12 - O espelho de Ojesed



– O espelho de Ojesed.

– O que? – Tiago perguntou confuso.


– O espelho de Ojesed. – Severo repetiu também tentando entender, nunca haviam ouvido falar em um espelho de Ojesed.


– Tenta ler ao contrario. – Lily disse pensativa.


– Desejo. – Severo disse um pouco mais confuso.


 


O Natal se aproximava. Certa manhã em meados de dezembro, Hogwarts acordou coberta com mais de um metro de neve. O lago congelou e os gêmeos Weasley receberam castigo por terem enfeitiçado várias bolas de neve fazendo-as seguir Quirrell aonde ele ia e quicarem na parte de trás do seu turbante.


 


– Ótima ideia. – Sirius disse trocando um olhar com Tiago.


– Por que nunca fizemos isso? – Tiago disse sorrindo.


– Vamos fazer isso no próximo inverno. – Sirius disse triunfante.


 


As poucas corujas que conseguiam se orientar no céu tempestuoso para entregar correspondência tinham de ser tratadas por Hagrid para recuperar a saúde antes de voltarem a voar.


Todos mal aguentavam esperar as férias de Natal. E embora a sala comunal da Grifinória e o salão principal tivessem grandes fogos nas lareiras, os corredores varridos por correntes de ar tinham se tornado gélidos e um vento cortante sacudia as janelas das salas de aulas. As piores eram as aulas do Professor Snape nas masmorras, onde a respiração dos alunos virava uma névoa diante deles e eles procuravam ficar o mais próximo possível dos seus caldeirões.


— Tenho tanta pena — disse Draco Malfoy, na aula de Poções. — dessas pessoas que têm que passar o Natal em Hogwarts porque a família não as querem casa.


 


– Eu prefiro ficar em Hogwarts a ficar com minha família. – Sirius disse categórico.


 


Olhou para Harry ao dizer isso. Crabbe e Goyle miraram Harry, que estava medindo pó de espinha de peixe-leão, e não lhes deu atenção. Malfoy andava muito mais desagradável do que de costume desde a partida de Quadribol. Aborrecido porque Sonserina perdera, tentara fazer as pessoas rirem dizendo que um sapo iria substituir Harry como apanhador no próximo jogo. Então percebeu que ninguém achara graça, porque estavam todos muito impressionados com a maneira com que Harry conseguira se segurar na vassoura corcoveante. Por isso Draco, invejoso e zangado, voltara a aperrear Harry dizendo que não tinha família como os outros...


 


– Esse garoto precisa de uma lição. – Remo disse com raiva.


– Eu apresentaria Almofadinhas para ele a qualquer hora! – Sirius disse irritado.


– Almofadinhas? – Lily perguntou curiosa.


– Meu cachorro de estimação. – Tiago disse rápido.


– Por que seu cachorro se chama Almofadinhas? – Alice perguntou rindo.


– Foi o Sirius que escolheu o nome... – Tiago disse – Ele estava na minha casa quando ganhei ele.


– Adoro cachorros. – Lily disse sorrindo para Tiago – Você tem que me apresentar ele um dia.


– Pode ter certeza de que você vai conhecer Almofadinhas. – Sirius disse rindo enquanto Remo e Tiago reviravam os olhos.


 


Era verdade que Harry não ia voltar à Rua dos Alfeneiros para o Natal. A Professora Minerva passara a semana anterior fazendo uma lista dos alunos que iam ficar em Hogwarts no Natal e Harry assinara seu nome na mesma hora. Não sentia nenhuma pena de si mesmo, provavelmente aquele seria o melhor Natal que já tivera.


 


– Os natais em Hogwarts são ótimos. – Tiago falou, mais para consolar Lily que parecia infeliz de saber que seu filho nunca teve um bom natal, do que para Harry que parecia muito bem com isso.


– Nós passamos a maior parte dos natais em Hogwarts. – Sirius disse lembrando-se feliz – Menos no quinto ano que os Potter nos convidaram para a festa de natal.


– Nunca passei o natal aqui... – Lily disse pensativa.


– Não sabe o que está perdendo. – Alice disse feliz. – Eu e Frank passamos o natal passado aqui e foi ótimo.


– Talvez você deva passar o próximo natal aqui. – Remo sugeriu a Lily – Todos nós poderíamos, seria divertido.


– Acho que antes de fazermos planos devíamos terminar o livro... – Frank disse – sem querer desanimar ninguém.


 


Rony e os irmãos também iam ficar, porque o Sr. e a Sra. Weasley iam à Romênia visitar Carlinhos.


 


– O natal com amigos é ainda melhor. – Tiago disse olhando para Remo e Sirius feliz.


– Os melhores natais da minha vida foram com vocês. – Remo disse em tom de agradecimento para Tiago e Sirius.


 


Quando deixaram as masmorras ao final da aula de Poções, encontraram um grande tronco de pinheiro bloqueando o corredor à frente. Dois pés enormes que apareciam por baixo do tronco e alguém bufando alto denunciou a todos que Hagrid estava por trás dele.


— Oi, Rúbeo quer ajuda? — perguntou Rony, metendo a cabeça por entre os ramos.


 


– Tenho certeza que Hagrid consegue carregar a árvore melhor sem ter alunos do primeiro ano pendurados nela. – Frank disse rindo.


 


— Não, estou bem, obrigado, Rony.


— Você se importaria de sair do caminho? — ouviu-se a voz arrastada e seca de Draco atrás deles. — Está tentando ganhar uns trocadinhos, Weasley? Vai ver quer virar guarda-caça quando terminar Hogwarts. A cabana de Rúbeo deve parecer um palácio comparada ao que sua família está acostumada.


Rony avançou para Draco justamente na hora em que Snape subia as escadas.


Rony agarrou a frente das vestes de Draco.


— Ele foi provocado, Professor Snape — explicou Hagrid, deixando aparecer por trás da árvore a cara peluda. — Draco ofendeu a família dele.


— Seja por que for, brigar é contra o regulamento de Hogwarts, Hagrid — disse Snape insinuante. — Cinco pontos a menos para Grifinória, Weasley, e dê graças a Deus por não ser mais. Agora, vamos andando, todos vocês.


 


– Qualquer coisa é uma desculpa para o Ranhoso tirar pontos da Grifinória. – Sirius bufou, mas apenas Remo e Gina ouviram.


 


Draco, Crabbe e Goyle passaram pela árvore com brutalidade, espalhando folhas para todo lado com sorrisos nos rostos.


— Eu pego ele — prometeu Rony, rilhando os dentes as costas de Draco —, um dia desses, eu pego ele.


 


– Espero que pegue mesmo. – Sirius disse acalorado.


 


— Odeio os dois — disse Harry — Draco e Snape.


 


– Eu te entendo. – Sirius disse trocando um olhar cúmplice com Harry.


 


— Vamos, ânimo, o Natal está aí — disse Hagrid — Vou lhes dizer o que vamos fazer, venham comigo ver o salão principal, está lindo.


Então os três acompanharam Hagrid e sua árvore até o salão principal, onde a Professora Minerva e o Professor Flitwick estavam trabalhando na decoração para o Natal.


— Ah, Hagrid, a última árvore, ponha naquele canto ali, por favor.


O salão estava espetacular. Festões de azevinho e visco pendurados a toda à volta das paredes e nada menos que doze enormes árvores de Natal estavam dispostas pelo salão, umas cintilando com cristais de neve, outras iluminadas por centenas de velas.


