Segredos e mentiras



Hermione e John desceram do nôitibus andante depois de aproximadamente trinta longos minutos, ele já estava enjoado e ela sentia fortes dores nas costas devido a velocidade que aquela coisa andante atingia. Desceram em uma rua bem feia, com moradias tão feias quanto. Dentre as casas térreas, se destacava um único prédio com uns cinco andares. Era sujo e velho.

“Deve ser aqui” – disse Hermione apontando para o prédio, depois de consultar um mapa feito a mão. – “Vamos”.

“Seu amigo deve ser bem pobrezinho”.

“Ele já foi. John, tem uma coisa que você precisa aprender: No mundo da magia não se pode julgar pela aparência porque o exterior costuma ser bem diferente do interior”.

“Ta certo” – disse desconfiado. Porém, os dois ficaram surpresos assim que adentraram o edifício, que era mais luxuoso do que esperavam. Uma grande recepção com sofás vermelhos, um espelho largo na parede, quadros lindos (que se mexiam deixando John assustado), um tapete no chão e dois elevadores eram algumas das coisas que chamaram a atenção do casal. Pegaram o primeiro elevador e pararam no terceiro andar. Rony estava na porta do apartamento para recepcioná-los.

“Hermione! Como vai?” – disse o ruivo, simpático.

“Tudo ótimo, Rony! E você?” – se abraçaram, depois Hermione cumprimentou Luna e fez as apresentações – “Rony, Luna, esse é meu noivo, John”. – os dois cumprimentaram o rapaz, depois entraram.

O apartamento possuía uma sala bem ampla dividida em dois ambientes. Num deles, ficava uma grande mesa de jantar com tampo de vidro e no outro, sofás confortáveis. Uma porta entre as duas salas levava para a cozinha.

“Hermione! Como vai querida?” – era o senhor Weasley, que estava em um dos sofás e veio cumprimentar o casal – “Você deve ser o noivo trouxa, estou certo?” – perguntou animado.

“Ahn, sim. Meu nome é Jonh”. – disse levemente assustado com o brilho dos olhos do pai de Rony.

“Não ligue Jonh, papai tem um certo fascínio por trouxas e aparelhos eletrônico e computadores e essas coisas... Só não deixe ele te alugar a noite toda” – disse uma garota ruiva que saiu de dentro da cozinha, John notou que ela era bem atraente – “Ah, desculpe o mau jeito, não me apresentei. Sou Gina Weasley” – ela cumprimentou-o.

“Ah, o Rony chamou meio mundo e nem me avisou, bom desde que ele não tenha chamado o Harry...” – pensou Hermione, que nem notou que seu noivo estava falando com Gina.

“Prazer, Gina” – John automaticamente pensou que se não estivesse com Hermione tentaria algo com essa tal de Gina, a achara de alguma forma diferente das outras garotas... E ela era ruiva! Ele adorava ruivas...

“Te deixo sozinha por cinco minutos e já te vejo falando com outro cara?” – disse Harry que surgiu de dentro da casa, em tom de brincadeira, é verdade, mas propositalmente para irritar Hermione. Ela apenas lançou um olhar curioso pra ele, como se perguntasse “Como assim vocês reataram?”.

“Você e seu ciúmes idiota” – devolveu a ruiva brincando. Os dois riram alto e puxaram o coro, para que todos rissem, até Hermione, mas ela ria forçadíssimamente.

“Vocês estão juntos?” – perguntou John, na sua voz uma leve decepção.

“Eu e Harry? Não nos últimos seis meses” – disse Gina sorrindo, ela costumava responder assim quando faziam essa pergunta porque há uns anos atrás ela e Harry terminavam e voltavam com grande freqüência.

“Mas quem sabe nos seis próximos?” – disse Harry também sorrindo, Gina não esperava aquela resposta e olhou para ele admirada. Hermione por sua vez lançou um olhar maligno aos dois.

“Ahn? O que eles estão falando? Que eu saiba a Gina não esta com o Harry há bem mais tempo que isso!” – cochichou a senhora Weasley para a nora, Luna.

“Eles devem estar tentando irritar a Hermione” – respondeu a moça.

“Da última vez isso não deu nada certo” – falou Molly preocupada.

“Deu certo sim” – afirmou Luna. Enquanto isso, em outro canto da sala Hermione estava com a pior cara possível, Harry notou na hora e parabenizou-se mentalmente por aquela encenação toda. No momento estava sentado ao lado de Gina e discutindo alegremente com ela. Seria muito divertido! Principalmente porque a noite mal tinha começado...

