Tributo ao Sonata Arctica



Este capítulo é SongFic. Os links para os vídeos com as músicas e as traduções estão nas notas finais. E reviews são muito bem-vindos.
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No Profeta Diário, pouco antes do fim do expediente:


— Credo, Hermione, você está horrível – exclamou Wilfred Reed, entrando na sala dela com as fotos da última reportagem reveladas. A garota mascava a ponta da pena, pensativa. Seus olhos estavam fora de foco, sombreados por olheiras e mostrando sinais de choro. Os cabelos mais revoltos do que nunca, e ela emagrecera muito nas últimas semanas, de modo que era tentador compará-la com uma vassoura. – Está se destruindo, Hermione – Will continuou, sentando-se na mesa e erguendo o rosto dela pelo queixo. Ela olhou-o distraidamente. – Escuta aqui, por mais que você ame aquele cara, ele não merece tudo isso. Precisa cuidar mais de si, se divertir um pouco... Se ficar em casa lendo e ouvindo músicas deprimentes vai acabar se matando, e isso seria uma atitude burra e ridícula. Está me entendendo? – o rapaz disse, sério, olhando-a fundo nos olhos. Hermione suspirou.


— Eu sei, Will... Você tem razão, totalmente... é só que... sei lá, sinto que tudo o que ainda havia de humanidade em mim eu estraguei hoje de manhã indo lá me arrastar aos pés dele – ela murmurou. – Agora não consigo me levantar.


— Eu faço isso por você – ele respondeu, gentilmente. – Você está me devendo uma saída, lembra? Que tal irmos a um pub hoje à noite? Eu conheço um sensacional...


— Pode ser... – Hermione sorriu pra ele, agradecida pela atenção. – Vamos curtir – disse. – Nada de ficar parada no tempo por causa de uma lembrança ou esperança, não é?


— Isso mesmo! – aprovou Will. – É minha filosofia – ele riu. – Então eu te pego as oito. E você vai pra casa agora, se arrumar. Anda. Quero te ver linda.


— Pra isso eu precisaria de uma eternidade. E ainda tenho que terminar isso aqui... – Hermione olhou desanimada para o texto à sua frente.


— Pode deixar que eu termino – ofereceu Wilfred. Como a garota o olhasse ressabiada, ele protestou: – Que foi, não confia nos meus dons de escrita? Eu sou um poeta, esqueceu?


A moça sorriu e beijou o rosto dele.


— Obrigada – disse. Depois pegou a bolsa e saiu. Wilfred teve algum trabalho com o texto. Pela primeira vez na vida de Hermione, estava horrível. Ela realmente ficara abalada com tudo aquilo; Wilfred se impressionou ao perceber que chegara a esse ponto.


Hermione, em casa, pensava que talvez fosse melhor ficar com Wilfred. Ele gostava mesmo dela. Claro que Ron também dizia isso no começo... Mas isto não importava agora. Ela ia sair e divertir-se com o amigo, e caso ele tentasse beijá-la... ela deixaria. Enrolada na toalha, a moça abriu o guarda-roupa em busca de algo para vestir. Ela revirou por tudo, mas não foi capaz de achar uma única peça que não tivesse sido envolvida alguma vez pelo abraço de seu ex. Acabou usando uma roupa bem simples e indo sentar-se com um livro na sala para esperar Will, porque o quarto estava cheio de coisas que lhe lembravam o outro.


Wilfred Reed veio pontualmente, muito bonito e cheiroso, e ambos foram para o al pub, que era trouxa e ficava próximo a Kew Gardens (Londres). Era realmente um lugar legal. Wilfred apresentou algumas pessoas a Hermione, e eles comeram, conversaram e riram bastante. Estava tudo indo bem. Uma musiquinha lenta tocava. O poeta achou que era hora de partir para o ataque.


— Hermione, você me acha bonito? – perguntou ele, tirando os óculos e limpando-os.



“When I’m looking in your eyes everything seems to fade away...”[i]



— Claro. Eu não conheço ninguém com olhos como os seus, violeta – ela respondeu, tomando um gole de cerveja amanteigada. Eles estavam sentados ao balcão.


