Tesouro Subterrâneo



Chegaram ao bar e foram até o barman Tom, que agora conversava com um bruxo bem vestido em uma capa púrpura e de aparência conservadora. Ele carregava uma fina pasta preta e parecia insatisfeito.



- É algo simples, Tom – ele falou passando as mãos pelos cabelos ruivos de forma impaciente e deixando-os despenteados



- Eu lhe disse, Hannah Longbottom ainda é a dona, mas não fica aqui mais. Ela está em outros negócios, acho que agora o de curandeira. – retrucou o outro de forma distraída.



- Mas...



- Só um minuto – o barman o interrompeu e veio até Sarah e Tom – O que precisam?



- Queríamos saber como podemos chegar ao Diagon Alley. – indagou Sarah, temendo ter interrompido algo importante – É a nossa primeira vez aqui,



- Ah, claro. – retrucou o barman atenciosamente – Se me dá licença, Sr. Finn... Tem vezes que novos alunos de Hogwarts chegam aqui e nunca ouviram falar da escola. – e saiu para os fundos, rindo de si mesmo. Tom e Sarah se entreolharam com ar de riso e o seguiram para os fundos do Leaky Cauldron, deixando um carrancudo Sr. Finn para trás.



O lugar era meio apertado, com três latas de lixo entupindo-o e uma parede de tijolos crus. Nada mais. Ela já ia perguntar o que estavam fazendo ali quando o barman tirou uma varinha lascada do bolso, contou alguns tijolos para cima da lixeira, alguns para o lado e bateu três vezes em um específico.



No centro, surgiu um buraquinho luminoso que foi se alargando cada vez mais. No segundo seguinte se viram diante de um arco grande suficiente para passar alguém de cinco metros de altura, que se abria para uma rua de pedras irregulares que serpenteava e desaparecia de vista.



Os queixos dos dois amigos caíram. Atravessaram o arco e Sarah viu o portal se fechar atrás deles, deixando o barman para trás. Não sabia para onde olhava primeiro enquanto virava o rosto para todo lado. Tudo lhe era estranho: as lojas, as coisas nas vitrines, as pessoas que faziam compras... Havia todo tipo de loja e objetos sendo vendidos: caldeirões, vassouras, corujas, livros, doces bizarros, jornais onde as fotos se mexiam, cartazes que falavam e jogavam confetes em você, animais esquisitos guinchavam de suas gaiolas. Ela mal podia acreditar no que estava diante de seus olhos.



Tom permanecera de boca aberta tentando tanto quanto ela assimilar o máximo possível. Sarah falou:



- O que temos que fazer agora? Acabei de me esquecer de tudo que Lupin disse.



Um homem que caminhava por perto, parecendo de etnia indiana, conversava com um mini macaco peludo empoleirado em seu ombro. Ela não conseguia se decidir se o animal era superdotado ou se o bruxo era meio atrapalhado das ideias.



- Ele falou sobre um banco Gringotts, onde eu tenho que trocar o meu dinheiro e você pegar o seu no “Cofre dos Schaffor”. – respondeu o amigo. Uma bruxa vestida dos pés à cabeça em roxo passou por eles e os olhos de Tom se esbugalharam quando o chapéu dela lhe desejou boa tarde.



- Ele disse “Cofre dos Schaffor”?



- Sim. – tornou ele, agora ocupado com a vitrine de uma loja do que pareciam ser poções.



- Então o cofre é meu?! – exaltou-se Sarah espantando de perto de si um inseto azul grande e gordo – Achei que era da escola ou... sei lá. Então eu tenho dinheiro? Puxa! Talvez eu possa pegar um pouco para Emily.



- O dinheiro é seu, faça o que bem entender. – disse ele dando de ombros - Vamos ter que perguntar onde fica...



Ele procurou ao redor por alguém que estivesse disponível. Uma mulher nariguda passou perto deles e Tom correu até ela.



- Por favor – chamou, parando em frente a ela – Será que poderia nos dizer onde fica o Gringotts?



- Não sabem onde é o Gringotts?! – indagou, encarando-os como se fossem retardados mentais. Pensando bem, refletiu Sarah, no que se referia a magia, eles eram bem retardados.



- Não.



- Aquele grande prédio branco, que você vê daqui – disse ela apontando o tal prédio. Talvez pudesse ser visto por todos os lugares do Diagon Alley, tal a sua altura.



