O melhor de todos os presentes



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HARRY POTTER E A FILHA DE FÊNIX

Capitulo 5: O melhor de todos os presentes.


- Mas o que é? Do que estão falando?

A voz dela começava a ficar mais fina e ela sentia as lágrimas começarem a brotar aos poucos em seus olhos. Foi então que, percebendo a sua agonia, o homem de madeixas grisalhas apoiou bondosamente sua mão sobre o ombro da menina e indicou com a outra um sofá, que estivera o tempo todo encoberto pela penumbra do cômodo mal iluminado, passando, assim, desapercebido da garota. O homem falou:

- Bem, por que você não vê com seus próprios olhos?

Aos poucos ela foi se virando para o local que ele havia indicado. Quando ela finalmente localizou o que ele indicara. A primeira reação que teve foi a de levar as mãos até sua boca, para conter um grito de assombro, em seguida ela pôde sentir seu rosto se aquecer com as suas lágrimas, que já rolavam pela face, e por último, já não se agüentando de emoção, ela correu até o sofá e se atirou de joelhos no chão tomando em seus braços o corpo inerte de um garoto profundamente adormecido e o abraçando forte contra o seu peito.

- Ele está vivo!

Ela mal podia acreditar. Aquilo só podia ser um sonho. E se o fosse, ela não queria mais acordar. Dessa forma, inconscientemente, ela se recusava a soltar-se do menino, como se o simples afastamento de seus corpos fosse capaz de o fazer desaparecer diante de seus olhos. No entanto, aos poucos a racionalidade começou a voltar-lhe e ela pôde finalmente ter total consciência de que aquilo era real, e não um sonho.

Aos poucos ela foi se afastando do menino, ainda sem tirar seus olhos dele, e suavemente acariciou a sua face. Um riso involuntário, de pura felicidade, a fez derramar mais lágrimas. Ela abaixou-se, então, e deu-lhe um suave beijo na testa, virando-se em seguida para os dois homens que observavam tudo de perto, mal podendo conter as suas próprias emoções.

- Como isso é possível? - ela perguntou em um fio de voz, fraca demais pela emoção - Pensei que todos estivessem... Bom sabia que alguns haviam escapado mais tinha como certo que toda a família dele havia sido....

- Também foi uma surpresa para nós. - interrompeu o moreno, se aproximando deles e se sentando em uma mesinha de centro a frente da menina. - Nós o encontramos essa noite, quando estivemos lá para....

- Providenciar um descanso para os que se foram.

Concluiu o outro com uma expressão de piedade no rosto, percebendo a falta de jeito de seu amigo. A garota por sua vez ficou um momento em silêncio. As lembranças daquela noite lhe voltando a mente. Nesse momento ela deu uma leve balançada de cabeça para afastar esses pensamentos. Não era hora para pensar em desgraças e sim de comemorar o retorno de sua pequena criança. No entanto uma pergunta não pôde deixar de se formar em sua mente. Ela tinha de saber, tinha que ter certeza para poder, enfim, aceitar. Juntando toda determinação que tinha, fez a pergunta que a angustiava tanto.

- Encontraram o corpo dele?

- Meu anjo, eu...

Apesar de já esperar por essa pergunta, o moreno não pode encontrar palavras para lhe responder. Afinal o que importava saber esse tipo de coisa? Por que ficar se torturando? Ele não conseguia entender aquela menina, e não queria ter de trazer mais sofrimento para ela. Mas a garota estava decidida. E sabendo que ele tentaria se desviar da pergunta, ela repetiu de uma forma ainda mais determinada e alta, interrompendo-o.

- Encontraram?

- Sim. Encontramos... No salão de armas, como você disse. - mais uma vez o outro homem interveio na conversa. Ele parecia entender melhor a necessidade que a menina tinha de não se poupar da verdade. O moreno, por outro lado, pareceu não gostar muito da franqueza do amigo e lhe lançou um olhar extremamente reprovador, que o outro ignorou solenemente. - Bem, infelizmente só hoje pudemos retornar lá para providenciarmos os sepultamentos. Era preciso primeiro nos certificar de que já era seguro voltarmos à ilha. Sendo assim, nos certificamos para que todos os corpos fossem enterrados naquele campo, ao pé da colina, e um monumento foi erguido em honra à memória de todos os que lutaram bravamente naquela batalha, sacrificando suas vidas por uma causa maior. - ele fez uma pausa suspirando pesadamente e depois continuou - No entanto, o túmulo dele não se encontra com os dos demais.

