Vida Feliz!!



Por favor, eu gostaria de falar com o senhor Harry Potter, é urgente. Você poderia ligar para o quarto dele e me anunciar?” – pediu Hermione assim que chegou na recepção do hotel em que estivera hospedada.

“Lamento, senhorita, mas não será possível”. – disse o recepcionista educadamente.

“Ah, eu entendo, ele não quer falar comigo né?” – concluiu Hermione decepcionada – “Mas por favor, é de extrema urgência o que tenho para falar com o senhor Potter, só peço que me anuncie”.

“Não é isso, senhorita. O motivo pelo qual não posso anunciá-la é que o senhor Harry Potter deixou esse hotel ontem pela madrugada, eu lamento”.

“Ah” – Hermione murchou por dentro, agora as coisas não seriam mais tão fáceis – “Obrigada, de qualquer forma”. – disse antes de sair do estabelecimento desanimada.

Porém Hermione não ia desistir no primeiro obstáculo. Decidira que ia falar com o ex e nada a atrapalharia! Ela tinha outros meios de localizá-lo, por exemplo, perguntando onde ele havia ido a algum dos amigos em comum, como Rony. O ruivo devia conhecer o paradeiro de Harry. Foi ao apartamento do amigo, sem realmente se importar com o horário, já passava das onze da noite. Hermione quando ficava obstinada não se importava com detalhes, apenas fazia tudo para alcançar o que queria, que no caso, era localizar Harry.

“Oh, Rony, eu te acordei?”. – perguntou quando o amigo atendeu a porta de hobby com cara de sono, notou que talvez estivesse sendo um pouco deselegante por chegar na casa do amigo às onze e meia da noite, mas não se importava – muito – com aquilo.

“Acordou!” – disse o ruivo com os cabelos bem bagunçados – “Mas agora que já estou de pé me diga qual o motivo dessa visita noturna inesperada”. – Rony saiu da frente da porta e a convidou a entrar, dirigiram-se ao sofá onde poderiam conversar melhor e Hermione iniciou as explicações:

“Bem... Eu terminei com o John”.

“Meus parabéns” – Rony cumprimentou-a pela grande atitude, fazendo-a dar risadas – “Mas não foi só isso que você veio contar-me certo?”. – Rony sempre fora curioso...

“Eu... Bem, eu tenho que encontrar o Harry”. – disse de uma vez.

“Vocês estão hospedados no mesmo hotel, fale com o recepcionista”. – disse Rony com um ar inteligente, Hermione murchou. Rony não sabia o paradeiro de Harry...

“Ele não ta mais no hotel, Rony. Aliás, nem eu. E eu já falei com o recepcionista”.

“Nossa, vocês nem avisam quando vão deixar a cidade! Que falta de consideração”.

“Desculpa. Mas você sabe onde eu posso localizar Harry?”. – só mesmo Rony para se preocupar com algo tão insignificante – na visão de Hermione – como avisar que saiu da cidade quando ela deixava explícito que ainda sentia alguma coisa por Harry. Homens decididamente são desatentos.

“Eu não vou responder antes de saber o motivo disso”. – e ele não tinha percebido ainda? Hermione ficaria chocada se não conhecesse bem o ruivo.

“Eu também quero saber!” – disse Luna surgindo pelo corredor. – “Bem, talvez eu até saiba, mas só vou acreditar mesmo ouvindo isso de você!”.

Hermione estranhou a chegada repentina e a intromissão de Luna, mas também a conhecia bem e não achou mal educado, sem se importar muito, decidiu relatar o acontecido ao casal, talvez eles se sensibilizassem com a história e decidissem ajudar.

“Eu tive uma pequena briga com os meus pais. Vocês sabem que foram eles quem praticamente me obrigaram a ir embora há seis anos?”.

“Jura? Eu não sabia disso” – afirmou Rony.

“É possível que ninguém saiba, mas o fato é que eu acabei entendendo de uma vez por todas que eu amo Harry e não posso ficar fugindo disso”.

“Você devia ter entendido isso ontem” – disse Luna sarcástica, afinal, ontem mesmo Harry se declarara e tudo já poderia estar resolvido naquele instante.

“Ás vezes eu gosto de complicar tudo”. – confessou Hermione.

“Achar o Harry, agora, pode não ser a tarefa mais fácil, mas vamos tentar! Ele pode estar na Toca” – foi listando Luna – “Ou em outro hotel bruxo, ou em qualquer lugar do mundo em uma das missões ou no apartamento dele”.

Hermione fez cara de desânimo – “Resumindo, ele pode estar em qualquer lugar do mundo!” – os outros dois fizeram que sim, mas ela não ia desistir ao segundo obstáculo, mesmo sendo bem grande esse segundo obstáculo – “Vamos começar pelos lugares específicos. A Toca e o apartamento dele! Onde fica o apartamento dele?”.

“Não sei, ele fica no apartamento quando está para iniciar uma missão, a localização é secreta” – disse Rony.

“Ah que ótimo!” – disse Hermione ironicamente.

“Portanto só nos resta a Toca”. – concluiu Luna. – “Vamos já para lá!”.

“Já!” – perguntou Hermione surpresa, por já ser quinze para a meia noite!

“Não podemos perder tempo!” – disse Luna decidida.

-

Estavam em frente à Toca e Hermione estava um pouco constrangida por chegar lá uma hora dessas, provavelmente todos estariam dormindo e o que ela menos queria era ser inconveniente com aquelas pessoas que ela tanto respeitava.

“Ah, relaxa, a Gina com certeza ta acordada” – foi dizendo Luna como se sentisse a vergonha de Hermione no ar.

“Vou chamá-la” – disse Rony que entrou na casa pelos fundos, pretendiam ser bem discretos. Rony traria Gina para fora e eles perguntariam à garota sobre o paradeiro de Harry. Hermione torceu para que ele não estivesse na Toca, afinal, isso muito provavelmente significaria que Gina e Harry teriam reatado. Uma imagem horrível de Harry e Gina saindo daquela porta de mãos dadas e sorrindo com cara de bobos um para o outro surgiu na mente de Hermione, que tratou de sacudir a cabeça e esquecer aquela cena bizarra o mais rápido possível.

Rony saiu com Gina e os quatro se dirigiram a um jardim da casa que ficava um pouco mais afastado, assim poderiam conversar sem atrapalhar o sono de ninguém. Para o alívio de Hermione, Harry não estava lá.

“Então, qual é o assunto urgentíssimo?” – perguntou Gina curiosa. Luna e Rony encararam Hermione fazendo-a explicar tudo.

“Bom, é só que eu decidi deixar de ser idiota e aceitei que eu amo o Harry... Então pretendemos encontrá-lo para que eu possa dizer isso a ele... E achamos que ele poderia estar aqui”. – resumiu Hermione um pouco encabulada.

“Mas isso é ótimo!” – comemorou Gina – “Você tem que falar com ele logo!”.

“Sim eu pretendo. Só falta encontrá-lo”.

“Ah”. – limitou-se a dizer Gina.

“Você não sabe onde ele está?”. – perguntou Hermione irritada com a própria falta de sorte. Gina sempre sabia tudo sobre Harry, o que não a agradava, e quando pela primeira vez a informação poderia ser útil e agradável a todos, ela não sabia!

“Bem, talvez ele tenha voltado ao trabalho”. - supôs Gina – “Mas eu não tenho certeza, ele não entrou em contato comigo nas últimas horas”.

“E você sabe onde fica o apartamento dele?” – perguntou Rony, já pulando para o próximo item da lista.

