A Seleção...



Eles entraram no castelo e se depararam com um imenso saguão de mármore, iluminado por archotes de chamas azuis, que deixavam o lugar bruxuleante. Tudo ali era muito sinistro e diferente de qualquer lugar onde Sarah já tivesse estado.



A velha senhora passou à frente deles com um movimento rápido e florido.



            - Eu sou Minerva McGonagall, vice-diretora da escola. – apresentou-se – Agora queiram me acompanhar.



            Deixando Hagrid para trás, eles seguiram até uma salinha, ao lado de uma grande porta de duas folhas. Guiados pela professora, eles se acomodaram no pequeno espaço, sussurros animados e nervosos sendo ouvidos. Ela fechou a porta atrás de si e pediu silencio com a mão.



            - Muito bem. – anunciou ela – Vocês irão entrar em fila no Salão Principal e se dirigirem até a frente para serem classificados nas casas conforme eu os chamar.



Alguns que estavam ali se mexeram, desconfortáveis, enquanto Sarah também não achava uma boa idéia aparecer na frente de toda a escola.



- Já que vão ser o centro das atenções por alguns momentos, sugiro que se arrumem o melhor possível – continuou ela com voz firme – Vou voltar daqui a pouco para chamá-los. – e saiu apressada.



            Todos começaram a falar ao mesmo tempo.



            - Como você acha que é a seleção? – perguntou Sarah a Lily.



            - Não tenho a mínima ideia...



Lily apertava as vestes do uniforme entre as mãos enquanto Tom roía as unhas das duas mãos ao mesmo tempo. Sarah tentava se concentrar em ficar quieta num lugar só, trocando o peso de uma perna para outra quase como se quicasse. De algum lugar atrás, veio um ruído constrangedor e logo em seguida o odor característico os atingiu. Vários colegas xingaram e Sarah tapou o nariz com a manga longa das próprias vestes, se ocupando em se sentir consternada com tal nível de nervosismo.



            A professora voltou depois de um tempinho e levou-os de volta para frente das enormes portas que tinham passado anteriormente. Assim que todos estavam comportados e enfileirados, elas se abriram e os alunos se viram de frente para um imenso salão com quatro mesas enormes, paralelas entre si, que cobriam quase todo o comprimento do salão – essas estavam lotadas de alunos mais velhos.  Uma quinta, na outra extremidade e de frente para todos, sentavam-se os professores.



Sarah e os outros calouros adentraram pelo corredor central e a garota boquiabriu-se ao olhar para o teto. Era exatamente igual ao céu lá fora, negro e salpicado de estrelas. Havia também centenas e centenas de velas flutuando sobre suas cabeças para iluminar o Salão. Aqui e ali flutuavam figuras peroladas e apenas parcialmente sólidas. Era a primeiríssima vez que via um fantasma de verdade e se maravilhou com a descoberta. Que conversas interessantes eles deviam proporcionar.



            Caminharam até a frente, andando em fila reta, e se posicionaram no que parecia um palco provisório. A garota sentiu os olhares do restante da escola neles e corou quase que de imediato. Mirou Lily ao seu lado apenas para descobrir que o rosto dela estava quase da cor de seus cabelos.



A Profa. McGonagall pegou um banquinho de três pés que estava ao lado e colocou um chapéu velho, remendado e parcialmente queimado sobre ele. Em seguida se afastou. Então, Sarah se embasbacou uma vez mais, o chapéu ganhou algo como uma boca, bem no meio das costuras, e começou a cantar:



           



            Sejam bem vindos nossos preciosos



            E pequenos bruxos.



            Há muito tempo, os quatro maiores da época.



Tiveram a ideia de ensinar magia



Para as novas gerações.



Construíram, então, um castelo.



Onde todos de sangue mágico



Estariam entre os seus e



Aprendendo utilizar teu sangue nobre.



Mas as formas de ensinar



Começaram a se distanciar



Por isso foram criadas as quatro casas.