Ao ouvir essas palavras a garota remexeu-se inquieta e espantada, encarando os dois homens que ali se encontravam. Afinal, o que ele estava lhe dizendo? Por acaso ele quis insinuar que seu amado não fora digno o bastante para merecer as mesmas honrarias que os outros? Justo ele que se sacrificara para salvar-lhe a vida? Como ele tinham coragem de cometer tal injustiça? Estava decidida a dizer-lhe poucas e boas, quando o moreno a interrompeu, provavelmente adivinhando a revolta que se formava em seu interior. Erguendo a mão para calá-la, ele disse:

- Acalme-se meu anjo! Acontece que... Bem, nós achamos que a maior de todas as homenagens seria dar-lhe como morada eterna o solo que foi testemunha, por tantos anos, de quão grande era o amor de vocês dois. Os Jardins de Fogo.

Uma lágrima solitária rolou por seu rosto. Por um momento ela se sentiu vazia, como se toda a sua vida tivesse esvaído-se de seu ser. Finalmente ela tivera a triste confirmação de que ele se fora. No fundo, talvez, ela ainda nutrisse a esperança de que tudo aquilo não passasse de um engano, um pesadelo. Mas não, tudo era muito real, ela havia mesmo o perdido. Agora ele jazia nos Jardins de Fogo. O seu jardim. Sim, ele teria gostado que fosse assim, pensou ela, e um triste sorriso se formou em seus lábios.

- Os Jardins de Fogo. Nosso jardim.

Ela sussurrou tristemente, voltando a fitar o menino que permanecia adormecido no sofá, alheio a tudo o que estava acontecendo.

- Ainda me lembro como se fosse hoje, quando vocês começaram aquele jardim. Tinham apenas sete anos. Passavam horas semeando os campos, cuidavam de cada flor como de um filho querido. - Uma doce e rouca foz ecoou, adentrando a sala, e todos se voltaram para a bela mulher de longos cabelos castanhos presos em uma trança e de brilhantes e amendoados olhos cor de mel. Ela caminhou até a menina e tocou o seu ombro, num ato reconfortante.

- Tulipas vermelhas. Eram as preferidas de vocês, não é? Na verdade nunca vi duas pessoas terem um gosto tão igual como vocês dois.

As duas se encararam e havia lágrimas em ambos os olhos. A mulher deu-lhe um sorriso e abaixou-se abraçando a menina.

- Jardins de Fogo. Foi ele que deu este nome, por causa das tulipas vermelhas. Você lembra como o jardim parecia um grande mar vermelho, um mar de fogo? É estranho, faz tão pouco tempo em que eu estive lá pela última vez, e no entanto parece que foi há séculos.

A tristeza que tomava o coração de todos era tão profunda que ninguém teve ânimo de dizer coisa alguma por um longo tempo. Foi então que subitamente a mulher pareceu notar o pequeno que dormia ali, ainda, e ergueu-se fitando de forma curiosa os dois homens.

- Ouvi vocês dizendo que o encontraram esta noite. Onde? Como ele conseguiu escapar?

Essa pergunta pareceu tirar a menina de seu torpor, que voltou imediatamente sua atenção para os homens, esperando uma resposta. Estes por sua vez se encararam um minuto, e então o moreno começou.

- Nós estávamos terminado a sepultura do... - a garota abaixou os olhos e o moreno não teve coragem de completar a sentença - Enfim, já estávamos terminando de sepultar a todos quando vimos uma luz vindo... da Floresta Branca...

- Da floresta?

Interrompeu a mulher, parecendo bastante surpresa, assim como a garota que voltou a erguer a cabeça para encarar os adultos.

- Sim, da Floresta Branca. Acredite, ficamos tão surpresos quanto vocês, principalmente quando vimos do que se tratava.

- Eram as irmãs? - Perguntou a menina.

-Sim, e mais um grupo as escoltando. - Respondeu o outro gentilmente.

Em seguida o moreno continuou, não gostando muito do tom amigável que o outro usara ao se referir à eles.

- Ficamos parados os esperando, e quando chegaram mais perto percebemos que um deles estava carregando-o. - apontou para o menino - Em seguida um outro veio até mim e disse que devíamos entregá-lo à você. - Agora ele apontava para a menina.

- Pra mim? - Ela piscou algumas vezes confusa e depois voltou a fitar o menino que ressonava serenamente, um sorriso formou-se em seus lábios e ela acariciou delicadamente a franja deste removendo uma mecha de seus olhos.

- Sim meu anjo. Eles sabiam que ele era muito importante pra você, por isso cuidaram dele. Sabe como lhe estimam. Não foi à toa que te mandei para a floresta, sabia que eles cuidariam de você, que a protegeriam, assim como fizeram com ele. - Explicou bondosamente a mulher, acariciando a face da menina que voltara sua atenção para o que a outra dizia.