— É uma pena que eu seja catacego e tenha que usar esses óculos. Eles cobrem a única coisa que presta em mim.


— Que nada, Will. Se alguém gosta de você, nem verá os óculos.



“...have I trusted blindly in your love, too many times...”[ii]



—Eu não conheço muitas pessoas que gostem.


— Que mentira, Willie! Você está cheio de fãs – protestou Hermione, meio maquinalmente, prestando atenção na música.



“...Tell me what do you want me to say when you treat me this way. Oh I love you maybe? And I hope it goes away; how I want you daily, I know it’s gonna stay…”[iii]



— É, mas a única que eu quero não quer saber de mim – ele reclamou.


— Como é que você sabe? – ela perguntou, com um meio sorriso, voltando a prestar atenção nele.


— Você deixa isso claro pra todo mundo.


— Era assim porque eu estava com ele. Mas eu não tenho dado mais atenção a você? – ela disse. – Eu não o amo mais... – ela falou, levemente corada, pois sabia que não era verdade, por mais que ela quisesse.



“...Time will show, the last word is for me. If you fail to see the problem we have, one room full of walls. Jar of love isn’t dry until the last drop falls…”[iv]



— Ele não me merece. Para se honesta, eu não o esqueci, mas estou disposta a isso – ela continuou, firme.


— Eu teria o maior prazer em ajudá-la – murmurou o poeta, docemente, tocando o rosto de Hermione e puxando-a lentamente para perto de si. Hermione deixou-se levar, morrendo de raiva de Ron.



“...In every dream I have I say ‘I’m not in love with you’ but every day I say I do. You have messed with my head so many times, forced me to love you…”[v]



Os lábios de Wilfred nem chegaram a tocas os dela; Hermione recuou bruscamente.


— Desculpe, Will. Ainda não estou pronta pra isso. Desculpe – ela pediu, constrangida, afastando-se e ocultando o rosto no copo de cerveja.


Wilfred olhou para o outro lado, contrariado, também disfarçando. Nesse momento avistou um amigo: Petter Sommerville acabara de entrar no lugar.


— Pit? – exclamou, chamando-o em voz alta. – O que faz aqui, cara? Faz tempo que não vinha.


— Will! – o outro exclamou, reconhecendo e se aproximando. De vez em quando dava uma olhada para a janela, perto da qual tinha estado. – Pois é, cara, mesmo hoje estou aqui a trabalho. E você, o que faz?


— Eu? Trouxe a Hermione – Wilfred respondeu. Petter ergueu as sobrancelhas numa careta estranha, e retribuiu o aceno dela.


— Então tá, divirta-se – Petter disse. Sua cara parecia acrescentar “Enquanto você pode”, mas Wilfred não reparou, porque estava com o rosto enfiado na caneca de cerveja. Petter voltou para a janela. Hermione tocou o braço do fotógrafo.


— Me desculpe, Willie – murmurou, envergonhada de sua fraqueza.


— Deixa isso pra lá. Vamos dançar – falou o rapaz, com um sorriso gentil, levantando e puxando-a para o meio do local.


As músicas lentas continuavam, sempre da mesma banda. Will e Hermione terminaram uma dançaram a próxima, chamada Shy[vi], e apesar de Hermione lembrar-se de Ron com essa também, isso não a afetou e foi um momento agradável. Quando a música seguinte começou, Wilfred puxou Hermione para mais perto de si. A música tocava.



“Remember when we used to look how sun sets far away? And how you said: ‘this is never over’. I believed your every word and I guess you did too. But now you're saying: ‘hey, let's think this over’. You take my hand and pull me next to you, so close to you… I have a feeling you don't have the words. I found one for you, kiss your cheek, say bye, and walk away… Don't look back ‘cause I am crying…”[vii]



Hermione tinha o costume de prestar atenção no que estava escutando, de modo que esses versos fizeram seu estômago revirar e um filmezinho de sua vida que a fez corar por tamanha pieguice passou em sua cabeça. Não importa o que dissesse a si mesma, a mágoa com Ron nunca a deixava. E agora, abraçada a Will, ela sentia-se o traindo. Afastou-se um pouco do poeta.