“Vocês já estão com fome?” – perguntou Luna a todos, a maioria respondeu que sim. – “Vou mandar a Tracy servi-los”.

“Tracy?” – perguntou Hermione – “Vocês não tem um elfo doméstico, tem?”.

“Temos. Ela é muito eficiente! Se você quiser sei onde arranjar um” – disse Luna.

“Não, obrigada Luna” – disse Hermione gentil, então virou-se para Rony – “Eu não acredito que você foi capaz!”.

“Eu é que não acredito que você ainda tem aquela obsessão ridícula pela liberdade dos elfos domésticos!” – disse Harry, fazendo o amigo ruivo cair na gargalhada.

“Não é uma obsessão ridícula e vocês sabem disso!” – disse Hermione alterada.

“Hermione, por que você não aceita de uma vez que eles nasceram para isso!? Eles não se importam...” – explicou Rony como se falasse com uma criança da idade de seu filho, que alias, no momento estava dormindo na casa do tio Fred, que decidira não ir ao jantar por estar cansado.

“Isso é trabalho escravo!” – exclamou Hermione com seu comum tom de quem não vai mudar de idéia.

“Alguém poderia me dizer o que é um elfo doméstico?”. – perguntou John, um tanto quanto perdido na conversa.

“São criados, criaturas que trabalham como criados para nós bruxos” – resumiu Gina – “E que a Mione encasquetou que eles merecem a liberdade desde a época da escola”.

“Lembra quando ela nos obrigava a participar daquelas reuniões?” – lançou Rony, ele e Harry caíram na gargalhada, de novo.

“Há há!” – disse Hermione irônica – “Vou até a cozinha ajudar a Tracy!” – e ela foi.

“É, ela continua com essa mania estúpida de defender elfos domésticos” – disse Rony.

“Parece que sim” – disse John – “Hermione nunca muda”.

“E você fica conformado com isso?” – perguntou Rony incrédulo – “Sério mesmo, eu te aconselho a ir contornando a teimosia dela desde já, senão vai ficar incontrolável”.

---

“Tracy, certo?” – perguntou Hermione à pequena elfa que terminava os preparativos do jantar.

“Sim, sim senhora. A senhora precisa de alguma coisa? Tracy serve a senhora”. – falou a elfa toda prestativa.

“Não, muito obrigada, mas não é necessário. Deixe-me apresentar, eu sou Hermione Granger”.

“Tracy conhece Hermione Granger. Hermione Granger é amiga de elfos”.

“Sou. Mas, você me conhece? Como?”. – perguntou toda empolgada.

“Todos os elfos conhecem Hermione Granger”.

“Hum!” – era o que ela precisava ouvir, saiu correndo de volta a sala:

“Eu sou uma celebridade entre os elfos!” – disse orgulhosa para todos.

“E Harry é uma celebridade entre os bruxos, grande coisa você ser entre os elfos!” – disse Rony zoando dela.

“Deixa de ser bobo, Rony!” – disse Hermione ao amigo que ria dela – “O que eu to querendo dizer é que os elfos devem querer liberdade senão eles não me conheceriam, afinal eu sou a principal – ela parou por um instante – bem, a única, lutadora pela liberdade deles!”.

“De novo isso, Mione?” – perguntou Gina desanimada.

“Mas gente, não faz sentido?!”.

“Com licença” – disse Tracy que entrou na sala com uma travessa na mão – estava arrumando a mesa de jantar – “Tracy só disse que gosta de Hermione. Porque Hermione foi boa com elfos. Mas isso não quer dizer que Tracy quer liberdade. Tracy gosta dos Lovegood Weasley. Tracy gosta muito”.

“Hum, obrigado Tracy. Os Lovegood Weasley também gostam muito de você” – disse Rony – “Ta vendo Hermione! Deixa minha elfa em paz, ela gosta daqui”.

“Ok!” – disse a garota contrariada fazendo todo mundo cair na gargalhada, até ela mesma começou a dar risada também.

“Isso é pra você aprender a deixar de ser tão teimosa!” – disse Harry.

“Não dá mais” – disse a garota com uma cara de coitada.

“Ta, vamos comer agora?” – sugeriu Luna e todos foram para a mesa.

Harry sentou-se entre Gina e Hermione, que por sua vez estava ao lado de John. O senhor Weasley sentou-se em frente ao trouxa. O restante das pessoas se distribuiu pela mesa ao acaso, Rony sentou-se de frente a Harry e Luna ao lado do marido.

