Confissões
Mas uma vez Sirius estava andando perdido em pensamentos pelos corredores do castelo.
“_ Foi mais rápido do que imaginei!” – Pensou ele esboçando um sorriso. “_ Ah! Quem eu quero enganar? Foi horrível... Ela chorou!”
Ele, agora sim, estava chateado. Apesar de achar que, desta vez, ela não ficou com raiva dele, pois ele a abraçou e não recebeu nenhum gesto doloroso em resposta. Ele conversou com ela e disse um texto que ás vezes costumava usar, dependendo da garota. E, estudando Alicia, ele percebeu que com ela talvez este “roteiro” funcionasse.
“_ Droga! Aquele veado do Pontas, estava certo. Eu poderia mesmo escrever o tal do manual.” – Ele pensou e logo seus pensamentos foram invadidos por outra voz: “_ É CERVO!!!!” – ele pode escutar claramente Tiago gritar em sua cabeça e sorriu! Já havia escutado aquilo tantas vezes que gravara cada tom utilizado por ele nesta frase.
Logo, Sirius se viu descendo um lado da bifurcação que a escada, que saia do hall do castelo, fazia. Estava atravessando até o outro lado para poder subir novamente quando viu uma cabeleira loira familiar sentada ao pé da escada observando a ampulheta de contagem de pontos da Grifinória.
_ Sabe, não é bem assim que funciona. – Disse ele se sentando ao lado de Angelina. – Na verdade você precisa de outro aluno para que as bolinhas se movam.
_ Hã?! Do que você ta falando? – Falou como que despertando e sorrindo para ele.
_ A ampulheta, da contagem de pontos. – Disse ele e a apontou na parede defronte eles. – E, pelo que vejo, o aluno de que precisa é um grifinório.
_ Então me parece que eu não preciso mais... – Disse ela ainda sorrindo calmamente.
_ Ta bom! Vai... Pode me punir. – Ele disse abrindo os braços como que se entregando a ela.
_ E quem disse que eu pretendo te punir? Você sabe que as bolinhas se movem quando aderimos pontos a casa também.
_ Sei, mas na verdade eu preferia que você me gratificasse de outra maneira. – Disse ele sorrindo marotamente e se aproximando do rosto dela, o que o lhe permitiu sentir novamente aquele cheiro conhecido exalando dela. – Ou que me punisse...
_ É masoquista por acaso? – Disse ela se afastando e sorrindo encabulada, o que Sirius estranhou, normalmente ela o provocaria mais ainda, a ponto deles travarem uma “guerra” de quem provoca mais quem.
_ Não, é que normalmente o desconto de pontos vem anexo de uma detenção, o que eu adoraria cumprir com você.
_ Mas então a detenção perderia totalmente o significado.
_ Pois é... Seria um encontro! – Disse ele alargando o sorriso mais ainda.
_ Não confunda as coisas, nunca misturo profissional com pessoal! – Ela falou séria.
Depois ela soltou um sorriso e o segurou por um instante, olhando Sirius nos olhos. Depois se levantou bruscamente como quem tenta se salvar de se afogar naqueles olhos intensamente azuis.
_ Ah, vê se me erra, Black! – Disse ela dando as costas a ele e terminando de descer as escadas. – Me mira, mas me erra! – Disse ela lhe lançando um olhar por cima dos ombros, e piscando, o que fez ele tremer.
Ele correu até ela.
_ Por que você não admite logo? – Disse seguindo ela.
_ Admito o quê?
_ Que estava pensando em mim ali agora a pouco, e que, aliás, você não para de pensar em mim o dia intero.
_ Ah Sirius, vê se se toca. Não é só porque eu estava meio perdida em devaneios, que estes incluem você... – Ele fez um bico – Sempre! – Ela completou sorrindo e ele sorriu de volta.
_ E para onde estamos indo honrada donzela?! – Disse ele já prevendo a resposta.
_ Nós não estamos indo a lugar algum! – Disse ela parando e ficando de frente para ele. - Eu estou indo de volta para a minha casa e você deveria ir para a sua. Já que a minha ronda atrás de alunos até o quarto ano que deveriam estar em suas respectivas casas acabou e que a próxima ronda, que é para verificar jovens ilícitos, como você, está para começar. E como esta ronda será executada pelo seu amiguinho e sua “cunhada” eu acho melhor você facilitar a vida dos dois.
Ele ficou a analisando por um instante, ela tinha ficado séria, o que o assustou um pouco. Percebendo isso ela sorriu gentilmente e voltou a caminhar. Ele a seguiu novamente.
