6 - Embarque na plataforma 9½



– Embarque na plataforma 9½

– Que bom que já vai chegar à parte de Hogwarts. – Sirius disse sorrindo – Não aguentava mais aqueles trouxas idiotas.


 


O último mês de Harry na casa dos Dursley não foi nada divertido. É verdade que Duda agora estava tão apavorado com Harry que não queria nem ficar no mesmo aposento com ele, e tia Petúnia e tio Válter não trancaram Harry no armário nem o obrigaram a fazer nada, tampouco gritaram com ele, na verdade, sequer falaram com ele. Meio aterrorizados, meio furiosos, agiam como se a cadeira em que Harry se sentasse estivesse vazia.


 


– Pelo menos não te incomodavam. – Lily disse olhando para Harry com carinho.


– Deve ter ficado meio deprimente depois de um tempo. – Gina disse com pena e Harry acenou afirmativamente com a cabeça.


 


Embora isso fosse sob muitos aspectos um progresso, tornou-se um tanto deprimente depois de algum tempo.


Harry ficava em seu quarto, com a nova coruja por companhia.


Decidira chamá-la Edwiges, um nome que encontrara na História da Magia. Seus livros de escola eram muito interessantes. Deitava-se na cama e lia até tarde da noite. Edwiges voava para dentro e para fora da janela, quando queria. Era uma sorte que tia Petúnia não aparecesse mais para passar o aspirador de pó, porque Edwiges não parava de trazer ratos mortos para o quarto. Toda noite, antes de se deitar para dormir, Harry riscava mais um dia no pedaço de papel que pregara na parede, para contar os dias que faltavam até primeiro de setembro.


 


– Também fazia isso antes de fugir para a casa de Tiago. – Sirius disse entendendo Harry. Severo não quis comentar, mas fazia o mesmo.


 


No último dia de agosto ele achou melhor falar com os tios sobre a ida à estação no dia seguinte, por isso desceu à sala de estar onde eles estavam assistindo a um programa de auditório na televisão. Pigarreou para avisar que estava ali e Duda deu um berro e saiu correndo da sala.


— Hum... Tio Válter?


Tio Válter resmungou para indicar que estava escutando.


— Hum... Preciso estar amanhã na estação para... Embarcar para Hogwarts.


Tio Válter resmungou outra vez.


— Será que o senhor podia me dar uma carona?


Resmungo. Harry supôs que quisesse dizer sim.


— Muito obrigado.


E já ia voltando para cima quando tio Válter falou de verdade.


— Que modo engraçado de ir para a escola de magia, de trem. Os tapetes mágicos furaram todos?


Harry não respondeu.


— Onde fica essa escola afinal?


— Não sei — disse Harry pensando nisso pela primeira vez. Tirou do bolso o bilhete de passagem que Hagrid lhe dera.


— Vou tomar o trem na plataforma 9 e ½ às onze horas — leu.


A tia e o tio arregalam os olhos.


— Plataforma o quê?


— Nove e meia.


— Não diga bobagens — repreendeu tio Válter — Não existe plataforma nove e meia.


 


– Tuney sabe chegar à plataforma. – Lily disse com raiva. – Ela foi com meus pais me levar à plataforma nos meus primeiros anos.


 


— Está no meu bilhete.


— Loucos — disse tio Válter — de pedra, todos eles. Você vai ver. É só esperar. Está bem, levaremos você até a estação. De qualquer maneira tínhamos de ir a Londres amanhã ou nem me daria ao trabalho.


— Por que o senhor vai a Londres? — perguntou Harry, tentando manter a conversa cordial.


— Vamos levar Duda ao hospital — rosnou tio Válter — Precisamos mandar cortar aquele rabo vermelho antes de mandá-lo para Smeltings.


 


– Ele passou o mês inteiro com o rabo? – Sirius começou a rir descontrolado.


– Não acredito que demoraram tanto a arrancar o rabo. – Tiago uniu-se a Sirius em suas gargalhadas. Os outros também não conseguiram conter o riso.


 


Harry acordou às cinco horas na manhã seguinte e estava demasiado excitado e nervoso para voltar a dormir.


 


– Na véspera da minha primeira vez não dormi a noite inteira. – Lily disse sorrindo internamente.


 


Levantou-se e vestiu o jeans porque não queria entrar na estação com as vestes de bruxo, mudaria de roupa no trem.


Verificou novamente a lista de Hogwarts para se certificar de que tinha tudo de que precisava, viu se Edwiges estava bem trancada na gaiola e então ficou andando pelo quarto à espera que os Dursley se levantassem. Duas horas mais tarde, a mala enorme e pesada de Harry fora colocada no carro dos Dursley. Tia Petúnia convencera Duda a se sentar ao lado do primo e eles partiram.


Chegaram à estação de King's Cross às 10:30h. Válter jogou a mala de Harry num carrinho e empurrou-o até a estação, com um gesto curiosamente bondoso até tio Válter parar diante das plataformas com um sorriso maldoso.


— Bom, aqui estamos, moleque. Plataforma nove, plataforma dez. A sua plataforma devia estar aí no meio, mas parece que ainda não a construíram, não é mesmo.


Ele tinha razão, é claro. Havia um grande número nove de plástico no alto de uma plataforma e um grande número dez no alto da plataforma seguinte, mas no meio, não havia nada.


— Tenha um bom período letivo — disse tio Válter com um sorriso ainda mais maldoso. E foi-se embora sem dizer mais nada.


 


– Vou acabar com a Tuney quando encontrar ela. – Lily disse nervosa, não sabia como Harry chegaria a Hogwarts sem saber entrar na plataforma. – Hagrid devia ter lembrado de te ensinar a chegar à plataforma.


 


Harry se virou e viu o carro dos Dursley partir. Os três estavam rindo, Harry sentiu a boca seca. Que diabo iria fazer? Estava começando a atrair uma porção de olhares curiosos por causa da Edwiges. Teria que perguntar a alguém.


 


– Má ideia, – Frank disse receoso – a não ser que encontre um bruxo para perguntar, vão achar que você é louco.


– E dependendo do que você pergunta pode estar quebrando o estatuto de sigilo. – Remo completou.


 


Parou um guarda que ia passando, mas não mencionou a plataforma nove e meia. O guarda nunca ouvira falar em Hogwarts e quando Harry não soube lhe dizer em que parte do país a escola ficava, ele começou a mostrar aborrecimento, como se Harry estivesse se fazendo de burro de propósito. Desesperado, Harry perguntou pelo trem que partia às onze horas, mas o guarda disse que não havia nenhum. Ao fim, o guarda se afastou, resmungando contra pessoas que o faziam perder tempo. Harry tentou por tudo no mundo não entrar em pânico. Pelo grande relógio em cima do quadro que anunciava os trens que chegavam, só lhe restavam mais dez minutos para embarcar no trem de Hogwarts e ele não tinha ideia de como ia fazer isso, estava perdido no meio da estação com uma mala que mal podia levantar, o bolso cheio de dinheiro de bruxo e uma corujona.


Hagrid devia ter esquecido de lhe dizer alguma coisa que tinha de fazer, como bater no terceiro tijolo à esquerda para entrar no Beco Diagonal. Perguntou-se se deveria tirar a varinha da mala e começar a bater no coletor de bilhetes entre as plataformas nove e dez.


 


– Péssima ideia! – Alice disse categórica – Espero realmente que não tenha feito isso.


 


Naquele instante um grupo de pessoas passou as suas costas e ele entreouviu algumas palavras que diziam...


—... Cheio de trouxas, é claro...


 


– Bruxos! – Remo disse feliz. – Que sorte, normalmente as pessoas não chegam tão em cima da hora.


                Rony e Gina se entreolharam culpados. Harry deu um grande sorriso aos dois antes de continuar.


 


Harry deu meia-volta. Era uma mulher gorda


 


– Harry! – Gina exclamou ofendida cruzando os braços a frente do peito.


                Harry deu um sorriso constrangido de desculpas antes de continuar.


 


que falava com quatro meninos, todos de cabelos cor de fogo. Cada um deles estava empurrando à frente uma mala como a de Harry e levavam uma coruja. O coração aos saltos, Harry os seguiu empurrando o carrinho. Eles pararam e ele também, bem próximo para ouvir o que diziam.


— Agora, qual é o número da plataforma? — perguntou a mãe dos meninos.