Gryffindor, Slytherin, Hufflepuff e Ravenclaw.



O valente Godric Gryffindor aceitava os nobres e corajosos



De passado com grandes feitos.



O obtuso Salazar Slytherin queria os de sangue-puro



Astutos e de grande ambição.



A bela e sábia Rowena Ravenclaw abrigava apenas



Os de mentes brilhantes e inteligentes.



Já a boa Helga Hufflepuff acolhia a todos



Os justos, bons e fiéis aos amigos.



Mas como classificá-los? Perguntaram eles



Então criaram o Chapéu Seletor



Vou avaliar o profundo de suas mentes,



Seus passados e desejos mais obscuros



Nada esconderão de mim, o chapéu pensante



E saberei, então, onde coloca-los.



 



Voltou a ter aparência comum e velha e todos que estavam nas mesas ao redor aplaudiram. Os novos alunos nem conseguiram acompanhar o coro de palmas tal era o nervosismo, Sarah um deles. Ela tremia da cabeça aos pés, quase não cabendo em si e, estranhamente, seu pensamento foi: “Que grande mentiroso é James! Dragões... Há!”.



A professora McGonagall foi até o lado do banco de três pés e falou enquanto desenrolava um pergaminho:



- Vou chamá-los pelo nome e um por um irá experimentar o chapéu. Assim que ele disser a casa correspondente, vocês vão para a mesa correta.



Cerca de sessenta novatos assentiram, desajeitados e ansiosos.



- Luke Ashley. – chamou ela e um garoto de cabelos alourados se dirigiu ao chapéu, sentando-se no banquinho e colocando-o na cabeça.



- GRYFFINDOR!



Os alunos da mesa do canto esquerdo aplaudiram e gritaram enquanto Luke se juntava a eles.



- Samuel Bones.



- RAVENCLAW!



E ele foi para a mesa de Ravenclaw.



- Alicia Coote.



- RAVENCLAW!



- Su Corner.



- RAVENCLAW!



- Dimas Davies.



- SLYTHERIN!



- Nicholas Dickson.



O garoto metido e desajeitado se sentou no banquinho com o chapéu.



- GRYFFINDOR!



Sarah não via onde ele era corajoso e destemido. Seria mais certo se tivesse uma casa para os sem-noção, onde ele encontraria seu lar doce lar, com certeza.



E o amontoado de alunos ali no corredor foi diminuindo à medida que a professora anunciava seus nomes e eles iam para a mesa da casa selecionada.



- Lily Potter.



A garota sorriu para a amiga, que foi se sentar no banco depois que Scorpius Malfoy se tornou parte de Slytherin. O chapéu levou pouco mais de um minuto, durante o qual Sarah cruzou os dedos com força.



- GRYFFINDOR!



Sarah comemorou junto com a mesa da casa. Era onde Lily queria estar. Ela foi radiante para a mesa de Gryffindor e se sentou ao lado de James.



- Sarah Schaffor.



Sarah foi até o banquinho com o chapéu deixado por Lily e o colocou na cabeça. Ele lhe tampou os olhos e ela ouviu uma vozinha dentro de sua cabeça.



- Mas o que vejo aqui... Sangue de Slytherin? Não é possível... Mas sim. Posso enxergar muita coragem! Altruísmo e ousadia, mas também ambição e impaciência. Luz e escuridão em equilíbrio único. Uma mente nada má, nada má... Límpida e rápida em pensamentos, menina, muito bom mesmo... Tantos caminhos possíveis, aqui... mas já sei onde pertence ... GRYFFINDOR! – anunciou ele para todo o salão.



Com um somo de alívio e alegria, ela correu para se sentar à mesa de Gryffindor, onde todos a aplaudiam. Localizou James e Lily e se sentou ao lado deles.



- Parabéns! – exclamou James.



- Que legal! – exclamou Lily ao mesmo tempo em que Kevin Smith se tornava aluno de Hufflepuff. Mas antes dele, Michael Slade fora designado para a mesa de Slytherin.



