Fim de Trégua



capítulo 9

Automaticamente e ao mesmo tempo os dois se levantaram, como se depois de invadir a sala do ministro, quisessem ainda mostrar algum respeito por ele, que permaneceu parado à porta de braços cruzados, sua expressão era a de quem espera por uma explicação. Apesar de estar com o estômago gélido, e o coração disparado, Hermione Granger não tardou a querer se explicar.

- Ministro, sei que não deveríamos estar aqui, mas... – Não pode terminar, pois a voz de Draco sobrepôs-se á sua.

- A culpa foi toda minha.

- O quê? Não ministro, não dê ouvidos a ele. O que aconteceu foi que... – Novamente Draco interrompeu.

- Não queira me defender Hermione – “Ele disse meu nome... O que diabos ele está tentando fazer?” – Sei que você não vai suportar que aconteça algo comigo, mas tenho que assumir minha culpa.

- Você não tem culpa de coisa alguma, quer ficar quieto?

- Afinal, vocês vão me dizer o que está acontecendo ou não? Sr. Malfoy, deixe que a srta Granger fale, depois passo a palavra ao senhor, srta Granger, estou esperando. – Disse o ministro com toda a sua autoridade.

- Pois bem – começou Hermione, “talvez eu deva mentir... Hermione! O que você está pensando? Essa é uma atitude que o Malfoy teria! Mas ele está diferente agora... Estava querendo levar a culpa, mesmo sabendo que ele pode ir para... Azkaban!” – A verdade é que a culpa foi toda minha, o Malfoy até tentou me convencer a não vir – As palpitações voltaram e as palavras começaram a saltar de sua boca, com tal velocidade que chegavam a ser de difícil entendimento - Ministro, como o senhor bem sabe pelos relatórios que já enviamos, estamos em uma investigação minuciosa a respeito da origem da servidão dos elfos, acho que assim poderemos fazer leis justas, com a primeira entrevista que fizemos descobrimos um artefato dos elfos que muito nos ajudará, mas ele está codificado, e só temos uma dica, portanto eu tive a idéia de observar o comportamento élfico através das memórias do Malfoy!. O problema é que eu precisava ver estas memórias hoje, sabe? Ter algum avanço hoje, não queria perder tempo e por isso insisti pra que o Draco... Sr. Malfoy me acompanhasse até sua sala, eu só queria procurar uma penseira, usá-la e ir embora, juro que iríamos embora após usar a pensei, mas não achamos e estamos indo embora e percebemos que a porta estava trancada... Não mexemos em nada, quero dizer, nada que não parecesse uma penseira... – Hermione olhou para o livro que estava em suas mãos – Pelas... pelos... ah! Por Merlin, sei que vai parecer mentira, mas este livro se jogou em mim!

Draco permanecia sério olhando as feições do ministro, enquanto que Hermione só esperava ansiosa, pra que as palavras voltassem à sua mente e pudesse recomeçar sua defesa. “Ora Hermione, ‘o livro se jogou em mim’!? Nunca que o ministro vai acreditar”. A garota achou abuso continuar com o livro em mãos e o colocou na mesa do ministro.

- Querem me dizer mais alguma coisa? – A voz do ministro não deixava dúvidas de queria uma explicação mais convincente, pelo menos foi o que achou Hermione, mas o garoto ao seu lado pareceu nada achar. Apenas ficou mais apreensivo e misterioso, com o olhar baixo e cabeça erguida, ela não pôde identificar quem estava com postura e feições mais indecifráveis: o ministro ou o Malfoy?

- A porta trancou-se misteriosamente, mas logo cedo nós informaríamos ao senhor que entramos aqui para usar a penseira, nós só entramos hoje, realmente por teimosia minha, achando que não poderia esperar para decifrar logo... – Novamente estava falando de maneira descompassada – Acredite Ministro, não estou mentindo, nossa intenção ao entrar aqui é totalmente investigativa...

- Srta Granger, vejo que depois desses anos de convivência com o sr. Potter, a srta aprendeu a desacartar as regras com o intuito de resolver as coisas.
- Ministro eu não estou mentindo quando falo que nossa intenção era investigativa... – Hermione quis recomeçar as explicações, mas o ministro da magia se sobrepôs.

- Sei que não está mentindo. – Quin disse de maneira direta e clara.

