A Trégua



capítulo 5

- Desculpa Mione, eu não fui muito legal, você não tem culpa das injustiças do ministério, e só está lá porque você merece.
- Nem precisava falar, claro que eu te desculpo Ron... Olha, vai dar tudo certo com o teste... E tudo o mais – Rony a beijou, aquele beijo era uma sensação incrível, era o sinal de que tudo estava bem. Ela o abraçou ainda de olhos fechados e o olhou nos olhos, aqueles olhos azuis acinzentados a encaravam com doçura e ao mesmo tempo misteriosos, queria decifra-los, olhou o rosto pálido de Draco Malfoy, uma das sobrancelhas levemente levantadas e o meio sorriso indicavam seus pensamentos...
- Está atrasada Granger...
- Você... Você... Não! – Hermione abriu os olhos, estava em seu quarto, bichento a encarava curioso, pulou da cama elegantemente e deitou-se em uma almofada ao lado de um baú. “Não pode ser, nem dormindo ele me deixa em paz”.
Hermione se arrumou apressada, não queria se atrasar, não queria problemas por hoje “trabalhando com Malfoy vai ser difícil não arranjar problemas”, pegou todas as suas coisas inclusive a carta para Rony que deixara no chão na noite passada, percebeu que estava com fome e rapidamente desceu para tomar café no caldeirão furado, dava tempo de tomar seu café tranqüilamente, os relógios ainda indicavam seis da manhã. Sentou em uma mesinha e pediu suco de abóbora, cereal e alguns pães.
- Posso sentar? – Ela ouviu uma voz serena e encabulada que já conhecia, olhou pra trás e fitou os olhos que mais desejava ver e o garoto ruivo sorrindo envergonhado, encarando-a como se pedisse desculpas, ela apenas concedeu um assento com a cabeça - Desculpa Mione, eu não fui muito legal, você não tem culpa...
- Tudo bem Rony... Não precisa terminar, eu já entendi. A quanto tempo está aqui? – Apesar de querer conversar sobre a pequena discussão dos dois da noite anterior, ela lembrou-se do sonho “pesadelo... pesadelo horrível” que tivera e preferiu esquecer o assunto – Está tudo bem agora não é mesmo? Não foi um dia bom pra nós dois.
- Que bom que você acha assim, eu quase não consegui dormir, essa história de ter que esperar o resultado está me deixando louco... Eu não queria ter discutido com você por isso.
- É... Não foi muito legal a nossa discussão, mas já passou. – Ela tirou a carta da bolsa e entregou-a à ele – Eu te mandaria por uma coruja do ministério, mas já que você está aqui... Eu escrevi ontem à noite, também demorei a dormir...
- É, e além do mais... Mione que ouve com seu braço? – Lembrou-se que estava com o braço enfaixado, e que ainda ardia um pouco, por causa do corte.
- Ah Ron tenho tanta coisa para te contar... Ontem eu cai em...
- Onde? Como? Por que você não me chamou logo? Está tudo bem com você? – Rony parecia mais atordoado do que Hermione que ficou assustada com tantas perguntas, uma engolindo a outra.
- Ronald... Ronald... Eu estou bem, foi só um corte, sem importância diante das coisas que aconteceram ontem... Ron, você sabe se aconteceu algo com a mansão dos Malfoy? – A garota tentou usar um tom que demonstrasse pouco interesse, pra não despertar raiva ou ciúmes em Rony.
- Você não sabe? Ah, claro que não, estava na casa dos seus pais quando aconteceu. O ministério descobriu que a Mansão estava servindo como sede e moradia de Voldemort e dos comensais da morte, então resolveram desapropriar pra investigar tudo, pra não ter jeito do Lord das Trevas voltar, a gente sabe que isso não vai mais acontecer, mas eles estão investigando tudo, desde os lugares onde ele andava até o ar que ele respirava. – Rony usou um tom de exagero que indicava já estar bem.
- Ah... Sim, então eu entendi – Falou mais pra si mesma do que pra Rony, mas percebeu que despertou a curiosidade dele. Antes que ele perguntasse, Hermione já foi logo respondendo – É que faz parte do que tenho pra contar, ele... Bem... O Malfoy está morando aqui.
- Quando você diz “aqui”, você quer dizer em Londres não é? Você não está falando do Caldeirão Furado não é mesmo?
- Estou Ron... Ele está aqui no Caldeirão Furado... – Ele se alterou muito, já estava ficando escarlate, inquieto.