- Não estou nada impressionada. – resmungou Sarah.



Pouco depois, Tom e Hugo, que também foram selecionados para Gryffindor, se sentaram de frente para as garotas.



- Que sorte! Saímos todos na mesma casa! – exclamou Tom.



Um homem no começo da velhice se ergueu da cadeira ao centro da mesa dos professores. Era alto e sério, usando vestes negras e um imponente chapéu bruxo. Tinha o bigode e a barba grandes e pretos. Os olhos negros percorreram a mesa de Gryffindor e pararam em Sarah, mas logo depois continuou a percorrer a mesa e voltou sua atenção ao Salão, fazendo a garota pensar que fora coisa de sua cabeça.



- Sejam bem-vindos! – exclamou ele sem sorrir – Sou Crown, diretor de Hogwarts. Dou boas vindas aos novos estudantes e desejo um ano muito bom para os mais velhos. Agora, sem mais rodeios, bom apetite. – então sorriu, mas parecia não fazer isso com frequência.



O diretor não permaneceu muito mais tempo nos pensamentos de Sarah. Naquele instante, todas as mesas se encheram de comida num piscar de olhos. Era tudo o que ela mais gostava: peru, salada de manjericão, rosbife, galinha assada, costelas de porco e de carneiro, pudim de carne, ervilhas, molho, docinhos de hortelã, e muitos outros pratos diferentes, alguns a garota nem conhecia. Encheu o prato com um pouco de cada coisa e quase não aguentou comer a sobremesa, que foi tijolos de sorvete de todos os sabores que se podia imaginar, torta de maçã, tortinhas de caramelo, bombas de chocolate, roscas fritas com geléia, bolos de frutas com calda de vinho, morangos, gelatinas, pudim de arroz...



Ela se serviu de bombas de chocolate, que estavam tão gostosas como todo o resto.



Quando todos os pratos já estavam vazios, o diretor se levantou novamente.



- Muito bem. Tenho alguns avisos a dar. Os testes para os times de Quidditch começarão na próxima semana com os respectivos capitães das casas. Apenas alunos do terceiro ano para cima têm permissão para ir ao povoado de Hogsmeade. O Sr. Danth, zelador da escola, para quem ainda não o conhece, tem uma lista em sua sala dos produtos de logros que são proibidos no castelo. A Floresta Proibida, que fica nos arredores da propriedade, não é acessível para nenhum aluno. – e parou, pensando se faltava algo – Bem... acho que de avisos imediatos são apenas esses. Creio que estejam cansados depois desse delicioso jantar. Monitores, acompanhem os alunos do primeiro ano aos dormitórios. Durmam bem e boa volta às aulas amanhã.



E saiu por uma porta atrás da mesa dos professores. Sarah, Lily, Tom, Hugo e os outros alunos do primeiro ano acompanharam Molly, que era uma monitora. Sarah conseguia distingui-la facilmente no meio de tanta gente, seguindo seus longos cabelos ruivos.



Novamente no Saguão de Entrada, começaram a sentir água pingando em suas cabeças. Olharam para cima e viram um homenzinho atarracado flutuando sobre eles com um balde nas mãos de onde pegava água e jogava.



- Bem vindos, calourinhos! – soltou uma gargalhada e derrubou o conteúdo todo do balde na cabeça de Tom, que ficou encharcado.



- Ah, cara! – exclamou ele de cara feia, tirando o cabelo molhado da testa.



- Esse é o Peeves, um poltergeist – explicou Molly, desolada – Ele inferniza a vida da maior quantidade de pessoas possível. Tome cuidado com ele.



Ainda com um Tom resmungão, eles continuaram seu caminho. Subiram uma escadaria de mármore que levava aos andares de cima, atravessaram corredores que pareciam quilométricos e pararam de frente para o quadro de uma mulher muito gorda usando vestido cor-de-rosa.



