Sirius Black (?)
De manhã ele se sentia estranho. Não se sentia mais tão feliz quanto estava na noite passada. Era como se todo aquele êxtase tivesse passado e deixado somente um vazio dentro de si. E uma sensação de perda.
Todos conversavam animados enquanto se trocavam para ir ao Salão Principal, ele, no entanto, estava imergido em pensamentos não tão doces quanto os da noite passada.
O que ele sentia que havia perdido era si mesmo. “Como posso estar desse jeito? O que aconteceu com o bom e velho Sirius?”, pensava. Ele concluiu que tinha simplesmente se esquecido de ser quem ele era ontem à noite. Frio e indiferente a essas futilidades do coração adolescente, como paixãozinhas. Estava acostumado e feliz em ser o cara descolado, desencanado de tudo e de repente, perdera tudo aquilo. Como num passe de mágica. Este vindo de uma certa bruxinha que acabara de adentrar o salão principal onde todos estavam tomando café.
Como que instintivamente ele evitou o seu olhar. Não sabia se era o certo a fazer, mas algo latejava em sua mente: “Muita coisa aconteceu hoje à noite! Que tipo de afirmação era aquela?”, pensava ele. Nada tinha acontecido e para o velho Sirius aquilo era demasiadamente ruim, pois ele perdeu sérios momentos de azaração que não lhe resultaram em nada.
Mas ele resolveu parar de pensar e relaxar, pois acreditou que estava ficando doido.
_ Sirius?
_ Sim, Lílian!
_ Você está bem?
_ Estou. Por quê?
_ Parece meio... Perdido hoje!
_ Han? Não, não. De forma alguma.
_ Olha, sei que não deveria falar nada provavelmente, mas Tiago me contou sobre ontem à noite.
_ Quê?
_ Ele não queria falar nada, mas todos percebemos que você estava estranho no café e daí eu o fiz falar, sabe?!
_ Ah! Sei... Quero dizer... Imagino. Mas falar o quê?
_ Da Angelina.
Aquilo caiu como uma faca em seu ego, cortando-o exatamente no meio. Sentiu-se ofendido e ridículo.
_ Olha... Eu só vim falar com você porque eu entendo que os meninos não entendem muito dessa coisa de coração... Porque... Bom... O Remo está sempre sozinho, o Tiago levou anos para conseguir fazer uma relação séria e o Pedro... Sei lá... Este só pensa em comida!
Não entendia o que ela estava dizendo, nem o porquê daquilo e pelo jeito transmitia isso pelo olhar, pois ela falava cada vez mais pausadamente com ele, como se falasse com uma pessoa que não entendesse a sua língua.
“Relação séria?? Coisa de coração?? O que aconteceu?? Tiago!!!!”, ele pensava. Sentia raiva dele. “Por que contar tudo desse jeito á ela?”
_ Se você quiser, talvez eu possa te ajudar, sei lá. De repente, esclarecer algumas coisas... Coisas que só as garotas sabem, coisas que nós pensamos. Só para ajudar...
Ele já não escutava nada do que ela dizia mais, estava tudo uma grande confusão. Ele simplesmente agradeceu muito por terem chegado à sala de aula e por ela ter de se separar dele e parar de falar.
_Han... Brigado, Lílian. Eu... Vou pensar!
_Você está maluco? – Perguntou Sirius irado puxando Tiago de canto. – Como você pôde fazer isso?
_ Olha, se você está falando da Lílian, tudo bem... Já briguei com ela também. Falei para ela que eu não queria que ela se metesse, mas você sabe como ela é.
_ Você não queria é que ela comentasse nada para que eu não soubesse que você saiu abrindo a boca por aí!
_ Não fala assim, Sirius. Nós sabemos o que está acontecendo com você... – Disse Remo que logo se aproximou dos dois ao perceber a situação.
_ Vocês dois não sabem de nada... E ainda ficam me difamando por aí! O máximo que vocês fizeram foi levantar a pauta para todos na Sala Comunal e discutir a minha vida tirando conclusões precipitadas e com certeza erradas.
_ Como você sabe que são erradas? – Pergunta Tiago saindo da defensiva. Tanto ele quanto Sirius não sabiam nunca manter a calma e partiam logo para a ignorância. E é aí que sempre entrava o Remo, calmo e sensato.