“E aí, Mione, quando você volta?” – perguntou Gina para puxar assunto – “Não que queiramos que você vá embora, é só curiosidade mesmo” – consertou a ruiva antes que parecesse indelicado da parte dela.

“Acredito que amanhã mesmo se tudo der certo. Minhas férias estão pra acabar e no momento não há nada que me prenda aqui” – ela disse com um olhar discretamente voltado para Harry – “Quer dizer, alem de todos vocês, mas sempre que eu sentir saudades juro que volto!” – consertou a garota, também para não parecer indelicada.

“Com certeza voltaremos! Quem sabe nós não temos um filho bruxinho né Hermione?” – disse John todo contente.

“Isso é muito provável” – disse a senhora Weasley – “Hermione deve passar a habilidade bruxa para os filhos, mesmo com um pai trouxa, não se ofenda querido. Eu sempre achei a palavra trouxa deselegante para se referir aos não-bruxos, mas infelizmente não temos outra”.

“Tudo bem senhora Weasley, eu já me acostumei” – respondeu o homem. Ao ouvir aquilo Harry olhou para Rony com a idéia de confirmar o que eles tinham conversado no Três Vassouras mais cedo (que John era muito submisso a Hermione, ou, um viadinho, nas palavras do próprio Harry). Rony devolveu o olhar concordando com o amigo. O que eles não lembraram foi que Hermione é a pessoa mais ligada do mundo e notou aqueles olhares, lançando outro a ambos, censurando-os.

“Que silêncio” – disse John depois de alguns longos minutos.

“É que estão havendo outras formas de comunicação aqui na mesa” – disse Gina que apesar de não entender o que os olhares do trio significavam, os percebera.

“Como assim?” – John não entendeu nada. Estava cogitando a hipótese de telepatia quando finalmente Hermione decidiu respondê-lo alguma coisa:

“Não é nada querido” – disse ela, e isso foi suficiente para que ele ficasse quieto (e que Harry lançasse outro olhar a Rony. Para Hermione estava claro que eles estavam morrendo de rir de seu noivo ainda que internamente).

“Mas então, John, certo?” – perguntou o senhor Weasley – “Por que você não nos fala um pouco sobre as novas descobertas trouxas? Eu particularmente acho fascinante a intrarnet!”.

“É Internet, senhor” – corrigiu John – “Bem, ela consiste numa rede mundial que permite que os computadores fiquem interligados, possibilitando a comunicação entre seus usuários, basicamente”.

“Ah já entendi” – lançou Luna do nada.

“Entendeu o que Luna?” – perguntou Rony. – “Como funciona a tal da Internet?”.

“Não seu bobo” – ela respondeu com aquela cara de espanto de sempre, para depois completar - “Entendi o que a Hermione viu nele, ele é inteligente” – disse a garota. Harry não agüentou aquilo e começou a rir, Rony também, afinal Luna tinha acabado de insinuar que a inteligência era a única qualidade que se destacava em John. Hermione estava começando a se irritar profundamente, principalmente porque, John também estava rindo. Será que seu querido noivo não era capaz de perceber que estava sendo zoado?

“Sim, o John é muito inteligente, mas não é só isso, ele tem várias outras qualidades” – disse ela, que olhava para Harry. Desafio começando entre eles, mais uma vez.

“Nossa amor, obrigado” - agradeceu John, inocente, sem notar que Harry também encarava Hermione, com um olhar que continha provocação. Ou seja, ele estava sendo usado por Hermione para fazer ciúmes em Harry. Justamente para retrucar o ciúmes que ele (Harry) estava fazendo pra ela, usando Gina, que por sua vez era mais esperta e tinha notado isso.

“Sem dúvida, vocês devem encontrar muitas qualidades uns nos outros, senão não seriam noivos” – disse Harry com um sorriso cínico, os que o conheciam, sabiam que ele não ia parar por aí.

“É claro” – respondeu Hermione.

“É como eu e Gina, eu também vejo nela infinitas qualidades”. - ele completou, Gina fez menção de se levantar, mas ficou sentada para esperar como aquilo acabaria.

“Como?”. – foi Hermione quem perguntou, simplesmente não conseguia ouvir aquilo e ficar calada, diferente de seu noivo, não tinha sangue de barata.

“Você quer que eu repita?”. – perguntou Harry, se fazendo de bobo, propositalmente para irritá-la – mais.

