para sustentar uma meia existência, simplesmente arrasta e sussurrada pelas trevas à noite. Ele não havia nascido para ser um mostro. Seu destino era onipotência. Como tudo mais que não se moldasse à sua vontade, Riddle desprezava os vampiros. E ele ficava satisfeito de nenhuma das pessoas a quem ele havia sondado sobre o assunto fazer a mínima idéia desta história, que se encontrava num exemplar raro e despercebido intitulado "O Livro dos Vampiros", que havia adquirido por acaso no sebo de Hogsmead, loja de livros usados que usava o pitoresco nome de "O primeiro Círculo".
Mas para ir adiante ele precisava viajar, coisa que Hogwarts jamais pagaria. Porém, ele conhecia bem as histórias sobre os hábiots de viajens de férias dos Black e dos Lestrange (o idiota do seu colega preferia ficar em Londres comendo, dormindo e perseguindo animais mágicos ou não) ... e também a facilidade com alunos pesquisadores conseguiam passagens, desde que apresentassem um projeto claro e convicente. Isso estava fora de cogitação para Riddle, seus planos eram secretos, e ele não poderia simplesmente fingir que iria estudar dragões.


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