- Então você está em perigo... Ele tem a ver com seu braço não é mesmo? – O garoto levantou-se furioso, como se procurasse Draco Malfoy entre as mesas do caldeirão furado.
- Rony senta! Se acalma, ele não tem nada a ver com meu braço, só um pouco... Rony, me deixa te contar tudo, ta? – Ele tornou a sentar, agora o rosto já voltava à tonalidade normal, mas Hermione não teve tempo de começar a contar tudo que houvera na noite passada após sua saída do ministério, pois Draco Malfoy já tivera aproximado-se pelas costas de Rony, e a estava encarando, ela tentava desviar o olhar pra que o namorado não notasse a presença do garoto loiro e esperou que este tomasse um assento em outra mesa, ele caminhou mais dois passos na direção dela para ir à porta de saída do Caldeirão Furado e parecia fazer questão de andar lentamente aumentando a tensão e nervosismo da garota, pois ela sabia que a qualquer momento Rony e Draco poderiam discutir, mas isso não aconteceu, Malfoy passou por eles calado, dando as costas para Rony. – Ontem foi um dia bem difícil pra mim Rony, eu...
- Conseguiu dormir depois que saiu do meu quarto na noite passada Granger? – Draco não tinha ido embora, falou pelas costas de Hermione, sem que ela pudesse vê-lo, agora estava mais preocupada com a interpretação de Rony diante daquela pergunta, este parecia furioso, olhava-a com estranheza e rispidez.
- Cala a boca Malfoy – Não conseguiu pronunciar mais nada, congelara na cadeira, nunca tivera passado por situação semelhante e se sentia impotente diante da situação.
- Do que ele está falando Mione? – Claramente o garoto ruivo estava tentando conter a raiva, em vão, pois seus olhos demonstravam o quanto estava infeliz e irritado.
- Ele está dizendo isso apenas para nos provocar Rony.
- Você ainda não contou pra ele? Vai negar o que aconteceu? – “Idiota esse Malfoy... Como pôde? E o Rony... Eu preciso explicar tudo rápido”.
- Não vou negar nada Malfoy, vá embora... Ou... Ou...
- Eu sei bem do que você é capaz. Tente não se atrasar pro trabalho Granger. – Ele ainda lançou-lhes um ultimo olhar malicioso, deu as costas e caminhou à saída do Caldeirão Furado.
- Você não vai negar que foi ao quarto dele? – O garoto tremia de raiva – Era isso que você estava tentando me contar, não é mesmo? Você foi ao quarto dele!
- Ronald, você precisa se acalmar pra eu te contar tudo, do começo.
- Eu preciso me acalmar Hermione? Eu venho aqui pra me desculpar com você, por ter discutido por um motivo que me enlouquece, quase não dormi por isso, e você foi se consolar com o Malfoy? – Levantou-se e ela fez o mesmo.
- Não fui me consolar! Confia em mim Rony, você me conhece, sabe que eu...
- E eu temendo pela sua segurança com a presença dele aqui, mas já vi que você gostou muito.
- Presta atenção no que você está falando Ronald Weasley, você nem sabe o que aconteceu... Eu cheguei ontem e ou...
- Precisa saber de mais alguma coisa? – “ele não me deixa terminar uma frase se quer...” Ela já estava ficando impaciente “como Malfoy foi capaz dessa brincadeira? E pior, como Rony pode não querer me ouvir, ouvir a verdade de mim?”, o namorado gritava insinuações incoerentes, começou a chorar, nunca ouvira aquelas coisas vindas dele.
- Se quiser saber a verdade leia a carta, eu cansei de tentar falar com você – Rapidamente saiu do Caldeirão Furado, sabia que Rony não ficava muito racional e coerente quando algo o incomodava, esse teste mexera com sua cabeça e não adiantava tentar falar com ele agora, pois estava tendo um acesso de raiva “Quando ele vai aprender a ouvir a verdade dos que ama antes de tirar conclusões?”, ela tentava entender o ele estava passando, mas achou desnecessário ouvir tudo que ouvira, estava muito magoada e não queria vê-lo por enquanto, “Não quero ver os dois, mas o Malfoy eu sou obrigada a ver” não queria brigar mais, decidira não falar mais com Draco, impossível, pois agora trabalhava com ele. Andou para uma rua vazia de onde seria possível aparatar para o ministério, tentou concentrar-se e girou, logo seus pés deixaram de tocar o chão, foram os segundos de aparatação mais longos que já teve, e nunca tinha percebido o quanto era desconfortável, talvez essa sensação de desconforto estivesse vindo de seu coração, de toda a inquietação dos últimos acontecimentos e do rumo que sua vida tomara. Mil pensamentos explodiam em sua mente na fração de um segundo e ainda assim Hermione tentou se concentrar em seu destino e atingi-lo.