_ Bom, quanto ao Reminho eu não tenho preocupações, mas a Evans... – Ele contorceu a cara. – Bom, se cunhada fosse algo bom não começava com CÚ.
_ Black! Olha os modos...
_ Me desculpe... É que só de imaginar uma detenção com a Evans, já me dá um embrulho no estômago, ela não é nada fácil.
_ Bom... E se fosse comigo a detenção?! Posso te afirmar que também não pego leve. – Disse ela sorrindo.
_ Primeiro que você jamais me livraria de uma detenção com a Lílian e segundo... Que seria um encontro! – Disse ele sorrindo marotamente.
_ Você está certo... - Ela disse e Sirius abriu um “sorrisão”... – Não te livraria de uma detenção com a Lílian por nada! – Completou, o que fez ele fechar a cara. - E viu?! Você não vai voltar pra sua casa mesmo?!
_ Não, prefiro te acompanhar. E não! – Disse ele respondendo ao ver a expressão que ela tinha no rosto. – Não tenho medo que os monitores me peguem, mesmo porque, eles não conseguiriam o fazer! – Ele sorriu marotamente.
_ Você esquece que eu sou monitora também?
_ É, mas já passa das 9 horas. – Ele disse observando o relógio. – Sua ronda acabou!
_ Mas isso não me impede de exercer a minha função.
_ Eu sei, mas você não mistura o pessoal com o profissional, esqueceu-se?! – Afirmou ele sorrindo.
_ E o que te faz pensar que meu pessoal quer que você me acompanhe? – Disse ela sorrindo marotamente por sua vez.
_ Então... – Ele a parou e a virou, segurando-a pelos ombros. – Me diga agora que não quer! Olhando pra mim... Diga que quer que eu vá para a minha casa. – Ele fez cara de cachorro que caiu da mudança, deixando seus olhos azuis extremamente expressivos.
Ela o olhou com firmeza por um instante e quando percebeu que ele ficou preocupado com sua atitude sorriu e voltou a andar com ele ao seu lado.
_ Ta vendo... Por que não pode ser assim com todas as garotas? – Perguntou ele que agora estava um pouco sério.
_ Assim como? – Ela indagou preocupada com o tom da pergunta dele.
_ A gente... Você nunca percebeu? Nós temos um roteiro a seguir. Eu chego, sussurro algo muito provocante em seus ouvidos te segurando pela cintura... – e ao falar isso ele viu que ela transparecia um pouco a preocupação que estava pelos olhos – você se vira, me olha toda derretida e me beija. - Ele sorriu.
_ Não, você ta me confundindo com outra, Sirius. Eu viro falo algo que te faz tremer e lanço um olhar altamente sedutor... – Ela sorriu também.
_ E daí... Eu te beijo fervorosamente! E a gente fica se amassando na frente da escola inteira.
_ Nos seus sonhos, né, Black?! Porque na verdade a gente fica simplesmente se “cutucando”... E não fuja do assunto. O que está te incomodando? – Disse ela que voltou a jogar o olhar preocupado.
Ele resistiu, mas continuou.
_ Nada de demais. É que... Bem, antes de encontrar você eu estava pensando nisso. – Ele disse e completou ao ver a expressão de “Não entendi!” que ela exibiu. - Eu queria que pudesse ser assim com outras garotas também... Fácil e natural desse jeito que é entre a gente.
_ Hum... Mas daí você não teria a fama toda que tem.
_ Como assim? – Ele perguntou.
_ Porque daí você não beijaria nenhuma delas! – Ela disse rindo dele e ele a acompanhou.
_ É, mas o igual que eu disse não foi com relação a elas serem tão difíceis.
_ Espera aí: deixa-me ver se entendi... Você quer se todos sejam fáceis como eu e não difíceis como eu?!
_ Ai, Merlim! – Ele riu dela. – Queria que as coisas fossem fáceis, como conversar e etc como é com você, mas que continuassem a não resistir ao meu charme! – Disse ele se gabando passando a mão pelos cabelos negros.
_ Hããã... Entendi! – Ela riu dele. – Mas por quê tudo isso?
Ele a analisou por um tempo e o mesmo fez com a situação, não sabia se devia contar o que tinha acontecido. Contar o que o fez pensar tudo aquilo...
_ É que hoje eu... Bem... Eu tive de terminar com uma menina! – Ele corou e fitou o chão.
