Situações chatas



“Pelo amor de Deus, tira essas orelhas extensíveis!” – suplicava Hermione em plena rua – “Elas só tem utilidade para ouvir por trás das paredes!”.

“Hermione, para de me censurar, eu acabei de descobrir que magia existe!” – disse um John levemente fora de si.

“Mas todas essas pessoas a sua volta já sabem que magia existe e estão te achando um idiota! Um cara de 25 anos que continua freqüentando a genialidades Weasley não fica exibindo as compras pela rua!”. – explicou envergonhada pelos olhares que os dois atraíam.

“Desculpe amor, é só que eu estou empolgado demais” – disse ele guardando o objeto – “Talvez devêssemos voltar pro hotel, já são oito horas”.

“Vamos, eu já estou com fome”. – eles voltaram ao hotel, jantaram e Hermione foi para o quarto, onde pretendia dormir como uma pedra. Aquele dia a tinha cansado demais e tudo o que ela mais queria era uma boa noite de sono. Já John não estava com nem um pouco de sono, então decidiu dar uma volta pelo hotel. Foi até o salão de jogos, onde encontrou Harry jogando sinuca sozinho.

“Ganhando?” – perguntou desconcentrando o moreno que errou a caçapa.

“Quer jogar?” – convidou Harry, o outro aceitou prontamente. Então eles arrumaram a mesa, John gostou de saber que pelo menos no bilhar as regras eram as mesmas para trouxas e bruxos. Tiraram par ou ímpar e Harry ganhou. Analisou demoradamente a mesa para em seguida fazer uma jogada perfeita e acertar a caçapa.

“Você é bom nisso!” – elogiou John, que nem pensou muito para jogar e errou o alvo, nem se importou.

“Hum, você não é do tipo competitivo” – disse Harry – “Isso vai te livrar de muitas brigas com Hermione” – comentou o moreno com uma risadinha enquanto analisava mais uma vez que jogada faria.

“É, na verdade acho que é só por isso mesmo que estou com a Hermione até agora, por causa da minha personalidade calma” – disse John observando Harry fazer outra bela jogada, mas errando a caçapa por pouco.

Ouvir aquilo fez o moreno pensar que Hermione enjoaria fácil de John, afinal, ele a conhecia bem e sabia que a amiga mandona gostava de homens com opinião própria e que não obedecessem todas as suas ordens, simplesmente.

“Você não se cansa de concordar com tudo?” – perguntou Harry, John deu uma risada e não respondeu, antes fez sua jogada e por sinal, errou de novo.

“Tem coisas que valem a pena, lógico que tem horas que o jeito da Hermione me irrita, ela sempre acha que tem razão, mas o fato é que em 90 das vezes ela tem... Então acho que eu acabei aprendendo a não discordar dela...”.

“Bom, que bom” – disse Harry irônico, achou que talvez seu tom realmente denunciara a sua irritação e completou mais suave – “Que bom que vocês acharam um meio de se dar bem”.

“É nós quase nunca brigamos”.

“Impossível!” – pensou, lembrava-se muito bem das brigas que tinha com Hermione, elas não eram muito freqüentes, mas eram inevitáveis, pois Hermione tinha sempre uma opinião formada e nas raras vezes que Harry discordava dessa opinião (e ela se mostrava realmente certa) os dois discutiam, nada muito sério, é verdade, geralmente ficavam brigados por apenas algumas horas. Mas o melhor era o modo como eles faziam as pazes, um deles pedia desculpas (e ele tinha certeza que era um dos únicos no mundo que já ouvira um pedido de desculpas de Hermione) e tudo ficava às mil maravilhas novamente. Harry sentia muitas saudades daquela época.

“Joga logo, cara, é só uma partida de brincadeira, não precisa ficar tanto tempo pensando!”.

“Ah desculpe” – que bom que John pensou que ele só estivesse viajando no jogo... Apesar que talvez Hermione tivesse contado a ele sobre o relacionamento deles, ela dissera que contou tudo. Harry fez uma jogou sem pensar – errou – e continuou a conversa, dessa vez falando sobre a descoberta do outro sobre a existência de magia. Dialogaram sobre isso por um tempo, John estava realmente interessadíssimo em toda essa realidade nova, depois de uns dez minutos e algumas excelentes jogadas da parte de Harry, o assunto voltou para Hermione...