— Quantos dias ainda faltam até as férias? — perguntou Hagrid.


— Um — respondeu Hermione — Ah, isso me lembra: Harry, Rony, falta meia hora para o almoço, devíamos estar na biblioteca.


— Ih, é mesmo — disse Rony, despregando os olhos do Professor Flitwick, que fazia sair bolhas azuis da ponta da varinha e as levava para cima dos galhos da árvore que acabara de chegar.


— Biblioteca? — espantou-se Hagrid, acompanhando-os para fora da sala — Na véspera das férias? Não estão estudando demais?


— Ah, não estamos estudando — respondeu Harry, animado. – Desde que você mencionou o Nicolau Flamel estamos tentando descobrir quem ele é.


 


– Hagrid já devia saber que isso aconteceria depois de dar a pista a vocês. – disse Alice.


 


— Vocês o quê? — Hagrid parecia chocado. — Ouçam aqui: já disse a vocês, parem com isso. Não é da sua conta o que o cachorro está guardando.


— Só queremos saber quem é Nicolau Flamel, só isso — falou Hermione.


— A não ser que você queira nos dizer e nos poupar o trabalho? — acrescentou Harry. — Já devemos ter consultado uns cem livros e não o encontramos em lugar nenhum. Que tal nos dar uma pista? Sei que já li o nome dele em algum lugar.


 


– Claro que você leu, – Tiago disse dando a Harry um sorriso – o nome dele está no cartão de sapo de chocolate de Dumbledore, foi o seu primeiro cartão.


– Como você se lembra disso? – Alice perguntou assombrada.


– Tiago tem a melhor memória que eu já vi na minha vida. – Sirius disse orgulhoso.


 


— Não digo uma palavra — respondeu Hagrid decidido.


— Então vamos ter que descobrir sozinhos — disse Rony, e saíram depressa para a biblioteca, deixando Hagrid desapontado.


 


– A culpa é toda dele por deixar crianças de onze anos curiosas. – Frank disse dando de ombros.


 


Andavam realmente procurando o nome de Flamel nos livros desde que Hagrid deixara escapá-lo, porque de que outra maneira iam descobrir o que Snape estava tentando roubar? O problema é que era muito difícil saber por onde começar, sem saber o que Flamel poderia ter feito para aparecer em um livro. Não se encontrava em Grandes sábios do século, nem em Nomes notáveis da mágica do nosso tempo, não era encontrável tampouco em Importantes descobertas modernas da magia nem em Um estudo aos avanços recentes na magia.


 


– Talvez se vocês mudassem o foco da pesquisa tivessem mais sucesso. – Remo disse rindo – Esses livros são todos parecidos. Todos tem o mesmo tema.


 


E, é claro, havia também o tamanho da biblioteca em si, dezenas de milhares de livros, milhares de prateleiras, centenas de corredores estreitos.


Hermione puxou uma lista de assuntos e títulos que decidira pesquisar enquanto Rony se dirigiu a uma carreira de livros e começou a tirá-los da prateleira aleatoriamente. Harry vagou até a Seção Reservada. Vinha pensando há algum tempo se Flamel não estaria ali.


 


– Flamel não tem muitos motivos para estar na seção reservada. – Lily disse negando com a cabeça.


 


Infelizmente, o estudante precisava de um bilhete assinado por um professor para consultar qualquer livro reservado e ele sabia que nenhum jamais lhe daria o bilhete.


 


– Você sempre pode mudar o nome do livro que deseja pesquisar e fazer o professor mais idiota assinar pensando que você quer apenas um livro de bruxaria antiga. – Tiago disse presunçoso.


– Vocês fizeram isso? – Lily perguntou já sabendo a resposta, em tão pouco tempo já havia aprendido a não duvidar dos garotos.


– Claro. – Sirius disse rindo maroto.


– Que livro vocês pegaram? – Alice perguntou curiosa.


– Guia de transfiguração humana super avançada. – Tiago disse com orgulho.


– Mas vocês não precisam enganar um professor para conseguir esse livro, vocês estão no curso avançado de transfiguração, – Lily disse confusa – McGonagall não deixaria de assinar a autorização para vocês.


– O problema é que estávamos no terceiro ano. – Remo disse rindo.


– E para que vocês queriam esse livro no terceiro ano? – Frank perguntou espantado.


– Distração. – Sirius disse dando de ombros.


                Severo teve que se controlar para não fazer qualquer comentário. Achava Tiago e Sirius pedantes.


 


Eram livros que continham poderosa magia negra jamais ensinada em Hogwarts e somente lida por alunos mais velhos que estudavam no curso avançado de Defesa Contra a Magia Negra.


 


– Não só no curso avançado de Defesa Contra as Artes das Trevas, – Lily não se conteve em corrigir – no de poções, feitiços, e transfiguração também. Em geral são livros mais perigosos.


 


— O que é que você está procurando, menino?


— Nada — disse Harry.


Madame Pince, a bibliotecária, apontou-lhe um espanador de penas.


 


– Péssima resposta, – Frank disse rindo – ela é apaixonada pelos livros, se pudesse não deixaria os alunos colocarem a mão neles.


– Você podia ter dito que estava apenas apreciando a beleza dos livros... – Remo sugeriu com um meio sorriso. – Já deu certo com Tiago uma vez...


– Desde então ela é sempre muito delicada quando vou até a biblioteca. – Tiago disse rindo.


                “Todos amam Tiago Potter!” Severo pensou ressentido enquanto voltava a ler.


 


— Então é melhor sair daqui. Vamos, fora!


Desejando ter sido um pouco mais rápido em inventar alguma história, Harry saiu da biblioteca. Ele, Rony e Hermione já tinham concordado que era melhor não perguntar a Madame Pince onde poderiam encontrar Flamel. Tinham certeza de que ela saberia informar, mas não podiam arriscar que Snape ouvisse o que andavam tramando.


 


– Não só isso. – Remo disse – Madame Pince sempre avisa a Dumbledore quando os alunos estão procurando alguma coisa fora do normal.


– E como vocês sabem disso? – Gina perguntou rindo.


– Eu fui chamado por Dumbledore para explicar por que queria um livro avançado de transfiguração no terceiro ano. – Tiago disse dando de ombros.


– E o que você disse a ele? – Harry perguntou curioso.


– Que eu tinha muito interesse em transfiguração e queria entender um pouco mais essa magia fascinante. – Tiago disse despenteando os cabelos.


– E ele acreditou nisso? – Alice perguntou sem esconder o riso.


– É claro, – Tiago disse – sou um ótimo aluno.


 


Harry esperou do lado de fora no corredor para saber se os outros dois tinham encontrado alguma coisa, mas não alimentava muitas esperanças. Afinal estavam procurando havia quinze dias, mas como só tinham breves momentos entre as aulas não era surpresa que não tivessem achado nada. O que realmente precisavam era de uma longa busca sem Madame Pince bafejar o pescoço deles.


Cinco minutos depois, Rony e Hermione se reuniram a ele balançando negativamente a cabeça. E foram almoçar.


— Vocês vão continuar procurando enquanto eu estiver fora, não vão? — recomendou Hermione. — E me mandem uma coruja se encontrarem alguma coisa.


— E você poderia perguntar aos seus pais se sabem quem é Flamel — disse Rony. — Não haveria perigo em perguntar a eles.


