I built my life around you



I built my life around you
 


Era engraçado, quando ele parava para pensar.


Desde sempre ele fora ensinado que pessoas impuras – com o sangue ruim, sujo – eram inferiores àquelas de sangue puro, como ele. Os impuros não eram dignos da magia, de Hogwarts, de nada. Eram nada além da escória que o mundo bruxo resolver acolher como gesto de pena.


E, no entanto, lá estava ela: mais inteligente, mais esperta, mais dedicada que todos os outros. E ele a odiou desde o primeiro instante. Ela não sabia que o lugar delanunca seria entre os bruxos? Deveria saber e por isso estudava tanto. Ele passou o verão inteiro falando sobre ela com o pai, que o incentivou a odia-la, a saber de tudo o que ela fazia, e ser melhor que ela. Em tudo.


Não era tarefa fácil, mas Draco a abraçou com determinação. E passou a reparar nela cada vez mais, a odia-la ainda mais, a ponto de desejar que ela morresse nas mãos de um monstro qualquer em uma câmara. E, então, não haveria mais competição, nem ódio, nem nada.


E tudo continuou igual, ou assim ele pensava. Ele poderia jurar que sentira raiva quando ela sobreviveu ao segundo e terceiro anos, mesmo que uma voz chata lhe dissesse que era alívio. Quando ficou impossível ignora-la, ele preferiu admitir que era porque sem ela não haveria nenhuma competição, ou alguém tão específico quanto Hermione Granger para odiar. E Draco já estava acostumado ao ódio.


No quarto ano, ela o deixou sem palavras com o seu vestido azul e seus cabelos dourados, e ele conseguiu detesta-la mais do que já fazia por despertar nele coisas que ele não conhecia, com as quais não sabia lidar. E a cada vez que a odiava, ele sentia que algo estava errado, que algo mudava. E então, a odiava ainda mais por fazê-lo se sentir daquela maneira.


No sexto ano, ele fingiu ignorar os olhares preocupados. Fingiu não perceber que ela o notava cada vez mais. Ele apenas fingiu o ano inteiro, até o seu ódio por ela. Ele só estava cansado. Depois, houve a Guerra, e ele precisou voltar a fingir. Ele nunca soube bem o porque negou que era ela, a Granger, amarrada no piso da sua sala. Ela fora uma constante em sua vida por muito tempo, e ele simplesmente não queria perder mais nada. Ele precisava ter certeza de algo, mesmo que fosse relacionado a ela.


Depois, quando eles se encontraram, ela depôs a favor dele. Ela o ajudou, mesmo que não tivesse motivos para isso (ele nunca acreditou na desculpa de "dívida", porque ela havia sido torturada, mesmo que ele tivesse negado). Então ele percebeu que já não havia ódio, e que assim vinha sendo desde muitos anos antes.


Granger havia sido o olho da sua tempestade, o ponto que se mantém firme enquanto tudo ao redor é desordem. Naquele momento, depois de passado o pior, ele conseguiu aceitar o que sentia por ela, mesmo que não soubesse muito bem o que era. Tempos depois, estavam juntos. Ele nunca soube muito bem como ou quandoaconteceu, mas desconfiava que aquele sentimento estivera com ele desde sempre, de várias maneiras diferentes.


De repende, como aqueles pensamentos que atravessam a nossa mente como uma flecha em chamas, chegou a conclusão que a sua vida inteira girara em torno dela. E que aquela aliança que carregava em seu bolso era apenas a representação disso.

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