“Cara, quando você me ofereceu o quarto achei que a Hermione fosse fazer o mesmo, por isso que aceitei, me desculpe, viu? Eu sei que você perguntou só por educação...”.

“Ah magina, eu não me importo em dividir o quarto”. – respondeu Harry.

“A Hermione é muito chata, nem agora que estamos noivos ela alivia a barra! Nunca nem ao menos dividimos uma cama!” – Harry ficou um pouco constrangido por ouvir aquilo, John já ia falando sem nem avaliar o que... Mas não negou que ficou feliz por saber que eles não tinham relações sexuais.

“Nossa, é difícil achar moças assim hoje em dia” – foi tudo o que conseguiu dizer.

“Eu que o diga! Na verdade foi essa dificuldade que me chamou a atenção para ela”.

“Interessante” – mentiu Harry enquanto errava a caçapa “Espero que ele seja desligado o suficiente para não notar que falar de Hermione me desconcentra” – pensou.

“Talvez a gente deva ir dormir, isso ta longe de acabar e eu to com sono”. – sugeriu John, que realmente não tinha percebido o que Harry temia que ele percebesse.

“Tudo bem” – concordou Harry enquanto concluía que era o melhor mesmo a fazer, afinal, John podia acabar notando que falar sobre Hermione com ele deixava-o um pouco perturbado.

---

O dia seguinte era uma manhã de sol, e como manhãs de sol eram coisas realmente raras em Londres, a maioria dos hóspedes decidiu passá-la na piscina, aquela que ficava localizada bem em frente ao local em que Harry e Hermione – que no momento estavam bastante constrangidos – trocaram um beijo há dois dias...

Tudo isso porque John insistira horrores para que eles fossem para a piscina “Hermione, estamos de férias!” – e ela acabou aceitando, quando os dois chegaram lá, deram de cara com Harry tomando sol, nem precisa falar que John fez questão de sentar-se com o mais novo amigo, que estava bem em frente à maldita árvore!

“Ta sol né” – falou Hermione, ela simplesmente precisava falar alguma coisa.

“É, ta calor” – falou Harry, que coincidentemente também precisava falar alguma coisa capaz de disfarçar seu nervosismo.

“To com sede” – completou John – “papo demente!” – pensou a garota que o aconselhou a pedir algo para beber ao garçom.

“Vou até o bar escolher algo” – ele foi. E deixou Harry e Hermione sozinhos...

“Acho que eu vou nadar um pouco” – comunicou Harry.

“Me evitando?”.

“Deveria?”.

“Por que você se sentou bem aqui?”.

“Ah” – ele riu – “Eu não sei porque Hermione, olha o que você pergunta!”. – ele fingiu não entender embora ela tivesse certeza que ele tinha entendido.

“Deixa de se fingir de bobo” – ela disse o encarando.

“Onde você ta querendo chegar?” – Ótima pergunta! Ela não sabia onde estava querendo chegar com aquela maldita conversa “Essa segunda voz ta crescendo em mim de maneira insuportável” – pensou ela.

“Eu... Não... Sei...” – disse simplesmente, olhava para baixo como se os pés de Harry fossem a coisa mais interessante para se olhar “Apesar que com esse corpo, os pés são na verdade as coisas menos interessantes de se olhar” – a segunda voz de novo! Então ela levantou a cabeça – “Ficar olhando pro chão não vai tornar o clima aqui menos chato!” – pensou, então, uma cicatriz diferente no corpo dele lhe chamou a atenção, afinal, na ultima vez que viu Harry sem camisa, ela não estava lá, no peito de Harry, quase próxima ao seu coração. – “Que cicatriz é essa?” – perguntou aliviada por conseguir mudar de assunto.

“Batalha final. Aquele maldito não se contentou em me ferir só com feitiços, achou que uma facada garantiria melhor a minha morte” – ele disse com um brilho nos olhos que sempre surgia quando ele falava de lutas com Voldemort – “Mas ele não conseguiu, eu lancei o Avada Kedavra mesmo assim e acabei com ele primeiro! E ele quase acabou comigo, está certo, mas eu consegui sobreviver”.