- Obrigado – agradeceu Tom e saiu puxando Sarah para aquela direção. Ela pouco prestava atenção no caminho que faziam, deixava a tarefa com o amigo, estando muito ocupada em ver tudo que podia nas vitrines das lojas. Andaram pela rua principal, viraram umas poucas esquinas e lá estavam. O prédio era incrivelmente majestoso, de longe o mais imperioso. Havia uma garota de cabelos flamejantes ao pé da escada da entrada e ao lado da porta havia... Sarah quase não pôde acreditar, havia um duende.



Pararam próximos da menina e sorriram um para o outro.



- Dá pra acreditar? – indagou Sarah – É um duende! Um duende de verdade!



- É. É. – respondeu o amigo sem se importar muito. Correu até a menina ruiva e indagou:



- Você vai entrar no Gringotts?



- Sim – respondeu ela em voz baixa, meio desconfiada.



- Talvez pudesse ajudar a gente. Nunca viemos nesse banco.



- Vocês nunca estiveram no Gringotts? – tornou ela, agora curiosa. Sarah rodou os olhos e se perguntou quantas vezes mais ouviria algo assim. Pelo menos ela não achava que eram idiotas por isso.



Avaliando-a, percebeu que deveriam ter aproximadamente a mesma idade, as duas tendo quase a mesma altura. A garota tinha os cabelos lisos na altura dos ombros, com olhos grandes e castanhos e sardas no nariz. Usava roupas delicadas, do tipo que Emily sempre insistira para Sarah usar.



- Na verdade, não sabíamos que éramos bruxos até pouco tempo atrás. – disse como justificativa.



- Então vocês estão indo para o primeiro ano de Hogwarts? – indagou a ruiva, mais interessada ainda.



- Sim – respondeu Tom.



- Que legal! Também estou entrando esse ano. Meu nome é Lily. Lily Potter – e estendeu a mão, sorridente.



- Sarah Schaffor – disse e apertou a mão de Lily.



- Tom Watson – e o amigo fez o mesmo.



- Vamos. Posso ajudar se tiverem alguma dúvida. – disse ela.



Os dois assentiram e subiram a escada de mármore rapidamente. Quando passaram pelo duende, ele os cumprimentou. Era uma cabeça mais baixo que Sarah, com uma cara escura e inteligente, barba em ponta e mãos e pés muito compridos.



Entraram pela enorme porta branca e saíram em outro galpão, se deparando com outra porta, desta vez de prata, onde estavam gravados os dizeres:



 



“Entrem, estranhos, mas prestem atenção



  Ao que espera o pecado da ambição,



  Porque os que tiram o que não ganharam



  Terão é que pagar muito caro,



  Assim, se procuram sob o nosso chão,



  Um tesouro que nunca enterraram,



  Ladrão, você foi avisado, cuidado,



  Pois vai encontrar mais do que procurou.”



 



- Até parece. – zombou Tom – O que pode haver de mais em um banco? Mesmo sendo de bruxo, não há muita coisa a se fazer.



- Aí é que você se engana. Já foi comprovado que existem dragões guardando os cofres – enfatizou Lily.



- Dragões? Existem dragões também? – quis saber Sarah.



- Sim, e muitos. Meu tio Charlie trabalha na Romênia, faz pesquisas sobre dragões. Está descobrindo um líquido no pescoço deles que talvez possa curar a pessoa de qualquer coisa. Ele pensa que esse líquido é o responsável por eles serem tão indestrutíveis.



- Puxa...



Passaram então pela segunda porta, entrando em um enorme saguão de mármore branco, um lustre majestoso sobre suas cabeças e um imenso balcão onde trabalhavam vários duendes. Lily foi para o outro lado, dizendo que era só conversar com um dos atendentes, e Sarah e Tom se dirigiram a um deles. Ele ergueu os olhos desconfiados e disse:



- Posso ajudar em alguma coisa?



- Sim – disse Sarah – Gostaria de visitar o cofre dos Schaffor.



Ele a observou mais atentamente, mirando a garota de cima a baixo e finalmente disse:



- A jovem tem a chave?



- Claro, está aqui. – e entregou o enorme objeto dourado para o duende, que a examinou de forma minuciosa. Ao redor, Sarah reparava no que os outros trabalhavam. Vários examinavam pedras preciosas muito grandes e brilhantes. Outros escreviam freneticamente em um pergaminho sem ao menos molhar a pena no tinteiro. Outros ainda atendiam pessoas que entravam no saguão. E mais alguns, nas portas ao redor, guiavam bruxos para dentro delas. Sarah imaginou que seriam vários saguões de mármore cheios de cofres e mais cofres de fechadura gigante para caber chaves como aquela dourada.