- Esta é a Mulher Gorda – apresentou-a Molly – ela é a passagem para o nosso dormitório. A senha para entrar vai ser Acromântula.



- Mas é claro. – respondeu a Mulher Gorda.



O grande retrato girou para deixá-los passar. Sarah e Lily, à frente dos demais, passaram pelo buraco que se abriu e se acharam em uma magnífica sala comunal redonda e extensa.



Era grande o bastante para acomodar confortavelmente todos os alunos da casa. Quase tudo era com tons variados de vermelho e dourado, as duas cores de Gryffindor. Tinha mesas, escrivaninhas a um canto para os deveres, belas cadeiras, sofás macios ao redor de mesas de centro estilosas, pufes, algumas lareiras aconchegantes, janelas grandes e compridas, pois a sala ficava em uma das torres. Bancos almofadados e compridos se espalhavam pelo cômodo e lindos e imponentes desenhos de leões, que era o mascote da casa, enfeitavam as paredes. Havia duas portas com uma escada espiral que sumia pelos andares de cima, certamente os dormitórios.



Sarah adorou tudo. Seria, daquele momento em diante, seu lar. Ela e Lily subiram as escadas da porta onde estava uma plaqueta com os dizeres: Ladys. Chegaram ao último andar, onde haviam três portas que se liam: Alunas de primeiro ano. O da esquerda tinha os seus nomes e foi onde entraram



Os móveis eram delicados e bem feitos. Havia cinco camas de dossel com cortinas carmesim e um espaço grande debaixo delas, provavelmente para guardar os malões. Cada cama estava adjacente a uma mesinha de cabeceira, uma escrivaninha e um guarda-roupa. Sarah escolheu a cama do canto direito e Lily a do seu lado.



Assim que designaram suas respectivas camas, suas coisas apareceram totalmente arrumadas em seus devidos lugares, juntamente com seus uniformes, agora com as cores da casa e o emblema do leão bordado no peito. Sarah correu para abraçar Moon, que ganhara uma almofada fofa no degrau da janela que ficava ao lado de sua cama. Abriu o malão que surgira sob sua cama e viu que alguns objetos pessoais continuavam lá.



Sobraram outras três camas, que acolheriam Dorabella Jones, Akira Nakata e Jennifer Terence – segundo a listagem à porta. Não passou muito tempo que estavam organizando suas coisas e Dorabella chegou, radiante.



Ela era morena, de cabelo castanho e todo encaracolado. Tinha olhos escuros bondosos e um jeito amalucado, o qual averiguaram rapidamente durante o banquete.



- Olá! Adorei esse lugar! E vocês? – exclamou a garota.



- Também. É tudo muito legal! – exclamou Sarah. – Você é Dorabella, certo?



- Argh! Nunca mais diga isso em voz alta! – exclamou a outra com afetação – Apenas Dora, por favor, e muito prazer! – ela se jogou na cama ao lado da de Lily, mas continuou a falar - Ah! Você é a irmã do James! – disse Dora virando-se para Lily – Ele é muito legal, e engraçado também. – e deu uma risadinha. – e você é Sarah Schaffor. – e apontou para Sarah um dedo magro e meio torto.



- Estou tão cansada, meninas... – falou Lily e deu um bocejo.



- Já sei o nome de alguns dos garotos do nosso ano. – continuou Dora ainda animada, começando a organizar suas coisas – Tomas Watson, Hugo Weasley, Luke Ashley, Bradley Campbell e Nicholas Dickson. Preciso descobrir de mais dez! Acho que me lembro de Adam Higholt da Seleção... Ah! Também sei que Hugo é primo do James! Hum, isso faz dele seu primo também, não é faz, Lily?



- Humm... Vamos dormir não é? – bocejou Sarah vestindo o pijama e se afundando na cama macia e quentinha.



Não demorou muito para adormecer depois de Dora parar de falar, o que demorou um bocado.


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