Hermione lembrou-se do que a professora Minerva tinha dito-lhe, que Harry ficou em coma por quase um mês, e sentiu-se culpada por tê-lo abandonado – “Eu sinto muito” – limitou-se a dizer enquanto direcionava sua mão até a cicatriz, tocou nela e acariciou-a – “Harry, você não sabe o quanto eu me arrependo!”.

Ela não chegou a dizer do que, o que não foi necessário visto que Harry sabia que era do fato de ela ter-lhe abandonado quando a guerra ainda nem tinha terminado, mas o fato é que o motivo de ela não ter falado o porquê foi a chegada de John...

“Se arrepende do que amor?” – perguntou John que os olhava enciumado, estava começando a desconfiar que Harry e Hermione não eram apenas meros conhecidos...

“É, bem... John! Não vi você chegando!” – disse Hermione toda sem graça – “E-eu tava comentando com o Harry que eu me arrependo de não ter ficado aqui para receber o meu diploma” – disse com um sorriso amarelo.

“E precisava ficar com a mão no peito dele pra falar isso?” – perguntou John calmamente, Harry quase deu risada “Até quando ele pega a noiva praticamente o chifrando o cara é calmo!”.

“Ah, faça-me o favor! Você não esta com ciúmes do Harry né?” – Harry não gostou dessa frase dita por Hermione e muito menos do tom que ela usou para falar o nome dele, por acaso não era digno de ciúmes?! Então Hermione tirou a mão da cicatriz, os dois notaram que ela tremia.

“Eu não disse que estava” – falou John, Harry pensou que ele ia pedir desculpas por cogitar a possibilidade de desconfiar dela, mas ele decidiu mandá-la responder à sua pergunta anteriormente proferida ao invés disso.

“Ah, você sabe, eu tenho essa mania de tocar nas pessoas enquanto falo com elas, é... Normal, não tem um motivo exato”.

“Hum” – limitou-se a dizer John, ele não pretendia alongar aquela conversa, mas que ficara extremamente desconfiado, isso ficara. Observaria mais de perto aqueles dois... Ele ficou seco com Hermione desde então, não puxava papo, respondia com monossílabos e ficava com a cara fechada.

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“John, sou eu, dá pra abrir essa porta?” – pediu Hermione ao noivo que tinha se trancado em um dos quartos do hotel, ele conseguira um porque alguns hóspedes haviam deixado o hotel pela manhã. E naquelas circunstancias dividir um quarto com Harry não era a coisa mais indicada.

Ele abriu – “O que é, Hermione?”.

“Ah!” – ela queria ser uma pessoa controlada, mas não era, então foi logo gritando – “Eu odeio esses seus doces ridículos!” – disse com relação à necessidade dele de se fazer de vitima sempre que algo ruim acontecia para que as pessoas fossem consolá-lo.

“Hermione! Foi você quem fez aquela cena ridícula com o Harry e nem soube me explicar nada depois!”.

“Para com isso! Eu e o Harry somos amigos!”.

“Ontem eram conhecidos, hoje são amigos, amanhã vão ser o que? Amantes?”.

Hermione ficou sem saber o que responder... Já que não tinha como se defender, porque realmente fora a culpada por aquela cena com Harry, decidiu atacar:

“Você é um inseguro, John! Que droga! Agora deu pra ter ciúmes de mim? Isso é doentio! Você não confia em mim, é isso?”.

“Calma, Hermione! Desculpa... Eu confio em você, claro que confio! É que, sei la deve ser besteira minha, mas quando eu vi você e Harry conversando parecia muito que vocês estavam apaixonados ou coisa assim... Eu me descontrolei, desculpa!”.

Hermione se sentiu horrível, ele estava pedindo desculpas! E a culpa ainda era dela mesmo que tentasse se safar. “Ele não merece isso que eu to fazendo” – pensou, depois decidiu comunicar a ele o motivo de ter ido até o quarto:

“Bem, amor, um outro amigo meu do tempo de escola me convidou para jantar na casa dele e te levar, parece que todos querem conhecer meu noivo, você não se importaria né?”.

“Claro que não! Você sabe que eu quero conhecer seus amigos”.