— Nove e meia — ouviu-se a voz fina de uma menininha, também de cabelos ruivos que estava segurando a mão da mulher. — Mamãe, não posso ir...


— Você ainda não tem idade, Gina, agora fique quieta. Está bem, Percy, você vai primeiro.


 


– É você! – Alice gritou olhando para Gina feliz. – A menininha é você!


                Gina sorriu constrangida, não sabia que Harry havia notado ela naquele dia. Harry sorriu para ela.


 


O que parecia o menino mais velho marchou em direção às plataformas nove e dez. Harry observou-o, tomando o cuidado de não piscar para não perder nada, mas assim que o menino chegou à linha divisória entre as duas plataformas, um grande grupo de turistas invadiu a plataforma à frente dele e quando uma mochila acabou de passar, o menino havia desaparecido.


— Fred , você agora — mandou a mulher gorda.


— Eu não sou Fred, sou Jorge — retrucou o menino. — Francamente, mulher, você diz que é nossa mãe? Não consegue ver que sou o Jorge?


 


– Gêmeos! – Tiago e Sirius exclamaram alegres ao mesmo tempo.


– Sempre quis ter um irmão gêmeo. – Sirius disse olhando para Tiago. – Tantas brincadeiras de gêmeos que nunca tivemos a oportunidade de fazer. – Tiago concordou enfático.


– Aposto que ele não é o Jorge! – Tiago disse estendendo a mão a Sirius que não apertou a mão do amigo.


– Não aceito. – Sirius disse olhando para a mão estendida do amigo – Também acho que eles estão enganando a mãe.


                Rony e Gina se entreolharam, ouvir o nome de Fred dava uma dorzinha no fundo do peito. Mas se tivessem sorte Fred nunca teria que lutar na guerra, e tudo daria certo.


 


— Desculpe, Jorge, querido.


— É brincadeira, eu sou o Fred — disse o menino, e foi. O irmão gêmeo gritou para ele se apressar, e ele deve ter atendido, porque um segundo depois, sumiu, mas como fizera aquilo?


Agora o terceiro irmão estava se encaminhando rapidamente para a barreira, estava quase lá e, então, de repente, não estava mais em parte alguma.


E foi só.


 


– Vocês tem três irmãos? – Alice perguntou a Gina curiosa. – São cinco filhos?


– Não. – Gina respondeu sem dar mais explicações.


 


— Com licença — dirigiu-se Harry à mulher gorda.


— Olá, querido. É a primeira vez que vai a Hogwarts? O Rony é novo também.


Ela apontou o último filho, o mais moço. Era alto, magro e desengonçado, com sardas, mãos e pés grandes e um nariz comprido.


 


– Me sinto lisonjeado com sua descrição. – Rony disse irônico.


 


— É — respondeu Harry, — A coisa é, a coisa é que não sei como...


— Como chegar à plataforma? — disse ela com bondade, e Harry concordou com a cabeça.


— Não se preocupe. Basta caminhar diretamente para a barreira entre as plataformas nove e dez. Não pare e não tenha medo de bater nela, isto é muito importante. Melhor fazer isso meio correndo se estiver nervoso. Vá, vá antes de Rony.


— Hum... Ok.


E Harry virou o carrinho e encarou a barreira. Parecia muito sólida.


Ele começou a andar em direção a ela. As pessoas a caminho das plataformas nove e dez o empurravam. Harry apressou o passo. Ia bater direto no coletor de bilhetes e então ia se complicar, curvando-se para o caminho ele desatou a correr, a barreira estava cada vez mais próxima. Não poderia parar, o carrinho estava descontrolado, ele estava a um passo de distância, fechou os olhos se preparando para a colisão...


 


– Nunca tinha percebido que você era tão pessimista assim. – Hermione comentou rindo do constrangimento de Harry. – Eu não tive medo de bater no coletor. – Hermione completou orgulhosa.


 


E ela não aconteceu... Ele continuou correndo. Abriu os olhos.


Uma locomotiva vermelha a vapor estava parada à plataforma apinhada de gente. Um letreiro no alto informava “Expresso de Hogwarts 11 horas”. Harry olhou para trás e viu um arco de ferro forjado no lugar onde estivera o coletor de bilhetes com os dizeres “Plataforma 9 e ½”. Conseguira.


A fumaça da locomotiva se dispersava sobre as cabeças das pessoas que conversavam, enquanto gatos de todas as cores trançavam por entre as pernas delas. Corujas piavam umas para as outras, descontentes, sobrepondo-se à balbúrdia e ao barulho das malas pesadas que eram arrastadas.


Os primeiros vagões já estavam cheios de estudantes, uns debruçados às janelas conversando com as famílias, outros brigando por causa dos lugares. Harry empurrou o carrinho pela plataforma procurando um lugar vago. Passou por um garoto de rosto redondo que estava dizendo:


— Vó, perdi meu sapo outra vez.


— Ah, Neville — ele ouviu a senhora suspirar.


 


– Você! – Alice disse contente abraçando Neville com carinho.


– E minha mãe foi levar você na estação, –Frank disse sorrindo – ela deve te amar muito, deve estar orgulhosa de você. – ele completou passando a mão pelos cabelos de Neville.


                Neville achou melhor não falar por que a avó havia levado ele a estação, ainda não era a hora de eles saberem o que tinha acontecido.


 


Um garoto com cabelos rastafári estava cercado por um pequeno grupo de meninos.


— Deixe a gente espiar, Lino, vamos.


O menino levantou a tampa de uma caixa que carregava nos braços e as pessoas em volta deram gritos e berros quando uma coisa dentro da caixa esticou para fora uma perna comprida e peluda.


 


                Rony estremeceu nervoso, sabia exatamente a quem aquela perna peluda pertencia.


 


Harry continuou andando pela aglomeração até que encontrou um compartimento vago no final do trem. Primeiro pôs Edwiges para dentro e começou a empurrar e a forçar com a mala em direção à porta do trem. Tentou erguê-la pelos degraus acima, mas mal conseguiu suspender uma ponta e duas vezes deixou-a cair dolorosamente em cima do pé.


 


                Severo que nunca teve qualquer ajuda para embarcar e mais de uma vez derrubou o malão nos pés sentiu pena do pequeno Harry do livro.


 


— Quer uma ajuda? — Era um dos gêmeos ruivos que ele seguira para atravessar a barreira.


— Por favor — Harry ofegou.


— Fred! Vem dar uma ajuda aqui!


Com a ajuda dos gêmeos a mala de Harry, finalmente foi colocada a um canto do compartimento.


— Obrigado — disse Harry, afastando os cabelos suados dos olhos.


— Que é isso — perguntou de repente um dos gêmeos apontando para a cicatriz de Harry.


— Caramba — disse o outro gêmeo. — Você é...?


— Ele é — disse o outro gêmeo. — Não é? — acrescentou para Harry.


— O quê? — indagou Harry.


— Harry Potter — disseram os gêmeos em coro.


— Ah, ele — disse Harry — Quero dizer, é, sou.


 


– Como assim você não se lembrou do seu próprio nome? – Sirius perguntou rindo.


– É um pouco confuso quando todo mundo fala de mim como se eu fosse outra pessoa. – Harry disse dando de ombros. – E eu tinha só onze anos...


 


Os dois garotos olharam boquiabertos e Harry sentiu que estava corando. Então, para seu alívio, ouviram uma voz pela porta aberta do trem.


— Fred? Jorge? Vocês estão aí?


— Estamos indo, mamãe.


Dando uma última espiada em Harry, os gêmeos saltaram para fora do trem.
Harry sentou-se à janela onde, meio escondido, podia observar a família de cabelos ruivos na plataforma e ouvir o que diziam. A mãe tinha acabado de puxar o lenço.


— Rony, você está com uma crosta no nariz.


O menino mais novo tentou fugir, mas ela o agarrou e começou a limpar a ponta do nariz dele.


— Mamãe, sai para lá — Desvencilhou-se.


— Aaaah, o Roniquinho está com uma coisa no nariz? — caçoou um dos gêmeos.


— Cale a boca — disse Rony.


— Onde está o Percy? — perguntou a mãe.


— Está vindo aí.


 


– Você nunca me disse que estava olhando a gente na plataforma. – Rony disse constrangido.