_ E o que aconteceu? Ela te espancou? – Disse ela totalmente displicente, o que o surpreendeu. Ela percebendo isso, continuou: - Ah qual é Sirius, como se eu não soubesse que você faz isso todas as semanas! Terminar com uma garota... Esses dias eu até peguei três garotas na sala comunal da minha casa chorando! Uma delas havia acabado de ter essa “conversinha” com você e as outras duas foram tentar consolar e acabaram lembrando de quando você fez o mesmo com elas! – Disse ela calmamente.
Ele ficou um tempo sério e bravo na realidade, mais uma achando que ele não se importava com isso, com o fato de fazer outras pessoas chorarem.
_ Não, ela não me espancou, ela... Bom, chorou. – Ele disse. – Preferia que elas fossem como nós dois...
_ Eu não sou igual à você Sirius, Sr. “Eu Tenho a Sensibilidade de uma Tampa de Caldeirão” Black. – Ela disse.
_ Nem eu! – Ele afirmou e olhou para ela censurando-a, apesar de tudo não conseguia sentir raiva dela. – O que eu quis dizer – continuou ele calmamente - é que nós dois somos normais, e não extremamente sensíveis. Não é como se a gente chorasse toda vez que quebrasse a ponta de uma pena com a qual escrevíamos... Não é como se você, quando eu te encontrei hoje, por exemplo, estivesse perdida em pensamentos sórdidos com o Grant...
Angelina corou e abaixou a cabeça. Sirius percebeu. Ela estava pensando nele e ele, Sirius, a cutucou num “sem querer” meio proposital. Ele ia dizer alguma coisa quando ela se tocou do clima que tinha se instalado e disse primeiro.
_ Primeiro: Sirius, por favor, não compare um coração partido com uma ponta de pena quebrada! Segundo: DEVANEIOS, Black! E não pensamentos sórdidos, minha mente não é suja como a sua! – Ela disse sorrindo tentando disfarçar o incomodo do momento. – E terceiro: não é que todos sejam anormais e nós os únicos sensivelmente normais. Ou você não acha que eu também não chorei quando eu e o Colin resolvemos terminar? – Ele percebeu que ela queria fugir do assunto, mas não conseguia. – É só que... Para uma garota se forma um laço muito importante com um beijo, algo que aparentemente passa despercebido por seus olhos! Não são todas as garotas assim, é claro. Mas você já pensou na possibilidade de você ter tamanha influência nelas a ponto de deixá-las todas assim?
_ Charme, você quer dizer. – Disse ele sorrindo
_ Han?!
_ De eu ter tamanho charme a ponto de deixá-las todas assim. – Disse ele sorrindo provocante.
_ Você não tem jeito mesmo, não é?! Bom, chegamos. Espero que... bem...
_ Sim, foi agradável a sua companhia e com certeza irei sonhar com você! – Disse ele cortando ela com um tom falsamente entediado.
_ ... Eu tenha ajudado. – Ela continuou sorrindo ignorando o que ele disse. - Boa noite!
_ Boa noite, Angelina! E... Ah... Ajudou-me sim. – Disse ele se virando para ela novamente antes de tomar rumo para seu dormitório.
Na verdade, tudo aquilo que ela tinha dito fazia realmente muito sentido e de certa forma ajudou-lhe e muito. Mas quando ele recostou a cabeça no travesseiro não foi nisso que ele pensou, porque afinal de contas, não tinha jeito mesmo. Porque não importava o que ele fizesse, elas sempre iam chorar por ele. Não que isso o fazia feliz, mas ele simplesmente achou que não tinha porque esquentar a cabeça com algo que não tinha solução. Talvez se ele demonstrasse desde o início que o relacionamento é superficial, quem sabe. Ele poderia tentar, mas...
“Ele a fez chorar!” E essa frase o invadia o pensamento o tempo todo. “Mas isso é problema dela, dos dois, eu não tenho nada a ver com isso.” Ele respondia a si mesmo. Pensava como seria se eles realmente voltassem a namorar e se lembrou do desejo por ela que ele reprimia na época do namoro dos dois. Não sabia se ia se comportar da mesma forma. Mas ele não podia continuar a dar em cima de uma garota com namorado.
“Tudo bem eu ser o “Sirius que Rouba o Corações Mais Sensíveis de Hogwarts Black”, mas estes eram sempre solteiros! E outra, ela não ia mais dar “bola” para mim, e não teria mais graça. Mas... Será que ela me dá bola mesmo?” ele pensou. “Ela estava pensando no Grant hoje, não estava?! Talvez eu seja só uma distração? Na verdade, desde quando eu me importo?! Ela também é uma distração para mim...”
“_ Ele a fez chorar...” e pensando nisso Sirius adormeceu.
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