A garota parecia totalmente desorientada andando em meio às dezenas de bruxos e bruxas que caminhavam apressados pelo hall do Ministério da Magia, até que reconheceu um dentre os muitos rostos ao longe, o garoto caminhava em sua direção com um sorriso amigável, rapidamente e antes que ele pudesse perceber ela secou os olhos discretamente e tentou sorrir de maneira natural “Meu sorriso deve estar ridículo... Por que você tinha que aparecer justo agora?”, enquanto o rapaz se aproximou cada vez mais rápido, correu em sua direção dando-lhe um abraço apertado.
- Mione... Eu sou auror... Eu sou AUROR, consegui, você tinha que ver, foi incrível! – O garoto parecia radiante diante do acontecimento e ela não podia deixar de se sentir feliz por ele.
- Parabéns Harry... Mas eu já sabia, Sirius e seus pais se sentiriam orgulhosos, assim como me sinto agora – Harry reagiu com emoção à menção dos pais e do padrinho.
- Como você soube?
- Ontem ao sair da minha sala o Rony... “Rony... Rony...” O Rony – Sentiu não ter mais controle sobre seus sentimentos e as lágrimas começaram a escorrer por seu rosto vagarosamente, não conseguia continuar falando naquele momento. Harry percebendo que não era o momento de fazer perguntas, apenas a abraçou, conduzindo-a a um canto menos aglomerado, era realmente bom ter um amigo abraçando-a e apoiando-a mesmo sem saber o que acontecera, quando ficou mais calma contou todos os últimos acontecimentos a Harry, era a primeira vez que estava desabafando tudo, não conseguia mais guardar aquelas informações e pensamentos que a estavam sufocando.
- Eu vou falar com o Rony – Harry se mostrou pronto para ajudar.
- Não Harry, não! Ele tem que perceber as coisas sozinho, eu estou cansada das confusões que o Rony arma na cabeça dele, e eu sei que ele não ia querer te ouvir, deixe tudo como está.
- Mas Hermione olha pra você, está sofrendo e eu não posso deixar que continue assim, vou até o Rony contar a verdade.
- Já disse que não Harry! Deixe tudo como está, e se ele quiser saber a verdade terá que procurar sozinho. Harry, agora eu preciso ir, acho que já estou atrasada, vai ser mais uma discussão com o Malfoy.
- Isso não está certo!
- Mas eu quero assim, olha Harry, agradeço muito por querer me ajudar, só por estar aqui me ouvindo você já me ajuda muito, mas não quero que você tome nenhuma atitude em relação a isso. Agora preciso ir. Parabéns por ser um auror.
- Obrigado Mione, qualquer coisa que precisar eu estarei em casa.
- Você não ia começar o seu trabalho hoje?
- Mais ou menos, irei pra casa arrumar minhas coisas e preparar planos, amanhã parto às investigações junto com os outros aurores.
- Boa sorte.
- Você também, e cuidado com o Malfoy, eu não confio nele.– Despediram-se com outro longo abraço e Hermione tomou o caminho de sua sala, ainda estava triste, porém agora, mais aliviada, colocara pra fora tudo que estava sentindo. Entrou em sua sala apressada, fitou os olhos de Draco Malfoy na mesa menor, mas não pronunciou uma só palavra, apenas direcionou-se à sua mesa e sentou-se. Baixou a cabeça para analisar uns papéis, quando finalmente o silêncio foi quebrado.
- Você não demorou – A voz arrastada de Malfoy lhe causou uma angustia inexplicável, mas tentou parecer inabalável.
- Do que você está falando?
- Estou falando que você mal brigou com um e já caiu nos braços do outro, eles revezam horas e dias pra ficar com você? – Ele nem a olhou e permaneceu frio ao pronunciar cada palavra.
- Você? O quê?
- Vai querer me dizer que não estava lá no hall abraçada com o Potter? Me diz, você é namorada do fracassado Weasley ou do santo Potter? – “como ele está em todo lugar? Está me seguindo?”, Hermione não sabia o que fazer, sentia a irritação fervendo em seu sangue e tomando conta de cada parte de seu corpo, não sentia mais o controle de seus atos e por reflexo sacou a varinha. – Terceira vez que você aponta a varinha pra mim, em menos de dois dias.