– Desculpa, – Harry disse corando – estava curioso, nunca tinha visto uma família de bruxos na vida. – Rony sorriu para o amigo dando de ombros, não se importava, nunca teve segredos para Harry.


 


O garoto mais velho vinha vindo. Já vestira as vestes largas e pretas de Hogwarts e Harry reparou que tinha um distintivo de prata reluzente com a letra “M”.


— Não posso demorar, mãe — falou ele. — Estou lá na frente, os monitores têm dois vagões separados...


— Ah, você é monitor, Percy? — perguntou um dos gêmeos, com ar de grande surpresa. —


Devia ter avisado, não fazíamos ideia.


— Espere aí, acho que me lembro de ter ouvido ele dizer alguma coisa — disse o outro gêmeo.


— Uma vez...


— Ou duas...


— Um minuto...


— O verão todo.


— Ah, calem a boca — disse Percy, o monitor.


— Afinal por que foi que o Percy ganhou vestes novas? — disse um dos gêmeos.


— Porque é monitor — disse a mãe com carinho — Está bem, querido, tenha um bom ano letivo — mande-me uma coruja quando chegar.


Ela beijou Percy no rosto e ele foi embora. Então. Virou-se para os gêmeos.


— Agora, vocês dois, este ano, se comportem. Se receber mais uma coruja dizendo que vocês... Vocês explodiram um banheiro ou...


— Explodiram um banheiro? Nunca explodimos um banheiro.


— Mas é uma grande ideia, obrigado, mamãe.


 


– Nunca de ideias para Marotos. – Remo disse revirando os olhos.


 


— Não tem graça. E cuidem do Rony.


— Não se preocupe, Roniquinho está seguro com a gente.


— Cale a boca — mandou Rony outra vez. Já era quase tão alto quanto os gêmeos e seu nariz continuava vermelho onde a mãe o esfregara.


— Ei, mãe, advinha? Adivinha quem acabamos de encontrar no trem?


Harry recuou o corpo rápido para que eles não o vissem olhando.


— Sabe aquele menino de cabelos pretos que estava perto da gente na estação? Sabe quem ele é?


— Quem?


— Harry Potter!


Harry ouviu a vozinha da garotinha.


— Ah, mamãe, posso subir no trem para ver ele, mamãe, ali, por favor...


— Você já o viu, Gina, e o coitado não é um bicho de zoológico para você ficar olhando. É ele mesmo, Fred? Como é que você sabe?


 


– Desculpa. – Gina disse com um meio sorriso. Harry deu de ombros, não se importava que ela estivesse curiosa.


 


— Perguntei a ele. Vi a cicatriz. Está lá mesmo, parece um raio.


— Coitadinho. Não admira que estivesse sozinho. Foi tão educado quando me perguntou como entrar na plataforma.


— Deixa para lá, você acha que ele se lembra como era o Você-Sabe-Quem?


De repente a mãe ficou muito séria.


— Proíbo-lhe de perguntar a ele, Fred. Não, não se atreva. Como se ele precisasse de alguém para lhe lembrar uma coisa dessas no primeiro dia de escola.


 


                Lily agradeceu mentalmente à Sra. Weasley por aquilo, Harry realmente não precisava chamar mais atenção.


 


— Está bem, não precisa ficar nervosa.


Ouviu-se um apito.


— Depressa! — disse a mãe, e os três garotos subiram no trem.


Debruçaram-se na janela para a mãe lhes dar um beijo de despedida e a irmãzinha começou a chorar.


— Não chore, Gina, vamos lhe mandar um monte de corujas.


— Vamos lhe mandar uma tampa de vaso de Hogwarts.


 


– Eles mandaram uma tampa de vaso? – Sirius perguntou a Gina rindo.


– Não acho que isso vá aparecer no livro, então não custa nada contar. – Gina disse olhando para Hermione que acenou com a cabeça em sinal de concordância. – Eles mandaram uma tampa de vaso, mas mamãe não me deixou guardar, e mandou uma carta dando uma bronca neles.


– Preciso mandar uma tampa de vaso para alguém. – Tiago disse trocando um olhar com Sirius – Como nunca pensamos nisso?


 


— Jorge!


— Estou só brincando, mamãe.


O trem começou a andar. Harry viu a mãe dos garotos


e a irmã, meio risonha, meio chorosa, correndo para acompanhar o trem até ele ganhar velocidade e ela ficar para trás acenando.


Harry observou a menina e a mãe desaparecerem quando o trem fez a curva. As casas passaram num relâmpago pela janela.


Harry sentiu uma grande excitação. Não sabia onde estava indo, mas tinha de ser melhor do que o lugar que estava deixando para trás.


A porta da cabine se abriu e o ruivinho mais moço entrou.


— Tem alguém sentado aqui? — perguntou, apontando para o assento em frente ao de Harry


— O resto do trem está cheio.


Harry respondeu que não, com um aceno de cabeça, e o garoto se sentou. Olhou para Harry e em seguida olhou depressa para fora, fingindo que não tinha olhado. Harry reparou que ele ainda tinha uma mancha preta no nariz.


 


– Disfarçou muito bem. – Remo disse irônico.


– Você podia ter me avisado que meu nariz estava sujo. – Rony disse para Harry ignorando Remo.


 


— Oi, Rony — os gêmeos estavam de volta.


— Escuta aqui, vamos para o meio do trem. Lino Jordan trouxe uma tarântula gigante.


— Certo — resmungou Rony.


— Harry — disse o outro gêmeo —, nós já nos apresentamos? Fred e Jorge Weasley. E este é o Rony, nosso irmão. Vejo vocês mais tarde, então.


— Tchau — disseram Harry e Rony. Os gêmeos fecharam a porta da cabine ao passar.


— Você é Harry Potter mesmo? — Rony deixou escapar.


Harry confirmou com a cabeça.


— Ah, bom, pensei que fosse uma brincadeira do Fred e do Jorge e você tem mesmo... Sabe...


Apontou para a testa de Harry. Harry afastou a franja para mostrar a cicatriz em forma de raio. Rony olhou.


— Então foi aí que Você-Sabe-Quem...?


 


– Sua mãe tinha acabado de proibir vocês de perguntar sobre isso! – Lily disse encarando Rony nervosa.


– Tecnicamente, – Tiago começou encarando Lily – ela proibiu o Fred de perguntar, não falou nada diretamente a Rony. – Lily olhou para Tiago abismada.


– Eles sempre conseguem se safar em tecnicalidades. – Remo disse rindo da cara de Lily olhando para Tiago.


 


— Foi, mas não me lembro.


— De nada? — perguntou Rony ansioso.


— Bom... Lembro de muita luz verde, mas nada mais.


— Uau! — Ele ficou parado uns minutos olhando para Harry, depois, como se de repente tivesse se dado conta do que estava fazendo, olhou depressa para fora da janela outra vez.


— Todos na sua família são bruxos? — perguntou Harry que achava Rony tão interessante quanto Rony o achava.


 


– Você sempre foi muito mais interessante do que eu jamais poderia ser. – Rony disse a Harry corando.


– Claro que não. – Harry respondeu rindo – Sua vida foi muito mais interessante.


 


— Hum... São, acho que sim. Acho que mamãe tem um primo em segundo grau que é contador, mas ninguém nunca fala nele.


 


– Isso é um absurdo. – Lily disse cruzando os braços – Só por que ele é um aborto é excluído da família?


– Na verdade não, – Gina disse tentando explicar – pelo que mamãe me disse ele preferiu viver entre os trouxas e não ter muito contato com bruxos, ter contato com nosso povo só faria a adaptação dele ainda mais difícil.


                Lily não deu o braço a torcer, mesmo o primo tendo preferido não viver entre bruxos achava errado sua família simplesmente fingir       que ele não existe.


 


— Então você já deve saber muitas mágicas.


Os Weasley aparentemente eram uma dessas antigas famílias de bruxos de que o menino pálido no Beco Diagonal falara.


— Ouvi dizer que você foi viver com os trouxas. Como é que eles são?


— Horríveis... Bom, nem todos. Mas minha tia e meu tio e meu primo são, eu gostaria de ter tido três irmãos bruxos.


— Cinco.


 


– Então vocês são sete? – Alice perguntou a Rony e Gina espantada. – Impressionante.


                Rony e Gina se entreolharam constrangidos.