— Nenhum perigo, os dois são dentistas.


 


– O que são dentistas? – Frank perguntou curioso.


– Médicos que cuidam dos dentes dos trouxas. – Sirius respondeu rápido.


 


Uma vez começadas as férias, Rony e Harry estavam se divertindo à beça para se lembrar de Flamel.


 


– Devia ter apostado que eles não iriam procurar. – Sirius bufou.


 


Tinham o dormitório só para eles e a sala comunal estava muito mais vazia do que o normal, por isso podiam usar as poltronas confortáveis ao pé da lareira.


 


– Vocês podem usar essas poltronas sempre. – Tiago disse categórico – Basta colocar um feitiço repelente nelas.


– Que horror. – Alice disse espantada.


– Não é nada demais. – Sirius disse dando de ombros, – Quando alguém está sentado nessas poltronas e nós entramos no salão comunal a pessoa se lembra de algum compromisso.


– Ou tem uma grande urgência de estar em outro lugar. – Remo completou.


– Isso continua sendo horrível – Lily disse cruzando os braços e olhando para Tiago severa.


– Não foi eu quem colocou o feitiço. – Tiago disse na defensiva.


– Remo que gosta daquelas poltronas. – Sirius denunciou o amigo e ganhou um tapa no ombro.


– Remo! – Lily exclamou espantada – Você é um monitor!


– Isso não me faz deixar de ser um maroto... – Remo disse dando a Lily uma piscadela.


 


Sentavam-se a toda hora para comer tudo que pudessem espetar em um garfo de assar: pão, bolinhos, marshmallows e tramavam maneiras de fazer Draco ser expulso, o que se divertiam em discutir mesmo que não fosse produzir resultados.


Rony também começou a ensinar Harry a jogar xadrez de bruxo. Era exatamente igual a xadrez de trouxa exceto que as peças eram vivas, o que fazia parecer que a pessoa estava dirigindo tropas em uma batalha. O jogo de Rony era muito velho e gasto como tudo o mais que possuía, pertencera em tempos a alguém da família, no caso, ao seu avô. No entanto, a velhice das peças não era um empecilho. Rony as conhecia tão bem que nunca tinha dificuldade de mandá-las fazer o que ele queria.


 


– Vamos jogar uma partida antes de dormir. – Sirius desafiou Rony.


– Aposto que o Rony ganha. – Gina disse sem disfarçar o orgulho. – Com nove anos ele já tinha derrotado a família toda. Papai queria colocar ele em um torneio de xadrez de trouxas, mas mamãe não deixou.


– Mas o Sirius joga muito bem. – Remo disse – Nunca perdeu desde que entramos em Hogwarts.


– Vamos apostar então. – Gina disse marota.


– Por mim tudo bem. – Remo disse apertando a mão que a garota havia estendido. – Aposto no Sirius.


– Eu não faria isso se fosse você! – Harry disse rindo.


– Agora é tarde demais. – Gina disse maldosa – Se Rony ganhar você terá que declamar todo o seu amor por Sirius.


– Ele não vai ganhar. – Remo disse com certeza – Se Sirius ganhar você vai ter que cantar a música da galinha choca.


– Rony não perde desde os oito anos de idade. – Gina disse segura de si.


– Mas essa partida vai ficar para antes de dormir. – Lily disse encerrando o assunto. – Continue lendo Severo.


                Severo que não estava nem um pouco interessado naquele assunto prosseguiu com a leitura.


 


Harry jogava com peças que Simas Finnigan lhe emprestara e estas não confiavam nada nele. Ainda não era um bom jogador e elas não paravam de gritar conselhos variados, o que o confundia:


"Não me mande para lá, não está vendo o cavalo dele? Mande ele, podemos nos dar ao luxo de perder ele”.


 


– O segredo com peças novas é não permitir que elas te influenciem. – Sirius disse sábio.


 


Na noite de Natal, Harry foi para a cama pensando com ansiedade na comida e na diversão do dia seguinte, mas sem esperar nenhum presente.


Quando acordou cedo na manhã seguinte, porém, a primeira coisa que viu foi uma pequena pilha de embrulhos ao pé de sua cama.


— Feliz Natal — disse Rony sonolento quando Harry pulou da cama e vestiu o roupão.


— Para você também — falou Harry. — Olhe só isso! Ganhei presentes?


 


                Lily deixou uma lágrima cair e deu um abraço apertado em Harry.


– A maioria das crianças fica chateada se ganha poucos presentes, você ficou surpreso de ganhá-los.


– Eu não esperava nada mesmo. – Harry disse constrangido com o olhar que Alice dava a ele.


 


— E o que é que você esperava, nabos? — respondeu Rony, virando-se para a sua pilha que era bem maior do que a de Harry.


Harry apanhou o pacote de cima. Estava embrulhado em papel pardo grosso e trazia escrito em garranchos: Para o Harry, de Hagrid. Dentro havia uma flauta tosca de madeira. Era óbvio que Hagrid a entalhara pessoalmente. Harry soprou-a, parecia um pouco com um pio de coruja.


 


– Hagrid é realmente maravilhoso. – Remo disse feliz em saber que Harry ganhou presentes de natal.


 


Um segundo embrulho, muito pequeno, continha um bilhete.


“Recebemos sua mensagem e estamos enviando o seu presente. Tio Válter e Tia Petúnia”.


Presa com fita adesiva na nota havia uma moeda de cinquenta pence.


— Que simpático! — exclamou Harry.


Rony ficou fascinado pela moeda de cinquenta pence.


— Que esquisito! — disse. — Que formato! Isso é dinheiro


— Pode ficar com ela — disse Harry rindo-se ao ver a satisfação de Rony


 


– Você era mesmo uma criança ótima, não é? – Alice perguntou feliz. – Ganhou tão pouco e ainda dividiu.


– Eu tenho essa moeda até hoje, – Rony disse constrangido – ainda está no meu quarto.


– Eu não sabia disso. – Harry disse emocionado.


 


— Rúbeo, minha tia e meu tio. E quem mandou esses?


— Acho que sei quem mandou esse — disse Rony, ficando um pouco vermelho e apontando para um embrulho disforme. — Mamãe. Eu disse a ela que você não estava esperando receber presentes... Ah, não... — gemeu —, ela fez para você um suéter Weasley.


Harry rasgou o papel e encontrou um suéter tricotado com linha grossa verde-clara e uma grande caixa de barras de chocolate feito em casa.


— Todos os anos ela faz para nós um suéter — disse Rony, desembrulhando a dele —, e o meu é sempre cor de tijolo.


 


– Sua mãe é uma ótima pessoa, – Lily disse soluçando – ótima mesmo. Ela fez para o meu filho o mesmo que faria por qualquer um dos filhos dela.


– Você nem imagina o quanto. – Harry sussurrou no ouvido de Lily.


                Lily sorriu para Harry com carinho, pelo menos alguém havia cuidado bem de seu filho.


 


— Foi realmente muita gentileza dela — disse Harry, experimentando as barrinhas de chocolate, que estavam muito gostosas.


O presente seguinte também continha doces, uma grande caixa de sapos de chocolate dados por Hermione.


Restava apenas um embrulho. Harry apanhou-o e apalpou-o.


Era muito leve. Desembrulhou e uma coisa sedosa e prateada escorregou para o chão onde se acomodou em dobras refulgentes.