- E foi somente por isso que eles o deixaram entrar na floresta. Queriam bancar os bonzinhos com você. Ainda têm a esperança de que você aceite a proteção deles e nos deixe. Mas eles são uns egoístas, isso sim. Só se importam com eles mesmos e com as suas leis estúpidas. Se eles se importassem com você de verdade teriam ajudado na batalha, ao invés de ficarem apenas observando tudo de longe, com o seu usual tom de superioridade.

As palavras rancorosas e indignadas do moreno ecoaram por toda a sala, ao passo que ele se erguia revoltado. Agora andava de um lado para o outro da sala, como uma fera enjaulada.

- Não seja injusto. Eles passaram por cima de uma lei muito rígida deles para salvar o garoto, mesmo não sendo obrigação fazê-lo. - retrucou a mulher, também se alterando.

- E que droga de lei é essa que deixa pessoas inocentes morrerem? Onde estava a lealdade deles para com ela - apontou para a menina -, quando aquele rato maldito a estava torturando?

- Pois é só por serem leais a ela, e ao que ela representa, que eles castigaram a humanidade dessa forma, rompendo os laços de amizade que tinham com os homens. Você devia saber muito bem, melhor do que ninguém, os motivos que eles têm para desprezarem a raça humana, que de humanidade não têm nada. Pois até hoje não aprenderam coisa alguma com os seus erros passados. Pelo contrário, continuam com a sua arrogância e mesquinhez de sempre, se achando os donos do mundo e da verdade, querendo sempre ter o controle de todo o poder, escravizando os mais fracos, descriminando aqueles que são diferentes, - o gentil homem de cabelos grisalhos se remexeu inquieto com esta colocação - passando por cima de tudo aquilo que ofereça ameaça aos seus interesses egoístas. - Saindo das sombras do corredor mal iluminado, vinha a mesma velhinha com uma expressão já não tão bondosa, que a pouco notificara a menina a chegada daqueles dois homens. Neste momento o moreno parecia muito contrariado com todas as palavras duras que ela havia lhe dirigido.

- Se eles estão tão certos assim, e se a humanidade é tão podre quanto você diz, então por que afinal você abdicou de tudo para se tornar uma humana como nós, uma simples bruxa? - Questionou o moreno, de forma rancorosa e desafiadora.

- Bem, meu caro. E quem disse que eu concordo de tudo com as leis de meu povo? Você certamente não ouviu essas palavras saírem de minha boca, não estou certa? O que eu disse é que, eles têm os seus motivos, e que estes se devem justamente à lealdade que sempre mantiveram para com as suas ancestrais. Agora quanto a eu ter, como você disse, 'abdicado de tudo' isso só mostra o quanto eu não estou de acordo com este afastamento deles com os humanos, apesar de entendê-los. E depois, talvez, um dos motivos mais fortes pelo qual eu tomei essa decisão, tenha sido justamente por ter cometido o mesmo, digamos que, deslize que a ancestral dessa nossa bela jovem aqui. Me deixei levar por meus sentimentos.

O tom em que a velha senhora usara sentenciava que este assunto estava encerrado. E sendo assim ninguém mais falou nada a esse respeito por algum tempo. Apesar disso, o moreno ainda parecia muito contrariado e continuava a caminhar pela sala, inquieto. Até que a menina tomou a palavra, parecendo bastante intrigada com algo.

- O que há com ele? Por que não acordou ainda depois de toda essa discussão? - Acariciou a face do menino adormecido gentilmente, uma expressão de preocupação em seu rosto.

- Sim, o que ele tem? - Completou a bela mulher fitando o jovenzinho dormindo.

- Ah! É verdade, havia me esquecido de explicar. Aparentemente eles o acharam muito ferido e em estado de choque na orla da floresta. Imagino que não deva ser muito bom para uma criança ver toda a sua família, bem... Sendo morta, não é? Então eles o colocaram em um profundo sono curativo desde que o encontraram. Quando ele despertar vai estar se sentindo bem melhor, física e psicologicamente.

O moreno que até então apenas escutava a narração de seu amigo, agora aparentemente lembrara-se de algo e sendo assim, caminhou até a menina tirando algo do bolso interno da capa e estendendo para ela.

- Aqui! Havia me esquecido, elas mandaram isso pra você. Pediram que eu te entregasse, mas não faço idéia do que seja - Ele entregou à garota uma estranha porém bela caixa octogonal toda em prata (essa constatação provocou um instintivo recuo da parte do outro homem), do tamanho de um prato cuja tampa e suas laterais continham uma estranha forma de escrita e símbolos desconhecidos para o moreno. - Você sabe o que é isso?

- Tenho uma idéia do que pode ser. Mas não esperava que elas adivinhassem a minha intenção tão depressa. Ia mesmo lhes pedir que me enviassem isso.