 


— Por alguma razão, ele pareceu triste. — Sou o sexto de minha família a ir para Hogwarts. Pode-se dizer que tenho de fazer justiça ao nosso nome. Gui e Carlinhos já terminaram a escola. Gui foi chefe dos monitores e Carlinhos foi capitão do time de Quadribol. Agora Percy é monitor. Fred e Jorge fazem muita bagunça, mas tiram notas muito boas e todo mundo acha que eles são realmente engraçados. Todos esperam que eu me saia tão bem quanto os outros, mas se eu me sair bem, não será nada de mais, porque eles fizeram isso primeiro. E também não se ganha nada novo quando se tem cinco irmãos. Uso as vestes velhas de Gui, a varinha velha de Carlinhos e o rato velho do Percy...


 


– Má ideia usar a varinha de outra pessoa. – Remo comentou encarando Rony. – Ela não vai te dar resultados tão bons quanto você poderia ter com uma que escolhesse você.


– Antes de ser de Carlinhos foi do meu tio Fabio. – Rony comentou amargurado – Quando Carlinhos começou a trabalhar comprou uma nova e eu fiquei com ela. Mamãe não tinha dinheiro para comprar uma nova...


 


Rony meteu a mão no bolso interno do paletó e tirou um rato cinzento e gordo que estava dormindo.


— O nome dele é Perebas e ele é inútil, quase nunca acorda. Percy ganhou uma coruja de meu pai por ter sido escolhido monitor, mas eles não podiam ter... quero dizer, em vez disso ganhei Perebas.


 


– Esse rato, me lembra muito um rato que eu vi um dia no nosso dormitorio. – Sirius disse a Remo e Tiago com um olhar significativo.


– Não pode ser o mesmo. – Tiago disse de um jeito estranho – O que o rato do nosso dormitorio estaria fazendo com os Weasley?


                Rony, Harry, Gina, Hermione e Neville que sabiam do que eles estavam falando se mexeram desconfortáveis.


 


As orelhas de Rony ficaram vermelhas. Parecia estar achando que falara demais, porque voltou a olhar para fora pela janela.


Harry não achava nada de mais que alguém não tivesse dinheiro para comprar uma coruja.


Afinal, ele nunca tivera dinheiro algum na vida até um mês atrás, e disse isso ao Rony, e disse também o que sentira quando usava as roupas velhas de Duda e jamais ganhara um presente de aniversário decente. Isto pareceu animar Rony um pouco.


—... E até Rúbeo me contar, eu não sabia o que era ser bruxo nem quem eram meus pais nem o Voldemort.


Rony ficou pasmo.


— Que foi?


— Você disse o nome do Você-Sabe-Quem! — exclamou Rony parecendo ao mesmo tempo chocado e impressionado — Eu achava que de todas as pessoas você...


— Não estou tentando ser corajoso nem nada dizendo o nome dele. É que nunca soube que não se podia dizer. Está vendo o que quero dizer? Tenho muito que aprender... Aposto — acrescentou, pondo pela primeira vez em palavras algo que o andava preocupando muito ultimamente — Aposto que vou ser o pior da classe.


 


– Tão inseguro. – Gina disse a Harry com carinho. Ela não conseguia disfarçar que ainda era completamente apaixonada por ele. Ficava se perguntando se ele iria voltar com ela depois que tudo acabasse. Mas não tinha coragem de contar isso a ele, ou a qualquer outra pessoa.


 


— Não vai ser não. Tem uma porção de gente que vem de famílias de trouxas e aprende bem depressa.


Enquanto conversavam, o trem saiu de Londres. Agora corriam por campos cheios de vacas e carneiros. Ficaram calados por um tempo, contemplando os campos e as estradinhas passarem num lampejo.


Por volta do meio-dia e meia ouviram um grande barulho no corredor e uma mulher toda sorrisos e covinhas abriu a porta e perguntou:


— Querem alguma coisa do carrinho, queridos?


Harry, que não tomara café da manhã ergueu-se de um salto, mas as orelhas de Rony ficaram vermelhas outra vez e ele murmurou que trouxera sanduíches. Harry foi até o corredor.


Nunca tivera dinheiro para doces na casa dos Dursley e agora que seus bolsos retiniam com moedas de ouro e prata, estava disposto a comprar quantas barrinhas de chocolate pudesse carregar, mas a mulher não tinha barrinhas. Tinha feijõezinhos de todos os sabores, balas de goma, chicles de bola, sapos de chocolate, tortinhas de abóbora, bolos de caldeirão, varinhas de alcaçuz e várias outras coisas estranhas que Harry nunca vira na sua vida.


Não querendo perder nada, ele comprou uma de cada e pagou à mulher onze sicles de prata e sete nuques.


 


– Ele realmente puxou o pai, não é? – Remo disse olhando com carinho para Harry e Tiago.


– Por que está falando isso, Remo? – Lily perguntou curiosa, não conhecia Tiago tão bem quanto seus amigos conheciam. Talvez nunca chegasse a saber tudo sobre ele.


– Todo ano Tiago compra metade do carrinho de doces. – Remo disse sorrindo.


– E depois ele inventa desculpas para não comer sozinho. Divide tudo com a gente. – Sirius disse feliz.


– Você é realmente surpreendente. – Lily disse olhando para Tiago com carinho.


 


Rony arregalou os olhos quando Harry trouxe tudo para a cabine e despejou no assento vazio.


— Que fome, hein?


— Morrendo de fome — respondeu Harry, dando uma grande dentada na tortinha de abóbora.


Rony tirara um embrulho encaroçado e abriu-o. Havia quatro sanduíches dentro. Abriu um e disse:


— Ela sempre se esquece que não gosto de carne enlatada.


— Troco com você por um desses — propôs Harry, oferecendo um pastelão de carne. — Tome...


— Você não vai querer isso, é muito seco. Ela não tem muito tempo — acrescentou depressa.


— Você sabe, somos cinco.


— Come... Coma um pastelão — disse Harry, que nunca tivera nada para dividir com alguém antes, aliás, nem ninguém com quem dividir. Era uma sensação gostosa, sentar-se ali com Rony, acabar com todas as tortas e bolos de Harry (os sanduíches ficaram esquecidos).


— Que é isso? — perguntou Harry a Rony, mostrando um pacote de sapos de chocolate. — Eles não são sapos de verdade, são? — Estava começando a achar que nada o surpreenderia.


— Não. Mas vê qual é a figurinha, está me faltando a Agripa.


 


– Também me falta a Agripa. – Frank disse rindo – É uma das mais difíceis.


 


— O quê?


— Claro que você não sabe, os sapos de chocolate têm figurinhas dentro, sabe, para colecionar, bruxas e bruxos famosos. Tenho umas quinhentas, mas não tenho a Agripa nem o Ptolomeu.


Harry abriu o sapo de chocolate e puxou a figurinha. Era a cara de um homem. Usava óculos de meia-lua, tinha um nariz comprido e torto, cabelos esvoaçantes cor de prata, barba e bigode. Sob o retrato havia o nome Alvo Dumbledore.


— Então este é Dumbledore! — exclamou Harry.


— Não me diga que nunca ouviu falar de Dumbledore! Quer me dar um sapo? Quem sabe eu tiro a Agripa. Obrigado.


Harry virou o verso da figurinha e leu:


Alvo Dumbledore, atualmente diretor Hogwarts.


Considerado por muitos o maior bruxo dos tempos modernos. Dumbledore é particularmente famoso por ter derrotado Grindelwald, o bruxo das Trevas, em 1945, por ter descoberto os doze usos do sangue de dragão e por desenvolver um trabalho em alquimia em parceria com Nicolau Flamel. O Professor Dumbledore gosta de música de câmara e boliche.


Harry virou de novo o cartão e viu, para seu espanto, que o rosto de Dumbledore havia desaparecido.


— Ele desapareceu!


— Ora, você não pode esperar que ele fique aí o dia todo. Depois ele volta. Não, tirei a Morgana outra vez e já tenho umas seis... Você quer? Pode começar a colecionar.


Os olhos de Rony se desviaram para a pilha de sapos de chocolate que continuavam fechados.


— Sirva-se — disse Harry. — Mas, sabe, no mundo dos trouxas, as pessoas ficam paradas nas fotos.


 


– No nosso mundo também ficariam se não revelássemos as fotos em uma poção especial... – Remo comentou dando de ombros. – E os quadros são pintados com tinta encantada...