 


– Será? – Tiago e Sirius disseram ao mesmo tempo trocando um olhar.


– Só pode ser! – Tiago disse como se o natal tivesse chegado mais cedo.


– Com certeza é! – Remo disse entrando no assunto.


– O que? – Lily, Frank, Alice e Neville perguntaram juntos, mas não receberam resposta.


 


Rony soltou uma exclamação:


— Já ouvi falar nisso — disse em voz baixa, deixando cair a caixa de feijõezinhos de todos os sabores que ganhara de Hermione. — Se isso é o que eu penso que é, é realmente raro e realmente valioso.


— E o que é?


Harry apanhou o pano brilhoso e prateado do chão. Tinha uma textura estranha, parecia tecida com fios de água.


— É uma capa da invisibilidade — disse Rony, com uma expressão de assombro no tosto. — Tenho certeza de que é. Experimente.


 


– Isso! – Tiago gritou comemorando.


– Ela não se perdeu! – Sirius gritou comemorando também.


                Tiago enfiou a mão no bolso das vestes e retirou sua capa. Lily passou a mão pela capa encantada. Severo mal conseguiu conter a inveja, Tiago Potter realmente tinha tudo.


– Era isso! – Tiago disse olhando para Harry satisfeito – Eu não suportaria saber que essa capa se perdeu... Está na nossa família a gerações.


 


Harry jogou a capa em volta dos ombros e Rony deu um berro.


— É, Sim! Olhe para baixo!


Harry olhou para os pés, mas eles tinham desaparecido. Correu então para o espelho. Não deu outra, o espelho refletiu sua imagem, só a cabeça suspensa no ar, o corpo completamente invisível. Ele cobriu a cabeça e a imagem desapareceu completamente.


Tem um cartão! — disse Rony de repente. — Caiu um cartão!


Harry tirou a capa e apanhou o cartão. Escritas numa caligrafia fina e rebuscada que ele nunca vira antes estavam as seguintes palavras:


“Seu pai deixou isto comigo antes de morrer. Está na hora de devolvê-la a você.


Use-a bem.


Um Natal muito Feliz para você”.


 


– Não fui eu. – Sirius disse decepcionado. – Não tenho caligrafia fina e rebuscada...


– Nem eu. – Remo disse triste, – Pedro também não.


– Com quem mais eu deixaria minha capa? – Tiago perguntou-se confuso. – Eu nunca empresto ela para ninguém a não ser Sirius, Pedro e Remo...


– Deve ser realmente valiosa. – Lily disse acariciando o tecido.


– É inestimável, – Tiago disse sorrindo – não venderia ela por todo o ouro de Gringotes. É uma relíquia de família.


– É uma verdadeira relíquia. – Rony disse frisando a última palavra.


 


Não havia assinatura. Harry ficou olhando o cartão. Rony admirava a capa.


— Eu daria qualquer coisa para ter uma dessas. Qualquer coisa... Que foi?


— Nada. — Harry estava se sentindo muito estranho. Quem mandara a capa? Será que pertencera mesmo ao seu pai?


 


– Sim. – Tiago sussurrou para o livro. – Está na família a gerações. – Completou um pouco mais alto.


– Isso é estranho. – Frank disse de repente. – Capas de invisibilidade não costumam durar muito tempo. O feitiço costuma perder a força.


– Nunca pensei nisso. – Tiago disse dando de ombros. – Mas meu pai me deu há anos, e ele já estava com ela há muitos anos antes disso.


                Rony, Hermione e Harry se entreolharam.


 


Antes que pudesse dizer ou pensar qualquer outra coisa, a porta do dormitório se escancarou e Fred e Jorge Weasley entraram aos pulos. Harry rapidamente deu um sumiço na capa.


Por ora não tinha vontade de compartilhá-la com mais ninguém.


 


                Tiago concordou discretamente, entendia perfeitamente o motivo de Harry.


 


— Feliz Natal!


— Ei, olhe só, o Harry ganhou um suéter Weasley também!


Fred e Jorge estavam usando suéteres azuis, um com um grande F, o outro com um J.


 


– Aposto que eles estão usando os suéteres trocados. – Sirius disse e estendeu a mão para Remo que não aceitou.


 


— Mas o do Harry é melhor do que o nosso — comentou Fred, erguendo o suéter de Harry — Ela com certeza capricha mais se a pessoa não é da família.


— Por que você não está usando o seu? — perguntou Jorge — Vamos, vista logo, eles são ótimos e quentes.


— Detesto cor de tijolo — lamentou-se Rony, desanimado enquanto vestia o suéter.


— Pelo menos você não tem uma letra no seu — comentou Jorge. — Ela deve pensar que você não esquece o seu nome. Mas nós não somos burros, sabemos que nos chamamos Forge e Jred.


 


                Sirius sorriu vitorioso.


 


— Que barulheira é essa? Percy Weasley meteu a cabeça para dentro da porta, com um olhar de censura. Era visível que já desembrulhara metade dos seus presentes porque trazia também um suéter grosso pendurado no braço, que Fred logo agarrou.


— M de monitor! Vista logo, Percy, todos estamos usando os nossos, até Harry ganhou um.


— Eu... Não... Quero — disse Percy com a voz embargada, enquanto os gêmeos forçavam o suéter por sua cabeça, entortando seus óculos.


 


– É melhor vestir logo, – Remo disse rindo – ou eles vão forçá-lo...


 


— E você hoje não vai se sentar com os monitores — disse Jorge.


— Natal é uma festa da família.


E os dois carregaram Percy para fora do quarto, com os braços presos dos lados pelo suéter.


 


– Tiago e Sirius fizeram algo parecido com Pedro uma vez... – Remo disse dando de ombros.


 


Harry nunca tivera em toda a vida um almoço de Natal igual àquele. Cem perus gordos assados, montanhas de batatas assadas e cozidas, travessas de salsichas, terrinas de ervilhas passadas na manteiga, molheiras com uva-do-monte em molho espesso e bem temperado e, a pequenos intervalos sobre a mesa, pilhas de bombinhas de bruxo. Essas bombinhas fantásticas não se pareciam nada com as bombinhas fracas dos trouxas que os Dursley em geral compravam, cheias de brinquedinhos de plástico e chapéus de papel fino. Harry puxou a ponta de uma bombinha de bruxo com Fred e ela não deu apenas um estalinho, ela explodiu com o ruído de um canhão e envolveu-os em uma nuvem de fumaça azul, enquanto caiam de dentro um chapéu de almirante e vários camundongos brancos, vivos. Na mesa principal, Dumbledore tinha trocado o chapéu de bruxo por um toucado florido e ria alegremente da piada que o Professor Flitwick acabara de ler para ele.


Pudins de Natal flamejantes seguiram-se ao peru. Percy quase quebrou os dentes em uma foice de prata que estava escondida em sua fatia.


 


– Cortesia de Jred e Forge Weasley. – Tiago disse rindo.


 


Harry observava o rosto de Hagrid ficar cada vez mais vermelho à medida que pedia mais vinho e acabou beijando a bochecha da Professora Minerva, e quase para espanto de Harry, rira e corara, o chapéu de bruxa enviesado na cabeça.


 


– O natal é ótimo para ver professores bêbados. – Sirius riu.


