O Tribunal



O dia já estava a raiar outra vez, na região da casa dos Weasleys e em toda Londres. Raios de luminosidades, cedidos pelo astro sol chegavam intrusos pelas janelas da Toca, anunciando o começo de mais um dia de desilusões. Não eram fortes, apenas claros e suaves. Sua capacidade de alegria não estava grande, não conseguiria alegrar um palhaço, quanto mais a casa de uma família, até um dia, normal, mas que nos próximos tempos se mostraria azarada pela vida.



Os quatro filhos Weasley ainda descansavam calmos em seus leitos, sem saber o destino que os esperava. Nem mesmo o sol sabia. O destino, este bondoso diabo, ou, anjo mau, teria toda a sorte de uma família em suas mãos, e como sempre faz, quando é cabível, brincaria e amaldiçoaria vidas inocentes para no final, algum objetivo tornar de uma vida abençoada.



O anúncio de seu plano chegava voando, transportado por uma coruja malhada, que na janela da cozinha deixava um exemplar do recém assinado Profeta Diário. Sem piedade nenhuma, deu-lhe nas mãos de Molly Weasley.



Esta amaldiçoada senhora desamarrou o folheto matinal e o abriu para ler as notícias diárias, mas logo na manchete teve um colapse nervoso. Estava lá toda a sua desgraça:





30 de novembro de 2007



Acusado no dia 29 de novembro de 2007 por fraudes causadas ao Ministério da Magia, Arthur Weasley responde agora por um processo e será julgado no tribunal do Ministério no dia 2 de dezembro do mesmo ano, sob ameaça de pena de 1 á 8 anos de cadeia na prisão de Azkaban, setor 4: causas de importância média.



Descoberto nesta sexta, um desvio de dinheiro em uma quantia razoável para conta do Sr. Weasley, ele ainda responde por ocultação de papéis de grande importância quanto a uso impróprio de artefatos dos trouxas. O caso foi investigado, e somente ontem, foi informado ao Sr. Weasley o acusamento e sua dispensa de seus serviços, pelo seu Chefe, o senhor Camillo Radfali.



Como em todo julgamento da sociedade bruxa, o Sr. Weasley terá direito a um advogado á sua escolha.



Lílian Rodfailoly - colunista de crimes do Profeta Diário.



Terminada a leitura, ouve-se pela casa, um grito agudo e demorado. Pareceu ter espantado os pássaros de seus ninhos nas árvores e os animais em suas tocas. No mesmo instante, descem correndo as escadas Gina, Fred, Jorge e Rony, encontrando no chão da cozinha, estirada, uma Molly Weasley desmaiada, com um exemplar do Profeta Diário nas mãos.



Imediatamente, Gina apóia a cabeça da mãe no colo e Rony e Jorge a abana, para ver se ela acordava. Ao não haver resultado nenhum, Fred tem uma idéia genial. Enche um balde de água e o atira na cara da mãe, que acorda de um salto.

-O que houve com você, mãe? - pergunta Gina – Nós ouvimos um grito, e em seguida você estava desmaiada.



-Ahm?O que houve - perguntou ainda acordando.



-E o que é isso que está em sua mão? - disse Gina tomando o jornal da mão da mãe.



Começou a ler e foi ficando cada vez mais horrorizada, e os irmãos ficavam cada vez mais curiosos.



-E aí, Gina?O que está escrito aí? - perguntavam desesperados.



-Meu deus!



-Fala Gina. O que houve?



-Aqui diz... - não conseguia falar.



-Diz o que?



-Que o... Diz que o papai foi despedido - todos faziam caras de espanto enquanto ela falava – E não é tudo. Ele também vai responder por um processo de fraude e desvio de dinheiro do Ministério da Magia.



-Você não pode estar falando sério - disse Rony.



-Olhe você mesmo - disse Gina entregando o jornal.



-É verdade - disse com cara de espanto.



-Então foi por isso que ele estava numa cadeia trouxa e com cheiro de álcool ontem - disse Jorge.



-Deve ter bebido.



Passado o transe da notícia, eles caíram na realidade e puseram Molly sentada numa cadeira da cozinha. Arthur descia as escadas neste momento, ainda de pijamas. Sua cara era a mais normal possível. Talvez estivesse querendo disfarçar o acontecimento.



-Bom dia, Weasl... - viu a cara dos familiares – O que houve para vocês estarem com essas caras?



-Já soubemos - disse Gina, abrindo o jornal para que ele pudesse ver.



Ele fez uma cara de decepção e terminou a descer as escadas, em direção de onde eles estavam.



-Então já sabem?



-Já - disse Rony.



-E para quando marcaram o julgamento?



-Depois de amanhã - disse Fred.



Arthur suspirou, sentando numa cadeira. Estava se sentindo um completo fracassado.



-Você ainda tem chance, pai - falou Jorge, tentando encoraja-lo – Você tem direito a um advogado.



-E onde vou arranjar dinheiro para um advogado? São todos muito caros, nunca conseguirei um a tempo do julgamento.



-Podemos falar com o Percy - disse a senhora Weasley – Agora que ele faz parte da alta sociedade deve conhecer algum que faça um preço cabível á nós.