Hermione sorriu – “Esse meu amigo é irmão do Fred, o dono daquela loja que a gente visitou ontem e você adorou”. Durante a tarde tinha recebido uma coruja de Rony, que tinha sido informado por George que o noivo dela estava na cidade, então a convidou para jantar na casa dele, que ela ainda não tinha conhecido.

“Ótimo, então amanha mesmo a gente vai embora. Eu já estou com meu diploma em mãos”. – falou Hermione por não saber mais por quanto tempo conseguiria conviver com Harry tão próximo...

“Certo” – disse John, obviamente concordando com Hermione...

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Harry não estava agüentando ficar naquele hotel... Não com Hermione e o noivo frouxo dela por perto. Toda vez que via John, tinha vontade de rir. Ele era sem dúvida o cara mais bobo que já conhecera, e achava simplesmente impossível que Hermione o amasse. Não fazia o tipo dela... Mas bem ou mal eles tinham uma relação sólida e era praticamente impossível que terminassem tudo naquela altura.

Tudo isso que ele concluíra depois de algumas horas pensando, estava relatando a Rony no Três Vassouras, local que eles ainda freqüentavam sempre que queriam conversar, afinal, agora que eles tinham permissão para aparatar a locomoção era muito mais simples.

“Talvez ela tenha mudado com o tempo, Harry. Seis anos são suficientes para isso” – disse Rony depois de ouvir tudo – “Veja bem, eu por exemplo, mudei pra caramba”.

“Rony, acredite em mim É impossível que ela ame esse cara” – disse Harry convicto.

“O que te faz ter tanta certeza hein?”.

“Nada em especial”.

“Harry, desembucha! Eu sou seu amigo, certo?”.

“Rony, eu e Hermione nos beijamos” – contou Harry, deixando o ruivo esperançoso.

“Então ela definitivamente ainda te ama, ou ela não trairia o noivo assim” – concluiu Rony – “Você conhece a Hermione, ela é toda certinha e tal”.

“Por isso mesmo que eu duvido que ela termine um noivado com o noivo viadinho dela pra ficar comigo nessa altura do campeonato”.

“Noivo viadinho?”.

“Ah, você vai conhecê-lo hoje certo? Depois me fala o que achou dele”.

“Ok” – disse Rony – “Mas eu estou quase certo de que é implicância sua”.

“Conheça o cara e depois me fala!”. – disse Harry antes de pedir outra cerveja amanteigada – “A propósito, eu volto pro trabalho quarta. Amanhã a noite pego o vôo, eu estive afastado por tempo demais”.

“Mas você não tinha um mês de férias?”.

“Tenho, mas não quero ficar esse tempo todo afastado, vou deixar pra tirar essas férias no fim do ano se a Minerva concordar”.

“Duvido que ela concorde, ela já ta preocupada com você e seu excesso de horas trabalhando!”.

“Ela vai concordar” – concluiu Harry.

“Bom, vocês que trabalham juntos, vocês que se entendam!”. – disse Rony finalizando a conversa.

Harry trabalhava como auror, mas não como um auror comum, mesmo porque isso seria muito óbvio, ele era um espião. Vivia entre os trouxas, isso porque perseguia os comensais foragidos, a maioria deles fora morar entre os trouxas depois que Voldemort foi vencido na esperança de que nunca fossem encontrados, afinal, ninguém sabia que os aurores também trabalhavam no mundo trouxa. Isso porque era um trabalho extremamente secreto, tanto que existia há trinta anos e ninguém (com algumas exceções, tipo Rony) sabia. A chefe do departamento, atualmente, era a professora Minerva, que justamente por causa desse cargo não pode assumir como diretora de Hogwarts, deixando a vaga para Snape.

O trabalho de Harry era bem cansativo, afinal, ele passava meses investigando para, na maioria das vezes, descobrir criminosos comuns (não-bruxos), então, ele os entregava para a policia e continuava as pesquisas, que eram realizadas por todo o mundo, por isso mesmo ele passava a maior parte de seu tempo fora da Inglaterra. A cada nova missão, um novo disfarce, e esse disfarce não era só na aparência, ele tinha que construir um novo personagem , o que incluía emprego, moradia, sotaque e tudo mais. Harry já tinha se fingido de jogador de futebol, de professor de Geografia e de cirurgião plástico. Agora, estava prestes a se tornar um traficante para investigar alguns criminosos mais perigosos.

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