Admirável Mundo Novo



“Você já teve um sonho que parecia tão real que quando acordou não sabia em que acreditar? O que você faria se o que você pensou fosse verdade e se o que você pensou não fosse verdade? Você iria se retirar dos seus sonhos com a esperança de encontrar uma realidade mais perfeita? Às vezes a vida é mais estranha do que um sonho. O único caminho é você acordar e enfrentar as mentiras ocultas na sua alma e você só pode esperar que naqueles momentos de reflexão escura você não esteja sozinho.”


 


Ronald acordou assustado tateando o peito atrás de vestígios do tiro que levara. Abriu os olhos imaginando estar em um hospital. Leso engano. Estava em uma cama. Suspirou aliviado pela invasão não ter passado de um pesadelo sem perceber não estar em seu quarto. Na terceira vez que abriu os olhos, então, se deu conta. O pavor foi substituído pela surpresa quando uma cabeleira castanha lhe roubou a visão e lábios uniram-se ao seu.


 


_ Hora de acordar, meu craque! Você tem treino em duas horas! – sorriu a jovem ainda lhe tampando o campo de visão.


 


_ O que? Que? Aonde que... Que eu estou?? – questionou assustado.


 


Um choramingo ao longe e uma criança de 4 anos correndo pela casa chamaram a atenção da despreocupada moça e ele pode analisar. Um quarto simplório repleto de camisas de times ingleses com seu nome e o número dez. O que, diabos, estaria acontecendo? Levantou-se e notou que o tornozelo já não atrapalhava seu caminhar. Escutou mais vozes e correu pela porta. Deveria fugir daquela casa.


 


Não recorreu o seu bairro e muito menos o motivo das ruas terem nomes em inglês. O celular vibrou em seu bolso e no visor observou a palavra que mais lhe atormentou nos últimos anos: Hermione.


 


_ Onde você está? – resmungou a jovem do outro lado da linha.


 


_ Por que você está me ligando? – revidou irritado e desconcertado.


 


_ ONDE VOCÊ ESTÁ? – grita furiosa – Você assustou o seu filho e nem lembrou de levar a sua mochila. Eu falei que você não deveria ter bebido tanto ontem!


 


A cabeça de Ronald quase estourou. Filho? Mochila? Beber? Onde ele estava e por que depois de 7 anos, Hermione Granger estava lhe tratando com tanta intimidade? Desligou o celular e tentou ofuscar o sol dos olhos com os braços inutilmente. Alguém lhe chama e ele pensa que sua cabeça vai voar em mil pedaços pela intensidade da cor. Novamente o nome de Hermione é pronunciado, desta vez, por outra voz familiar.


 


_ Ei, cara! Eu não sabia que a tequila de ontem a noite faria tanto estrago em você! – falou divertidamente – A Mione está preocupada. Então, vamos para a casa? Você não estava mesmo pensando em ir treinar deste jeito, não é?


 


Ronald abre os olhos e se depara com a imagem do seu melhor amigo de infância e companheiro nas primeiras peneiras nos clubes de futebol do interior da Inglaterra. Harry Potter sempre preferiu defender a marcar gols por esta escolha amargara uma carreira medíocre em clubes de pouca expressão nacional. O animo do rapaz melhorara com a transferência de Ron para o Liverpool e a promessa de indica-lo para vagas e testes. Conversa fiada. Depois do embarque, Harry nunca mais soubera do amigo a não ser pelos jornais. Agora, ele estava parado em sua frente com um enorme sorriso na face, insano, por soltar boas risadas da aparente ressaca do amigo de longa data. O que diabos estava acontecendo?


 


Harry fala diversas coisas desconexas para Ronald e o dirige novamente para a casa que tratou de fugir. Totalmente confuso, o rapaz é empurrado para dentro pelo antigo amigo de infância e encontrar a garota que foi o grande amor de sua juventude. Ao abrir a porta, a jovem tinha os olhos marejados e lhe puxou para um forte e prolongado abraço, quebrando apenas por um menininho agarrando-se as pernas do casal. O pequeno Hugo choramingou pela atenção dos pais e assustou o menos informado.


 


Harry saiu rapidamente frisando que estaria de volta em uma hora para irem juntos para o treino e gargalhou aconselhando o colega de time em se vestir adequadamente para o compromisso.


 


_ Eu sabia que não devia ter te contado nada ontem a noite faltando tão pouco para essa bendita final! – resmungou Hermione ainda se acalmando – Mas, pela sua reação achei que tinha se alegrado... Me desculpe... Eu... Eu sei.... Hum... Que tínhamos conversado em esperar mais tempo, mas, é bem... Acho que planejar nunca foi o nosso forte, não é? – sorri fracamente pegando o garotinho no colo.


 


_ Eu preciso me sentar... A minha cabeça está explodindo! – se limita em dizer.


 


A morena sorri e some para dentro da casa. Ronald respira profundamente e tenta achar qualquer explicação para que estivesse acontecendo... De repente, sua mansão era invadida e agora se exprimia em um cubículo de dois quartos com sua antiga namorada, uma criança aparentemente sua e uma carreira em um clube inglês? Aquela não era nem em sonhos ou pesadelos a vida real de Ronald Weasley.


