A Clareira



Hermione.


 Eu passei um bom tempo com Gina decidindo o que eu ia vestir. Ela queria que eu vestisse algo provocante, mas eu não queria. Queria ser eu mesma nesse encontro, ser quem eu sou todos os dias. Porque se ele gosta de mim mesmo, vai gostar de mim como eu sou mesmo.


Decidi por uma calça jeans nova e bonita que eu havia comprado, uma blusa de alcinhas de seda com renda, um sobretudo pesado e um sapato de salto alto. Deixei meus cabelos soltos e fiz uma maquiagem leve, mas que destacasse meus olhos. Gina criticou bastante o fato de eu não usar nada mais provocante. Quando deu o horário, aparatei.


Cheguei em frente a Gemialidades Weasley e encontrei um George ansioso andando de um lado para o outro, passando as mãos nos cabelos. Aproveitei que ele ainda não tinha me visto para arrumar meus cabelos. Quando comecei a me arrumar, ele virou e me viu. Sorriu, e aquele sorriso me fez derreter. Fui para perto dele, e o beijei. E senti novamente aquela sensação da alma sair do corpo e dar uma volta no paraíso. Nos distanciamos e eu disse suavemente:


- Oi George.


- Olá Hermione. – E me olhou dos pés a cabeça.


- O que foi? Estou feia? – Perguntei, me olhando. Será que ele não tinha gostado da minha roupa?


Ele riu brevemente e respondeu:


- Você nunca está feia. Sabe por quê? Porque você é perfeita. Do jeito que você é. – Enrubesci. – Pronta?


- Para?


- O encontro, oras.


- Ah, sim! – Eu ri de mim mesma. – Para onde vamos?


- Segure a minha mão, e você verá.


Fiquei intrigada e curiosa. Segurei sua mão estendida e ele guiou a aparatação.


Chegamos.


- Hogsmeade?


- Sim. - Ele viu minha cara de leve confusão e disse: - Quero levar você a um lugar que eu ia muito com Fred ou quando queria ficar sozinho. Vem, por aqui.


Ele me levou até o fim do povoado, onde começava uma trilha que subia uma colina e desaparecia dentro de árvores. Um leve arrepio de medo transpassou meu corpo.


- Calma, relaxe, é perfeitamente seguro. Confie em mim. – Ele disse, olhando-me nos olhos e com a voz suave. Beijou meus lábios levemente e acariciou a minha bochecha antes de continuar andando.


Certo ponto da trilha, tropecei em uma pedra e caí.


- Ai! – Disse, ao cair. Ele se abaixou, todo preocupado.


- Está tudo bem, Mione?


- Eu acho que sim... – Olhei para a minha mão. Havia vários arranhões que começavam a sangrar. Ele conjurou um curativo e enrolou minha mão nele, todo preocupado e cuidadoso, apesar da minha insistência em que estava tudo bem e que já iria parar de sangrar. Ele me ajudou a levantar, cuidadoso. Então eu vi que meu salto havia quebrado. Ótimo!


- Reparo. – Eu disse, e o salto voltou ao seu lugar, ficando firme.


- Está tudo bem? Mesmo? – Ele perguntou pela milésima vez. Eu adorei ver aquela carinha de preocupação e a delicadeza com que ele me ajudou.


- Sim, George, está tudo bem. Vamos continuar?


- Vamos sim.


Ele passou o braço pela minha cintura e continuamos andando. Entramos no meio das árvores, e ele acendeu a varinha. Em um certo ponto, pude ver uma clareira próxima.


- Vou precisar vendar você um pouco. Pode ser?


- Por quê?


- Porque preciso arrumar algumas coisas antes.


- Sim, mas me deixe perto de você. Não quero me sentir sozinha.


- Você nunca vai ficar sozinha. Não enquanto eu estiver vivo.


Olhei-o e vi no seu olhar que o que ele acabara de falar era verdadeiro. Acariciei seu rosto e o beijei.


- Posso vendá-la agora? Pode confiar em mim, não vou deixar você cair.


- Ah... Tudo bem.


Ele conjurou uma faixa preta e envolveu meus olhos. Então, passei a não enxergar mais nada. Só ouvi o barulho de uma coruja piando, um riacho correndo e a respiração de George junto ao meu ouvido. Ele me guiava pondo a mão na minha cintura. Então ele para.


- Fique aqui. – Ele sussurrou em meu ouvido.


- Eu tenho escolha? – Perguntei com meu péssimo senso de humor.


Ele apenas riu. Ouvi ele se afastar, e andar de um lado para o outro. Podia apostar que estava fazendo feitiços silenciosos para que eu não escutasse. Então, depois do que me pareceu a eternidade, ele chegou perto de mim e sussurrou em meu ouvido, com aquela voz sedutora:


- Pronta?


- Sim.


- Me deixe tirar a venda.