— Ficam? O que, eles não se mexem? — Rony parecia surpreso. — Que coisa esquisita!


Harry arregalou os olhos quando Dumbledore voltou para a figurinha e lhe deu um sorrisinho. Rony estava mais interessado em comer os sapos do que em olhar os bruxos e bruxas famosas, mas Harry não conseguia despregar os olhos deles. Logo não tinha só Dumbledore e Morgana, como também Hengisto de Woodcroft, Alberico Grunnion, Circe, Paracelso e Merlim. Por fim ele despregou os olhos da druida Cliodna que estava coçando o nariz, para abrir o saquinho de feijõezinhos de todos os sabores.


— Você vai ter que tomar cuidado com essas aí — alertou Rony. — Quando dizem todos os sabores eles querem dizer TODOS OS SABORES. Sabe, todos os sabores comuns como chocolate, hortelã e laranja, mas também. Espinafre, fígado e bucho. Jorge achou que sentiu gosto de bicho-papão uma vez.


 


– Uma vez tirei um com gosto de vomito, – Neville disse triste – nunca mais quis comer isso.


 


Rony apanhou uma balinha verde, examinou-a atentamente e mordeu uma ponta.


— Eca! Está vendo? Couve-de-bruxelas.


Eles se divertiram comendo as balas. Harry tirou torrada, coco, feijão cozido, morango, caril, capim, café, sardinha e chegou a reunir coragem para morder a ponta de uma bala cinzenta meio gozada que Rony não queria pegar, e que era pimenta.


Os campos que passavam agora pela janela estavam ficando mais silvestres. As plantações tinham desaparecido. Agora havia matas, rios serpeantes e morros verde-escuros.


Ouviram uma batida à porta da cabine e o menino de rosto redondo, por quem Harry passara na plataforma 9 e ½, entrou. Parecia choroso.


— Desculpem, mas vocês viram um sapo?


Quando os dois sacudiram a cabeça, ele chorou.


— Perdi ele! Está sempre fugindo de mim!


— Ele vai aparecer — consolou Harry.


— Vai — disse o menino infeliz. — Se você vir ele...


E saiu.


— Não sei por que ele está tão chateado — disse Rony. — Se eu tivesse trazido um sapo ia querer perder ele o mais depressa que pudesse. Mas, trouxe Perebas, por isso nem posso falar nada.


 


– Eu falei que todo mundo acha idiota quem leva um sapo... – Sirius cochichou para Remo e Gina.


 


O rato continuava a tirar sua soneca no colo de Rony.


— Ele podia estar morto e ninguém ia saber a diferença — disse Rony desgostoso. — Tentei mudar a cor dele para amarelo para deixar ele mais interessante, mas o feitiço não deu certo. Vou lhe mostrar. Olhe...


Remexeu na mala e tirou uma varinha muito gasta. Estava lascada em alguns pontos e havia uma coisa branca brilhando na ponta.


— O pelo do unicórnio está quase saindo. Em todo o caso...


Tinha acabado de erguer a varinha quando a porta da cabine abriu outra vez. O menino sem o sapo estava de volta, mas desta vez tinha uma garota em sua companhia. Ela já estava usando as vestes novas de Hogwarts.


— Ninguém viu um sapo? Neville perdeu o dele.


Tinha um tom de voz mandão, os cabelos castanhos muito cheios e os dentes da frente meio grandes.


 


– Harry! – Hermione exclamou ofendida, sabia que não era mentira, realmente tinha dentes grandes e cabelos cheios quando era mais nova, mas ouvir desse jeito magoava um pouco.


 


— Já dissemos a ele que não vimos o sapo — respondeu Rony, mas a menina não estava escutando, olhava para a varinha na mão dele.


— Você está fazendo mágicas? Quero ver.


Sentou-se. Rony pareceu desconcertado.


— Hum... Está bem.


Pigarreou.


— Sol margaridas, amarelo maduro, muda para amarelo esse rato velho e burro.


 


                Todos na sala caíram em gargalhadas e Rony ficou com as orelhas vermelhas de vergonha.


– Aposto que foi um dos gêmeos que ensinou isso a ele. – Sirius disse estendendo a mão a Tiago. Tiago não aceitou a aposta.


– Por que vocês fazem isso toda hora? – Alice perguntou ainda rindo.


– O que? – Sirius perguntou confuso.


– Um de você aposta alguma coisa e estende a mão e o outro não aceita? – Alice explicou curiosa.


– Eles fazem apostas há muito tempo, os dois já foram humilhados por perder uma aposta e os dois já venceram apostas, – Remo explicou lembrando-se do dia que Sirius teve que entrar no lago nu a meia-noite. – mas muitas vezes eles pensam igual, e por isso não aceitam apostar, não vale a pena.


– Vocês são realmente esquisitos. – Alice disse rindo, Tiago e Sirius deram de ombros.


 


Ele agitou a varinha, mas nada aconteceu. Perebas continuou cinzento e completamente adormecido.


— Você tem certeza de que esse feitiço está certo? — perguntou a menina. — Bem, não é muito bom, né? Experimentei uns feitiços simples só para praticar e deram certo. Ninguém na família é bruxo, foi uma surpresa enorme quando recebi a carta, mas fiquei tão contente, é claro, quero dizer, é a melhor escola de bruxaria que existe, me disseram. Já sei de cor todos os livros que nos mandaram comprar, é claro, só espero que seja suficiente, aliás, sou Hermione Granger, e vocês quem são?


Ela disse tudo isso muito depressa.


Harry olhou para Rony e sentiu um grande alívio ao ver, por sua cara espantada, que ele não aprendera todos os livros de cor tampouco.


— Sou Rony Weasley.


— Harry Potter.


— Verdade? Já ouvi falar de você, é claro. Tenho outros livros recomendados, e você está na História da magia moderna e em Ascensão e queda das artes das trevas e em Grandes acontecimentos do século XX.


— Estou? — admirou-se Harry sentindo-se confuso.


— Nossa, você não sabia, eu teria procurado saber tudo que pudesse se fosse comigo — disse Hermione. — já sabem em que casa vão ficar? Andei perguntando e espero ficar na Grifinória, me parece a melhor, ouvi dizer que o próprio Dumbledore foi de lá, mas imagino que a Corvinal não seja muito ruim... Em todo o caso, acho melhor irmos procurar o sapo de Neville. E é melhor vocês se trocarem, sabe, vamos chegar daqui a pouco.


 


– Me desculpa, – Remo disse olhando para Hermione – mas você era um bocado irritante.


                Rony e Harry não conseguiram esconder o riso, Sirius e Tiago nem tentaram. Hermione encolheu os ombros, constrangida, vendo de fora ela realmente foi muito chata com os meninos.


– Não fale assim. – Lily disse cruzando os braços. – Ela estava apenas tentando fazer amigos, pelo que ela já disse, ela nunca teve amigos antes, não sabia como agir. – E depois deu um tapa no braço de Tiago para que ele parasse de rir.


 


E foi-se embora, levando o menino sem sapo.


— Seja qual for a minha casa, espero que ela não esteja lá — comentou Rony e jogou a varinha de volta na mala. — Feitiço besta. Foi o Jorge que me ensinou, aposto que sabia que não prestava.


 


– Ha! – Sirius gritou em triunfo – Sabia que era coisa de um dos gêmeos.


 


— Em que casa estão os seus irmãos? — perguntou Harry.


— Grifinória. — A tristeza parecia estar se apoderando dele outra vez. — Mamãe e papai estiveram lá também. Não sei o que vão dizer se eu não estiver. Acho que a Corvinal não seria muito ruim, mas imagine se me puserem na Sonserina.


— É a casa em que Vol... Quero dizer Você-Sabe-Quem esteve?


— É. — E afundou novamente no assento, parecendo deprimido.


— Sabe, acho que as pontas dos bigodes de Perebas ficaram um pouquinho mais claras — disse Harry, tentando distrair o pensamento de Rony das casas. — Então, o que é que os seus irmãos mais velhos fazem agora que já terminaram?


Harry estava imaginando o que fazia um bruxo depois que terminava a escola.


— Carlinhos está na Romênia estudando dragões e Gui está na África fazendo um serviço para o Gringotes.