 


Quando Harry finalmente saiu da mesa estava levando uma montanha de brinquedos das bombinhas, inclusive uma embalagem de balões luminosos e não-explosivos, um kit para cultivar capixingui, a planta símbolo de Hogwarts, e um jogo de xadrez de bruxo. Os camundongos brancos tinham desaparecido e Harry teve a desagradável sensação de que eles iam acabar virando jantar de Natal para Madame Nor-r-ra.


Harry e os Weasley passaram uma tarde muito alegre ocupados em uma furiosa guerra de bolas de neve. Depois, frios, molhados e ofegantes, voltaram para junto da lareira na sala comunal de Grifinória, onde Harry estreou o seu novo jogo de xadrez perdendo espetacularmente para Rony. Suspeitou que não teria levado uma surra tão grande se Percy não tivesse tentado ajudá-lo tanto.


 


– Você realmente não devia ter aceitado os conselhos de Percy, – Gina disse olhando para Harry com carinho. – Ele nunca venceu Rony.


 


Depois de lancharem sanduíches de peru, bolinhos, gelatina e bolo de frutas, todos se sentiram demasiado fartos e sonolentos para fazer outra coisa senão sentar e assistir a Percy correr atrás de Fred e Jorge por toda a torre de Grifinória porque eles tinham furtado seu crachá de monitor.


 


– Já fizemos isso com Remo. – Sirius disse alegremente. – Mas ele não correu atrás da gente, então não teve tanta graça...


 


Fora o melhor Natal da vida de Harry. No entanto, no fundinho da cabeça alguma coisa o incomodara o dia inteiro. Somente quando finalmente se deitou é que teve tempo para pensar nela: a capa invisível e a pessoa que a mandara.


Rony, cheio de peru e bolo e sem nenhum mistério para perturbá-lo, caiu no sono assim que puxou as cortinas de sua cama de dossel. Harry debruçou-se pela borda da cama e puxou a capa que escondera ali.


Do seu pai... Aquilo fora do seu pai. Ele deixou o tecido escorregar pelas mãos, mais macio do que seda, leve como o ar.


“Use-a bem”, dissera o cartão.


Tinha de experimentá-la agora. E saiu da cama e se enrolou na capa. Olhando para as pernas, viu apenas o luar e as sombras. Era uma sensação muito engraçada.


“Use-a bem”.


De repente, Harry se sentiu completamente acordado. Toda a Hogwarts se abria para ele com esta capa.


 


– É assim que vocês somem durante a noite? – Frank que dividia o dormitório com eles perguntou de repente.


– Exatamente assim. – Tiago disse dando de ombros.


 


Sentiu-se tomado de excitação em pé ali na escuridão silenciosa. Podia ir a qualquer lugar com a capa, qualquer lugar, e Filch jamais saberia.


Rony resmungou adormecido. Será que Harry devia acordá-lo?


 


– Com amigos é sempre mais divertido. – Tiago disse sorrindo, – Mas na primeira vez usei sozinho...


                Harry e Tiago trocaram um olhar cúmplice.


 


Alguma coisa o deteve, a capa era do seu pai, sentiu que desta vez, a primeira, queria usá-la sozinho.


E saiu sorrateiro do dormitório, desceu as escadas, atravessou a sala comunal e passou pelo buraco do retrato.


— Quem está aí? — perguntou esganiçada a Mulher Gorda. Harry não respondeu.


 


– Ela fica louca com isso. – Sirius disse rindo, – experimenta falar a senha sem retirar a capa. – Sirius riu alto.


 


Saiu depressa pelo corredor onde deveria ir? Parou, o coração acelerado, e pensou. E então lhe ocorreu. A seção reservada na biblioteca. Poderia ler o tempo que quisesse, o tempo que precisasse para descobrir quem era Flamel. Foi, então, puxando a capa para bem junto do corpo ao andar.


 


– Má ideia. – Remo disse – Os livros da biblioteca têm muitos feitiços para não serem retirados sem autorização da bibliotecária.


– Os da seção reservada tem feitiços para não serem retirados da prateleira por pessoas sem autorização. – Frank completou o pensamento de Remo.


– Eu descobri isso... – Harry disse pesaroso.


 


A biblioteca estava escura como breu e muito estranha. Harry acendeu uma luz para enxergar o caminho entre as fileiras de livros.


A lâmpada parecia que estava flutuando no ar, e embora Harry sentisse que seu braço a sustentava, aquela visão lhe deu arrepios.


A seção reservada era bem no fundo da biblioteca. Saltando com cautela a corda que separava esses livros do resto da biblioteca, ele ergueu a lâmpada para ler os títulos.


Eles não lhe informavam muita coisa. Suas letras descascadas e esmaecidas formavam dizeres em línguas que Harry não entendia. Alguns sequer tinham titulo. Um livro tinha uma mancha escura que fazia lembrar horrivelmente de sangue. Os pelos na nuca de Harry ficaram em pé. Talvez fosse imaginação dele, talvez não, mas achou que ouvia um sussurro inaudível vindo dos livros, como se eles soubessem que havia alguém ali que não deveria estar.


 


– Fico admirado em como você consegue sentir a magia do lugar, – Frank disse – tão novo.


 


Precisava começar por alguma parte. Pousando com cuidado a lâmpada no chão, ele procurou na prateleira mais baixa um livro que parecesse interessante. Um grande volume preto e prata chamou sua atenção. Puxou-o com esforço, porque era muito pesado, e equilibrando-o nos joelhos, deixou-o abrir ao acaso.


Um grito agudo de coalhar o sangue cortou o silêncio, o livro estava gritando! Harry fechou-o depressa, mas o grito não parou, uma nota alta, continua, de furar os tímpanos. Ele tropeçou para trás e derrubou a lâmpada, que se apagou na mesma hora. Em pânico, ouviu passos que vinham pelo corredor do lado de fora enfiando o livro gritador de qualquer jeito no lugar, ele correu para valer. Passou por Filch quase a porta. Os olhos claros e arregalados de Filch atravessaram-no, Harry escorregou por debaixo dos seus braços estendidos e saiu desabalado pelo corredor, os gritos do livro ainda ecoando em seus ouvidos.


 


– Não esquece que a capa não te impede de ser sólido... – Tiago disse preocupado.


 


Parou subitamente diante de uma alta armadura. Estivera tão ocupado em fugir da biblioteca que não prestara atenção onde estava indo. Talvez porque estivesse escuro, ele sequer reconheceu onde se encontrava. Havia uma armadura perto das cozinhas, ele sabia, mas ele devia estar uns cinco andares acima.


— O senhor me pediu para eu vir direto ao senhor, professor, se alguém estivesse perambulando durante a noite e alguém esteve na biblioteca, na seção reservada.


Harry sentiu o sangue se esvair do seu rosto. Onde quer que estivesse, Filch devia conhecer um atalho, porque sua voz baixa e untuosa estava se aproximando, e para seu horror, foi Snape quem respondeu:


— A seção reservada? Bom, eles não podem estar longe, vamos apanhá-los.


Harry ficou imóvel no lugar em que estava quando Filch e Snape viraram o canto do corredor à frente. Eles não podiam vê-lo, é claro, mas era um corredor estreito e se chegassem mais perto esbarrariam nele, a capa não o impedia de ser sólido.