- Isso já foi longe de mais Malfoy, você me persegue, me... Me provoca... O que você pretende com tudo isso? Você quer vingar seu amado Lorde? Seus pais? Eu não tenho culpa por tudo o que aconteceu a eles, eles... VOCÊS procuraram, provocaram tudo o que aconteceu e o fim que tiveram, e convenhamos não houve injustiças nesses “finais”, foi tudo muito justo, você não tem motivos pra se vingar, não venha descontar seu descontentamento em mim, eu também não queria sua presença aqui, mas olha só... Nem tudo é como queremos, e você tem que se acostumar com isso... Qual é a graça de acabar com a minha vida? – Falara tudo muito rápido como que pra que ele não tivesse tempo de revidar, embora nervosa e ainda tremendo baixou a varinha.
Hermione estava ofegante e o silêncio após todo seu discurso não surpreendeu, pôde sentar-se e permaneceu de olhos baixos para os papéis de sua mesa, e a dúvida logo veio, no passo que iam, quando realmente começariam a trabalhar? Apressado ele começou a ler pergaminhos e escrever “Deve estar fingindo, vou fazer o mesmo”.Ela não quis falar no momento, nem nos dez minutos seguintes e o silêncio prosseguiu.
- Desculpa – Esta palavra pareceu não existir de tão impossível que seria que viesse de onde veio, mas fora um fato, o silêncio foi quebrado pela palavra de Malfoy que agora ecoava na mente de Hermione.
- O quê!? – Era incrível e inacreditável, incabível, para a cabeça de qualquer pessoa, que Draco Malfoy se desculpara por algum ato, mas aconteceu. Diante da incredulidade de Hermione o garoto apenas levantou-se com uma pasta nas mãos e colocou-a na mesa dela, que ainda o olhava entendendo o ato menos ainda do que a palavra pronunciada anteriormente. – O que é isso? – Começou a foliar o conteúdo da pasta, eram muitos pergaminhos aparentemente iguais e não demorou a perceber que era a relação dos nomes, endereços e datas de nascimento de todos os elfos domésticos conhecidos no mundo da magia, e a ultima folha continha algumas anotações manuscritas. A Chefe da Sessão F.A.L.E. ficou tão impressionada com o que estava em suas mãos que só após levantar a cabeça percebeu que estava sozinha na sala “Aonde ele foi?”, sem perder tempo correu para a porta, Malfoy já estava no fim do corredor prestes a entrar no elevador. – Aonde você vai?
- Meu lugar não é aqui Granger! Eu vou sair do ministério.
- Você não pode sair antes de quatro meses ou irá pra Azkaban!
- Talvez meu lugar seja lá com meus pais, não é mesmo?
- Não seja teimoso Malfoy. Todo mundo merece uma segunda chance, você não pode desistir agora!
- Do que você está reclamando? Deveria estar feliz por não ter mais ninguém pra atrapalhar sua vida perfeita.
- É... Eu posso estar louca de tentar te convencer a ficar e posso me arrepender depois, mas acho que deveríamos começar de novo, sei que você quer isso também, ou não teria preparado aquela pasta. – Ele começou a voltar, ainda estava sério e olhando-a com frieza “Por que diabos eu fiz isso? Relaxa Hermione, era o certo, ele não precisa ir pra Azkaban só porque vocês não se dão bem... Era o certo a se fazer... Era o certo... eu acho”, antes de entrar na sala ele ainda lançou-lhe um olhar congelante juntamente com seu meio riso, dessa vez não era desdenhoso.
- Por que quis me convencer a ficar?
- Porque achei que era o certo a se fazer.
- Confessa...
- Confessar o quê?
- Que você ia morrer de saudades de mim.
- Não seja bobo – Hermione respondeu rindo de incredulidade e voltou para sua mesa, e fitou a conclusão do que estava manuscrito no ultimo pergaminho.

" 'Começar a pesquisar pelos elfos domésticos mais antigos, pois têm mais informações históricas em suas memórias. Mais antigos'.
Þ Meldo – Hirtrenstrabe, 06 – Berlin – 1905
Þ Paloim – Rua Monge, 32 – Paris – 1901
Þ Monstro – Largo Grimmauld,12 – Londres – 1898 - 'Começo' "

- Onde você conseguiu essa lista? – Ela tentou perguntar sem demonstrar entusiasmo, como se todo o trabalho dele realmente não a tivesse impressionado.