 


– Eles devem ser realmente inteligentes, – Frank comentou – para trabalhar no Gringotes é preciso ter N.I.E.M’s de Aritmancia e Feitiços. E estudar dragões é realmente perigoso.


 


Você soube o que aconteceu com o Gringotes? O Profeta Diário só fala nisso, mas acho que morando com os trouxas você não recebe o jornal. Uns caras tentaram roubar um cofre de segurança máxima.


 


                Todos os presentes, com exceção dos que já haviam vivido aquilo, arregalaram os olhos.


 


Harry arregalou os olhos.


— Verdade? E o que aconteceu com eles?


— Nada, é por isso que é uma noticia tão importante. Não foram pegos. Papai disse que deve ter sido um bruxo das trevas poderoso para enganar Gringotes, mas estão achando que eles não levaram nada, isso é que é esquisito. É claro que todo o mundo fica apavorado quando uma coisa dessas acontece porque Você-Sabe-Quem pode estar por trás da coisa.


Harry repassou as noticias mentalmente. Estava começando a sentir um arrepio de medo toda vez que Você-Sabe-Quem era mencionado. Supunha que isso fazia parte do ingresso no mundo da magia, mas tinha sido muito mais confortável dizer Voldemort sem se preocupar.


— Qual é o seu time de Quadribol? — perguntou Rony.


— Hum... Não conheço nenhum — confessou Harry.


— O quê? — Rony parecia pasmo. — Ah, espere ai, é o melhor jogo do mundo — E saiu explicando tudo sobre as quatro bolas e as posições dos sete jogadores, descreveu jogos famosos a que fora com os irmãos e a vassoura que gostaria de comprar se tivesse dinheiro. Estava mostrando a Harry as qualidades do jogo quando a porta da cabine se abriu mais uma vez, mas agora não era Neville, o menino sem sapo, nem Hermione Granger.


 


– Imagino que vamos saber mais sobre o assalto ao Gringotes ao longo do livro. – Lily disse preocupada.


– Pelo menos tem alguém para te ensinar quadribol! – Tiago disse feliz esquecendo qualquer coisa sobre Gringotes.


                Harry sorriu para o pai antes de continuar.


 


Três garotos entraram e Harry reconheceu o do meio na hora: era o garoto pálido da loja de vestes de Madame Malkin. Olhou para Harry com um interesse muito maior do que revelara no Beco Diagonal.


— É verdade? — perguntou — Estão dizendo no trem que Harry Potter está nesta cabine. Então é você?


— Sou — respondeu Harry. Observava os outros garotos. Os dois eram fortes e pareciam muito maus. Postados dos lados do menino pálido eles pareciam guarda-costas.


— Ah, este é Crabbe e este outro, Goyle — apresentou o garoto pálido displicentemente, notando o interesse de Harry — E meu nome é Draco Malfoy.


 


– Espero que não se envolva com eles. – Sirius disse sombrio – Esse deve ser o filho de Lucio Malfoy, minha prima Narcisa foi prometida a ele há muitos anos e agora estão noivos.


– Como assim prometida? – Lily, que não conhecia os costumes dos bruxos de sangue-puro perguntou abismada.


– A maior parte dos casamentos entre famílias de sangue-puro são arranjados, desde criança as garotas são prometidas a famílias tradicionais. Minha prima Bellatrix foi prometida a um Lestrange e Narcisa a Malfoy. – Sirius disse soturno – Andrômeda ia se casar com um Nott, mas fugiu e desonrou a família. Narcisa quase perdeu o noivo por causa de Andrômeda...


– Eu achava que eles eram ruins apenas com nascidos trouxas, – Lily disse pesarosa – mas esses sangue-puro metidos são ruins até com os próprios filhos.


– Antes de fugir de casa, minha mãe já tinha arranjado uma noiva para mim, – Sirius disse ainda mais carrancudo – ela queria que eu me casasse com Annabelle Nott, para consertar o erro de Andrômeda.


– Aquela magrela pálida que sempre parece mal-humorada? – Alice perguntou pensativa.


– Ela mesma. – Sirius disse suspirando – Mas como fugi de casa ela vai ter que arranjar outro noivo rico.


– Sua família também é antiga e de sangue-puro... – Lily constatou olhando para Tiago nervosa – Você não tem uma noiva, não é?


– Minha família não é desse tipo. – Tiago disse ofendido – Minha mãe foi prometida ao meu pai, mas eles se amavam de verdade, e meu avô só aceitou por causa disso.


– Desculpa. – Lily sussurrou no ouvido de Tiago.


– Tiago é meu primo em terceiro e quarto grau. – Sirius comentou – A mãe dele é minha tia-avó por parte de mãe.


– As árvores genealógicas das famílias de puro-sangue estão todas entrelaçadas. – Frank disse – Minha avó é tia da mãe de Tiago.


 


Rony tossiu de leve, o que poderia estar escondendo uma risadinha. Malfoy olhou para ele.


— Acha o meu nome engraçado, é? Nem preciso perguntar quem você é. Meu pai me contou que na família Weasley todos têm cabelos ruivos e sardas e mais filhos do que podem sustentar. — Virou-se para Harry — Você não vai demorar a descobrir que algumas famílias de bruxos são bem melhores do que outras, Harry. Você não vai querer fazer amizade com as ruins. E eu posso ajudá-lo nisso.


 


– Ele realmente pode ajuda-lo nisso. – Sirius disse e recebeu olhares confusos de todos os presentes – Ele é o exemplo perfeito do tipo ruim.


 


Ele estendeu a mão para apertar a de Harry, mas Harry não a apertou.


— Acho que sei dizer qual é o tipo ruim sozinho, obrigado. — disse com frieza.
Draco não ficou vermelho, mas um ligeiro rosado coloriu seu rosto pálido.


— Eu teria mais cuidado se fosse você, Harry. — disse lentamente. — A não ser que seja mais educado, vai acabar como os seus pais. Eles também não tinham juízo. Você se mistura com gentinha como os Weasley e aquele Rúbeo e vai acabar se contaminando.


 


                Sirius rosnou para o livro com raiva. Como aquele garoto se atrevia a falar de Tiago e Lily daquele jeito?


                Severo também se irritou, aquele garoto Malfoy havia falado de Lily.


 


Harry e Rony se levantaram. O rosto de Rony estava vermelho como os cabelos.


— Repete isso.


— Ah, você vai brigar com a gente, vai? — Draco caçoou.


— A não ser que você se retire agora — disse Harry com uma coragem maior do que sentia, porque Crabbe e Goyle eram bem maiores do que ele ou Rony.


— Mas não estamos com vontade de nos retirar, estamos, garotos? Já comemos toda a nossa comida e parece que vocês ainda têm alguma coisa.


Goyle fez menção de apanhar os sapos de chocolate ao lado de Rony. Rony deu um pulo para frente, mas antes que encostasse em Goyle, este soltou um berro terrível.


Perebas, o rato, estava pendurado em seu dedo, os dentinhos afiados enterrados na junta de Goyle. Crabbe e Draco recuaram enquanto Goyle rodava e rodava o braço, urrando, e quando Perebas finalmente se soltou e bateu na janela, os três desapareceram na mesma hora. Talvez achassem que havia mais ratos escondidos nos doces, ou talvez tivessem ouvido passos, porque um segundo depois, Hermione Granger entrou.


— Que foi que aconteceu? — perguntou, vendo os doces espalhados no chão e Rony apanhando Perebas pela cauda.


— Acho que apagaram ele — disse Rony a Harry. E examinou Perebas mais atentamente. —


Não... Não acredito... Ele voltou a dormir.


E dormira mesmo.


 


– Esse rato se parece muito com o rato do nosso dormitório. – Sirius disse e recebeu um cutucão de Remo.


– Que importância o rato do dormitório de vocês poderia ter para a história? – Alice disse achando a atitude dos meninos suspeita.


– O Sirius acha que qualquer rato é parecido com Rabicho. – Tiago disse dando de ombros.


– Vocês deram um nome ao rato do dormitório de vocês? – Lily perguntou abismada.


– É como um bicho de estimação... – Remo disse tentando disfarçar.


 


— Você já conhecia Draco Malfoy?


Harry contou o encontro deles no Beco Diagonal.


— Já ouvi falar na família dele — disse Rony sombrio. — Foram os primeiros a voltar para o nosso lado depois que Você-Sabe-Quem desapareceu. Disseram que tinham sido enfeitiçados. Papai não acredita nisso. Diz que o pai de Draco não precisou de desculpa para se bandear para o lado das Trevas.