 


Passos e risos antes conhecidos lhe fizeram levantar o rosto e acompanhar a jovem lhe entregando um copo com algo dissolvido. A mão esticada denunciava que deveria ingerir o liquido imediatamente. De bom grado, o atleta bebeu tudo e se esparramou no sofá. A cabeça pesou e ele não viu mais nada.


 


_ Você precisa comer alguma coisa e tomar um banho. Daqui a pouco, o Harry chega para vocês irem para o treino, Rony! – Hermione chacoalha o marido, que ressonava no sofá da sala.


 


_ O que? – resmunga percebendo ainda estar naquela situação – Eu ainda estou aqui?


 


_ Claro que sim. Agora, sério, você precisa se levantar e se arrumar para o treino. Nós não devíamos ter ficado até tão tarde naquele restaurante. A final é daqui cinco dias e você precisa estar bem! – ela fala abraçando o esposo – Bem, já estou atrasada para meu estágio no escritório. Você tem tempo para deixar o Hugo na creche ou prefere que eu leve?


 


_ Não, não. Acho melhor você levar o menino. – teme por não saber como reagir.


 


_ Ta bom, mas vai logo se vestir. Não quero que o treinador pegue no seu pé por uma única noite de comemoração. Você não vai falar nada para o time ainda, né? – ela fala repousando a mão no ventre.


 


_ Não... Posso esperar um pouco. – fala confuso recebendo um último beijo da antiga namorada.


 


Apavorado, Ron assiste a possível esposa saindo de casa carregando aquele que deveria atender por seu filho. Sem saída, se dirige ao banheiro, toma um rápido café e procura qualquer roupa e coloca o necessário para um habitual treino de futebol dentro da modesta mochila. Realmente, aquele não se parecia em nada com seu armário.


 


Sozinho, Rony sentou na cama avaliando o que acontecera para ser trancafiado em uma realidade alternativa como aquela. A cena do tiro a queima-roupa repetiu-se na cabeça do jovem e no instante em que algo pareceu se encaixar, batidas na porta lhe trouxeram a órbita.


 


_ Então, já está mais recuperado do porre? – debochou Harry a caminho do treino – Olha, eu até entendo que a notícia era para ser comemorada, mas você exagerou, Ron. O técnico te cortaria na hora se descobrisse a festa de ontem a noite.


 


_ Ah... Hermione... Não quer que comente muito sobre isso. – arriscou sem exata noção do que se trataria a potencial novidade.


 


_ Eu já esperava que a Mione agisse desta maneira. Ela não quer desviar o seu foco da final, não é?


 


_ É, imagino que seja por isso. – respondeu Ron.


 


_ Realmente, a final da repescagem da Liga Inglesa pode representar um salto na nossa carreira, já pensou em disputar a primeira divisão? – almejou o defensor.


 


Jogar a primeira divisão inglesa? De qualquer forma, ele deveria estar em um dos principais campeonatos do planeta, mas, atuando pelo badalado Milan e fazendo frente ao argentino Messi. Entretanto, estava em um time sem referência na Inglaterra tentado retornar a elite do futebol britânico para quem sabe se destacar e chamar a atenção de grandes times.


 


_ Claro que eu pensei... Eu já estive na primeira divisão de qualquer forma... – desdenha Ron.


 


_ Ei, não precisa ficar remoendo isso de novo! Eu sei que recusar aquela proposta do Milan deve ter sido difícil... Mas, pensa bem... Você agiu como homem e construiu uma família...


 


_ É, condenando a minha carreira... – reclama novamente tentando entender seu novo horizonte.


 


_ Cara, você nem tinha 18 anos! Não ia nem conseguir pegar banco naquele clube... No mínimo, seria emprestado para outros times menores... Pelo menos, estamos liderando o Campeonato Nacional e fala sério... Não da para descartar a possibilidade do Sunderland campeão da Inglaterra, hein? – brinca Harry.


 


_ Como se tivéssemos chance contra o Manchester ou o Liverpool! – desdenha o apoio do amigo finalizando o dialogo.


 


Então, ele havia recusado a proposta do Milan para se comprometer com a namorada de infância Hermione e defendia o Sunderland após se dispensado do Liverpool por uma seqüência de lesões. Alguém só podia estar querendo sacanea-lo! Totalmente atordoado, Ron desce do carro do amigo e companheiro de clube se dirigindo para o campo. Ao menos, ele continuava na posição de meio-campista e vestia a camisa 10 do clube. Nem tudo havia mudado naquela louca versão de sua vida.


 


Entusiasmado pela atuação em campo, Ron acaba regressando de bom humor para a estranha morada que agora teria que chamar de casa. O dialogo entre os amigos se torna mais fácil e ele se questiona o motivo pelo qual deixou o companheiro de infância para trás. Seria a experiência uma espécie de segunda chance ou apenas uma versão perdedora de sua trajetória?


 


 


 


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Segundo capitulo postado, espero que esteja agradando aos leitores. Pretendo postar semanalmente e aguardo comentários para opinar, criticar e ajudar na construção da história.

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