_ Sua namoradinha veio já me falando de coisas do coração, vejam só! – Disse ele rindo falsamente.
Remo segurou Tiago que tentava agora avançar em Sirius.
_ Não fale assim de Lílian! Ela só estava tentando ajudar. – Disse Remo serenamente.
_ Ajudar? E desde quanto eu preciso de ajuda para pegar uma mina? Não sou como você, caro Aluado.
_ Olha você definitivamente não precisa começar a ofender e nem gritar! – Disse Remo começando a “estourar”.
_ Então, tá! Como quiserem queridos... – Iniciou Sirius com falsa (e gritante) polidez. – E desde quando, meus estimados amigos, eu preciso de ajuda para pegar uma menina?
_ Desde quando você não quer pegar a menina em questão! – Responde Tiago.
_ Quê? – Pergunta Sirius indignado e confuso ao mesmo tempo.
_ Isso mesmo que você ouviu, Almofadinhas. Esta é a nossa conclusão equivocada segundo o que você diz. Achamos que você tem muito mais interesse na Angelina do que já teve em qualquer garota. Isso desde muito tempo e achamos que já está mais do que na hora de você encarar isso de frente logo de uma vez! E aí? Nos precipitamos erroneamente mesmo? – Tiago finalizou.
_ Tiago... – Disse Remo lançando um olhar repreensivo ao amigo como quem achou que ele tivesse falado demais! O que não passou despercebido por Sirius.
_ Eu... Não acredito nisso. – Disse Sirius sem emoção.
Ele, nesse instante se retirou para o dormitório, se sentindo estranhamente estranho, por mais redundante que fosse isso. Pensar tudo isso, ou até mesmo fazer como ele fazia antes, não pensando somente sentindo era uma coisa, agora escutar da boca de seus melhores amigos era outra completamente diferente.
Logo a noite chegou, e embora Pedro tivesse insistido tanto (com certeza a pedido de Remo e Tiago) para que Sirius se levantasse da cama, ele não desceu para o jantar. Não sentia fome e tinha vergonha demais de encarar qualquer um que soubesse ou não o drama que ele estava passando.
Pouco depois todos voltaram ao dormitório, mas não investiram em nenhuma tentativa de comunicação. Nem com Sirius, nem entre eles mesmos. Foram todos dormir silenciosos.
De repente Sirius teve um epifania. Na noite passada ele foi dormir pensando em algo, esse algo o fez acordar daquele jeito. Mas hoje à noite, pensando nesta mesma coisa ele achou uma solução alternativa para o péssimo dia que acabara de ter.
“O paradoxo!” Na primeira noite seu arremate foi: “Ela quer que eu mude!” Nesta segunda já outra coisa lhe veio à mente. “Com tantas garotas aos seus pés...” Era isso! Era assim que ele ia restaurar a antiga imagem que tinha perante os amigos, era só ele voltar a exercitar o que melhor sabia fazer!
“Por que se preocupar tanto assim, do nada? Isso não é nada. Tempestade em copo de água.”, ele pensou. E como se a lucidez tivesse voltado aos seus pensamentos ele dormiu tranqüilo.
No dia seguinte voltou a ser o Sirius de antes. Não de muito antes, mas de um dia atrás. Um dia que lhe pareceram anos, uma vida inteira talvez. E o que ele sabia é que não queria viver daquele jeito. Voltou a ser animado, brincalhão, desencanado e parou de se preocupar.
Claro que ele sabia que precisava “dar um tempo” com relação à Angelina. Tudo estava meio confuso, ainda bagunçado. Mas ele sabia que, se ele se segurasse por uns dias voltaria a ter aquele antigo “clima” com ela. Despreocupado e provocante, como ele sempre gostou, no entanto nunca gastou noites pensando nisso até que seus amigos resolveram despejar toda aquela história de sentimentos em cima dele!
E a segunda parte da receita era se soltar e começar a procurar novas conquistas, e como diriam os seus amigos: novos nomes para seu caderninho. Claro que tinham que ser novos, pois sua política de vida era que: figurinha repetida não completava álbum! E também traz problemas, vai que a menina “encanava” que ele estava apaixonado. “Imaginem só! Sirius Black apaixonado!”, e ele riu d si mesmo à este último pensamento.
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