- Ãhn? Desculpe Q... Ministro, eu agradeço a confiança, mas não entendo.

- Não se trata de confiança senhorita, trata-se de fatos incontestáveis.

- Como? – Quanto mais o ministro falava, menos a garota entendia, “Quin, você está lendo meus pensamentos? Por que o Draco não fala nada?” – Eu ainda não entendo.

- O livro... – Disse Quin perdendo o tom sério da face – Está vendo esta estante de livros? Acho que já deu pra perceber que não é uma estante comum não é mesmo? As pessoas não podem simplesmente chegar perto dela, achar um livro e pega-lo, os livros não saem por vontade mútua do leitor. Mas se você realmente deseja uma informação com toda a força do pensamento, a estante te manda a informação. Ela não é simplesmente enfeitiçada, nunca foi uma estante normal, já é um artefato mágico, criado para este fim, portanto não pode ser enganada. Deixa-me ver... Qual livro a senhorita disse ter se ‘jogado’? – Ele pegara o livro de cima da mesa, e o estava observando – Acho que o assunto faz parte de sua sessão. – Ele prosseguiu num tom que não era de riso, mas também não era sério. – Acho melhor todos nós irmos embora, e pela manhã decidimos o que fazer, não é mesmo? – O alívio voltou a tomar conta da garota, a paz em sua mente retornara.

- Então não está irritado?

- Pelas barbas de Merlin, mas é claro que estou! Nunca mais invada a minha sala! – Seu jeito de falar foi propositalmente engraçado – Deixando as brincadeiras de lado, vocês têm consciência de que por mais que suas intenções tenham sido corretas, fizeram a coisa errada não é mesmo? Se os membros do conselho ficam sabendo, não sei se poderei mantê-los aqui, invadir minha sala é algo sério. Estou deixando passar por perceber seus motivos, mas o conselho veria esta invasão como um possível golpe ao ministério, vocês sabem que a situação ainda não está acalmada, e que muitos ainda resistem, mesmo após a morte daquele-que-não-se-de-ser-nomeado. Sei que você tem pressa pra fazer seu trabalho Hermione, e isto é bom, mas precisa aprender a fazer isto dentro de seus horários. Agora vão, já é tarde.

A garota sorriu internamente, “Quin é um ótimo ministro, e por que Draco não disse mais nada?”, dirigiram-se à porta e causou-lhe estranhamento o garoto não ter dito uma só palavra durante toda conversa com o ministro, ele até evitara olhar Quin, sempre com o queixo levantado e o olhar baixo, não era desdém ou medo que estava presente nos olhos de Draco, era algo desconhecido... “Será que está pensando no Beijo? A Deus, o beijo! Por que ele me beijou? E eu gostei... E o Rony... Como vou dizer isso pra ele? Melhor não pensar nele agora, ele tem sido tão esquisito, mas eu o amo! Eu sei que amo! Mesmo após o beijo, isso não deveria ter acontecido, definitivamente não deveria...” Seus pensamentos foram interrompidos pela porta do elevador se abrindo. Juntos, apertaram o botão para o hall, a porta se fechou. Draco a olhou, e tão logo ela percebeu que trazia um sorriso nos lábios, não era desdenhoso, nem irônico, tinha um pouco de malícia misturado a uma suavidade incomum e acompanhado de um olhar de raio-x, que a transpassava. Praticamente ainda não tinham conversado após o acontecido, e aqueles olhares a estavam deixando envergonhada, percebendo que poderia estar corando, a garota desviou o rosto para o canto do elevador.

- Não precisa fugir de mim. – Draco disse pausadamente.

- Não estou fugindo, só estou cansada. – Não poderia deixar de revidar. Mas teria sido melhor que tivesse ficado calada, pensou, assim não teria que olhá-lo novamente.

- Então olhe pra mim de frente! – Ele se aproximara. Ela se virou antes que ele se aproximasse mais. – Por que você está com medo?

- Por que eu deveria estar? Não seja tão prepotente sr. Malfoy! – Ele permaneceu encarando-a, mesmo em silêncio, então ela resolveu tocar no assunto que a estava incomodando – Não sei o porquê daquilo ter acontecido, mas não se repetirá. Não volte a tocar em mim. – Convenientemente a voz de mulher anunciou o hall e a porta se abriu. No mesmo instante Hermione partiu rapidamente e Draco foi atrás dela, conseguiu tocar seu braço.