-O Percy? Humpf - ele deu uma risadinha sem graça – Depois que ele conseguiu aquele cargo no ministério ficou com o rei na barriga. Mais posudo que a Lessie. Nunca se submeteria a ajudar uns pobretões, que se esquece ele, um dia chamou de família.



-Não acha que está sendo duro demais com ele, Arthur? Afinal, não se esqueça, ele é seu filho.



-Meu filho? Aquele descarado? Ele é a minha vergonha, isso que ele é. Não moveu uma palha para nos ajudar, quando mais precisávamos.



-Como pode falar assim do seu filho?



-Ele não é mais meu filho, ou pensa que eu esqueci aquele dia que disse que eu não era ninguém?



-Aprenda a perdoar.



-Eu já perdoei muitas vezes na minha vida, mas ele não tem perdão. Ele morreu para mim. Morreu.



-Então, tem alguma idéia melhor?- perguntou Gina.



-Não sei. Mas eu conseguirei achar alguém.



-Tenho certeza que vai, pai - disse Gina abraçando-o.



-Obrigado filha.



No meio dessa conversa, a campainha da Toca tocou, fazendo Molly, depois de recomposta, se levantar da cadeira onde estava sentada, e atender a pessoa que estava a fora.



-Eu vou quer quem é - falou ela.



Molly foi à sala e abriu a porta onde a campainha tocava. Revelou-se então, um homem moreno, com cabelo de gel penteado para trás. Tinha belo porte, de alta estatura. Trajava vestes de gala, pretas, e uma gravata listrada de azul e vermelho. Usava óculos sobre os olhos castanhos. Através do sorriso, podiam-se perceber os dentes perfeitamente alinhados e extremamente brancos. Carregava uma maleta preta e no dedo indicador da mão direita usava um azul com uma balança no centro. Os sapatos estavam impecavelmente polidos. A camisa por dentro das vestes pretas era branca. Seu nariz era pontudo.



-Bom dia senhora.



-Bom dia - disse a Molly acanhada, diante da tamanha elegância do moço – O que deseja, o senhor?



-Meu nome é Marcos DiGregio. Sou advogado e gostaria de falar com o Senhor Arthur Weasley. Seria possível?



-Claro - disse ela, indicando o interior da casa – Pode entrar.



-Obrigado - disse entrando e depositando a maleta no chão, perto da porta.



-Sente-se, por favor. Meu marido virá em seguida.



-Certo.



Ele se sentou numa poltrona, um pouco desconfortável na sala, cruzando as pernas, esperando o Sr. Weasley chegar. Ficou reparando no lugar a sua volta. Com certeza não devia ser o tipo de lugar que costumava freqüentar. Era um homem de porte, bonito. Devia ser rico, por suas vestes de primeiríssima linha e seus sapatos alinhados.



Chega Arthur á sala.



-Bom dia - disse depois de um tempo, já de roupa trocada.



-Bom dia - disse apertando sua mão – Me chamo Marcos DiGregio e sou advogado.



-Muito prazer - disse depois se sentando também – Em que posso ajudá-lo?



-Eu é que pergunto, senhor.



-Explique-se.



-Como já disse, sou advogado, e hoje de manhã abri meu jornal e vi sua história. Não sei o porque, mas ela me intrigou. Confesso que vim aqui porque soube que precisam de um advogado, e estou disposto a oferecer os meus serviços ao senhor, se for de seu gosto ou se já não tiver arranjado outro.



-Não. Mas serei sincero; não posso pagar os serviços do senhor.



-Sabe - disse em rodeios – Se fosse em outra ocasião, eu cobraria, mas eu, sinceramente, gostei do senhor, e tenho certeza de que é inocente, então estou disposto a defender-lhe no tribunal sem fins lucrativos.



-Muito obrigado, mas eu não posso aceitar isso sem lhe dar algo em troca.



-Não se preocupe. Se algum dia eu precisar do senhor, terei certeza de que poderá me ajudar.



-Bem, se é assim, então eu aceito.



-Ótimo negócio. Então, podemos fechar acordo?



-Podemos.



-Certo - disse tirando uma caneta e um documento do boldo interno da veste -Assine aqui, por favor.



-Claro - disse ele pegando a caneta e assinando o documento – Aqui está.



-Obrigado - disse guardando as coisas.



Se levantou, apertou a mão de Arthur mais uma vez e fez menção de se retirar.



-Não que ficar mais um pouco com agente? - disse Molly com um sorriso de orelha á orelha.



-Não, obrigado. Tenho muito que fazer.



Ele ajeitou sua vestimenta e abriu a porta pegando sua maleta no chão.



-Até Logo.



-Até.



Ele se retirou da casa, fechando a porta levemente e da janela, acenou para Molly e Arthur. Estes retribuíram o comprimento, e voltaram á cozinha para contar a novidade aos filhos.



-Weasleys, consegui um advogado - disse num ar vitorioso que de descontraiu a casa novamente.