 


– Seu pai tem toda razão. – Sirius disse soturno.


                Intimamente Severo concordou com ele.


 


— E virou-se para Hermione. — Podemos fazer alguma coisa por você?


— É melhor vocês se apressarem e trocarem de roupa. Acabei de ir lá na frente perguntar ao maquinista e ele me disse que estamos quase chegando. Vocês andaram brigando? Vão se meter em encrenca antes mesmo de chegarmos lá!


— Perebas andou brigando, nós não — disse Rony, fazendo cara zangada. — Você se importa de sair para podermos nos trocar?


— Está bem. Só vim para cá porque as pessoas nas outras cabines estão se comportando feito crianças, correndo pelos corredores — disse Hermione em tom choroso. — E você está com o nariz sujo, sabia?


 


– Nós tínhamos apenas onze anos, Mione, – Rony disse olhando para a garota com um pouco de pena, – talvez você devesse agir como criança na época, as coisas teriam sido mais fáceis para você...


 


Rony amarrou a cara quando ela se retirou. Harry espiou pela janela. Estava escurecendo. Viu montanhas e matas sob um céu arroxeado. O trem parecia estar diminuindo a velocidade. Ele e Rony tiraram os paletós e puseram as vestes longas e pretas. A de Rony estava um pouco curta, dava para ver as calças. Uma voz ecoou pelo trem.


— Vamos chegar a Hogwarts dentro de cinco minutos. Por favor, deixem a bagagem no trem, ela será levada para a escola.


O estômago de Harry revirou de nervoso e ele reparou que Rony parecia pálido sob as sardas. Os dois encheram os bolsos com o resto dos doces e se reuniram à garotada que apinhava os corredores.


O trem foi diminuindo a velocidade e finalmente parou. As pessoas se empurraram para chegar à porta e descer na pequena plataforma escura. Harry estremeceu ao ar frio da noite. Então apareceu uma lâmpada balançando sobre as cabeças dos estudantes e Harry ouviu uma voz conhecida.


— Alunos do primeiro ano! Primeiro ano aqui! Tudo bem Harry?


O rosto grande e peludo de Rúbeo Hagrid sorria por cima de um mar de cabeças.


— Vamos, venham comigo. Mais alguém do primeiro ano?


Aos escorregões e tropeços, eles seguiram Hagrid por um caminho de aparência íngreme e estreita. Estava tão escuro em volta que Harry achou que devia haver grandes árvores ali.


Ninguém falou muito. Neville, o menino que vivia perdendo o sapo, fungou umas duas vezes.


— Vocês vão ter a primeira visão de Hogwarts em um segundo. — Hagrid gritou por cima do ombro —, logo depois dessa curva.


Ouviu-se um ooooh muito alto.


O caminho estreito se abrira de repente ate a margem de um grande lago escuro. Encarrapitado no alto de um penhasco na margem oposta, as janelas cintilando no céu estrelado, havia um imenso castelo com muitas torres e torrinhas.


— Só quatro em cada barco! — gritou Hagrid, apontando para uma flotilha de barquinhos parados na água junto à margem. Harry e Rony foram seguidos até o barco por Neville e Hermione.


— Todos acomodados? — gritou Hagrid, que tinha um barco só para si. — Então... VAMOS!


E a flotilha de barquinhos largou toda ao mesmo tempo, deslizando pelo lago que era liso como um vidro. Todos estavam silenciosos, os olhos fixos no grande castelo no alto. A construção se agigantava à medida que se aproximavam do penhasco em que estava situado.


— Abaixem as cabeças!


 


– Pedro gostaria de ter escutado esse aviso. – Tiago disse rindo no que foi acompanhado por Sirius e Remo.


 


— berrou Hagrid quando os primeiros barcos chegaram ao penhasco, todos abaixaram as cabeças e os barquinhos atravessaram uma cortina de hera que ocultava uma larga abertura na face do penhasco. Foram impelidos por um túnel escuro, que parecia levá-los para debaixo do castelo, até uma espécie de cais subterrâneo, onde desembarcaram subindo em pedras e seixos.


— Ei, você ai! É o seu sapo? — perguntou Hagrid, que verificava os barcos à medida que as pessoas desembarcavam.


— Trevo! — gritou Neville feliz, estendendo as mãos.


Então eles subiram por uma passagem aberta na rocha, acompanhando a lanterna de Hagrid e desembocaram finalmente em um gramado fofinho e úmido à sombra do castelo.


Galgaram uma escada de pedra e se aglomeraram em torno da enorme porta de carvalho.


— Estão todos aqui? Você aí, ainda está com o seu sapo?


Hagrid ergueu um punho gigantesco e bateu três vezes na porta do castelo.


 


– Acabou o capítulo. – Harry disse fechando o livro e pousando-o sobre a mesa de centro.


– Vamos dormir então? – Lily perguntou bocejando e aconchegando-se melhor a Tiago.


– Mas ele ainda nem foi selecionado. – Tiago disse fazendo bico. – Só mais um capítulo, por favor.


– Não, Tiago, – Remo disse levantando-se – já estão todos com sono. Amanhã de manhã, assim que acordarmos lemos o próximo capítulo.


                Tiago não queria dormir antes de Harry ser selecionado, mas foi voto vencido. Todos levantaram-se e foram para o quarto anexo à sala.


                O quarto tinha doze camas, seis dispostas lado a lado com as cabeceiras em uma parede e as outras seis na parede oposta. Aos pés de cada cama jazia um malão com as iniciais de seu proprietário. A cama de Lily era a mais próxima à porta, ao seu lado estava a cama de Tiago, do outro lado de Tiago vinham Sirius e Remo, ao lado de Remo estavam Rony e Hermione. Na outra parede com os pés da cama encontrando os pés da cama de Hermione estava Harry, Gina ao seu lado, Neville, Alice e Frank em seguida, e por último com a cama contraria à cama de Lily, Severo.


                Harry, Gina, Rony, Hermione e Neville sentaram-se juntos na cama de Hermione que era a mais isolada para conversar sobre como as coisas estavam indo até o momento.


– No próximo capítulo eles vão descobrir que Snape é professor em Hogwarts e as coisas vão começar a piorar, – Hermione disse apontando para Sirius e Tiago, – talvez tenhamos que nos meter e conte-los.


– Não me importaria se alguém azarasse Snape. – Gina disse dando de ombros.


– Gina, você sabe que ele nos ajudou muito a vencer a guerra. – Harry disse olhando para Gina condescendente.


– Não estou falando para matarem ele, só uma azaraçãozinha. – Gina disse inocente.


– Eu concordo com minha irmã. – Rony disse olhando para Severo por sobre o ombro.


– Nós não vamos permitir que eles ataquem uns aos outros e ponto final. – Hermione disse categórica – Neville, – ela completou virando-se para Neville – tome cuidado com o que diz daqui para frente, logo seus pais vão perceber que não te criaram, mas temos que esperar o livro chegar a essa parte para contar a eles.


– Eu sei, – Neville disse cabisbaixo – vou me esforçar para não falar nada.


                Do outro lado do quarto Lily e Tiago conversavam sentados na cama de Lily.


– O que está achando até agora? – Tiago perguntou pegando na mão de Lily e brincando com seus dedos.


– Estou feliz por Harry ter amigos. – Lily disse observando os visitantes do futuro agrupados na cama de Hermione. – É claro que eu queria ter estado presente na vida dele, mas sinto que se eu não tivesse morrido, talvez ele não estivesse vivo, entende?


– Acho que sim. – Tiago disse ainda brincando com os dedos de Lily.


– Você também tem me surpreendido bastante. – Lily disse olhando para a própria mão envolta pela mão de Tiago. – Você não é o presunçoso que eu pensava, você é muito doce na maior parte do tempo.


– Obrigado. – Tiago disse levantando os olhos para encarar Lily com brandura – Fui apaixonado por você por muitos anos, Lily. Mas era muito novo para saber como lidar com isso...


– Pelo que parece agora você cresceu...


– Tive que amadurecer um pouco mais rápido durante essas férias. – Tiago disse deixando uma pequena lágrima surgir em seus olhos.


– O que aconteceu? – Lily perguntou preocupada passando o braço pelos ombros de Tiago.