Senti suas mãos desfazerem o nó que prendia a venda, e meus olhos tentaram se acostumar com a claridade do local. Estávamos em uma clareira, em uma colina alta. Dela, dava para ver o céu estrelado claramente, e a lua minguante brilhante no céu. Dava para ver também Hogwarts, com suas várias luzes brilhantes. Dava para ver o lago, grande e escuro, refletindo o brilho da lua e das estrelas. E não era só isso. George tinha estendido uma toalha grande no chão, com algumas almofadas. Ao lado, outra toalha com alguns doces da dedosdemel e cerveja amanteigada. Ele tinha posto também algumas velas espalhadas pela clareira para iluminar um pouco. Era lindo. Perfeito.


- George... Tudo isso é tão... Lindo!


- Pouco se comparado ao que você merece de verdade.


Ele me abraçou pela cintura, e beijou minha bochecha. Virei meu rosto e o beijei intensamente, passando meus braços pelo seu pescoço, colocando uma mão sobre seus cabelos ruivos e a outra na sua nuca, o puxando para mim. Ele passou o braço pela minha cintura, e com a outra mão acariciando meus cabelos. Assim que o ar começou a faltar em nossos pulmões, nos distanciamos, mas não nos soltamos do abraço. Olhei nos olhos azuis dele, e sabe aquela frase “os olhos são o espelho da alma”? Então. Eu vi a alma dele no olhar.


 


George.


 


Ela tinha aquele dom de me levar às alturas. Olhei naqueles olhos castanhos, que emitiam uma luz, e era essa luz que estava me impulsionando a viver. Se um dia aquela luz sumisse de seus olhos para sempre, o meu coração morreria com ela.


Segurei sua mão boa, e a guiei para o centro da clareira, onde estava a toalha. Me sentei e sinalizei para que ela sentasse ao meu lado. Ela se sentou, e começamos a conversar. Conversa vai, conversa vem... Me deitei, com a cabeça apoiada nas almofadas, e ela deitou encostada em meu peito, com meu braço a envolvendo. Ali, deitados, olhando para as estrelas, foi que eu tomei coragem para fazer o que eu pretendia. Com o outro braço, colado junto ao corpo, para que ela não visse, conjurei uma rosa branca, a flor preferida dela.


- Mione...


- Sim?


- Você aceita namorar comigo? – Perguntei, dando-lhe a flor. Ela se levantou num supetão, surpreendendo-me. Olhou bem no fundo dos meus olhos, e sorriu. Começou a me encher de beijos, no rosto todo, até chegar na minha boca. O beijo, incrivelmente, foi diferente de todos os outros. Mais intenso, mais apaixonado. Ao mesmo tempo, mais suave, mais delicado. Ela estava exatamente sobre mim, e eu rolei para ficar em cima dela. Distanciei alguns centímetros dela, afastei uma mecha de cabelo que caía constantemente em seu rosto, e disse:


- Vou tomar isso como um sim. – E a beijei novamente.


 


Hermione.


 


Estava encostada no peito dele, sendo envolvida por seu braço, me esquentando. Conversávamos, ríamos, olhando para as estrelas. Então um silêncio caí sobre a gente.


- Mione... – Disse ele, suavemente. Eu notei uma nota de nervosismo em sua voz.


- Sim?


- Você aceita namorar comigo? – E ergueu uma rosa branca pra mim; era a minha flor preferida.


Me levantei de supetão, só para olhar bem nos olhos daquele ruivo. Pela primeira vez, não consegui articular uma resposta. Então comecei a enchê-lo de beijos, beijando sua testa, nariz, bochecha, até chegar na sua boca. O beijo foi o melhor que já tínhamos dado. Era diferente. E aquela sensação que só ele me causa tomou conta de mim. Fui ao paraíso, e mais além. Ele rolou para cima de mim, se distanciou alguns centímetros, sorrindo, e afastou uma mecha de cabelo que vive caindo nos meus olhos, e disse:


- Vou tomar isso como um sim. – E me beijou novamente.


Ele se distanciou de mim, e eu voltei a me aconchegar em seu peito. Por um tempo, só fiquei ouvindo as batidas do coração dele. Eram batidas rápidas e fortes. Foram se acalmando. E senti meu próprio coração se acalmar. Era meu mesmo? Não. O meu coração era dele. Somente dele.


- Sabe, Mione... No começo, eu não sabia o que eu sentia. Eu te via todos os dias, e sentia uma coisa estranha dentro de mim sabe? Meu coração acelerava, e meus olhos não saíam de cima de você. Eu sempre te procurava, mesmo sem perceber. Eu sinceramente não entendia o que eu sentia. Eu sabia que eu precisava estar perto de você, mas só estar perto não me era suficiente. Eu precisava te abraçar, te beijar, te ver sorrir e poder te proteger. Eu tinha ouvido você contar pra Verity que não gostava de mim, e aquilo me machucou muito, por isso naquele dia eu estava daquele jeito. Mas também não entendia porque tinha me afetado tanto... E quando eu te vi sair correndo da loja, chorando, eu tive aquela necessidade de ir correndo atrás de você, e te ter em meus braços. E quando eu te beijei, eu finalmente tive a resposta para a minha pergunta: o que eu sinto é amor. Eu te amo, Hermione.