- Por que não?

Ela continuava andando sem fazer menção de que pararia e desaparatou, deixando Draco Malfoy parado no fim do hall do ministério da magia. Estava enfim no Caldeirão furado, e ansiosa para deitar em sua cama, ficaria enfim sozinha com seus pensamentos podendo colocá-los em ordem, pois uma chuva de informações a estava encharcando... A briga com Rony, a repentina mudança de Draco, o livro élfico, o beijo, o susto no ministério... Esquecera de perguntar ao Quin como ele abrira a porta, e quem o chamara. Entrou em seu quarto, e assim que fechou a porta, ouviu algumas batidas apressadas á porta.

- Vá embora! – disse Hermione sabendo previamente quem batera.

- Abra, precisamos conversar. – Ele tinha algo na voz que a fazia querer abrir.

- Não temos mais nada pra conversar. No ministério a gente conversa, vá embora!

- Se você não abrir eu acabo com a porta.

- E eu presto queixa sobre você, não se esqueça que está quase sobre minha vigilância.

- E a srta não se esqueça que me deve um favor, imagina o que o ‘Quin’ dirá quando descobri que não foi só a sala dele que você invadiu.

A garota pensou, e achou prudente abrir a porta, ouviria o que ele tem pra falar e depois dormiria em paz. Abriu a porta.

- Pois bem, você tem cinco minutos. – disse ela friamente.
- Nossa... tanto? – Voltou ao costumeiro ar irônico.
- E acho melhor aproveitar, pois já está acabando, pra falar a verdade agora você tem quatro minutos e meio.
- Eu só quero entender o que aconteceu...
- Não precisamos entender, só esquecer... Foi um terrível erro...
- Mesmo? – Ele disse aproximando-se da garota – Não é isso que os seus olhos me dizem.

- Desde quando você sabe algo sobre meus olhos?

- Desde que eles passaram a ser minha moradia. – Pela primeira vez, ela o viu com uma face galanteadora.

- Pois se enganou! Foi um erro, um erro que não pretendo repetir – Malfoy se aproximou, ela fez menção de virar-se de costas para sair de sua presença, mas ele a segurou pelos braços. – Me solte.

- Então pára de fugir de mim.

- Me solta e escuta! O Rony e eu só brigamos por um mal entendido, causado por você, mas isso não quer dizer que terminamos. Ele continua sendo meu namorado e eu o amo. – agora ela usava um tom definitivo de quem estava dando ordens, mas ele não a largou – E me solta.

- Se você amasse tanto o Weasley, não teria gostado do MEU beijo. – Ele conseguiu calá-la, certamente estava em dúvida de seus sentimentos. Encaravam-se, como da outra vez, ele a trouxe pra mais perto de si, “resista Hermione... Não há possibilidade de sair... Por que ele não me beija logo?”, fechou os olhos e sem querer o deixou perceber que tinha respirado um pouco mais fundo. – Você está ansiando pra que eu te beije – abriu os olhos, desvencilhou-se das mãos de Malfoy.

- NÃO VOLTE A TOCAR EM MIM! – O riso irônico dele foi o suficiente para fazê-la enraivecer ainda mais, bateu a porta e deitou-se, esperando que logo acordasse e percebesse que tudo não passara de um sonho... “pesadelo”... Mas ainda não pôde esquecer por completo, pois sentiu seu braço arder um pouco, com os acontecimentos esquecera-se por completo de passar no hospital pra tratar o ferimento, resolveu arriscar uma poção para ferimentos leves, e como sempre se saiu muito bem. Pôde enfim descansar.

“Um novo dia, uma nova oportunidade pra fazer tudo correr bem... Por que ele não chega logo?”

Hermione chegou meia hora mais cedo do que era previsto para seu expediente, tentou deixar tudo em ordem, tentou pensar em algo que pudesse ajudar a decifrar a linguagem do livro, tentou escrever uma carta, tentou pensar em Rony... Tentou, tentou, tentou... Mas não obteve êxito, algo lhe faltava “por que ele não chega logo?”, toda vez que tentava fazer ou pensar algo, seu pensamento logo repetia a mesma pergunta, involuntariamente. Até que a porta se abriu, e os cabelos loiros, muito bem penteados, irromperam pela sala.