“Infelizmente não” – lamentou Gina – “É o tipo de segredo que ele não revela para ninguém, se nem você que é o melhor amigo dele sabe, devia imaginar que eu também não saberia”. – justificou a ruiva e instintivamente tirou um grande peso das costas de Hermione. Porém, uma pequena parte dela se decepcionou com aquela notícia, porque agora ficara evidente que seria praticamente impossível localizar Harry.

“Bom, obrigada mesmo assim, Gina” – disse Hermione – “E desculpe o incômodo”.

“Não se preocupe” – disse a ruiva se despedindo dos três – “Ah, Mione, saiba que eu desejo do fundo do meu coração que você tenha toda a sorte do mundo com Harry!”.

“Obrigada” – disse Hermione feliz, saber que Gina torcia por ela eliminava as chances de ela sentir ainda algo por Harry.

Dito isso, Gina entrou para casa deixando os três plantados lá fora pensando em possíveis maneiras de localizar o bruxo mais famoso do mundo... Luna chegou a abrir a boca algumas vezes, mas não verbalizou nenhuma das idéias. Isso estava deixando Hermione realmente preocupada, pois, se nem mesmo Luna estava tendo idéias - logo ela que era a mais criativa - era porque seria praticamente impossível encontrar Harry. E era a segunda vez que ela concluía isso. Seria motivo para desistir?

“Ficar aqui não adianta. Vamos para casa” – sugeriu Rony, os outros dois concordaram e aparataram de volta ao apartamento do casal.

“Vou fazer um chá” – disse Luna.

“Não é necessário, eu já estou de saída, não quero mais incomodá-los”.

“Ah, para com isso, não esta nos incomodando” – disse Rony – “Vai lá, amor, e traga umas bolachinhas também”.

“Ok, folgado” – consentiu Luna que deixou os amigos na sala para preparar as coisas e dar uma espiadinha no filho que estava dormindo.

“Mione, talvez eu saiba como você pode encontrar Harry” – disse Rony apreensivo – “Não é bem uma certeza, mas é uma possibilidade, e isso já é muito nas atuais circunstancias”.

“Sério? Então me fale!”. – seria a esperança ressurgindo? Até arrepiou-se.

“Assim, eu sei de uma pessoa que pode te dizer se ele voltou ou não ao trabalho, e eu acho que essa pessoa deve saber onde fica o apartamento dele”.

“E quem é essa pessoa?”.

“Bom, é meio que um segredo, saiba que eu só estou te contando porque ainda confio muito em você... Não espalhe essa informação, por favor”.

“Como quiser” – disse Hermione ansiosa – “Fico contente que ainda confie em mim, Rony”.

“Bem, você apenas merece, mas sem mais enrolações. É a professora Minerva. Ela é chefe do Harry no departamento em que ele trabalha e caso ele tenha voltado a ativa, ela deve saber”.

“Nossa, dessa eu não sabia” – disse Mione surpresa – “Mas como eu posso entrar em contato com ela?”.

“Lareira”.

-

Minerva trabalhava em sua sala, ainda separando papéis que serviriam como material de pesquisa para Harry, aquela missão, particularmente, a preocupava bastante. Não que o trabalho de Harry fosse normalmente bem mais fácil que aquele, mas costumava ser menos arriscado. Fora que nada lhe tirava da cabeça que Harry não estava em condições físicas e emocionais de iniciar outra missão. Estava cansado, precisava de férias. Foi quando a lareira começou a crepitar e ela foi ver quem era...

“Hermione...”. – era a cabeça dela que – surpreendentemente – estava lá.

“Oi professora. Desculpe a intromissão, mas é um motivo importante”.

“Hum, assim espero... Como vai querida?”.

“Bem, obrigada e a senhora?”.

“Bem. Ditos os cumprimentos, pode entrar no assunto”. – pediu Minerva apressando a moça.

“Na verdade, eu queria saber onde encontrar o Harry...”. – Hermione disse um pouco encabulada.

“O Harry?”. – isso queria dizer que a garota sabia que ela trabalhava com Harry e isso devia ser um segredo...

Nisso Rony tirou a cabeça de Hermione da lareira e apareceu na sala de Minerva, do nada, pois tinha que explicar o porque de Hermione saber do segredo. Rony era o único que sabia do tal segredo e Minerva sabia que ele sabia.

“Professora, fui eu quem disse que a senhora poderia saber onde encontrá-lo, é que a Hermione é tão de confiança... Achei que não teria problema...”.

“Hum, sabia que tinha uma cabecinha ruiva por trás disso! Mas tudo bem... Não tinha problema em revelar esse segredo a Hermione”. – disse Minerva, sinceramente, sabia que Hermione não sairia dividindo a informação com mais ninguém...

“Ah que bom” – disse Hermione voltando para a lareira. – “Mas e então, professora, onde eu o encontro?”. – ela também tinha pressa.

A essa altura Hermione nem se importava mais com o horário, já passavam das duas da manhã, mas ela tinha decidido que encontraria Harry e o encontraria! A professora Minerva, talvez por ter notado a determinação da garota ou por sempre simpatizar com ela ou ainda porque era romântica e reconhecia o amor entre Hermione e Harry, decidiu ser útil e deu e endereço do apartamento dele. E também deu a certeza de que ele estaria lá, coisa que a deixou muito contente.

“Muito obrigada, professora! A senhora não sabe o quão importante foi essa informação!”. – Hermione sorria satisfeita.

“Acredite, eu sei sim” – disse Minerva com um sorrisinho – “Bem, eu te aconselho a usar aparatação, qualquer outro meio de transporte seria demorado demais”.

“Tudo bem, eu renovei minha licença” – Minerva sorriu ao saber aquilo e ensinou a Hermione um feitiço simples que a auxiliaria a aparatar no edifício, que era protegido. A garota ouviu atentamente e entendeu rápido – “Muito obrigada! Estou indo para lá agora mesmo” – disse antes de desligar a lareira. Rony estava na sala observando-a. Sorriu por saber dos bons resultados que aquela conversa trouxera.

“O que você está esperando? Vai logo!” – encorajou Luna, assim que Hermione deixou a sala. Ela estava ouvindo atrás da porta. Aquilo nem abalou Hermione, estava ocupada demais se despedindo a agradecendo os dois amigos para em seguida aparatar.

Surgiu em um corredor estreito, duas portas de apartamento a sua frente e uma escada às suas costas. Estava a alguns passos de Harry e pela primeira vez naquela noite sentiu insegurança. Simplesmente não levara em consideração a possibilidade de um fora. E conseqüentemente não estava preparada para aquilo. Sofreria muito caso ele não a aceitasse...

“É, mas é o tipo de coisa que vale o risco. E eu já estou aqui, afinal”. – tocou a campainha.

-

Uma pilha de livros. Um caderno aberto. Anotações soltas. Uma enciclopédia de canto, vez ou outra sendo consultada. Era essa a visão de Harry nas ultimas quatro horas. Virar a noite a trabalho não era coisa incomum em sua vida, não costumava ter sono cedo e gostava de se dedicar ao extremo aos seus trabalhos.

Ao ouvir a campainha teve um leve sobressalto. Estava tão concentrado que por um instante pensou ter imaginado. E teve certeza disso pelo fato do barulho não se repetir nos segundos seguintes. Sorriu de lado pensando que talvez estivesse ouvindo coisas, então, voltou para os livros com o intuito de continuar da onde parara quando o ruído o interrompeu mais uma vez. Decidiu checar quem estava na porta. Talvez fosse Minerva, apesar de não ter usado seu toque especial. Minerva costumava tocar três vezes seguidas para se identificar... É, provavelmente era Minerva, quem mais saberia que ele estava ali? Vizinhos não iam tocar àquela hora e visitas teriam sido previamente anunciadas...