Eu senti as lágrimas vindo aos meus olhos. Nunca alguém tinha se declarado tão aberta e sinceramente pra mim. Eu senti em seu tom de voz que era sincero. Que era verdadeiro. Ele viu que eu estava em silêncio e que não conseguia falar, então se virou pra mim, apoiado em seu braço, e me viu ali, a beira das lágrimas.


- Ei... Não chore, não era essa a minha intenção.


- Não são lágrimas de tristeza, George, são lágrimas de culpa por não ter admitido mais cedo que te amo, lágrimas de alegria por saber que você me ama. Mas não lágrimas de tristeza.


Ele sorriu e secou uma lágrima insistente que corria por minha bochecha.


- Eu te prometo: nunca te deixar sozinha e sempre te proteger. – Ele disse, olhando firme dos meus olhos.


- E eu te juro: meu coração sempre será seu. – Jurei, fazendo-o sorrir e me beijar novamente.


 


George.


 


Fred.


 


Já faz dois anos que você partiu. Dois anos que minha alma se partiu ao meio e uma parte foi para longe de mim. Dois anos em que meu coração ficou aos cacos, esperando que o tempo curasse ou alguém me ajudasse a recolhê-los. Resolvi escrever pra você porque preciso te dizer uma coisa pra provavelmente fará você sorrir onde quer que você esteja: há alguém me ajudando a recolher esses cacos. Quem? Hermione.


Sei que você está pensando ‘Hermione? E Angelina?’. Terminei com Angelina já faz um ano e poucos. Desde então, um sentimento que eu nunca senti veio tomando conta de mim, e quando percebi, eram sentimentos destinados a ela. Nutridos por ela. Fiquei por meses pensando, devaneando, sonhando com ela, inseguro sobre se deveria me declarar pra ela. Um dia então, Angelina veio tentar me seduzir e Mione viu. Mione pareceu profundamente chateada, pois saiu correndo da loja e começou a chorar no meio do Beco Diagonal. Sabe o que eu fiz? Saí correndo atrás dela e a beijei. Deixei todo meu sentimento extravasar naquele beijo. E ela retribuiu o beijo. No dia seguinte, ou melhor, na noite seguinte, a pedi em namoro. E agora? Faz três meses que estamos namorando. Os cacos de meu coração foram recolhidos, mas tem um caco muito grande que desapareceu, e eu sei que nunca mais vou achar. Que caco é esse? Era o grande pedaço que você ocupava no meu coração. Na verdade, ainda ocupa, porém a sua ausência me dói.


Mudando de assunto, a loja. A Gemialidades Weasley vai indo bem, Hermione e Verity me ajudam bastante. Rony até me ajudou por um bom tempo, mas viu que essa não era a dele. A loja é um sucesso, mas não é a mesma coisa sem você. Acho que já falei isso antes, mas... Enfim.


Já comentei que Harry matou Voldemort, né? Então. Assim que vi Harry vivo e Voldemort morto, fui instantaneamente procurar você do meu lado, e você não estava. Não consigo nem descrever como me senti naquela hora... Foi muito mais forte do que como estou agora. Tem aquela história que o tempo cura... Mas algumas feridas nunca se fecham.


Eu realmente espero que onde quer que você esteja, esteja feliz e me esperando para abrir uma Gemialidades Weasley aí junto contigo.


Com amor,


 


Seu parceiro de crime. George”


 


Enquanto escrevia aquela carta, as lágrimas vieram aos meus olhos. Algumas caíram sobre o pergaminho, caindo sobre a tinta e manchando o papel. Eu fazia aquilo quando achava que precisava desabafar. Ouvi barulho de aparatação e soube que era ela.


- George, o que foi? – Ela me perguntou, com a preocupação estampada na voz.


- Nada, só escrevendo.


- Pra ele?


- É.


Ela fez com que eu me levantasse e me abraçou forte. Ela era assim, compreensiva, carinhosa, preocupada... E o fato de ela estar junto comigo fazia com que eu superasse tudo. Ou pelo menos tentasse. Eu preciso dela comigo para sempre.

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Comentários (2)

  • Artemis Granger

    lindo o cap, super emotivo... e ele escrevendo pro fred... super fofo só um errinho: no cap anterior vc coloca q ela esta de vestido e nesse de calça!

    2012-01-26
  • Nathy Evans

    Chorei...

    2011-09-07
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