“Não, eu só não entendi o que isso tem a ver com o assunto. Vocês estão noivos e decidiram não contar a ninguém?”. – apenas John riu do que achou ser uma piada. Parou de rir quando notou a tensão em que se encontrava toso o resto da mesa.

“Não!” – Harry disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo – “É só que nós namoramos por tanto tempo, que eu obviamente também vejo nela muitas qualidades”.

“Ah”. – disse Hermione com a voz tão fraca que foi quase inaudível.

“Obrigada Harry” – disse Gina – “Mas você forçou a barra. Muito”.

“Então, acho que eu voltei a não entender nada”. – disse John com um sorriso.

“Ninguém entende. Ninguém nunca entende quando se trata de Harry e Hermione!” – disse Gina nervosa – “Eu não quero ficar aqui. Eu não quero mais ser usada”. – disse a garota levantando-se.

“Pelo menos as pessoas já acabaram de comer” – disse Luna, com a cara de espanto mais espantada que o de costume – “Se sair briga agora, pelo menos ninguém vai reclamar da comida” – todos olharam para ela descrentes – “Eu disse isso alto?”.

“Gina!” – disse Harry levantando-se assim que ela levantou, seu intuito era segui-la, mas ela não passou da porta (para a alegria de todos os curiosos que estavam assistindo a discussão, da mesa).

“Não!” – disse a garota que estava atraindo os olhares de todos – “Harry, eu já superei isso. Eu já entendi. Sério mesmo!” – ela referia-se ao amor dele por Hermione, amor esse que Harry nunca sentiu por ela. – “Mas eu não posso agüentar que você me use dessa forma. Sempre! Eu to cheia disso!” – dessa vez ela se referia às cenas de ciúmes que Harry estava fazendo lá.

“Gina, eu não to te usando” – ele não tinha argumentos, justamente porque estava a usando e sabia disso – “A gente pode falar sobre isso depois?”.

“Claro, claro que pode! Você não quer discutir isso na frente dela!” – Gina disse ainda brava e deu um tapa nele.

“Então, essas reuniões com os seus amigos são sempre emocionantes assim?” – perguntou John a Hermione que nem se deu ao trabalho de responder.

“Eu sabia que isso não ia acabar bem!” – disse Rony para Luna.

“Sua irmã tem toda a razão” – disse Luna que estava prestando uma super atenção na discussão.

“Posso servir a sobremesa?” – perguntou Tracy que surgiu da cozinha.

“Claro, querida” – disse a senhora Weasley, Hermione teria ficado comovida com aquele gesto de chamar a elfa doméstica de querida se não estivesse nervosa demais com toda aquela situação.

“Se eu perguntar o por que do tapa alguém vai me responder?” – John, ninguém respondeu – “Ok, to ficando acostumado com isso”.

“Harry, você é ridículo!” – disse Hermione.

“Então você também é” – ele disse, afinal, os dois estavam igualmente se provocando.

“Você envolve mais gente nisso!”.

“E você não?”.

“Por Merlim! Vocês visivelmente têm coisas para resolver! Mas façam isso sozinhos sem envolver mais quem não merece!” – disse a senhora Weasley querendo por fim naquilo.

“Não, podem continuar” – disse Rony, que era muito curioso.

“Rony!” – censurou Gina, deixando o irmão envergonhado pelo que disse, mas ninguém falou nada a respeito de seu comentário inconveniente.

“O que diabos vocês tem para resolver?” – perguntou John se levantando, agora, ele estava nervoso, tinha juntado as informações que ouvira e estava certo de que Harry e Hermione já tinham namorado. E a noiva mentira para ele a respeito disso. Como de costume ninguém se prontificou a responder.

“A gelatina está ótima” – comentou o senhor Weasley que fora o primeiro a pegar a sobremesa. Aparentemente, a conversa ia continuar assim mesmo, mas John decidiu surpreender e levantou o tom de voz e se aproximando de Hermione.

“Eu fiz uma pergunta!” – ela não respondeu e ele a segurou pelo braço – “O que diabos você e Harry Potter tem para resolver?”.

Hermione o encarou, nunca vira o noivo nesse estado e jamais esperaria esse tipo de reação dele, nem ela nem nenhum dos presentes, Rony cochichou no ouvido de Luna “Ele decidiu virar homem?”.

“John, eu não tenho nada pra resolver com o Harry e vê se me solta!” – ele não soltou.

“Eu quero uma resposta, Hermione!”. – ele gritou e soltou-a em seguida.

