Um Encontro (?)



A porta da quinta sala da ala esquerda do quarto andar se abre e os monitores a atravessam, animados conversando sobre as pautas da reunião. Tiago teve se conter para não correr para dar um susto em Lílian. Tudo bem... Eles estavam namorando.... Mas ainda não tinha se cansado de ver a cara de irritada que ela faz quando ele a provocava. Era quando, segundo ele não se cansava de declarar após pentelhá-la, ela ficava mais linda! Mas não, ele tinha de se conter... Era para um bem maior! Deu um sorriso abafado a este último pensamento e logo localizou Remo, o cutucou e puxou a sua camisa até um canto.

Remo entrou embaixo da capa e voltaram ao lado da porta esperando Angelina sair.

De repente ela passa pelos dois e vai atravessando o corredor conversando feliz com Thomas McLean, o garoto com quem dividia a monitoria da casa Corvinal.

Tiago e Remo ficaram ao seu encalço durante o percurso, cuidadosos para não tropeçarem na capa ou em si mesmos.

_ Será que ela vai se lembrar, Pontas? – Perguntou Remo. – Afinal de contas ela estava tão entusiasmada na reunião que eu não sei não se essa excitação não vai cegá-la por alguns instantes.

_ Acho que vai sim, aliás, tomara que sim! Almofadinhas estava animado quando veio para cá!

_ É, pensando bem... Pode até dar dó do que pode acontecer! Ele gosta dela... – Disse Remo agora apresentando um leve tom de preocupação na voz.

_ Embora ele não admita, acredito que sim também. – Reflete Tiago. – E... Eu juro que eu ia estranhar muito você e Angelina se não namorasse Lílian, porque, afinal de contas... Que tipos de pessoas podem achar tão interessante em uma reunião de monitores, francamente. – Ri-se Tiago, mudando seu tom para zombador.

_ Xiu, já estamos chegando à porta do armário! – Diz Remo, repreendendo Tiago!

De repente, num movimento quase que brusco, Thomas para, para amarrar os sapatos. Ele se abaixa e desprende a atenção de Angelina da conversa. Ela sorri nostalgicamente olhando ao seu redor, como se tivesse acabado de se lembrar de um acontecimento ocorrido no corredor. E ao olhar para esquerda vê a porta do armário!

_ Terra para Houston?! – Zomba Thomas. – Angelina, você não vem? – Diz ele já alguns passos á sua frente.

_ Não... Quer dizer... Haaann... – Faz ela como se analisando a situação.

_ É agora! – Disse Remo debaixo da capa.

_ Vai você na frente. Eu... Esqueci algo na sala. – Diz ela com firmeza!

_ Tudo bem! Te vejo lá na sala comunal! – diz Thomas se retirando logo depois.

Ela ficou o observando até sumir na escuridão do corredor. Estava imóvel. Depois se dirigiu à porta, colocou a mão sobre na maçaneta e tirou em seguida. Olhou a sua volta. Parou mais um instante, parecia confusa. Não tensa, nem nervosa, apenas parecia estar sondando algo dentro de sua mente. De repente, abriu a porta e se deparou com um Sirius muito sorridente, apoiado com elegância na parede e com um olhar intenso para ela.

_ O que você está fazendo aqui? – Perguntou ela sorrindo.

_ Ué, achei que fosse óbvio! Esperando você. – Diz ele.

_ Saia daí, Sirius... – Diz ela fazendo um gesto como que a puxar ele para fora.

_ Aaaahhh!! Agora estamos nos tratando pelo primeiro nome, Angelina? Isso já é uma grande conquista. Falta quanto ainda para eu poder te chamar de Angel?

_ Talvez mais 4 anos, quem sabe. – Diz ela sem perder o sorriso.

_ Pois é, para você ver! Foi um longo caminho até aqui... Desde que eu descobri seus olhos no terceiro ano!

_ Nem me fale. Não sei como você não se cansa.

_ Porque me cansaria, você nunca me disse não! – Diz ele alargando mais ainda o sorriso.

_ Isso porque nunca te levei a sério, né?!

_ Pois deveria...

_ Ah, é claro! Assim como todas aquelas menininhas com quem você sai.

_ Então é isso... Você tem ciúmes?

_ Que ciúmes Sirius, se liga! Eu não acredito que você me leve a sério, por que deveria então eu te levar? – Pergunta ela, e logo remenda ao perceber a cara de falsa indignação que ele fez ao escutar isso. – Se você o fizesse, talvez percebesse o enorme paradoxo que é essa nossa relação, e mudaria.

_ Paradoxo? – Questiona ele com cara de quem está muito intrigado.

_ É... Você tem tantas garotas aos seus pés... – Começa ela.

_ E a única que realmente quero não posso ter. – Emenda ele.

Os dois se encaram...