Vestiu seu hobby vermelho por cima da calça do pijama e sem dar-se ao trabalho de fechá-lo e caminhou até a porta. Abriu-a. Surpreendeu-se.

Era ela, Hermione Granger diante de si. Em frente à entrada de seu apartamento. Não o encarava diretamente, mordia o lábio inferior. Estava nervosa. Não que o fato de ter notado isso fizesse alguma diferença, também estava nervoso.

“Desculpe... Pela... Hora” – ela conseguiu dizer com alguma dificuldade, a educação pedia esse tipo de desculpa, eram quatro horas da manhã – “É só que eu queria falar com você ainda hoje e então eu vim” – justificou-se, falava rápido, quase de modo incompreensível.

“Não tem problema” – ele disse firme – “Entre” – saiu da frente dando espaço a ela, convidou-a a sentar-se em uma poltrona na sala, e sentou-se ao lado dela. – “Algum problema com o diploma?” – perguntou, ela o encarou. Já tinha notado que o peito dele estava semi-descoberto e tentou não deixar sua atenção desviar para aquela visão – interessante.

“Não. Esse não é o motivo da minha visita”.

“Hum, então eu não faço idéia do que veio fazer aqui”. – grosso.

“Eu queria conversar” – ela disse, agora um pouco mais pausadamente fazendo-o compreender melhor cada palavra, estava paciente, não queria dar importância a falta de modos – “Sobre nós”.

“Prossiga” – ele estava frio, não demonstrava nenhuma emoção nos olhos verdes e isso a assustava. Não tinha se preparado para um resultado negativo, não cogitara essa hitótese. Fora precipitada, devia ter-se preparado, afinal, depois de tantas mancadas o mais provável era a rejeição. Tentou esquecer esses pensamentos pessimistas por um instante e prosseguir com o discurso.

“Bem, eu andei pensando sobre nós e cheguei a algumas conclusões diferentes das que eu te expus ontem” – evasiva, teria que se explicar e a falta de expressão no rosto dele não estava ajudando – “Eu estive pensando sobre tudo. Ser bruxa, viver entre os bruxos, conviver com os Weasley, namorar você... E de certa forma eu percebi que enquanto tudo isso fazia parte da minha vida eu era mais feliz”.

“Ótimo que você tenha percebido isso” – ele disse com um sorriso, mas não era um sorriso normal de Harry, era sarcástico – “É como diz aquele ditado: antes tarde do que nunca. Seis anos depois você finalmente entendeu algumas coisas”.

“É” – limitou-se a dizer. A forma enfurecida que Harry utilizara para despejar aquelas palavras a preocupou. – “Eu sofri pressões... Meus pais quase me obrigaram a ir embora”.

“E desde quando você é submissa? Desde quando aceita ordens?”. – ele retrucou agressivo.

“Não foi uma ordem, foi mais como uma conscientização... E eu não queria assumir que ia embora porque meus pais mandaram, eu era uma adolescente, isso seria... humilhante”. – falou a primeira palavra que lhe veio em mente, ainda que achasse “humilhante” forte demais.

“Ta, Hermione, não foi para discutir isso que você veio aqui, foi?”. – ele estava irritado e sabia que qualquer coisa o faria explodir e ele não queria explodir com ela.

“Bem, não. Acho que isso não vai ser compreendido em uma conversa de qualquer forma. Eu só vim porque queria que você soubesse de algumas coisas” – ela disse, uma coragem tomou conta dela e agora, o encarava sem desvios. – “Harry, eu tentei ignorar isso, tentei sufocar e até negar, mas não dá mais. Tanto não dá quanto não quero mais. Desde que eu voltei para cá e renovei minha convivência com você, voltei a te amar” – confessou e notou, pela primeira vez naquela noite, algum tipo de emoção nos olhos verdes.

“Você deve estar brincando” – ele disse se levantando.

“Brincando? Por acaso você acha que eu sou o tipo de pessoa que vem até a casa de outra pessoa a essa hora, faz uma declaração desse tipo que por sinal eu nunca tinha feito antes... E está brincando!”. – ela não queria ter ouvido aquela resposta, não mesmo.

“O que você quer que eu pense?”. – ele perguntou virando-se novamente para ela.

“Você perdeu a confiança em mim quando eu fui embora né?” – ela disse também se levantando, em tom de lamento – “E agora não há nada que eu possa fazer para recuperá-la!”.

Ele se aproximou dela, ficaram cara a cara para que ele respondesse, foi bastante sincero.

“Se você quer saber, sim eu perdi! Mas não foi porque você foi embora não. Eu sei o quanto você leva em consideração a opinião de seus pais e por mais que eu tenha raiva disso até consigo entender a sua atitude”.

“Ótimo” – ela disse, mais alto – “Então onde foi que eu errei?”.

“Você não é mais quem você era. Você não tem mais opinião. Aliás, você tem sim, mas não tem personalidade! Não tem coragem de assumir nada. Há quanto tempo você sabe que me ama? E quanto tempo você continuou com o seu trouxa-rico o enganando?”. – ele falou o mais calmamente que conseguiu.

“Pra sua informação, eu já terminei com o John. E se você pretendeu insinuar que eu estava com ele pelo fato de ele ser rico, coisa que eu vou fingir não ter percebido tamanho absurdo que é, eu só posso te dizer que não fui eu quem mudou não, é você quem não me conhece!”. – ela disse fazendo menção de ir embora, mas ele a segurou pelo braço, ainda tinha mais para falar e não deixa-la-ia ir embora antes de ouvir tudo!

“Não conheço mesmo! Você me beijou, depois me contou que estava noiva... Aí você me provocou e morreu de ciúmes da Gina no jantar na casa do Rony, depois me beijou de novo e por fim me dispensou” – ele resumiu – “Você tem noção da dubiedade dos seus atos? Como eu vou acreditar em você? Como eu vou saber se amanhã você não vai ter mudado de idéia?”.

“Eu não consigo acreditar no que estou ouvindo”. – ela se soltou dele, os olhos estavam lacrimejantes.

“Pois eu também não consigo, é uma pena”. – ele disse com aquele sorriso irônico que por mais que iluminasse seu rosto e o deixasse mais bonito também dava um ar de mau naquele rosto que sempre fora tão inocente para ela.

“Sabe de uma coisa! Eu estou perdendo o meu tempo aqui! Você também parece ter mudado bastante sua opinião de ontem para hoje! Até ontem você me amava e agora está me insultando, praticamente, isso é algum tipo de vingança?”. – ela perguntou, uma lágrima escorreu sem que ela percebesse, ele ignorou a pergunta:

“Por que você não entende? O que eu to falando faz sentido e você ta nervosinha assim porque sabe disso” – concluiu Harry.

“Sabe de uma coisa! Eu demorei pra assumir que ainda te amava porque eu tinha, e ainda tenho, uma vida entre os trouxas. Eu tenho um emprego, uma casa, tinha um noivo que me amava... Tinha uma coisa que nos últimos anos em que morei entre bruxos era impossível na minha vida: estabilidade. E se você não sabe, provavelmente não sabe mesmo, é difícil trocar esse conforto por incertezas. Não ta sendo fácil pra mim estar aqui renunciando de tudo o que eu conquistei, sozinha, nos últimos seis anos. Se você não considera isso uma atitude de alguém com personalidade eu não sei o que você considera”.