“Ele não sabe?” – perguntou Gina.

“Não, mas que diferença faria? Eles nunca iam se conhecer...” – falou Hermione.

“Me explica logo o que esta acontecendo aqui!” – gritou John de novo.

“Eles namoraram” – disse Gina. – “Eles namoraram antes da Hermione ir embora. E pelo que vemos nenhum foi capaz de esquecer o outro nesses seis anos. É isso”. – resumiu Gina.

“Eu teria te contado, mas...” – começou Hermione.

“Não, você não teria” – disse John, agora ele não gritava mais, estava magoado – “Eu já tinha perguntado mais de uma vez e você não contou!”.

“John, eu achei que seria desnecessário...”.

“Ah, você achou? Pra que me contar, não é mesmo?” – disse John rindo sozinho – “É muito mais fácil me esconder a verdade! E eu confiei em você!”.

“John...”. – ela começou a falar, mas ele lhe deu as costas.

“Eu vou embora daqui!” – ele se despediu de Rony e Luna, desculpou-se pelos gritos e quando chegou à porta, se deu conta de que não sabia chegar ao hotel – “Hum, alguém poderia me ensinar como eu chego no hotel?”.

“Eu posso te ajudar” – disse Gina – “Também estou de saída”.

“John, por favor, vamos conversar direito! Você vai simplesmente embora? Depois de tudo!”.

“Hermione eu não vou conseguir conversar nada agora. Não agora! Eu preciso pensar e esfriar a cabeça” – ele disse, ela concordou pois tinha um certo medo de falar com John de cabeça quente, ele teria reações imprevisíveis.

“Eu também já vou” – avisou Gina. – “Acho que esse jantar já rendeu o suficiente por hoje”.

Os dois se despediram dos anfitriões. O senhor e a senhora Weasley decidiram ir também para acompanhar a filha. Só sobraram Harry e Hermione que estavam sentados um em cada sofá sem coragem para se encarar ou trocar qualquer palavra.

Rony olhou para os dois amigos e ficou sem idéia do que falar, porém sabia que se não falasse alguma coisa logo Luna o faria e isso poderia ser desastroso.

“Vocês podem ficar o tempo que precisar” – disse o garoto.

“Obrigada Rony, e desculpa qualquer coisa” – disse Hermione.

“Talvez seja eu quem deve desculpas, pra vocês todos. Eu agi como uma criança mimada...”. – confessou Harry.

“Vocês dois agiram! Aqueles olhares que vocês ficaram trocando durante o jantar... Parecia que estávamos de volta aos tempos de colégio quando vocês tinham que aprovar os garotos que iam sair comigo...”. – disse Hermione, no mesmo tom que usava para brigar com eles na época de Hogwarts em que ela era monitora chefe.

“Ah, já que você tocou no assunto, eu não aprovei esse John” – disse Rony.

“Eu não pedi sua opinião, Rony!”.

“Ah, Hermione, você ta voltando a ser casca-grossa!” – falou Rony.

“Mas é claro!” – Hermione gritou – “Vocês acabaram de me fazer brigar pela primeira vez com o meu noivo!”.

“Primeiro lugar: não ponha a culpa na gente!” – começou Harry – “E segundo lugar: se nós realmente temos alguma culpa nessa briga, eu sinto orgulho disso!”.

“Ah... O que?”. – ela estava incrédula.

“Isso mesmo. Qualquer um percebe o quão errado é esse relacionamento, vocês não tem nada a ver um com o outro. Você nunca gostou de pessoas passivas e ele é o cara mais passivo que eu já conheci. Ele concorda com tudo, Mione!”.

“É, Mione. Com certeza esse relacionamento não ia durar”.

“Esse é o relacionamento que vem durando mais tempo na minha vida desde...”.

“Mim?” – perguntou Harry.

“É, desde você!”. – disse a garota, então ela se levantou e pegou a bolsa – “Eu preciso falar com o John, preciso ir embora”.

“Já? Mas eu achei que...” – ia dizendo Luna, mas dessa vez ela foi discreta e não concluiu a frase – “Bom, volte sempre, Mione”.

“Claro, desculpem qualquer coisa” – ela despediu-se de todos, quando foi falar com Harry não o encarou, não conseguiu. Assim que ela deixou o apartamento, Harry se sentou no sofá apoiando a cabeça nos braços.

“Harry, você sabe o que eu ia falar pra ela?” – perguntou Luna aproximando-se do amigo.

“Não, Luna, o que?”.