O duende terminou sua revista, olhou a garota nos olhos e então a chave se dissolveu em frente aos seus olhos. Tom soltou um palavrão.



- Mas o que...? – começou Sarah, indignada.



- Não se preocupe, Srta. Schaffor. O banco de sua família não necessita chave alguma, esta era apenas para reconhecimento. Se você não fosse um legítimo Schaffor, ela me informaria e se houvesse qualquer impostor interessado em seu tesouro, não chegaria nem perto dele.



A garota o encarou, sem saber o que responder.



- Está tudo em ordem, vamos leva-la até o cofre. Minus! Leve a senhorita ao cofre seiscentos e dois!



Um duende mais baixo que todos os outros se aproximou e fez sinal para segui-lo. Suas pernas curtas trabalhavam com agilidade e quase a deixaram para trás.



- Você vai ficar bem? – indagou para Tom enquanto o seguia.



- Sim, sim. Vou falar com esse aqui para trocar o dinheiro pra mim e me explicar como funciona.



- Ok – ela se virou então e continuou atrás do duende chamado Minus.



Atravessaram o saguão apinhado de gente e foram para uma porta no lado direito. O que Sarah imaginou ser outro saguão luxuoso era uma caverna com trilhos no centro, que seguia para frente e desaparecia na escuridão. Minus assoviou e um carrinho de mina parou na frente dos dois, surgindo de dentro das pedras atrás.



- Entre no carrinho. – disse Minus com voz fina e irritadiça.



Sarah imediatamente obedeceu, acomodando-se no vagão de trás (que, para sua surpresa, era confortável) enquanto o duende ia para o da frente. O carrinho começou a andar e em poucos segundos estavam correndo em alta velocidade. Parecia saber aonde ia sem ser conduzido pelo duende, indo cada vez mais fundo. Sarah, com os cabelos chicoteando para todo lado, ficou imaginando quantas centenas de quilômetros abaixo da superfície já estariam.



Começou a esfriar rapidamente, estalactites e estalagmites ficavam maiores e a rocha nas paredes escurecia. Quando fizeram uma curva fechada, Sarah foi engolida por uma cachoeira de água gelada, mas assim que se afastaram dela, percebeu que não estava molhada.



- É um feitiço para lavar encantamentos e disfarces mágicos. – gritou a voz abafada de Minus – Nós chamamos de “A Queda do Ladrão”.



Sarah apenas assentiu. Não era uma sensação boa ser lavada por antifeitiços daquele jeito.



Só pararam bem depois, em frente a uma gruta escura. Sarah pensou ter ouvido o som do arrastar de correntes. Minus pulou para fora do vagão, levando consigo uma lamparina e dois pequeninos címbalos. Eles caminharam para o escuro da gruta e Sarah estacou na hora. Bem à frente, erguendo-se do chão em toda sua altura e soltando fumaça pelas narinas, estava um gigantesco dragão mal iluminado pela lamparina do duende. Estava acorrentado ao chão e parecia guardar cerca de sete cofres. O animal soltou um urro ensurdecedor e agitou a cabeça nervosamente. Era uma triste imagem, Sarah pensou. Tinha as escamas vermelhas pálidas e foscas, talvez pela ausência de luz do subterrâneo, e os olhos eram cascas de machucados antigos. Podiam-se distinguir cicatrizes de objetos pontiagudos por todo o flanco visível.



- Ele é cego, Srta. Schaffor, não precisa se alarmar. – anunciou Minus, categórico.



Aquelas palavras, no entanto, não a acalmaram. Principalmente quando o dragão ouviu a voz do duende, soltou um segundo rugido, dessa vez tão alto que a rocha tremeu, e cuspiu para eles um jato poderoso de fogo. Sarah retrocedeu na mesma hora, não sentindo segurança alguma com a presença de seu companheiro pequenino.



Mas nesse momento, Minus começou a trabalhar com os címbalos. Mesmo que os instrumentos fossem bem modestos, produziam um som potente, como de martelos batendo em bigornas. Na mesma hora o dragão se retraiu e retrocedeu para o fundo escuro da gruta.