“Então agora eu tenho que te agradecer? Agradecer porque você decidiu largar sua vida de conto de fadas e ficar comigo. Afinal, tadinho de mim, aquele garoto complexado que sempre vai te amar. Aquele retardado que pode ser pisado o suficiente que pouco se importa desde que no final ouça um sonoro eu te amo. Eu não sou como o idiota do seu noivo que aceita calado qualquer tipo de ordem sua e pouco se importa com o jeito que você o trata!”.

“Ah” – ela disse chocada com as palavras que ouvira – “Você só pode estar com raiva! Raiva porque eu tive um relacionamento com alguém comum! Alguém que não é o famoso Harry Potter, alguém que tem mais paciência e é mais amoroso que você, alguém que eu tenha, de certa forma, amado, alem de você! Porque você não conseguiu amar ninguém além de mim...”. – ela precisou retribuir uma provocação, porque ela era Hermione Granger, ela não deixava provocações a atingirem sem uma resposta a altura!

“Você realmente amava aquele cara?” – ele perguntou com um meio sorriso, como se lesse a mente dela e captasse a mentira.

“Você realmente amou Gina Weasley?”.

“Era só o que faltava! Outra atitude ridícula! Agora você vai começar com seu ciuminho da Gina. Sabe o que é isso? Insegurança! Porque você sabe que a Gina não tem nenhum tipo de desvio de personalidade”.

“E eu tenho?” – ela perguntou – “Era o que faltava! Me chamar de louca agora... Faz o seguinte, vai atrás da sua Gina e seja feliz com ela”.

“Não dá, porque eu não a amo” – disse ele, e o que poderia ter sido o início de uma reconciliação, tornou-se mais uma provocação – “Infelizmente”.

“Ah é?” – Hermione não deixaria aquela provocação sem resposta de maneira alguma – “Pois eu te aconselho a tentar! Por experiência própria eu digo que às vezes um relacionamento com alguém que você não ama, mas gosta e respeita, pode ser bem melhor do que uma com alguém que você ama. Acredite” – disse antes de virar as costas e ir embora.

-

As duas horas que dormira não foram nem de longe suficientes... Acordou mais cansada do que quando foi dormir e com olheiras enormes, também porque tinha chorado. Tratou de passar maquiagem para disfarçar a noite mal dormida, tomou banho e se trocou. Voltaria ao trabalho naquele dia e não queria parecer um fantasma. Separou o diploma, pegou o carro e foi ao trabalho.

Entrando na empresa, notou que os olhares de todos os funcionários estavam nela. “Será que as minhas olheiras estão tão feias assim?” – pensou dirigindo-se a sala de seu chefe, seu George, para entregar-lhe o diploma, que ele anexaria a sua pasta pessoal.

“Com licença, senhor”.

“Entre, Granger” – seu George tinha uma expressão diferente, algo que lembrava pena – “Aprecio sua pontualidade”.

“Magina, é algo que eu acho fundamental”. – respondeu estranhando o que ouvira, desde quando pontualidade era motivo de apreço? Não era uma obrigação básica?

“Bem como a maioria dos ingleses” – disse o senhor – “Eu esperava isso de você, afinal, sempre percebi que você é mais madura que o filho do Shaw” – disse referindo-se a John. Hermione supôs que o ex não tivesse chegado ainda, talvez nem fosse trabalhar. Sentiu-se culpada por terminar o relacionamento.

“Obrigada, senhor” – disse um pouco sem graça – “Aqui está meu diploma, que o senhor solicitou”.

“Ah sim, ótimo!” – ele guardou o diploma. – “Bem, a senhorita já pode fazer sua mudança de sala, o setor da diretoria te espera. Sua sala será a 37, já está arrumada, só falta levar suas coisas”.

Hermione agradeceu, disse que faria a mudança imediatamente e virou-se para deixar a sala, porém, antes mesmo de chegar a porta, foi chamada pelo patrão – “Eu só queria dizer que eu sinto muito por qualquer coisa e aprecio que você tenha vindo trabalhar apesar de tudo”.

“Certo” – foi tudo o que uma confusa Hermione conseguiu responder, deixou a sala pensando naquilo. Ele falara como se desculpasse-se pela conversa mal resolvida com Harry, coisa que seria estranho que ele soubesse mesmo no mundo bruxo que dirá no trouxa! Achou que ignorar o que ocorrera, por ora, era o mais indicado. Foi até a sua antiga sala, queria rever Haley.

“Hermione!” – disse a amiga correndo para abraçá-la assim que ela entrou – “Eu sinto muito muito muito mesmo!”. – Haley a abraçava forte e Hermione não entendia nada.

“Pelo que exatamente?”.- perguntou confusa.

“Como pelo que? Pelo término com o John. Cara eu sempre achei que com você ele tinha sossegado...”.

“Como você sabe?”. – perguntou Hermione achando que o ex fora pessoalmente na empresa contar a novidade pra todo mundo.

“Ah, eu esqueci que você é contra revistas de fofoca!” – disse Haley com um olhar de pena para a moça – “Se prepara, porque a coisa foi feia”.

“Ah pare de me assustar e seja mais clara!”.

“Acho que o ideal é que você veja com seus próprios olhos” – disse Haley caminhando até a própria mesa, onde abriu uma gaveta e tirou uma revista novinha, na capa, uma foto de Jonh beijando outra mulher e de canto uma foto de Hermione chorando, ao sair do prédio dele na noite anterior. A manchete: ‘Durou pouco: John Shaw deixa noiva aos prantos para cair na balada’.

“Eu não acredito!” – disse Hermione lendo aquilo e correndo as páginas para atingir a matéria.

“Eu sinto muito, amiga. Mas homem é assim mesmo. Nenhum presta”.

“Como eles conseguiram publicar isso tão rápido? Essas fotos são de ontem!”. – pensava folheando a revista.

“Em se tratando de fofoca quente desse jeito, eles se apressam! E você sabe da fama de mulherengo do Jonh né, eles estavam há quase um ano sem publicar nenhuma foto desse tipo...”.

“Bom, pelo menos ele não parece estar sofrendo” – disse Hermione aliviada, enquanto observava as fotos. John estava acompanhado de belas mulheres na boate.

“Eu não acredito que depois de terminar assim você ainda acha que ele merece algum tipo de consideração!”.

“Quem terminou fui eu, Haley”.

“Você?” – ela parecia não acreditar – “Por que diabos você fez isso?”.

“É uma história bem longa e bem triste” – resumiu Hermione – “Acho que a gente devia trabalhar e deixar esse tipo de conversa pra depois”.

“Você é maquiavélica! Vai me deixar curiosa o dia todo!”.

“Infelizmente” – disse Hermione com um sorriso, divertia-se com a necessidade da amiga de saber das fofocas – “Eu tenho uma mudança de sala pra fazer”.

“Vai lá então, chefinha”.

-

Pilha de livros. Anotações soltas. Um homem morrendo de sono que não conseguia parar de trabalhar pois se não mantivesse sua mente ocupada muito provavelmente se arrependeria de uma ou duas palavras grosseiras que trocara com Hermione e não queria isso. Foi quando pela terceira vez foi interrompido pelo soar da campainha. Foi atender.

“Rony!” – o ruivo estava com sorriso quase irritante.