_ Agora vamos, saia daí! – Faz ela repetindo o gesto de antes. – Logo passará o zelador e já passam das 9, você não pode mais estar aqui.

_ Então você, como uma boa monitora em sua ronda, vai me escoltar até a minha casa? – Pergunta ele se pondo ao lado dela.

_ Sim, Black! Sim!

_ Aaaahhh! Regredimos por quê?

_ Desculpe, Sirius! – Ela diz, sorrindo.

Ele sorri.

_ Então... Relação, han?! – Ri ele!

_ Ah, cala a boca! – Ela diz fingindo um soquinho nele.


Conversaram durante todo o caminho e não encontraram o zelador. Tiago e Remo já estavam meio cansados da conversinha “chove mais não molha” dos dois quando eles avistaram o retrato da Mulher Gorda.

_ Estou me sentindo uma honrada dama. – Zomba Sirius.

_ Honrada não sei onde, mas dama... Só você pode me dizer.

_ Talvez eu possa te provar o contrário.

_ Para! Vai, vamos terminar logo com isso...

_ Um beijo de boa noite a seguir?

_ Não... A senha talvez! – Diz ela apontando para o retrato.

Neste momento a Mulher Gorda desperta de seu sono resmungando algo sobre o quão tarde já era.

_ Senha, por favor! – Diz ela.

_ Vamos, Sirius! – Diz Angelina.

_ Por que não diz você? Afinal de contas você sabe!

_ Han? Por que isso?

_ Porque eu gostaria de ouvi-la dizer. – Sorri ele.

Ela sorri e cora levemente, mas atende ao pedido.

_ Purrico-lico. – Diz ela meio encabulada.

O retrato gira para o lado. Tiago e Remo, exaustos passam por ele deixando os dois para trás e se dirigem par o quarto o mais depressa possível para fingir que não saíram de lá esperando a volta de Sirius.

_ Viu só! Doeu? Agora poderei dormir feliz! – Diz ele.

Ela sorri encabulada.

_ Que tipo de senha também é essa? – Pergunta ela.

_ Nome do meu primeiro cachorrinho! E agora entrem logo e me deixem dormir. – Diz a Mulher Gorda.

Os dois se olham espantados!

_ Então... Vai fazê-lo? - Pergunta ele sério.

_ O quê?

_ Aceitar o convite da mulher... Entrar comigo!

_ Boa noite, Sirius! – Sorri ela!

_ Boa noite, meu anjo!

E ao dizer esta última palavra ele pula para dentro da passagem e some antes de qualquer reação de Angelina. Esta sorri novamente e fica parada, apenas observando o nada. Pouco depois se encaminha para sua casa.


_ E então? Como foi? – Pergunta Tiago assim que a porta se abre.

_ Podemos pegar o caderninho e assinalar mais um nome na sua lista. – Diz Remo, sorrindo marotamente.

_ É porque afinal de contas, a reunião terminou há séculos.

Sirius que não havia falado nada, se dirige a sua cama e só agora repara que já eram 10 horas e que ele e Angelina levaram todo este tempo para percorrer um caminho de 10 minutos no máximo. Alguns instantes depois ele responde:

_ Vocês que o digam... – Responde às provocações sem emoção.

Tiago e Remo se entreolham preocupados.

_ Como assim? – Por fim indaga Remo.

_ Meu lobinho querido, eu me enfio debaixo desta capa já há 6 anos aproximadamente. Vocês realmente acham que iam passar por despercebidos por mim?

Os dois se olham novamente e riem, Sirius retribui o sorriso.

_ Mas tudo bem, porque hoje é um dia ocasional não me ofenderei com vocês. Mas não entendo por quê o fizeram?

_ Para que você não nos omitisse a verdade. – Ri Tiago.

_ Pois é, agora sabemos que nada aconteceu e você não pode negar.

Sirius analisa um pouco os dois e depois concluí:

_ Primeiro: Remo você realmente está precisando de uma garota para poder ter uma vida própria; Segundo: Tiago eu acho que deixar a vida de galinhagem não fez bem para você. Que é? Está querendo reviver os bons tempos através de mim é? Terceiro: desde quando eu precisei mentir sobre minha vida amorosa pra vocês? E por último, porém não menos importante: muita coisa aconteceu hoje! Boa noite!

E dizendo isso ele subiu em sua cama, fechou o cortinado e se deitou. Tiago e Remo se olharam como que confirmando algo e fizeram o mesmo.

Quando Sirius escutou os cortinados dos dois se fechando pode finalmente quietar seus pensamentos... Ou aninhá-los ainda mais talvez... Quem sabe descobrir... A verdade é que não tinha qualquer sentido, mas sempre que ele se encontrava com Angelina sentia-se diferente, nem melhor, nem pior do que era com qualquer outra garota. Apenas... Diferente! Mas jamais daria o braço a torcer por Tiago e Remo.

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