- Ele é treinado para saber que sentirá dor ao ouvi-los. – explicou Minus novamente.



Ainda tocando os címbalos, ele se aproximou da sétima porta ali e alisou a pedra com as mãos. Só quando a parede sólida começou a dissolver que a garota reparou que não havia fechadura. Um brilho dourado preencheu o escuro quando o cofre foi aberto.



- Seja rápida. – rosnou o duende e eles entraram.



Assim que a garota pôde ver seu conteúdo, não conteve um ofego de surpresa e admiração. O brilho que havia ali dentro vinha de montanhas de ouro em um aposento gigantesco, abarrotado de tesouros. Além do ouro, havia joias aos montes, que preenchiam toda uma parede. Móveis, antiguidades, quadros, esculturas, livros. Sarah encarava tudo aquilo sem acreditar. Todos aqueles anos sendo infernizada pelos Newell, sem saber que era especial, sem saber que era mais rica que a rainha da Inglaterra. Riu internamente com o pensamento. Se quisesse, poderia nunca mais voltar para Biggin Hill.



Olhando em volta mais atentamente, reparou num retrato pintado, coberto de poeira, de uma bruxa loura e elegante. Era muito bonita, com olhos claros misteriosos, usando uma pedra azul pesada como colar. Devia ser uma parenta importante.



- Entre e pegue logo o que precisa, senhorita. – disse Minus.



Ela assentiu, agarrando uma boa quantidade de moedas de ouro e colocando-as dentro da bolsa. Perguntou-se quanto seria um ano de aprendizado na escola, mas aquilo devia ser mais do que suficiente.



Eles voltaram para a gruta, onde o dragão bufava a um canto e embarcaram no vagão. Viajaram rapidamente à superfície, Sarah com a bolsa pesada e carregada de ouro. Chegou ao Saguão do banco e encontrou Tom esperando ao lado da porta de entrada. Foi até ele o mais rápido possível e contou sobre o tesouro que tinha durante toda sua vida e não sabia.



- Irado – disse ele, sorrindo – Olha, o duende chato lá me explicou como é – disse olhando feio para o que tinha recebido os dois – as moedas de ouro são galleons, as de prata são sickles e as de bronze, knuts. Dezessete sickles fazem um galleon e vinte e nove knuts fazem um sickle.



- Entendi – dito isso, a garota ruiva, Lily, reapareceu ao lado deles.



- Voltei. Estava conversando com os meus tios. Eles trabalham aqui.



- Humm... O que vamos comprar primeiro? – perguntou Tom, animado.



Sarah pegou a carta que recebera e puxou a segunda folha de pergaminho, lendo:



 



 



Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts



 



Uniforme



Os alunos do primeiro ano precisam de:



1.Três conjuntos de vestes comuns de trabalho (pretas).



2.Um chapéu pontudo simples (preto) para uso diário.



3.Um par de luvas protetoras (couro de dragão ou similar).



4.Uma capa de inverno (preta com fechos prateados).



As roupas do aluno devem ter etiquetas com seu nome.



 



Livros



Os alunos devem comprar um exemplar de cada um dos seguintes:



            Livro padrão de feitiços (1ª série) de Miranda Goshawk



            História da Magia de Batilda Bagshot



            Teoria da Magia de Adalberto Waffing



            Guia de Transfiguração para iniciantes de Emerico Switch



            Mil ervas e fungos mágicos de Fílida Spore



            Bebidas e poções mágicas de Arsênio Jigger



            Animais fantásticos e seu Habitat de Newton Scamander



            As forças das trevas: Um guia de auto-proteção de Quintino Trimble



 



Outros equipamentos



Uma varinha mágica



Um caldeirão (estanho, tamanho padrão 2)



Um conjunto de frascos



Um telescópio



Uma balança de latão



Os alunos podem ainda trazer uma coruja OU uma gato OU um sapo.



 



            Lembramos aos pais que os alunos do primeiro ano não podem usar vassouras pessoais.



 



 



- Puxa vida! Pode levar animais para a escola! – exclamou Tom.



            Saíram então do banco e foram pela rua principal novamente. Passaram por uma loja com os dizeres – Artigos de Qualidade para Quidditch, onde havia uma vassoura deslumbrante na vitrine, que deixou Sarah de queixo caído. Várias crianças a admiravam.



- Hã... Lily? – chamou.



- Sim? – respondeu ela, parando. Tom fez o mesmo.



- O que é Quidditch?