“Fala garanhão” – disse o homem já entrando, deu uns tapinhas de leve nas costas de Harry – “Cara, quase precisei subornar a Minerva pra ela me falar como chegar aqui! Po, seu apartamento é irado hein!”.

“Subornar a Minerva?”. – Harry não entendia. Talvez porque estivesse com sono...

“É cara, falei que era um absurdo dar o endereço pra Mione e não para mim, afinal eu também fazia parte do trio maravilha e tenho os mesmos diretos” – Rony estava muito empolgado – “E essas olheiras aí? Aposto que passou a noite em claro!”.

“Passei”. – assumiu esperando não levar uma bronca pelo excesso de trabalho.

“E cadê ela?”.

“Ela?”. – do que Rony estava falando afinal?

“A Mione, pô!”.

“Eu devia saber?”.

“Ah, ela não veio aqui?” – Rony ficou decepcionado – “Talvez ela esteja para chegar, ela tava mesmo meio tímida de vir de madrugada. Talvez eu deva ir embora. Finge que eu não te falei nada!”.

“Rony!” – Harry gritou o nome dele antes que ele saísse do apartamento, coisa que estava prestes a fazer – “A Mione esteve aqui!”.

“Como assim?”. – foi a vez de Rony não entender e Harry juntar as peças... Rony achara que ele tinha passado a noite em claro fazendo coisas com Hermione que passavam bem longe de trabalhar.

“E nós brigamos”. – disse Harry acabando com a cara feliz do ruivo.

“Como assim vocês brigaram?” – Rony se recusava a entender.

“O que te leva a pensar que eu ia ser idiota de aceitar ela de volta de braços abertos depois de tudo o que ela fez?”.

“Você não aceitou ela de volta?” – Rony incrédulo.

“Você realmente acha que eu sou um idiota, lamentável”.

“Achei que vocês fossem fazer as pazes e eu fosse te encontrar com um sorrisão!”.

“Rony... Ela me fez de bobo repetidas vezes e agora, do nada, decide que me ama e corre atrás e ainda pretende que eu acredite! Eu estou convencido de que fiz a coisa certa”.

“Se é isso que você acha, não há nada que eu possa fazer, eu acho”. – Rony parecia uma criança de quem arrancaram um doce. Estava muito desapontado pelo amigo. – “É uma pena. Bom, talvez eu deva ir embora. Desculpa invadir assim”.

“Não tem problema” – Harry achou engraçado o modo como Rony ficou decepcionado, mas não riu porque estava com muito sono e péssimo humor – “Bom trabalho, Rony” – jeito educado de falar: vá trabalhar e não encha o saco, Rony.

-

“Deixa eu ver se eu entendi! O tal de Harry Potter é aquele seu ex-namorado que você abandonou do nada e se arrepende até hoje por isso?” – perguntou Haley interessada, ela e Hermione estavam almoçando juntas e Hermione contava sobre a viagem.

“Arrependida, não mais. Sabe, acho que ele era só uma utopia. Tipo, quando eu o deixei nosso namoro estava no auge então sempre que eu lembrava dele, lembrava desse amor imenso, da nossa sintonia, enfim, das qualidades dele. E quando eu o reencontrei senti como se precisasse completar as coisas, mas sabe, eu acabei entendendo que ele é apenas mais um homem que se encaixa no velho ditado de que eles não prestam!”.

“E agora você já terminou com o John”.

“Foi melhor assim mesmo, as coisas estavam ficando muito sérias com ele, e eu definitivamente não estava pronta para me casar com ele”.

“Hum, tem certeza que você não sente nada por esse tal de Harry Potter?”.

“Não, não tenho certeza... Mas eu inventei algumas teorias pra me justificar... Essa que eu te contei me pareceu a melhor delas. Não foi convincente?”.

“Hermione, não se preocupe em me convencer, se preocupe em se convencer”.

“Me pareceu bastante razoável, eu acreditaria nessa teoria”.

“Ótimo, mas ela ainda é apenas uma justificativa para esconder que na real, você ama o cara”.

“Ah para com isso, Haley! Não precisa fazer análise! Eu acho que nós mulheres vivemos muito melhor sem homens ao lado. Quem precisa deles? Eu fiquei sem namorado por cinco anos e vivi feliz. Por que não posso continuar feliz agora?”.

“Hermione, por que você não luta pelo cara?”.

“O que? Haley... Você estava me ouvindo? Ele me insultou! Ele foi ridículo... Ele não merece que eu lute por ele... Ele merece sim ser esquecido pra sempre!”.

“Hermione, você foi falar com ele... Você tem noção que isso é uma coisa inimaginável em se tratando de você. Isso só quer dizer uma coisa. O Harry tem um significado realmente importante para você”.

“Ta, ele tem, mas que primeiro amor não tem?”.

“E você beijou ele enquanto estava com o John”.

“Faz favor de não jogar isso na minha cara, estou envergonhada o suficiente sozinha”.

“É disso que eu to falando, trair um cara não faz parte do seu perfil nem de longe. E no entanto você traiu o John com esse Harry. Mais uma prova do quanto ele é importante”.

“O ponto não é a importância ou falta dela...”.

“Então você assume que ele é importante?”.

“Ele é importante, mas estou disposta a apagar essa importância!”.

“Hermione, você é muito cabeça dura”.

“E você nem conhece o Harry e já ta tomando partido dele! Você devia ter ouvido o que ele me falou...”.

“Talvez você devesse ter ouvido o que ele te falou e encontrar um fundo de verdade, porque ele não ia sair falando as coisas da boca pra fora se não estivesse realmente magoado. Hermione, ele te ama... Qual o interesse dele em se afastar?”.

“Eu também não sei qual é o interesse dele em se afastar, mas ele foi grosso e rude comigo e mesmo que tenha um fundo de verdade não vou recuar, já me humilhei o suficiente”.

“Você que sabe, então. Eu desisto”.

-

Os dias que se seguiram foram difíceis para Hermione, ela, que já tinha planejado uma mudança radical de vida para voltar ao mundo bruxo teve que esquecer tudo, assumiu para si mesma que o mundo bruxo só valeria a pena se tivesse Harry Potter. Voltar para ficar sem ele era estúpido, preferia continuar morando com os trouxas.

Então, os dias viraram semanas, que viraram meses... Cinco meses! Era esse o tempo que estava sem falar com ele... No entanto, continuou com a vida quase exatamente igual ela era, pois além de incluir trabalho, livros que ela adorava ler e as eventuais saídas com colegas da empresa, também voltou a ter contato com os velhos amigos com uma certa freqüência. Gina, Rony, Fred e Luna já tinham ido visitá-la em seu apartamento várias vezes e Hermione notou que nessas vezes Gina e John – que apesar do término conturbado tinha mantido a amizade com ele – pareciam se entender muito bem.

E era sobre isso que ela e Luna conversavam, estavam na sacada do apartamento de Hermione em uma das reuniõezinhas que costumavam fazer.

“Me importar? Imagina! Eu até torço por eles!” – disse Hermione quando Luna perguntou se ela estava com ciúmes ou algo do tipo.

“Sabe, eu achei mesmo que você não se importaria”.

“É... Eu e John somos amigos agora”.

“Você não se arrependeu por ter terminado com ele?”.

“Não... Foi melhor assim, apesar de tudo”.

“Você nunca mais falou com ele né?”. – Hermione entendeu que esse ele referia-se a Harry Potter.

“Não” – disse Hermione chateada – “Tivemos uma briga horrível, falamos coisas horríveis...” – ela suspirou triste – “E, bem, segundo a Gina ele está em um dos trabalhos secretos dele, incomunicável”.