“Que eu achei que fosse presenciar um beijo de reconciliação entre vocês, mas pelo visto não. Eu não vou presenciar nada, mas pelo menos você tem que ir até lá e falar direito com ela”.

“Vai lá Harry. Aposto que ela foi de elevador”. – encorajou Rony, que imaginara que Hermione mantinha esse hábito trouxa.

Então Harry aparatou na porta do edifício para esperar o elevador de Hermione chegar, ele esperou alguns segundos até que ela saiu do prédio, dando de cara com ele.

“Harry!”.

“Eu só preciso ouvir uma coisa, Hermione. Fala olhando nos meus olhos que ama o John”. – pediu Harry.

“Por que isso?”. – ela queria fugir.

“Porque você não ama esse cara! Porque você ta pouco se importando com essa puta briga que vocês tiveram, você não está chorando e eu já vi você chorar por brigas muito menos piores quando namorávamos”.

“Eu não sou mais uma adolescente melodramática!”.

“Então me fala o que eu te pedi, olhando nos meus olhos”. – ela não conseguiu escapar e foi sincera:

“Eu não amo o John, mas amor não é mais tudo o que importa num relacionamento!”.

“Você não ta falando a verdade, você não pode ter mudado desse jeito”. – ele disse passando a mão no cabelo, queria acreditar que ela não estivesse falando a verdade.

“Harry, licença, eu quero ir embora”.

“E você vai fugir mais uma vez”. – disse ele vendo-a dar as costas.

O que ele falou deixou-a nervosa. Ele estava culpando-a de fugir. Como se ele tivesse moral para culpá-la de alguma coisa. Virou-se de volta para ele, e enquanto o encarava, falou:

“E você se importa?” – chegou mais perto dele, tinha que falar isso! – “Não, porque aparentemente a Gina ocupou meu lugar muito bem nesses seis anos”. – Harry sorriu. – “Você ta rindo do que?”.

“Você tem ciúmes” – ele ainda sorria, ela notou que os olhos dele encheram-se de brilho.

“Fala sério!” – ela queria socá-lo, por que ele tinha que estar certo? Por que ela tinha que continuar sentindo ciúmes dele? Por que ela tinha que deixar tão na cara o que sentia por ele? Por que não conseguia mais se mover e ir embora dali?

Harry estava feliz demais com aquela constatação, ele agora tinha certeza que ela o amava, ou não sentiria ciúmes dele. “E ela desistiu de ir embora” – pensou.

Então fez o que sentia vontade de fazer desde o início daquele jantar: puxou-a pelo braço, segurou-a pela cintura e colou os lábios nos dela. E ela não fez nada que o impedisse.

Ela não resistiu, não conseguiria, deixou que ele a agarrasse. E ele iniciou um beijo. Sentiu que ela suspirou e isso o encorajou a usar a língua logo no início. Ela passava os dedos pelo cabelo dele que a encostou no muro do edifício. Pareciam dois adolescentes que se beijavam desesperadamente, talvez porque soubessem que aquele beijo poderia ser o último... Quando ele já começava a beijar o pescoço dela, ela se desvencilhou.

“Harry, isso ta me deixando confusa!” – ela dizia sem olhar de verdade para ele, a voz um pouco fraca e umas lágrimas saindo pelos olhos.

“O que te deixa confusa? Eu? Hermione! É simples! Eu te amo, você me ama... O que tem de confuso nisso?”.

“Eu não sei!” – ela realmente não estava disposta a jogar uma vida pro alto e tentar ficar ao lado de Harry. Está certo que ela o amava e ele também... Mas isso era suficiente? Ela tinha uma vida estável... E nesses seis anos se virara muito bem sem ele. E quanto a John? Ia deixá-lo simplesmente depois de uma única briga?!

“Você não sabe” – Harry disse olhando bem nos olhos dela – “Eu decididamente não te entendo, Hermione!”.

“Eu tenho que ir” – ela saiu simplesmente, virou de costas e deu alguns passos para depois aparatar. Deixou-o sozinho, triste e com o coração partido.

“Eu fui um idiota, eu já devia tê-la esquecido faz tempo, mas agora eu juro, eu juro que vou esquecê-la dessa vez, nunca mais vou mover um dedo pra ficar com ela!” – prometeu-se um Harry decepcionado antes de ir para o hotel, onde arrumou suas coisas e partiu ainda de madrugada para seu pequeno apartamento em Londres. No dia seguinte falaria com Minerva e iniciaria sua nova missão...

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