Recuou o mais silenciosamente que pôde. Havia uma porta entreaberta à sua esquerda. Era sua única esperança. Esgueirou-se por ela, prendendo a respiração, tentando não empurrá-la e, para seu alívio, conseguiu entrar no aposento sem que percebessem nada. Eles passaram direto e Harry apoiou-se na parede, respirando profundamente, ouvindo os passos dos dois morrerem a distância. Fora por pouco, por um triz. Passaram-se alguns segundos até ele reparar em alguma coisa no aposento em que se escondera.


Parecia uma sala de aula fechada. Os vultos escuros das mesas e cadeiras se amontoavam contra as paredes e havia uma cesta de papéis virada, mas escorada na parede à sua frente havia uma coisa que não parecia pertencer ao lugar, alguma coisa que parecia que alguém acabara de pôr ali para tirá-la do caminho.


Era um magnífico espelho, da altura do teto, com uma moldura de talha dourada, aprumado sobre dois pés em garra. Havia uma inscrição entalhada no alto: Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn


               


Severo leu a inscrição com um pouco mais de atenção.


– Não mostro o seu rosto, mas o desejo em seu coração. – Severo disse lendo novamente a inscrição de trás para frente.


– Acredito que não se refira a um desejo qualquer... – Remo disse pensativo – Provavelmente o que a pessoa mais deseja na vida.


– Isso é complexo... – Frank suspirou pensativo.


 


Já livre do pânico, agora que não ouvia sinal de Filch e Snape, Harry aproximou-se do espelho querendo mostrar-se sem ver nenhuma imagem como antes. Adiantou-se para o espelho.
Teve de levar as mãos à boca para não gritar. Virou-se. Seu coração batia com muito mais fúria do que quando o livro gritara, porque não vira somente a própria imagem no espelho, mas a de uma verdadeira multidão por trás dele.


 


                Tiago engoliu em seco, Lily arfou, os dois imaginavam o que Harry estava vendo, e sabiam que veriam o mesmo se olhassem no espelho naquela hora.


 


Mas o quarto estava vazio. Respirando muito depressa, ele se virou lentamente para o espelho.


Lá estava ele, refletido, parecendo branco e assustado, e lá estavam, refletidos às suas costas, pelo menos outras dez pessoas, Harry espiou por cima do ombro, mas continuava a não haver ninguém mais. Ou será que eram todos invisíveis também? Será que estava de fato em um aposento cheio de gente invisível e o truque desse espelho é que ele refletia tudo, invisível ou não?


Olhou para o espelho outra vez. Uma mulher parada logo atrás de sua imagem sorria e lhe acenava. Ele esticou a mão e sentiu o ar atrás dele. Se ela estivesse realmente ali, ele a tocaria, pois suas imagens estavam muito próximas, mas ele pegou apenas ar, ela e os outros só existiam no espelho.


Era uma mulher muito bonita. Tinha cabelos acaju e os olhos... “Os olhos são iguaizinhos aos meus


 


                Duas lágrimas grossas caíram dos olhos de Lily enquanto ela se chacoalhava para frente e para trás.


 


Harry pensou, acercando-se um pouco mais do espelho. “Verde-vivo... Exatamente do mesmo formato”... Mas então reparou que ela estava chorando, sorrindo, mas chorando ao mesmo tempo. O homem alto, magro, de cabelos negros, parado ao lado dela abraçou-a. Usava óculos e seu cabelo era muito rebelde. Espetava na parte de trás, como o de Harry.


Harry estava tão perto do espelho agora que seu nariz quase encostava em sua imagem.


 


                Tiago abraçou Lily que agora chorava copiosamente. Alice também tinha lágrimas nos olhos, e Sirius estava sem palavras.


 


— Mamãe? — murmurou — Papai?


 


                Lily abraçou Harry com força e Tiago abraçou os dois. Sirius escondeu o rosto com as mãos, Gina que estava sentada ao seu lado sentia-o tremer e ouvia soluços entrecortados. Remo não estava muito melhor. Toda a dor que sentiram ao saber da morte de Lily e Tiago voltou.


– Nunca vamos deixa-lo. – Tiago sussurrava repetidamente nos ouvidos de Lily e Harry enquanto Lily soluçava abalada. O que seu filho mais queria era tê-la por perto, ela e o pai. Era tão pouco, algo que toda criança devia ter. Os pais, amor, carinho. Harry não merecia a vida que teve.


– Vamos mudar tudo. – Lily cochichou apenas para Tiago e Harry – Você nunca vai ter que se sentir sozinho, você merece ter pais.


 


Eles apenas olharam para ele, sorrindo, e lentamente Harry olhou para os rostos das outras pessoas no espelho e viu outros pares de olhos verdes iguais aos seus, outros narizes como o seu, até mesmo um velhote que parecia ter os mesmos joelhos ossudos que ele. Harry estava olhando para sua família, pela primeira vez na vida.


Os Potter sorriram e acenaram para Harry e ele retribuiu o olhar carente, as mãos comprimindo o espelho como se esperasse entrar por dentro dele e alcançá-los. Sentiu uma dor muito forte no peito, em que se misturavam a alegria e uma terrível tristeza.


 


                Rony abraçou Hermione, a garota também não resistia mais às lágrimas. Severo se forçava a continuar apenas para não demonstrar fraqueza, mas estava sentindo a mesma dor que todos os outros.


 


Quanto tempo esteve parado ali, ele não sabia. As imagens não esmaeceram e ele continuou mirando-as até que um ruído distante o trouxe de volta ao presente. Não podia ficar ali, tinha de encontrar o caminho de volta para a cama. Com esforço, desviou os olhos do rosto de sua mãe, sussurrando "Eu volto" e saiu depressa do aposento.


 


– Não volte. – Lily disse entre soluços surpreendendo a todos. – Não perca a sua vida sonhando com o impossível.


– Lily tem razão. – Remo disse com a voz tremendo – Você pode ficar louco olhando para esse espelho.


 


— Você podia ter me acordado — falou Rony, aborrecido.


— Você pode vir hoje à noite. Vou voltar, quero lhe mostrar o espelho.


— Eu gostaria de ver sua mãe e seu pai — disse Rony, animado.


— E eu quero ver toda a sua família, todos os Weasley, você vai poder me mostrar os seus outros irmãos e todo o mundo.


 


– Acho que não querido. – Alice disse com um sorriso triste, – Não acho que outra pessoa possa ver seu desejo, e acho que Rony não deseja sua família...


                Rony e Gina se entreolharam, desejavam uma pessoa da família, mas talvez não fosse seu desejo mais profundo.


 


— Você pode vê-los a qualquer hora. E só vir à minha casa neste verão. Em todo o caso, talvez o espelho só mostre gente morta. Mas é uma pena você não ter achado o Flamel. Coma um pouco de bacon ou outra coisa qualquer, por que é que você não está comendo nada?


Harry não conseguia comer. Vira os pais e iria vê-los de novo à noite. Quase se esquecera de Flamel, já não lhe parecia tão importante. Quem ligava para o que o cachorro de três cabeças estava guardando? Quem ligava realmente que Snape fosse roubar a coisa?


 


– Isso não é bom. – Lily disse triste – Essa obsessão vai te fazer mal, querido.


 


— Você está bem? — perguntou Rony — Está com uma cara tão estranha.


O que Harry mais temia era não conseguir encontrar o aposento do espelho outra vez. Com Rony coberto pela capa também, eles tiveram de andar muito mais devagar na noite seguinte. Tentaram refazer o caminho de Harry ao sair da biblioteca, andando a esmo pelos corredores escuros durante quase uma hora.