“Ah, o Rony comentou alguma coisa a respeito disso, parece ser uma missão bem importante”.

“E ele nem falou comigo antes de ir, nem desculpas ele pediu!”.

“Vocês vão ficar aí fora mesmo?” – perguntou Fred chegando – “Se não querem nossa companhia é só avisar ta?”.

“É, que aí a gente vai embora” – reclamou Rony.

“Acho que estão me acusando de má anfitriã” – disse Hermione fingindo preocupação.

“Você acha?” – perguntou Fred – “Teremos que ser mais explícitos então, mano”. – disse brincando.

“É!” – Rony concordou, puxando a esposa para a sala. Fred foi seguindo quando percebeu que Hermione estava com o olhar perdido num ponto pouco atrativo da parede, perguntou se estava tudo bem e ela não respondeu antes que ele repetisse a pergunta.

“Ah, desculpe” – ela disse saindo de um aparente transe – “Eu senti um aperto estranho no peito, nunca senti isso! Será que é algum tipo de premonição?”.

“Você tendo premonições?” – estranhou Fred – “Pouco provável”.

“Assim espero, porque não foi uma sensação agradável, não mesmo” – disse Hermione pensando em Harry sem querer, por precaução, decidiu que mais tarde entraria em contato com Minerva, só pra se certificar que nada de ruim tinha acontecido. “Por que eu tenho que me preocupar com ele! Também, por que diabos ele tem que se meter em problemas o tempo todo?” – pensou.

-

Entrar de cabeça no trabalho era o remédio que Harry decidira usar para esquecer Hermione, só não sabia porque tinha que ser tão difícil! Está certo que ele não tinha conseguido nos últimos seis anos, mas agora, ele tinha um motivo adicional e muito relevante: o comportamento reprovável dela quando se reencontraram. Esse motivo devia ser suficiente. E ele fingia que era.

Harry estava instalado em um apartamento pequeno, num bairro de subúrbio, entre dois morros. Esse era o local de trabalho de Pablo Soares, nome falso que usava, um traficante respeitadíssimo por sua fama de ser violento. Sabia usar armas de fogo desde os sete anos e sua lista de execuções era vasta.

Claro que essa personalidade perversa era fruto de algumas encenações e alguns colaboradores que auxiliavam Harry naquela missão que estava já na sua fase final. Ela estava sendo mais demorada do que ele esperava! Quase cinco meses de trabalho e apenas três homens presos, desses, nenhum bruxo. Porém suspeitava-se de outros dois. Harry estava aproximando-se deles aos poucos para que pudesse prendê-los. Era bastante provável que fossem bruxos e talvez fossem ex comensais.

E eles eram. E eram bem espertos também. Descobriram o disfarce de Harry antes que ele descobrisse a identidade dos dois. Por isso tiveram uma batalha quando Harry foi visitá-los naquela tarde. Uma batalha mágica, cheia de feitiços e maldições e assistida por muitos, mais tarde aquilo veio a dar um trabalho imenso, porque muitos feitiços de memória na população que assistia foram necessários.

Harry precisou de toda a sua competência para sair vivo. Eram dois contra um, todos os seus colaboradores não tinham sido convocados para aquela que seria uma reunião de rotina. Ele foi largamente atingido, embora tivesse “batido” mais do que “apanhado”. Conseguiu vencer os dois ex comensais depois de quase duas horas e saiu aplaudido, pena que todos esqueceriam-se dele segundos depois.

Harry saiu da luta relativamente bem, mas assim que chegou na sede da organização secreta – com os dois inimigos desacordados e trazidos sob efeito de um feitiço – foi aconselhado a passar em um hospital. Foi isso que ele fez, ainda que apenas porque foi obrigado. Minerva foi avisada do ocorrido, como disseram que ele chegara bem e ainda trazendo os dois ex comensais não se preocupou muito e decidiu ir visitá-lo mais tarde no hospital. Ela achou que seria prudente avisar alguém sobre a internação de Harry, então entrou em contato com a família Weasley e os avisou.

Arthur Weasley achou que devia avisar seus filhos, e como eles estavam na casa de Hermione decidiu que era uma ótima oportunidade para usar o telefone que ele tinha em casa, além desse aviso ser um bom argumento para usar contra a implicância de Molly sobre a falta de utilidade do aparelho.

-

“Calma, Mione, meu pai disse que não era nada grave! Foram só ferimentos pequenos” – tentava acalmar Rony, já no hospital, na sala de espera.

“Eu sei” – ela disse olhando para Fred, que a entendia, afinal, sabia do pressentimento. – “É só que eu acho que ficaria mais calma se olhasse pra ele”.

“Incrível” – disse Luna que adorava lançar suas conclusões em voz alta quando todo mundo menos esperava – “Até uma hora atrás ela estava super brava com ele e agora ta aí toda preocupada. É o amor”.

“Infelizmente” – pra que mentir? Hermione estava entre amigos e aquilo não era mais um segredo, já se entregara ao demonstrar a preocupação.

Enquanto isso Harry, deitado na cama de hospital repousando, pensava na própria imprudência. Era fato que ele não estava em condições de entrar em outra missão naquelas condições. Estava cansado, não tinha tirado férias direito. Fora que estava fazendo aquilo por causa dela, estava se arriscando porque pouco se importava com vida, afinal, estava sem ela. Estúpido! Era isso que ele era. Por que estava complicando tudo? Ela tinha tomado a iniciativa de voltar e ele desprezara por puro orgulho. Será que agora seria tarde demais? Decidiu que iria atrás dela assim que recebesse alta do hospital.

“Como está, senhor Potter?” – perguntou-lhe um curandeiro entrando no quarto, Harry respondeu positivamente – “Ótimo, vou te dar uma poção de sono, amanhã quando acordar estará bem”.

“Tudo bem”.

Depois de dar a poção a Harry o médico foi falar com os amigos que esperavam por ele, avisou da poção e os aconselhou a ir embora, já que o paciente passaria a noite dormindo. Hermione fez mil perguntas para se certificar que ele estava bem, e só foi embora depois de ter todas elas detalhadamente respondidas.

No dia seguinte ao acordar, Harry soube das visitas e de todas a que ficou mais feliz em receber foi a dela.

“É sua namorada?” – perguntou o médico, Harry não respondeu logo por estranhar a pergunta, então o médico prosseguiu falando – “Desculpe a indiscrição, é que ela me pareceu bastante preocupada por isso supus que era sua namorada”.

“Ah, não tem problema” – respondeu Harry feliz, se ela ainda se preocupava com ele era porque ainda o amava. Ele decidiu que falaria com ela, nem que fosse só para agradecer pela preocupação.

-

Hermione não gostava de domingos. Eles sempre eram tão... Vazios! Pelo menos para ela. Era um dia para se passar com a família. Ótimo! Estava sem namorado e brigada com os pais... Portanto... Era um dia de tédio! Não que ficar o dia inteiro lendo um livro não parecesse interessante para Hermione, mas às vezes ela realmente preferia estar fazendo outra coisa.

Foi quando tocou a campainha e ela teve a certeza que era sua vizinha chata querendo algo emprestado. Ela era tão inconveniente. Hermione foi para a porta pensando na melhor desculpa para dar, coisa completamente desnecessária, visto que quem estava do outro lado era ninguém menos que Harry Potter.