“I remember little things, you hardly ever do. Tell me why, I don't know why it's over… I remember shooting stars, the walk we took that night. I hope your wish came true, mine betrayed me! You let my hand go, and you fake a smile for me… I have a feeling you don't know what to do. I look deep in your eyes, hesitate a while: Why are you crying?”[viii]



Wilfred sentiu os braços de Hermione deixarem suas costas. Olhou para ela. Sua expressão não era boa. Ele escutava a música; associou as coisas.


— Não preste atenção na música, apenas dance – ele falou, com suavidade, puxando-a novamente e fazendo-a recostar a cabeça em seu ombro. Mas Hermione afastou-o.


— Sinto muito; eu conheço a letra – disse, antes de sair correndo, desviando-se das pessoas e cadeiras no pub cheio. Will foi atrás dela. Ainda se escutava a música quando ele esbarrou com Hermione, que estacara na calçada.



“I lost my patience once, so do you punish me now. I'll always love you, no matter what you do. I'll win you back for me if you give me a chance, but there is one thing you must understand…”[ix]



Hermione olhava paralisada para o outro lado da rua, onde um casal ruivo jantava na calçada de um restaurante francês. O olhar de Hermione cruzou com o da prima Ammy, que estava elegantemente vestida, linda em um vestido preto. Esta perdeu o controle sobre o rosto um instante, ergueu as sobrancelhas e corou. Isto fez Ron olhar para trás e empalidecer instantaneamente.

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Notas:

Last drop falls:

[i] Quando estou olhando nos seus olhos, tudo parece esmaecer.... Esse e os próximos trechos foram retirados da música Last Drop Falls, de Sonata Arctica. Pode-se encontrar letra completa, tradução e vídeo em: http://letras.mus.br/

[ii] ...confiei cegamente no seu amor, vezes demais...

[iii] ...Conte-me o que quer me dizer quando me trata desse jeito. Oh, eu te amo, talvez? E eu espero que isso vá embora; como eu te quero diariamente, eu sei que isso vai ficar...

[iv] ...O tempo mostrará, a última palavra é pra mim. Se você falhar em ver o problema que temos, uma sala cheia de paredes. O jarro do amor não está seco até que a última gota caia...

[v] ... em cada sonho que eu tenho, eu digo Eu não estou apaixonado por você mas todo dia eu digo que estou. Você bagunçou minha cabeça tantas vezes, forçou-me a te amar...

Shy: 


[vi] O título significa Tímido. Pode-se encontrar letra, tradução e vídeo em: http://letras.mus.br/

Shamandalie:


[vii] Lembra quando nós costumávamos olhar o distante pôr-do-sol? E como você disse: Isso nunca vai acabar. Eu acreditei em cada uma de suas palavras e acho que você também. Mas agora você está dizendo: Ei, vamos considerar que acabou. Você pega minha mão e me puxa para perto de você, tão perto de você. Eu tenho o pressentimento de que você não tem as palavras. Eu encontro uma pra você, beijo seu rosto, digo adeus e me afasto. Não olho pra trás pois eu estou chorando... Esse e os próximos trechos foram retirados da música Tallulah, de Sonata Arctica. Pode-se encontrar letra completa, tradução e vídeo em: http://letras.mus.br/

[viii] Eu me lembro de detalhes que dificilmente você se recordaria. Me diga por que, eu não sei por que acabou... Eu lembro de estrelas cadentes, o passeio que fizemos aquela noite. Eu espero que seu desejo se realize, o meu me traiu! Você solta a minha mão, e finge um sorriso pra mim... Eu tenho o pressentimento de que você não sabe que fazer. Eu olho no fundo dos seus olhos, hesito por um instante: Por que você está chorando?

[ix] Eu perdi minha paciência uma vez, então agora você me pune. Eu sempre te amarei, não importa o que faça. Eu te conquistarei de novo se você me der uma chance, mas há uma coisa que você deve entender... 

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