- Puxa... Vocês vão mesmo ter muito que aprender. Quidditch é simplesmente o jogo mais popular dos bruxos. É jogado no mundo inteiro! Vou explicar. Joga-se montado em uma vassoura, com sete jogadores: três Chasers, que tem de acertar a Quaffle em uma das três balizas; um Keeper, que protege as três balizas; dois Beaters, que defendem o time dos Bludgers com um bastão e os arremessam no time adversário; e o Seeker, que tem a função mais importante, a de apanhar o Golden Snitch, que, quando é apanhado, o jogo acaba e o time do Seeker ganha cento e cinquenta pontos. É um jogo fascinante! James e Fred adoram e minha mãe já foi jogadora profissional. – anunciou toda orgulhosa – Não tem férias que vamos para a casa da vovó que não ficamos jogando o dia todo com os primos da Romênia.



            - Parece irado! – exclamou Sarah, excitada para conhecer o jogo.



- Não sei se é tão bom assim. – disse Tom, que tinha um pouco de dificuldade com coisas novas – Acho que vou ser uma aberração nesse primeiro ano lá. Preciso de tempo para me acostumar com as coisas...



            - Que exagero, Tom. Você pensa muito pouco de si mesmo. Vai se dar bem, vai ver – encorajou Sarah.



            - Bom, vamos logo porque ainda temos muito que fazer. – chamou Lily.



            Resolveram ir primeiro à Madame Malkin, roupas para todas as ocasiões, para comprar os uniformes. Entraram na loja e uma bruxa atarracada e gordinha, de cabelos grisalhos, veio ao seu encontro.



            - Hogwarts, queridos? – disse ela com bondade.



            - Hã... sim. Nós precisávamos de... – começou Lily, mas nem terminou a frase e a mulher puxou-os para o fundo da loja e botou cada um em cima de um banquinho. Colocou uma enorme veste em Sarah e começou a diminuir aqui e ali com toques da varinha. Quando terminou, fez os mesmos cortes em outras três vestes e as entregou para a garota. Fez a mesma coisa com Tom e Lily e pegaram também os chapéus necessários e as capas de inverno. Lily reclamou um pouco da saia de prega que as meninas tinham que usar, alegando ficar muito curta.



Sarah sorriu com a timidez dela. Era uma característica estranha a ela, que era toda destemida, às vezes até demais. Mas começava a conhecer Lily e a gostar dela. Fazia-a lembrar de Emily. Ela e a irmã eram o oposto uma da outra mas, ao seu ver, suas diferenças as complementavam.



Saíram de lá e Tom ficou olhando para uma loja chamada - Animais Mágicos. Talvez ainda tivesse a idéia de comprar um animal.



- Vocês se importam de esperar aqui um minuto? – indagou.



- Não... – disseram as duas juntas. Ele saiu correndo, entrou na loja que aparentava ser bem apertada, e voltou uns dez minutos depois, encontrando Lily e Sarah conversando sobre fotos. Lily tinha dificuldade em entender como as fotos dos Muggles não se mexiam.



- Pronto, já fiz o que queria – disse ele, que carregava uma cesta rosa toda enfeitada.



- Comprou uma cesta rosa? – perguntou Sarah, sorrindo – Não é seu costume comprar coisas de “cor de menina”, como você mesmo diz.



- É porque não é pra mim. Comprei pra você, Sarah.



Ela ficou sem palavras enquanto o amigo, meio encabulado, lhe passava a cesta. Levantou o tecido que a cobria e descobriu um gatinho persa minúsculo, branco como a neve e com olhos enormes, um verde e outro alaranjado. Nunca tinha visto um animal mais lindo. Olhou para Tom com lágrimas nos olhos.



- Tom... Nem sei o que dizer! É o presente mais lindo que recebi em toda minha vida! – e lhe deu um abraço de quebrar costelas.



- Que bom – disse ele com um sorriso de orelha a orelha no momento em que Sarah o soltava – É fêmea, tá legal? Não vá colocar nome errado nela.



- Ok... O que vocês acham? Me ajudem a escolher.



- Que tal Cristal? – sugeriu Lily.



Tom e Sarah enrugaram o nariz.



- Na verdade eu já pensei em um bem legal – falou Tom pomposamente – Moon.



- Moon... – repetiu Sarah, vendo como soava – É perfeito. Moon.



Então continuaram as compras, Sarah agora carregando alegremente Moon nos braços.


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