– Meus pais são muito velhos, você ouviu Sirius, minha mãe é tia-avó dele. – Tiago disse suspirando – Eles já eram bem velhos quando eu nasci, eu fui como um milagre para eles. Minha mãe está doente. – Tiago concluiu abaixando a cabeça – Não é nada que tenha uma cura, ela está bem tranquila, disse que já chegou a hora dela...


– Tiago, – Lily disse levantando o rosto dele – sinto muito. – Lily abraçou Tiago com carinho.


                Severo observava Lily e Tiago com raiva. Tiago estava conseguindo tudo o que queria, Snape pensava, agora Lily estava a poucos centímetros do garoto que Severo tanto odiava, ele não queria ver sua amada com outro, mas não conseguia parar de olhar, Lily abraçava Tiago com ternura, aquele abraço devia ser dele, ele merecia ser abraçado por Lily com todo aquele carinho. Severo não aguentou mais ver aquilo, deitou-se de frente para a parede e forçou-se a dormir, mas a imagem de sua Lily abraçando Potter parecia gravada em sua retina.


                Frank e Alice estavam aproveitando aquele momento para namorar um pouco, Alice sempre planejou casar-se com Frank e ter um filho, ou mais, e ver Neville ali era a prova de que ela e Frank seriam felizes e ficariam juntos para sempre. Frank beijou a testa de Alice com ternura antes deles se deitarem para dormir.


                Remo e Sirius observavam Tiago e Lily juntos sem coragem de interromper, apesar de Tiago parecer triste, nunca tinham visto o amigo tão satisfeito. Sirius sorriu vendo Lily limpar com os dedos uma lágrima que havia surgido nos olhos de Tiago antes de cair no sono.


                Algum tempo depois o quarto estava em completo silêncio, e os únicos acordados eram Harry e Gina. Os dois estavam sentados juntos na cama de Harry, sem conversar, apenas aproveitando a companhia um do outro, tinham passado muitos meses separados antes do fim de Voldemort e depois mal tiveram tempo de ficar juntos antes de chegarem ali.


– Harry, – Gina sussurrou pegando na mão dele – vamos dormir? Todos já estão deitados.


– Eu pensava em você todos os dias. – Harry murmurou ignorando o que Gina havia acabado de falar. – Às vezes eu pensava em desistir, mas sabia que não podia desistir, por você.


– Harry, o que...


– Eu amo você, Gina. – Harry disse olhando para ela, levantou a mão e segurou o rosto de Gina. – Eu amo você de verdade. – Harry aproximou-se com carinho e a beijou. Gina derreteu-se nos braços daquele que ela amava há tanto tempo.


– Harry, – Gina conseguiu dizer alguns minutos depois. – eu senti tanto a sua falta... – completou abraçando-o com força.


                Harry conseguiu dormir tranquilo depois de tirar do peito o peso de estar separado de Gina.


                Todos foram acordados cedo por um alarme alto na manhã seguinte, e se arrependeram de ter ido dormir tão tarde. Lily deu um abraço em Tiago assim que estavam de pé, fazendo a manhã de Severo que já estava ruim, ainda pior. Gina e Harry queriam demonstrar um pouco mais de afeição, mas não podiam deixar transparecer coisas que ainda não tinham acontecido no livro.


                Depois de um café da manhã silencioso em que todos se esforçavam para ficar acordados voltaram a seus lugares do dia anterior e Alice pegou o livro.


– Capítulo VII – O chapéu seletor.

                                                                     ~~ x ~~ 

 
Eu não ia postar hoje, mas entrei para dar uma olhada e fiquei impressionada com a quantidade de comentários. Estou completamente apaixonada por vocês!
 Tenho que agradecer a:  
Gi Molly Weasley


 


JuanZ: A parte do poema me deu um pouco de trabalho... Mas compensa pelos comentários!!


 


Clenery Aingremont: Tinha a pretensão de atualizar em media uma vez por semana, mas às vezes fico ansiosa (como agora) e acabo postando antes... Foi bem proposital o Frank falar do Barto Crounch, quero que cada um dos livros tenha conexão... Aposto que você consegue adivinhar o que o Tiago queria que Harry não deixasse de receber. E acontece logo depois da guerra (no caso do Rony, Harry, Mione, Gina e Neville) e antes do sétimo ano para o resto deles. Quanto à Lily saber que Snape é um comensal, ele ainda não É de fato um comensal, pode-se dizer que ele está se preparando para isso, e ela sabe que ele tem um dedo nas artes das trevas, e com certeza ela tem noção de que é uma possibilidade que ele se torne um comensal, apesar de ter esperanças de que ele não se torne, ela não tem noção de quão longe ele chegou. Uau, adoro responder comentários assim!!!


 


Arthur lacerda: Vou me esforçar para merecer esses cometários em todos os capítulos de todos os livros.


 


Tainara: Acho que nesse momento o Snape não está pronto para ser amigo do Harry.


 


MionGinnyLuna: Ahhh, não exagera, hehe, muito obrigada!!


 


Akemi Lilith Homura: Eles adoram quadribol, não conseguem resistir...


 

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Comentários (5)

  • Arthur lacerda

    Muito bom o capítulo.  Eu realmente gosto das fics estilo "lendo". E foi uma pena que "lendo: O Enigma do Príncipe" foi abandonada.Se eu deixar cinco comentários você posta mais rápido o próximo capítulo? Brincadeira... Ou não. ahahah.E para terminar minha frase de sempre: Boa sorte e espero o próximo capítulo.   

    2013-10-25
  • Akemi Lilith Homura

    bem... baixando a personagem da fanfic  minha("Puella Magi" Akemi Homura) vou dizer o que ela achaA Fanfic: Simplesmente OriginalHarry: mal chega no trem e já é assediado pelos Gemeos Weasley... sei como se sente, é assim quando volto no tempo e revejo meu primeiro encontro com MadokaRony: deve ter sido constrangedor a sujeira no narizMalfoy: estamos numa "pseudo-democracia" logo voce tem seus direitos, mas eles acabam quando acaba o do outro(porque estou falando isso? até parece que eu engoli um vade mecum de Direito da MagiaNeville: você é mesmo azarado, vira e mexe perdendo seu sapoHermione: não precisava ser a 100% certnha. digo o mesmo para LilyTiago e Sirius: mandem pra mm a tampa do vaso que faço vocês engolirem elaSevero: espero que não se assuste com o spoilerFrank: talvez você o consiga até acontecer spoilersTiago: só o Harry sendo seu filho mesmo pra comprar o quase que o carrinho de doces inteiroFred, Jorge, Remo, Tiago, Sirius: quantos banheiros vocês juntos já explodiram? bem... Homura quis dizer isso

    2013-10-25
  • MionGinnyLuna

    Ai, que perfeição em forma de cáp!!!!!!!!!!!!!!!!!!! E não exagerei nem um pouquinho, só disse verdades!Esperando que você tenha mais surtos de ansiedade... Muahahahaha! Beijocas!

    2013-10-25
  • Akemi Lilith Homura

    teve uns momentos bem comicos aí, mas... a hermone não tinha usado o "Oculos Reparo" pra tentar consertar o oculos do harry?

    2013-10-25
  • Clenery Aingremont

    Arthur Lacerda adora ler fanfics de "Lendo" haha Já vi ele comentando "Lendo: O Enigma do Príncipe" que, infelizmente, a autora resolveu, ao que parece, abandonar.Eu realmente gostei da Ginny e do Harry terem se resolvido logo de uma vez! Mas sei que não vão conseguir esconder isso por muito tempo... kkkkkkkNossa! Minha "análise" do capítulo anterior foi enorme XD Fique ansiosa mais vezes! Sério, é legal atualizar a fanfic antes da 1 semana passar. Quanto ao que James (eu chamo os personagens pelo nome original) queria que Harry recebesse, tenho breves suspeitas. Espero que uma delas esteja certa, mas acho melhor deixa-las para mim ;) Afinal, você não vai falar até lá, de qualquer forma.Realmente, a situação ficará feia para o Sniv-Ops! Snape no próximo capítulo. Mesmo que ele tenha feito tudo aquilo... Ele só via Harry como filho do "Potter" e não como filho da Lily. Ele é extremamente invejoso e tudo o mais! Simplesmente, não consigo vê-lo de outra forma...

    2013-10-25
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