Srta. Johnson



George.


 Droga. Aquilo me machucara. Muito. Eu não conseguira mais olhá-la direito durante o dia. A noite, na Toca, também mal a olhara. Fiquei calado, e todos me perguntavam se eu estava bem: mãe, pai, Harry, Gina, Percy e Hermione... E sempre a mesma resposta, sempre a mesma mentira: “sim, só estou cansado”.


Depois do jantar, fui para meu antigo quarto, que passara a ser de Harry, pois ele pediu para morar ali na Toca, já que não tinha mais lugar pra morar. Na verdade tinha, mas a casa no Largo Grimmauld o trazia lembranças fortes demais do padrinho e da guerra. Como tudo naquele quarto, no meu apartamento, na loja, em mim, fazia lembrar de Fred.


Harry entrou logo atrás de mim. Sentou-se na beirada da cama e me encarou com aqueles olhos verdes, sério.


- George, está tudo bem mesmo? Ou é por causa dela? – Ele perguntou. Estava usando legilimência?


- Ela. – Respondi.


- O que houve?


- Feche a porta.


Com um aceno da varinha, fechou-a e voltou a me encarar.


- Desembucha.


Suspirei.


- Hoje mais cedo, na loja, a ouvi falar com Verity que não gosta de mim, e falou como se fosse um absurdo.


- O que ela falou exatamente?


- “Verity, ficou louca? Eu? Gostando dele?” algo assim. Doeu. E muito. – Senti as lágrimas voltarem aos meus olhos. As contive.


- Você ouviu o resto da conversa?


- Não.


- Você sabe se é de você que elas estavam falando?


- Não.


Ele fez cara de pena.


- Quem sabe não seja como tais pensando. Mas faça o seguinte: aja como se não tivesse ouvido nada. Porque agindo como agora, estão todos pensando que aconteceu algo e não vai demorar pra sacarem que é por causa dela. Eu sei que é duro. Já passei por isso com Gina. Mas tente.


Ele deu dois tapas leves no meu ombro, se levantou e saiu. Deitei-me na cama, respirando fundo. Harry estava certo. Eu deveria fazer o que ele disse. Mas fácil não é. Fiquei ali até adormecer e ser acordado por Harry.


No dia seguinte, agi da mesma forma de antes de ouvi-la. Não sei como consegui olhá-la nos olhos sem que as lágrimas quisessem sair. Sem que meu coração doesse muito quando a voz dela chegava aos meus ouvidos. Mas o desejo de tomá-la em meus braços para nunca mais soltar, esse continuou.


 


Hermione.


 


Eu percebi que ele estava diferente. Depois que saí daquele escritório, ele ficou diferente. Mas por quê? Eu teria culpa nisso? Ele passou o dia inteiro evitando me olhar nos olhos. Passou o dia inteiro com uma expressão triste, e dizia apenas estar cansado. Estava acontecendo alguma coisa que ele queria que ninguém soubesse.


Durante o jantar, na Toca, ele mal trocou palavras com ninguém. Estava quieto. Não parecia ele mesmo. George era um rapaz alegre, divertido, sempre alto astral, sempre fazendo piadinhas de tudo e de todos. Mas hoje, não. Ele estava quieto, calado, na dele, aparentando estar de baixo astral e sofrendo. Mas por quem? Por que?


 


 


Dois meses passaram logo. Passei a perceber que George sempre dava um jeito de se aproximar de mim. Quando não o fazia, quem fazia era eu. Eu sempre queria estar perto daquele ruivo, sentir seu perfume cítrico, olhar naqueles olhos azuis que me lembravam o céu. Mas só isso não me basta. Eu queria sentir o calor daqueles braços torneados e definidos. Queria fazer carinho em sua cabeça e passar meus dedos por seus cabelos ruivos e macios. Mas eu não podia. Ainda.


Certo dia, estava arrumando o estoque. Sozinha. Ele e Verity estavam na frente, cuidando da loja. Estava tão concentrada em arrumar as caixas nas prateleiras certas que não percebi certo ruivo se aproximar. Ele apertou minha cintura, fazendo-me tomar um susto. Pulei e deixei as caixas caírem e seu conteúdo se espalhar.


- GEORGE!- Gritei de susto, enquanto me virava rápido. Ele riu gostosamente e me fez arrepiar com sua risada, enquanto se abaixava para me ajudar a recolher as vomitilhas.


- Porque fez isso? – Perguntei, fingindo mágoa.


- Porque eu adoro lhe dar sustos e ver essa carinha assustada. – Ele respondeu, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.


- Engraçadinho.


- Certinha.


- Idiota.


- Tola.


- Babaca.


- Linda.