A alegria voltava á Toca, porém, por um motivo estranho, o sol não parecia ficar mais forte. Na verdade, as nuvens o interromperam. Não é sabível o motivo, mas logo em seguida, uma chuva banhou as proximidades. Seria chuva de vida ou chuva ácida?





§*§





Aquele dia de novembro havia sido estranhamente curto. Mal saiam as cotovias e já entravam os rouxinóis. A tarde já não reinava mais sobre o céu, dando lugar á solidão noturna que pairava agora sobre a mansão dos Malfoy. A tranqüilidade parecia se alojar nos jardins, na sala, e nos quartos, mas em especial em um quarto.



As janelas fechadas, a cortina abaixada e a cama ocupada. Nela estava Draco, o rapaz Malfoy, filho único de Lúcio e Narcisa. No seu peito nu, estava encostada uma cabeça feminina. Debaixo das cobertas, além de Draco, havia também uma mulher. Muito bonita, era moça. Tinha cabelos longos e negros. Seus olhos eram verdes. Seu nariz era perfeito, assim como sua boca. Lábios carnudos, revestidos com um batom vermelho. Pelo relevo do cobertor, pode-se perceber seios fartos e corpo delgado, mas perfeito e sedutor. Usava brincos como gotas de ouro, com alguns diamantes. Seu nome: Rubi. Indiscutivelmente uma mulher fatal.



Era uma moça rica, filha de nobres. No momento, namorada fixa de Draco, a muito gosto de Lúcio. Muito carinhosa, mas extremamente ciumenta. Poderia virar a cabeça de qualquer homem, mas apenas um tinha na mente.



Deu um beijo em Draco, de forma que ficou sentada, ainda enrolada no cobertor.



-Já vai? - perguntou Draco.



-Amor, eu queria ficar aqui, enroladinha com você a noite inteirinha. Mas não dá. Meus pais já devem estará me esperando.



-Eu mando uma carta para eles avisando que você vai ficar.



-Não dá. Amanhã eu volto.



-Está bem - disse dando outro beijo.



Ela começou a vestir sua roupa e depois calçou um sapato de salto alto e saiu dando um “tchau” e beijando a mão, assoprando para Draco.



Rubi desceu as escadas com pressa e ainda enfrentou mais um corredor até chegar á sala principal.



Chegando, encontrou Lúcio Malfoy, sentando numa poltrona, com sua varinha e tomando um chá.



-Já vai Rubi? - perguntou dando um gole da sua xícara de chá – Por que não fica mais um pouco e toma um pouco de chá, junto comigo? Sabe que aprecio muito sua companhia.



-Muito obrigado senhor Malfoy - disse dando um sorriso – Mas meus pais já estão me esperando.



-Então pode ir. Mas eu quero que volte amanhã.



-Pode contar com isso.



-Então vá. E se cuide no caminho.



-Tchau, sogrinho.



-Tchau - ela disse saindo e fechando a porta.



-Como é bonita essa Rubi. O Draco ganhou a sorte grande. Se fosse minha, com certeza não a deixaria escapar.



§*§



1 dia depois...



Arthur já estava na porta do tribunal, devidamente vestido, esperando pelo senhor Marcos DiGregio para poder entrar.



Mesmo tendo um fio de esperança, o dia de ontem foi de total angústia. Se despedia de tudo como se fosse a ultima vez que veria suas coisas. Molly chorava pelos cantos da casa e os outros andavam, cabisbaixos, o dia todo em casa. Até Fred e Jorge passaram todo o dia sem soltar uma única piada se quer. Rony não respondera as cartas de Hermione, nem a foi visitar.



Parecia que tudo estava menos esplendoroso do que antes, e temia pelo dia de hoje, a toda hora, em todo lugar.



O advogado acabava de chegar, correndo com a sua maleta na mão e correndo.



-Desculpe pela demora, tive um assunto a resolver.



-Está certo. Então vamos.



-Vamos



Eles entraram em um grande salão. Tinham muitas cadeiras nele. Algumas ficavam embaixo e iam subindo, como uma montanha. No centro, ficava uma cadeira, que pelo visto, devia ser para ele se sentar. Na frente, ficava um grande e alto balcão onde ficava o juiz. Em casos assim era um juiz e não o ministro que julgava, pois poderia roubar ao seu favor. Seu advogado deveria ficar em uma cadeira do seu lado.



A cada minuto, chegava mais gente, que ia ocupando os lugares das laterais. Ministro, e outras pessoas.



-Não precisa ficar assustado. Nós vamos conseguir.



-Espero que sim.



-É só ter fé. Acredite.



-Tudo bem.



-Olhe. Repita o que eu disser e não fale nada que possa me contrariar, ok?



-Ok.



Quando todos já haviam chegado, entra na sala um senhor roliço, e velho, com uma roupa preta e chapéu branco entranho. Ele sobe o balcão e se sento no alto. Pega um martelinho que lá está depositado e após se acomodar devidamente na cadeira ele fala:



-Todos presentes. Podemos começar.



N/A: Tomara que tenham aproveitado bem o capítulo e não percam o próximo. Continuem mandando reviews, tanto pelo site (fanfiction.net), quanto pelo meu e-mail.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.