- Ah, a senhorita já está aqui, bem que eu imaginei, te procurei no café da manhã, imagino que não tenha tomado café, mas não se preocupe, eu trouxe algo – Estava com um pacote nas mãos e o depositou na mesa – prefere suco de abóbora, cerveja amanteigada ou chá? Trouxe os três, assim a srta pode escolher...

- Não seja ridículo Malfoy, o que está tentando fazer? – Suas palavras não saíram tão bravas quanto o que ela queria, mas pelo menos saíram, pensou ela.

- Me redimir – respondeu ele com o cinismo e ironia que já eram registradamente seus – Além do mais, estou preocupado, sei que você não tem comido muito bem, está sempre correndo...

- Pode para por aí. Não precisa se preocupar comigo, eu estou ótima...

- Vejo que seu braço está melhor! E então, o que vai querer? – Ele insistia em oferecer o lanche que trouxera, mas ela não correspondia – Está bem! Vou deixar tudo aqui, e quando decidir mudar de idéia...

- O que está tramando Malfoy? Seja o que for, não vai dar certo.

Draco não respondeu, fazendo-a ficar em estado irritado, mas não teve tempo pra considerar possibilidades, pois ouviu batidas respeitosas á porta. Juntamente com o murmúrio de um “entre” ela fez o costumeiro aceno de varinha e a porta já estava aberta.

- Ministro. – tanto ela quanto Draco levantaram-se, em sinal de respeito – Bom dia! Nós estávamos esperando-o – O garoto a olhou como se questionasse a ultima frase, quase dava pra ler em seu olhar algo como “estávamos?” – Sente-se.

- Obrigado srta Granger, mas minha passagem por aqui será breve, preciso resolver outros assuntos de urgência que surgiram – olhou rapidamente para Draco – Bom ver que já está aqui sr. Malfoy. – O ministro colocou em cima da mesa maior, e juntamente com uma piscadela continuou falando – Acho que este livro ficaria melhor aqui em sua mesa srta Granger. O que acha? – A garota apenas retribuiu com um sorriso e os olhos brilhando, sabia de qual livro se tratava – Também já providenciei uma penseira para esta sessão. Agora com a licença de vocês, tenho muito a fazer.

- Ministro – chamou Hermione, ele voltou a olha-la – Como soube que estávamos lá?

- Ah, digamos que um passarinho me contou. – Pareceu se divertir com suas palavras.

- Só mais uma coisa – Perguntou a garota antes que o ministro saísse da sala - ainda não entendi por que a porta estava trancada e não respondia aos feitiços, nós... bem...

- Pensei que já tivesse resolvido este mistério. – Fitou Draco novamente – Desculpe não ter-la avisado, este é um novo feitiço avançado colocado sobre o ministério, quarenta e dois minutos após o fim do expediente de todos os funcionários, todas as portas das salas são trancadas e só abrem exatamente quatro minutos e onze segundos antes do MEU expediente começar. Eu começo uma hora antes da senhorita. – Quin manteve o sorriso nos lábios – Pensei que soubesse disso sr. Malfoy – no mesmo instante Hermione o fuzilou com os olhos – Lembro-me muito bem de ter advertido-os de não tentarem nada durante a noite exatamente por este motivo.

- Eu me esqueci – Mentiu Draco nitidamente sem tirar os olhos da garota, e ela dele.

- Bem, agora preciso realmente ir, se me dão licença...

“Como ele pôde? Sabia de tudo e fingiu tão bem... Ele nunca vai mudar!”
A indignação estava presente por todo o corpo da garota, e transbordava cada vez que expirava o ar. A possibilidade de Draco ter planejado tudo o que passaram, por motivos ainda desconhecidos por ela, passou a não só incomodar, mas também machucar, fazer doer algo dentro de si.

- Hermione, eu... – O garoto começou uma tentativa de explicação, mas desta vez não adiantaria.

- Sou a srta Granger Malfoy. Não gaste seu tempo com mais mentiras. Quero que separe as lembranças mais nítidas que Dobby esteja presente, e coloque em algum frasco.

- Her... – Ele tentou mais uma vez.

- Apenas faça o que mandei, não temos mais o que conversar – Seu tom era frio como nunca fora antes.


N/A: Sempre há uma chance pra reconciliação... rsrs... Qual será deles? E onde fica o Rony nesta história?

Não perca o próximo capítulo, e descubra....

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