— Estou falando — disse Rony, — Vamos esquecer tudo e voltar.


— Não! — sibilou Harry — Sei que é em algum lugar por aqui.


Passaram pelo fantasma de uma bruxa alta que deslizava na direção oposta, mas não viram mais ninguém. Na hora em que Rony começou a reclamar que seus pés estavam dormentes de frio, Harry identificou a armadura.


— É aqui... Logo aqui... É.


Eles empurraram a porta. Harry deixou cair a capa dos ombros e correu para o espelho.


Lá estavam eles. Sua mãe e seu pai sorriam ao vê-lo.


 


                Lily apertou a mão de Tiago nervosa, Harry não podia ficar obcecado pelo espelho, perderia sua vida por um sonho impossível, nenhuma magia pode ressuscitar os mortos.


 


— Está vendo? — Harry cochichou.


— Não consigo ver nada.


— Olhe! Olhe eles todos... Ali, montes deles...


— Só consigo ver você.


— Olhe direito, vamos, fique aqui onde eu estou.


Harry deu um passo para o lado, mas com Rony diante do espelho, não conseguiu mais ver sua família, apenas Rony como seu pijama de lã escocesa.


Rony, porém, estava mirando a própria imagem, petrificado.


— Olhe só para mim! — exclamou.


— Você está vendo toda a sua família à sua volta?


— Não, estou sozinho, mas estou diferente... Pareço mais velho, e sou chefe dos monitores.


— O quê?


— Estou... Estou usando um crachá igual ao do Gui... E estou segurando a taça das casas e a taça de Quadribol, sou capitão do time de Quadribol também!


 


– Isso é o sonho de uma criança normal. – Lily disse apertando a mão de Harry, chorando.


                Rony lembrou-se daquela imagem saudoso, há muito tempo suas prioridades mudaram, tudo em sua vida mudou drasticamente.


 


Rony despregou os olhos dessa visão magnífica para olhar excitado para Harry.


— Você acha que esse espelho mostra o futuro?


— Como pode mostrar? A minha família está toda morta. Deixe-me dar outra espiada.


— Você teve o espelho só para você a noite passada, me deixa olhar mais um pouco.


— Você só está segurando a taça de Quadribol, que interesse tem isso? Eu quero ver os meus pais.


— Não me empurre...


 


– Esse espelho está te fazendo mal, – Sirius falou para o livro por entre as mãos que ainda cobriam o rosto. – Não deixe que estrague sua amizade.


 


Um ruído repentino do lado de fora no corredor pôs-fim à discussão dos dois. Não tinham se dado conta do como estavam falando alto.


— Depressa!


Rony atirou a capa de volta para cobri-los na hora que os olhos luminosos de Madame Nor-r-ra apareceram à porta. Rony e Harry ficaram imóveis, ambos pensando a mesma coisa, será que a capa fazia efeito para os gatos? Passado um tempo que pareceu uma eternidade, ela se virou e foi embora.


 


– A capa faz efeito, mas os animais podem farejá-lo. – disse Remo.


 


— Isto é perigoso. Ela pode ter ido buscar o Filch, aposto que nos ouviu. Vamos.


E Rony puxou Harry para fora do quarto.


A neve ainda não derretera na manhã seguinte.


— Quer jogar xadrez, Harry? — convidou Rony.


— Não.


— Por que não descemos para visitar Rúbeo?


— Não... Vai você...


— Sei o que é que você está pensando, Harry, naquele espelho. Não volte lá hoje à noite.


 


– Escute seu amigo. –Tiago sussurrou para o livro nervoso, não queria que Harry padecesse em frente àquele espelho.


 


— Por que não?


— Não sei, estou com uma intuição ruim, e de qualquer forma você já escapou por um triz muitas vezes, demais. Filch, Snape e Madame Nor-r-ra estão andando por lá. E daí se eles não conseguem ver você? E se esbarrarem em você? E se você derrubar alguma coisa?


— Você está falando igual a Hermione.


 


– Por que ele está sendo sensato. – Alice disse ficando nervosa com a situação.


 


— Estou falando sério. Harry, não vai não.


Mas Harry só tinha um pensamento na cabeça, voltar para frente do espelho, e Rony não ia detê-lo.


Naquela terceira noite ele encontrou o caminho ainda mais rapidamente do que nas vezes anteriores. Andava tão depressa que sabia que estava fazendo mais barulho do que seria sensato, mas não encontrou ninguém.


 


– Vai acabar sendo pego. – Frank murmurou preocupado.


 


E lá estavam sua mãe e seu pai sorrindo de novo para ele, e um dos seus avós acenava feliz com a cabeça. Harry se abaixou para sentar no chão diante do espelho. Não havia nada que pudesse impedi-lo de ficar ali a noite inteira com a família. Nada.


A não ser...


— Então, outra vez aqui, Harry?


Harry sentiu como se suas tripas tivessem congelado. Olhou para trás. Sentado em uma das mesas junto à parede estava ninguém menos que Alvo Dumbledore. Harry devia ter passado direto por ele, tão desesperado estava para chegar ao espelho, que nem reparara.


 


– Ele devia estar desiludido. – Sirius disse retirando as mãos do rosto.


– Dumbledore não precisa de uma capa para ficar invisível. – Remo disse aliviado por Dumbledore estar ali.


 


— Eu... Eu não vi o senhor.


— É estranho como você pode ficar míope quando está invisível — disse Dumbledore, e Harry sentiu alívio ao ver que ele sorria.


— Então — continuou Dumbledore, escorregando da cadeira até o chão para se sentar ao lado de Harry — você, como centenas antes de você, descobriu os prazeres do Espelho de Ojesed.


— Eu não sabia que se chamava assim, professor.


— Mas espero que a essa altura você já tenha percebido o que ele faz?


— Bom... Me mostra a minha família...


— E mostrou o seu amigo Rony como chefe dos monitores.


— Como é que o senhor soube?


— Eu não preciso de uma capa para me tornar invisível — disse Dumbledore com brandura.


 


– Dumbledore sabia esse tempo todo? – Tiago perguntou confuso. – Por que ele deixou que Harry ficasse obcecado pelo espelho, por que não falou nada antes?


– Isso é muito estranho. – Frank disse concordando com os pensamentos de Tiago.


                Severo não queria admitir, mas também achava a atitude do diretor muito suspeita.


 


— Agora, você é capaz de concluir o que é que o Espelho de Ojesed mostra a nós todos?
Harry sacudiu negativamente a cabeça.


— Deixe-me explicar. O homem mais feliz do mundo poderia usar o Espelho de Ojesed como um espelho normal, ou seja, ele olharia e se veria exatamente como é. Isso o ajuda a pensar?


Harry pensou. Então respondeu lentamente:


— Ele nos mostra o que desejamos... Seja o que for que desejemos...


— Sim e não — disse Dumbledore — Mostra-nos nada mais nem menos do que o desejo mais íntimo, mais desesperado de nossos corações. Você, que nunca conheceu sua família, a vê de pé a sua volta. Ronald Weasley, que sempre teve os irmãos a lhe fazerem sombra, vê-se sozinho, melhor que todos os irmãos.


 


                Rony encarou os pés, constrangido.


