Chasing Cars





Chasing cars




If I Just lay here
Would you lie with me
And just forget the world?


Chasing Cars, Snow Patrol





Ela estava deitada na cama ao lado, dormindo. Ele não entendia como ela conseguia. Como ela poderia apenas deitar ao lado dele – justo dele – e dormir como se nada houvesse que a impedisse. Ele não conseguia ignorar todo o paradoxo formado entre as cicatrizes nos seus braços. Então permanecia acordado, marcando o tempo em pontas de cigarros e carros que passavam na rua.


"Draco?"


Ela abriu os olhos e ele se sentiu completamente despido quando os orbes castanhos se direcionaram para ele. Tentou desviar o olhar focando-o na fumaça espiralada que sumia lentamente pela janela.


"Deita comigo."


Ele apenas atendeu ao pedido. E como ele poderia negar? Era noite de dia dos namorados, eles tinham acabado de fazer amor. Havia uma marca negra em seu braço esquerdo e uma cicatriz no braço dela, onde se lia mudblood, e ainda assim ela o queria por perto.


Ele deitou ao lado dela, que pegou a mão dele na sua e entrelaçou seus dedos, como se fosse a única coisa que pudesse fazer. Apoiou a cabeça no peito dele e voltou a dormir. Se ele pudesse quebrar ainda mais, ele teria quebrado pela simplicidade do gesto. Havia um mundo que os separava, e ele sentia que ela construía uma ponte entre eles, aos poucos, com gestos tão simples quanto um entrelaçar de dedos.


E ele quebrava a cada vez que ela o fazia, porque mostrava a fé que ela tinha nele, uma fé que ele há muito acreditava estar perdida. Ao lado dela, ele quase se sentia um alguém quase crente de novo, disposto a acreditar em qualquer força superior que ditasse o seu destino, desde que estivesse entrelaçado ao dela como seus dedos estavam naquele instante.


Ele se sentia alguém novo, sem nomes, sem passado, sem conceitos, pronto para ser desfeito e reconstruído a cada momento. Ela se move e ele sorri, simplesmente pelo fato de estar com ela naquele momento. E ela está tão em paz em seus braços, que ele sente que o peso do corpo dela sobre o seu é uma espécie de recompensa por tudo o que ele ainda não fez, que ele não merece, mas que, naquele instante, quer fazer por merecer.


Porque ele a ama, com cada pedacinho de seu ser, de sua alma.



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