Ele estava com um único corte no rosto que ficava próximo à cicatriz e um braço enfaixado, o que tranqüilizou Hermione sobre o estado de saúde dele. Ele estava com uma expressão apreensiva que se intensificou devido a demora de Hermione em falar qualquer coisa. Foi quando ela se deu conta que ele não ia entrar se ela não o convidasse e foi isso que ela fez.

“Surpresa?” – ele perguntou percebendo que ela estava perdida o suficiente para não saber o que falar.

“Bastante” – confessou com um sorriso. – “Mas de uma maneira... Boa”.

“Isso me tranqüiliza” – ele disse abrindo um daqueles sorrisos irresistíveis – “Eu vim entre outras coisas para agradecer a sua preocupação ontem, eu soube que você esteve no hospital para me visitar e fiquei muito feliz, pena que eu tava dormindo...”.

“É” – ela disse avaliando se contava a história completa e antes de chegar a um parecer, contou – “Engraçado que ontem eu tive um pressentimento ruim – ela riu – Logo eu que sou a pessoa mais céptica com relação a essas coisas. Bom, mas eu tive uma sensação muito ruim e fiquei preocupada”.

“Jura?” – ele estava surpreso! – “O curandeiro que me atendeu comentou comigo o quão preocupada você estava, tanto que ele falou de você como minha namorada”.

“Ah” – ela disse, apenas. – “E como você chegou a conclusão de que ele falava de mim?”.

“Pra dizer a verdade quando ele falou namorada eu pensei de cara em você, é meio instintivo, sei la”. – ela sorriu, ele também.

“Às vezes isso acontece comigo também. Dois anos é bastante tempo né” – ela disse referindo-se ao tempo em que eles estiveram juntos, ainda que soubesse que seis anos eram muito mais, ou seja, ficaram separados mais tempo do que juntos... Mas quem disse que Hermione não fala frases sem grande sentido quando está nervosa?

“Nem sempre” – ele sorriu – “Tem mais a ver com ‘quem’ do que com ‘quando’” – ela abaixou a cabeça confusa diante daquele comentário, será que agora que ela tinha se acostumado com a idéia de viver sem ele, as coisas se acertariam? Será que poderia nutrir esperanças? Bem, se ele tinha ido procurá-la em sua casa, de certo haveria chances de uma reconciliação...

Ele decidiu continuar a falar o que pretendia, segurou o queixo dela, levantando o rosto para que pudessem se entreolhar. Ao sentir o toque dele, ela se arrepiou. “Espero que ele não tenha notado isso” – desejou Hermione.

“Mione... Eu queria te pedir desculpas pelo modo como eu te tratei quando você foi falar comigo, eu tive uma atitude ridícula”.

“É, você teve” – ela confessou perdida nos olhos verdes, precisou fazer um pequeno esforço para voltar a raciocinar, entender o que ele estava falando e formular uma resposta. Por que diabos tinha que ficar tão boba nesses reencontros? – “Sabe, eu me senti uma idiota quando saí de lá. Além disso, tive certeza que tudo estaria perdido de vez...”. – ela ainda tinha mágoa disso.

“Desculpa” – ele disse muito sinceramente, agora sabia o quão sem modos fora com ela, além de ter dito mentiras absurdas... Imaginava como ela devia estar se sentindo. “Eu estava nervoso demais, falei coisas que não queria e que não faziam o menor sentido”.

“Não faziam o menor sentido?” – ela perguntou com uma animação contida na voz que ela não pretendia demonstrar, mas demonstrou sem querer...

Harry achou ter percebido tal animação, mas não teve certeza, decidiu continuar se explicando até garantir que estaria perdoado – “Não! Nenhum... Só pra exemplificar, eu nunca lamentei o fato de te amar, mesmo nas horas em que tudo parecia mais difícil. Eu só menti porque tava naquela fase de negar o que eu sinto”.

“Eu sei como é isso” – ela confessou – “Mas comigo isso aconteceu de um jeito diferente”.

“Diferente como?”. – ele perguntou.

“Eu não te via há anos, não tinha notícias suas, achava que seria patético ainda amar alguém assim” – ela confessou – “Mas ao mesmo tempo eu ia te idealizando cada vez mais, porque, afinal, quando eu fui embora a gente estava no auge do nosso relacionamento...” – contou a garota, ela nunca tinha imaginado que um dia relataria coisas sobre essa fase da vida dela justamente para ele.

“Idealização não é bom, faz a gente se decepcionar quando encara a realidade”.

“Exatamente” – ela confessa – “Ainda mais quando, na realidade, a gente ouve coisas como as que eu ouvi”. – era difícil simplesmente aceitar as desculpas... Foi um acontecimento marcante o modo como ele a tratou... E, além disso, queria ouvir desculpas mais uma vez pra se certificar que ele estava bem arrependido.

“Hermione...” – ele não sabia mais o que dizer, aparentemente, mas depois de pensar um pouco... – “O que você quer que eu faça pra te mostrar o quanto estou arrependido? Eu faço qualquer coisa para que você me perdoe”.

“Harry, por favor!” – ela notou pelo tom de voz que ele estava aflito – “Eu não quero que você faça nada para que eu te perdoe”.

“Bem, como quiser, eu só quero que você entenda o quanto eu me arrependi daquele comportamento”.

“Tudo bem, talvez seja até um pouco compreensível, você tinha motivos pra ficar com raiva de mim, afinal, a minha conduta não foi das mais corretas”.

“Nós dois fizemos coisas que não faríamos se tivéssemos uma segunda chance” – ele disse, depois se retificando – “Bem, eu falo por mim, quanto a você não posso afirmar”.

“Pode sim, eu também não repetiria o que eu fiz...” – ela afirmou, ele sorriu ao ouvir aquilo. O sorriso perturbador que a fazia perder a razão. Ela provavelmente nunca se acostumaria àquele sorriso...

“Então a gente devia esquecer do passado, de tudo do que a gente se arrepende de ter feito e recomeçar tudo”.

“Recomeçar?” – ela perguntou tentando entender o que ele queria dizer – “Você quer dizer... Esquecer do passado?”.

“Pelo menos os erros do passado, não mencionaremos mais eles, fingiremos que eles nem existem, nunca aconteceram” – disse Harry empolgado.

“Certo, talvez seja o melhor a fazer” – concordou Hermione – “Mas qual é o propósito disso?” – se fazer de desentendida era bom de vem em quando.

“O propósito disso? Bem, eu gostaria voltar a namorar você Mione, você aceita?”. – ele foi direto, pegando-a de surpresa, ela respondeu muito sinceramente.

“O problema é que eu não quero mais me decepcionar” – ela confessou, já tinha sofrido demais e não queria recomeçar nada sem ter essa certeza.

“E eu não quero mais te decepcionar” – ele disse e depois a abraçou, ela chorou no ombro dele, que com o intuito de acalmá-la disse, sinceramente - “Eu te amo”.

“Eu também te amo” – ela disse entre lágrimas com o rosto enfiado no ombro dele, que sorriu e apertou o abraço – “E te amo a ponto de mesmo sabendo que talvez eu sofra, porque é impossível garantir o sucesso de um relacionamento antes de vivenciá-lo, eu quero arriscar, de novo”.

“Você não sabe o quanto eu fico feliz em ouvir isso” – ele disse, ainda no abraço. Finalmente parecia que estava dando certo, eles tinham objetivos em comum, estavam confessando sentimentos e queriam de verdade, ficar juntos. Será que agora seria pra sempre? Hermione não sabia, mas a voz dele, abafada pelo abraço pareceu surgir em resposta a sua dúvida:

“Não vamos mais deixar dar errado” – ele disse.