- Cheguei aqui mais cedo e fui à sessão de identificações das criaturas mágicas deste departamento, não foi difícil conseguir esta lista. Pra mim qualquer coisa é fácil.
- Ta certo Malfoy, vou fingir não perceber que você está se gabando... Concordo que devemos começar as pesquisas pelos Elfos mais antigos, te falaria isto hoje.
- Falaria nada, admita Granger, você ficou impressionada com minha surpresa, estava totalmente perdida, sem saber por onde começar até que eu apareci com esta pasta.
- Menos Malfoy... Você adiantou um serviço, isso não quer dizer que é um herói. Vamos conferir a lista, pra nos certificar de que Monstro seja o elfo vivo mais antigo. Podemos aproveitar também para refazer a lista colocando-a na ordem de nascimento dos elfos, do mais velho para o mais novo, assim só precisaremos consultar a lista para ver qual será o próximo a ser pesquisado.
Os dois gastaram, em média, quatro horas e meia para conseguir refazer a lista, foi uma tarefa árdua que Malfoy ajudou-a realizar sem reclamar. Comprovaram que Monstro era o Elfo Doméstico vivo mais velho que existia em todo o mundo. Hermione decidiu que fariam a primeira visita a Monstro após a pausa para o almoço, finalmente as pesquisas estavam começando sem maiores problemas. Draco ajeitou algumas coisas em sua mesa antes de sair deixando-a sozinha com seus pensamentos, diante da solidão voltou a pensar em Rony e nas discussões que tiveram “ontem almoçamos juntos, hoje estamos brigados, quem poderia imaginar? Não eu!”, o trabalho dispersou-a da tristeza, mas agora todos os sentimentos retornaram “ele nem quis saber a verdade por mim...”, a porta se abriu.
- Você vai ficar aqui sozinha?
- Você se importa com isso Malfoy? – “Ele deveria estar almoçando, por que voltou?”.
- É que é ruim almoçar sozinho, queria saber se você não gostaria de... Sei lá, de repente... Almoçar comigo? – Era impossível estar ouvindo aquilo, mas por que não? Foram para um restaurante bruxo escondido que se encontrava em um quarteirão à direita após a entrada de visitantes do ministério, não trocaram uma palavra se quer em todo o trajeto. O lugar era aconchegante, sentaram em uma mesa ao centro do restaurante, de onde era possível observar a neve caindo em uma janela encantada, só ouviram a voz um do outro na hora de fazer o pedido “péssima idéia aceitar Hermione, isso é constrangedor”.
- Acho que a primeira conversa com o Elfo mais antigo vai ser difícil – Draco estava embaraçado em revelar esse pensamento.
- Por quê? – Agora ela percebia que desde que chegaram ele queria tocar nesse assunto.
- Porque eu o conheço, e sinceramente não sou o Malfoy preferido dele. – “Claro que ele conhece o Monstro... É isso... Ele ia à casa dos Malfoy dar informações a respeito da ordem da Fênix, acho melhor não dizer que eu sei e nem falar em Voldemort agora” – Surpresa?
- Não... Você o viu muitas vezes?
- No quinto ano, no natal, ele ia à minha casa algumas vezes pra falar com meus pais... Você sabe o que eu acho dos elfos... Nós nos encontrávamos e... E eu não o tratava muito bem, não gostava da presença dele em minha casa. – O garoto estava nitidamente constrangido ao contar o relacionamento que mantinha com Monstro, sabia que Hermione era uma defensora inabalável dos Elfos Domésticos.
- Você não os suporta não é mesmo?
- Não...
- Vai aprender a gostar... Pelo menos um pouquinho – Ela pensou que isso nunca iria acontecer, mas lá estavam, era um momento de descontração entre os dois, e pela primeira vez viu Draco Malfoy sorrir sinceramente, sem desdém ou ironia. Era bom que mantivessem esse clima, talvez a partir de agora a convivência com ele não seria tão insuportável.
- Eu sei a localização do Largo Grimmauld,12 , é a antiga casa dos Black.
- Ah... Você sabe quem ocupa a casa agora?
- Não faço a mínima idéia, nunca me interessou, apesar de minha mãe ter nascido uma Black. – Ele tinha puxado assunto, e não tivera atitudes de Malfoy nos últimos minutos, Hermione achou melhor não revelar que o atual morador da casa era Harry Potter.

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