Olhei para ele, sem acreditar no que ouvi. Suas bochechas ficaram vermelhas, assim como sua orelha. Aquela marca registrada dos Weasley. Baixei meus olhos, envergonhada, e continuei a recolher as vomitilhas em silêncio. Então vejo sua mão sobre a minha. Ergo a cabeça e encontro um par de olhos azuis me encarando. Havia sentimento naquele olhar?


Ele se aproximou devagar de mim, até ficarmos a centímetros de distância. Minha respiração ficou irregular. Meu coração batia rápido e forte. Fechei meus olhos, esperando o toque dos lábios dele.


- George, tem uma pessoa... – A voz de Verity morreu ao ver a cena. Abri meus olhos, e senti meu rosto corar, enquanto sem graça, Verity dizia: - Ah... Bem... Querendo te ver. – E saiu.


Ele me olhou, levantou-se depressa e saiu, balbuciando alguma desculpa. Eu quis dizer “fica”, mas era tarde demais. Ele já tinha ido.


 


George.


 


Eu sabia que ela estava no estoque. Sozinha. Resolvi dar um pequeno susto nela. A porta do estoque estava aberta. Entrei, mal tocando o chão para não fazer barulho. A vi atrás de uma estante, e ela estava de costas para mim. Perfeito. Cheguei atrás dela e apertei sua cintura. Ela se assustou, pulou, ao mesmo tempo em que virava para mim e deixava as vomitilhas caírem.


- GEORGE! – Gritou ela enquanto eu ria. – Porque fez isso?


- Porque eu adoro lhe dar sustos e ver essa carinha assustada. – Respondi, dando de ombros, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.


- Engraçadinho.


- Certinha.


- Idiota.


- Tola.


- Babaca.


- Linda. – A palavra saiu de minha boca sem pensar. Ela me olhou com uma expressão um tanto incrédula. Senti meu rosto corar, e minha orelha esquentar. Ela baixou os olhos e continuou recolhendo as vomitilhas. Tomado pelo impulso, coloquei minha mão sobre a dela. Ela ergueu a cabeça. Encarei aqueles olhos castanhos como avelãs. Sem pensar, fui me aproximando dela devagar, até ficarmos a centímetros de distância um do outro. Ela fechou os olhos. Eu fechei os meus...


- George, tem uma pessoa... – A voz de Verity sumiu ao nos ver, virei-me rápido e senti meu rosto ferver. – Ah... Bem... Querendo te ver. – Ela disse, e sem graça, saiu.


Olhei para Hermione, e totalmente sem graça, me levantei e saí, balbuciando alguma coisa, passando a mão pelos cabelos. Na loja, Verity, ainda sem graça, disse:


- George, a Srta. Johnson quer vê-lo.


- Mande subir daqui a cinco minutos.


Fui direto para meu escritório, fechei a porta e me sentei. Respirei fundo tentando por meus pensamentos em ordem. Quase beijei Hermione? Angelina queria me ver? O que ela quer? Quase beijei Hermione? Meus pensamentos estavam confusos. Ouvi batidas leves na porta.


- Entre.


- George? Posso falar com você? – Angelina se aproximou de mim, sensual. Era óbvia demais suas intenções.


- Já não está falando? – Perguntei sarcástico. Ela sorriu, desconcertada. Sinalizei para que ela se sentasse na minha frente. Ela se sentou, cruzou as pernas e puxou a saia mais pra cima. O que ela pretendia com esse jogo baixo? Que eu voltasse pra ela? – Então, o que você quer?


- Conversar sobre nós dois...


- Seja mais objetiva, estou ocupado. – Disse um pouco rude.


Algumas pessoas perguntavam porque tínhamos terminado a um ano atrás, e eu nunca dizia a verdade. Ela havia me traído. A flagrei num canto do Beco Diagonal se agarrando com um moreno dos olhos verdes. Eu não o agredi, mas não pisquei para terminar o namoro. Com as lembranças na mente, a olhei.


- Sabe, faz tanto tempo que não nos vemos não nos falamos...


- Será porque terminamos? – Perguntei ainda sarcástico. – E seja mais objetiva, por favor.


- Bem, se você quer assim...


Ela se levantou e se debruçou sobre minha mesa, deixando seu decote de uma maneira muito visível.


- Eu sinto a sua falta sabe. Sinto vontade de te beijar, te abraçar, sentir seu cheiro, seu corpo... – Disse ela, dando a volta na mesa, ficando praticamente debruçada sobre mim, e com os dedos, criando um caminho em meu peito. – E eu sei que você também sente a minha falta...


Ela baixou as mãos para o zíper da minha calça. Afastei suas mãos, olhando para ela enojado, e de repente, ela me beija, se jogando em cima de mim. E para melhorar minha situação, Hermione entra.

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