“Não, não vamos mais ser idiotas” – ela disse.

“Não vamos mais fingir que não sentimos nada”.

“Nem deixar o orgulho falar mais alto”. – ela disse – “Você promete?”.

“Prometo” – “E você promete que nunca mais vai fugir de mim?”.

“Prometo!” – ela disse depois se soltou do abraço para encará-lo frente a frente.

“Nós supostamente devíamos ter esquecido dessas coisas...” – ela disse.

“É” – ele concordou – “Ah, mas a gente pode fingir que perguntou isso só por precaução mesmo”.

“Quem faz esse tipo de pergunta antes mesmo de começar o relacionamento?”.

“Só a gente mesmo!” – ele disse sorrindo – “Sabe, falta uma coisa pra selar nosso recomeço”. – E ela sabia do que se tratava.

Ele passou os dedos pelo rosto dela com o intuito de secar uma lágrima, ela fechou os olhos para sentir melhor aquele toque, arrepiou-se e dessa vez teve certeza que ele tinha percebido, mas não se importou. Ele encostou os lábios nos dela enquanto posicionava um braço nas costas dela e o outro no rosto. Como sonhara com aquele momento, ás vezes até sem querer, nos últimos cinco meses!

Encostou os lábios e foi o mais suave que conseguiu, de leve encostava e afastava-se dela sentindo detalhadamente a textura daqueles lábios. Impacientemente delicioso, era assim que ela descreveria, mas não estava se contentando com aquilo somente, segurou com os dentes o lábio inferior dele, para que não se afastasse mais. Então, ele aprofundou o beijo, pedindo espaço com a língua. Ela entreabriu os lábios e em instantes precisou escancará-lo para sentir melhor cada detalhe daquele beijo. Só ele sabia beijar assim, ela tinha certeza disso. Ele sabia mudar de ritmo de maneira tão excitante que ela gemeu dentro da boca dele, sentiu que ele deu um meio sorriso. Se ele estava se orgulhando, fazia por merecer.

Hermione estranhou como conseguira criar teorias para justificar a distancia entre eles, como conseguira cogitar a hipótese de nunca mais beijá-lo? Era a melhor sensação do mundo. Intensamente calmo. Sensualmente louco. E chega de descrever, era simplesmente perfeito...

Quando se afastou, ela chegou a soltar um muxoxo. – “Então, você aceita namorar comigo de novo, Hermione?” – ele perguntou, a boca inchada.

Ela estava transtornada demais para conseguir responder, apenas olhava o verde daqueles olhos enquanto pensava no quão feliz estava por estar com ele. Mais segura, mais bonita, mais feliz... Eram tantas diferenças depois de um simples beijo...

“Mione?” – ele chamou a fim de fazê-la ouvi-lo.

“Ah, desculpe, acho que eu estava viajando”.

“Hum, isso não é uma desculpa para negar meu pedido, né?”.

“Pedido?”.

“Você quer namorar comigo?” – ele repetiu.

“Ah” – ela abriu um largo sorriso – “Mas é claro que eu quero. É até covardia perguntar isso depois de um beijo como esse...”.

“Hum, você gostou? Eu nem caprichei tanto...” – ele disse fazendo cara de convencido.

-

Passada quase uma semana, era sexta feira e todos estavam reunidos no salão acima da loja de logros de Fred Weasley, afinal, a reunião semanal as sextas ainda era hábito entre os amigos, e aquela seria especial, Hermione e Harry anunciariam aos amigos que tinham reatado. Eles até pretendiam ter contado antes, mas acharam que seria mais emocionante se contassem a todos de uma única vez.

Assim que chegaram, juntos, já notaram o olhar atento de Luna, ao menos Hermione notou. Ela sabia da capacidade da amiga de observar detalhes.

“Olá para vocês” – cumprimentou Fred – “Harry, está melhor?”.

“Ah, estou sim, Fred” – disse ele – “Aliás, gostaria de agradecer a vocês todos pela preocupação, soube que vocês estiveram no hospital”.

“Ah que é isso cara” – disse Rony.

“Nós fomos porque ficamos preocupados” – disse Gina – “Mas você parece estar bem melhor” – Talvez o sorriso de Hermione tivera denunciado a volta do casal, pelo menos para os mais observadores...

“Pois é, parece até que vem tendo cuidados especiais” – comentou Luna.

“É?” – perguntou Rony não entendendo os olhares que as três mulheres (Hermione, Luna e Gina) trocavam – “Você contratou uma enfermeira, Harry?”.

As três caíram na gargalhada diante daquele comentário, deixando todo o resto olhando com cara de bobo, ou melhor, com cara de quem não vê graça porque não entendeu a piada.

“A não ser que Hermione tenha mudado de profissão, não Rony, Harry não contratou nenhuma enfermeira” – disse Gina sorrindo e caminhando em direção aos amigos com intenção de parabenizá-los.

“Ela não conseguiu mais resistir ao meu charme” – disse Harry.

“É, eu bem que tentei, mas quem resiste a ele né?” – completou Hermione.

“Ah, até que enfim viu!” – disse Luna – “Vocês sabem que eu sempre fui grande fã do casal né?”.

“Eu também!” – disse Minerva – “Parabéns queridos”.

“Obrigada professora” – disse Hermione recebendo um abraço.

“Bem, na verdade eu gostaria de agradecer a todos vocês pela força” – disse Harry – “E também aproveitar esse momento, em que as pessoas mais importantes para mim estão aqui reunidas para fazer algo que eu planejava fazer a anos... Bem, mas por motivos que decidimos ignorar eu tive que esperar seis anos... Bem, talvez seja melhor assim, a festa de formatura talvez não fosse o lugar mais indicado para isso... Hermione, você aceita casar comigo?” – ele perguntou e em seguida retirou uma caixa de bolso que continha um anel muito bonito.

“Ah Harry!” – disse Hermione completamente emocionada, lágrimas escorriam livremente pelo seu rosto, não só pela emoção do momento, mas um pouco também pela culpa por tê-lo deixado há seis anos... Agora sabia porque a festa de formatura trazia a ele tantos traumas – “Claro que eu aceito!”.

Ela o abraçou e todo mundo aplaudiu, as mais sentimentais, choravam junto com a futura noiva, que no momento abraçava o garoto da cicatriz enquanto murmurava “Desculpa”.

“Prometemos esquecer isso” – ele respondeu para ela – “Vamos apenas apagar as coisas ruins e viver feliz agora”.

“Claro!” – ela respondeu.

Passado esse momento tão emocionante e único, a reunião continuou, primeiro com Harry e Hermione explicando detalhadamente como decidiram se reconciliar. Também comentaram sobre os planos de como seria a vida deles daí pra frente. Hermione pretendia continuar com o emprego, enquanto Harry decidira mudar de cargo. Há meses Minerva vinha oferecendo a ele a chefia do departamento, que era um trabalho menos arriscado, porém bastante importante e bem remunerado. Harry decidiu que não tinha mais porque por a vida em risco. Morariam no mundo trouxa, mas visitariam os amigos com regularidade.

E foi nessa comemoração, entre amigos, com um novo amor ao seu lado que Hermione fez uma análise do quão positivas foram as mudanças em sua vida nos últimos tempos. Sentia-se mais segura e mais completa. Tinha a certeza que agora não tinha mais uma vida estável, mas fizera uma troca bastante positiva. Agora, tinha uma vida feliz.

FIM

Por favor comentem gente kero ver coments vou indo bjus a vcs!!!!!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.