 


Porém, o espelho não nos dá nem o conhecimento nem a verdade. Já houve homens que definharam diante dele, fascinados pelo que viam, ou enlouqueceram sem saber se o que o espelho mostrava era real ou sequer possível. O espelho vai ser levado para uma nova casa amanhã, Harry, e peço que você não volte a procurá-lo. Se algum dia o encontrar, estará preparado. Não faz bem viver sonhando e se esquecer de viver, lembre-se. E agora, por que você não põe essa capa admirável outra vez e vai dormir?


 


– Então Dumbledore sabe sobre minha capa... – Tiago pensava alto, – E todo esse encontro com Dumbledore e o espelho logo depois de um anônimo mandar minha capa para você... Use-a bem... – Tiago juntava as peças na cabeça – Dumbledore fez de propósito, – Tiago concluiu de repente – ele estava com minha capa, mandou para você no dia em que o espelho estava no caminho, ele queria que você encontrasse o espelho... Mas para que?


                A linha de pensamento de Severo era praticamente a mesma. Seria coincidência demais se não fosse tudo proposital.


 


Harry se levantou.


— Senhor... Professor Dumbledore? Posso lhe perguntar uma coisa?


— Obviamente você acabou de me perguntar — sorriu Dumbledore. — Mas pode me perguntar mais uma coisa.


— O que é que o senhor vê quando se olha no espelho?


— Eu? Eu me vejo segurando um par de grossas meias de lã.


 


– É claro que ele estava mentindo... –Hermione disse repreendendo Harry. – Foi uma pergunta pessoal demais Harry...


 


Harry arregalou os olhos.


— As meias nunca são suficientes. Mais um Natal chegou e passou e não ganhei nem um par. As pessoas insistem em me dar livros.


Foi somente quando estava de volta à cama que ocorreu a Harry que talvez Dumbledore não tivesse dito a verdade. Mas, pensou, enquanto empurrava Perebas para longe do seu travesseiro, fizera uma pergunta muito pessoal.


 


– Mesmo sendo mentira, vou mandar algumas meias para ele no Natal... – Sirius disse tentando quebrar a tensão da sala.


– Podemos fazer uma pausa para comer? – Frank perguntou quando viu Remo pegando o livro de Severo. – Estou ficando com fome e com sono.


                Alice bocejou, como que para mostrar que concordava com o namorado.


– Vamos comer, – Lily disse secando o rosto com a manga das vestes – mas vamos ler mais um antes de dormir. Quero ver Harry bem antes de dormir.


– Só mais um. – Remo que também estava sonolento ressaltou.


                Todos se sentaram à mesa para comer. Tiago, Sirius e Remo discutiam o porquê de Dumbledore ter deixado Harry perambular pelo castelo e encontrar o espelho.


– Acho que todos concordamos que foi intencional. – Remo disse pensativo, – E me parece óbvio que foi Dumbledore quem mandou a capa para Harry.


– Mas não entendo por que Dumbledore estaria com minha capa! – Tiago disse nervoso, – Nunca mostrei a capa para ninguém a não ser vocês... E não emprestaria assim...


– Talvez apareça no livro em algum momento... – Sirius disse inquieto – Fico me perguntando por que Dumbledore queria que Harry explorasse o espelho antes de escondê-lo.


– Não importa o porquê, tenho certeza de que vamos ver esse espelho de novo logo. – Remo disse absorto.


                Lily ouvia a conversa deles preocupada. Se Dumbledore realmente havia planejado tudo aquilo, o diretor estava colocando Harry em situações de perigo intencionalmente...


– Acho que eles entenderam bem a ideia... – Gina disse observando a conversa entre Sirius, Tiago e Remo.


– Eles não vão ficar muito felizes com Dumbledore quando perceberem tudo. – Hermione cochichou para Harry, Rony, Gina e Neville.


– Eles vão ter que entender que era o que precisava ser feito. – Harry disse resignado. – Dumbledore podia não saber exatamente o que aconteceria, mas ele tinha um bom palpite...


– E os palpites dele costumam estar certos... – Rony disse completando o pensamento de Harry.


– Vamos ler o próximo de uma vez que ainda temos uma partida de xadrez antes de dormir. – Gina disse alto chamando a atenção de todos.


                Cada um tomou seu lugar enquanto Remo pegava o livro da mesa de centro e abria no próximo capítulo.


– Capítulo XIII – Nicolau Flamel.

                                                                   ~~ x ~~  


Olá leitores mais lindos. Como falei vou tentar dar a vocês dois capítulos por semana. Estou muito feliz, já estou no capítulo 12 de CS, e a história está fluindo muito bem. Essa semana queria fazer a vocês um pedido (ou uma pergunta): Qual o livro favorito de vocês, e nesse livro, qual sua parte favorita?
De vez em quando pretendo fazer essas perguntas para vocês, e dependendo das respostas, talvez inclua algumas coisas na história (não garanto nada).
Ali Lupin: Que bom que está gostando, fiquei muito feliz com seu comentário.
Gi Molly Weasley: Você pediu tanto que tive que te atender... (mas se em algum momento eu empacar na história, vou voltar a postar apenas uma vez por semana, não quero deixar vocês esperando meses por um capítulo.)
Luiza Snape: O que você acha? Acha que ele consegue fazer a Lily voltar a confiar nele? Será que ele consegue ser um bom amigo para ela?
sempre-potterianas2: Está desculpada por não ter comentado nos outros capítulos (eu também só comento no último que leio quando leio uma história que já tem muitos capítulos). Pretendo postar os sete sim, já passei da metade do segundo e tenho muuuitas ideias para todos os outros, espero ver você me acompanhando em todos os livros! =)
LULU789: Espero que a reação deles tenha sido de seu agrado, me conte o que achou!!
Clenery Aingremont: Então espero que você leia minha história de vira-tempo, vai me deixar super feliz, afinal, você é uma ótima leitora... Espero não ter te decepcionado com as reações desse capítulo, me conte o que achou! Não sei se você viu mas a LULU789 perguntou onde encontrou "lendo" de Percy Jackson e The hunger games (nunca li nenhum dos dois para falar a verdade), se puder passa o linkpara ela! ;)




Leitores mais lindos de toda a FeB continuem comentando, me façam a escritora mais feliz do mundo, não deixem de responder minha pergunta. Até o próximo!

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Comentários (12)

  • Clenery Aingremont

    Okay, mega happy foi tosco!

    2013-11-18
  • Clenery Aingremont

    Passa para a LULU789. A de Percy Jackson: https://www.fanfiction.net/s/7454091/1/O-que-deve-acontecer Existem outras, mas essa é a mais avançada (com mais capítulos postados). E eu nunca encontrei uma de Lendo: The Hunger Games, por isso criei a minha. Se ela quiser conferir... O link é: https://www.fanfiction.net/s/9836085/1/Lendo-The-Hunger-Games (eu posto em outros sites, mas preferi passar o link do FanFiction para combinar com o outro link).Respondendo sua pergunta: meu livro da saga favorito é "Harry Potter and the Prisioner of Azkaban" e minha cena favorita é quando o Snape pede para o Mapa do Marauder "revelar seus segredos" e aparecem todos aqueles xingamentos XD Também adoro a parte em que o Sirius fala toda a verdade para o Harry! Mas acho que a parte do Snape é minha favorita.Você posta mais que a autora da saga "Hogwarts Lê" e olha que ela já está em PoA. Aposto que você logo a alcançará :) Uhu! Postará duas vezes por semana? Estou mega happy agora!

    2013-11-18
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