- E o que é? - Perguntou curioso o moreno. A menina, por sua vez, pareceu um tanto hesitante de responder essa pergunta. Imediatamente seus olhos correram para a bondosa velhinha que lhe deu um significativo aceno de cabeça. Então, valendo-se de sua coragem e tomando fôlego ela respondeu.

- Cristais élficos.

Por um momento o silêncio reinou por todo aquele ambiente. A bela mulher de madeixas castanhas deixou-se cair sobre uma poltrona, abaixando a cabeça e suspirando profundamente. Os dois homens se entreolharam, a surpresa estampada em seus rostos. Porém, havia muito mais do que surpresa nos olhos do moreno. Havia também indignação. E esta, no segundo seguinte, se voltava contra a bondosa velhinha, que assistia de forma divertida às diversas reações de seus visitantes.

- Cristais élficos? Cristais... Mas que diabos vocês pensam que vão fazer? - Vociferou o moreno encarando novamente a menina.

- Dá pra você se acalmar?

Pediu a garota se levantando e lançando um olhar bastante reprovador para ele, em seguida verificando se o garoto, deitado no sofá, ainda dormia, mesmo após a alteração da voz de ambos.

- Não! Não dá não! O que você pensa que vai fazer com esses cristais élficos, mocinha?

- Exatamente o que você está imaginado.

Respondeu ela, de forma mal criada, colocando as mãos na cintura, empinando o nariz e fazendo uma careta. Por mais que a ocasião não pedisse, era impossível para aqueles que assistiam a cena não achar graça daquela situação. Uma menina que tinha quase que a metade do tamanho do moreno, o encarando de igual para igual.

- Ah, mas não vai mesmo! - Rosnou entre dentes, cruzando os braços e se inclinando na direção da menina, diminuindo consideravelmente o espaço entre os seus rostos. - Eu não vou permitir que você se fira dessa forma desnecessária. Não vou deixar que você se machuque mais! E me admira muito que a senhora esteja compactuando com essa loucura. - Mais uma vez ele se voltava para a velha senhora, que parecia não se abalar com o tom ameaçador que ele lhe dirigia. - Pensei que você deveria protegê-la e não induzi-la a cometer tais loucuras.

- Loucura? Não meu caro, eu não a induzi a loucura alguma. Até por que, foi ela mesma que me pediu ajuda para fazer essa, como você mesmo disse, 'loucura'.

- Ah é? Mais quem foi que ofereceu isso à ela pra começo de conversa? - Ele se alterara ainda mais encarando à senhora, seus olhos faiscando.

- Bem nisso eu até posso ter culpa, mas apesar dela não ter aceitado na ocasião, não me lembro de ninguém ter sido contra.

- Isso por que EU não estava aqui, se não jamais teria permitido que você colocasse essas idéias absurdas na cabecinha oca dela. - Mais uma vez ele se voltava para a garota, fazendo um insinuante sinal para a cabeça.

- Hei! Quem você pensa que tá chamando de cabeça oca? Seu cabeça oca! - todos precisaram conter o ímpeto de soltar uma bela gargalhada pela forma em que a garota insistia em enfrentar o moreno, fazendo mil caras e bocas. - Fique você sabendo que ninguém colocou droga nenhuma na minha cabeça. - Agora o tom de voz dela passara para um mais sério, e sua expressão se tornara mais endurecida. - Fui eu que decidi que está na hora de parar de fugir das minhas responsabilidades. Abel não tem nada haver com essa decisão, então pare de ficar acusando-a injustamente.

- Injusta está sendo você consigo mesma. - Era perceptível que o tom de voz do moreno também havia mudado, agora estava mais calmo e sério, e havia até mesmo um pouco de pena em sua voz. Ele finalmente começava a entender os motivos dela, apesar de continuar não concordado. - Até onde eu sei você nunca foi de fugir a suas responsabilidades, e não vai ser se sobrecarregando desse jeito que as coisas vão se resolver. Você sabe muito bem que tudo isso não é necessário. Seu sofrimento não vai trazer a vida de ninguém de volta, você sabe disso. Então não se precipite, logo tudo isso vai se resolver, como já disse, e você nem precisará sofrer por isso. Seu décimo quinto...

- Eu não vou esperar mais esse maldito dia. - Ela o interrompeu - Já esperei muito. E se não tivesse sido tão covarde à cinco anos atrás, talvez nada disso tivesse acontecido.

- Sim, é verdade, mas como eu já te disse, agora nós jamais saberemos, não é? Então por que não tentamos apenas seguir em frente, querida. Viva um dia de cada vez, sem pressa, sem pressões. Talvez este seja o momento de você reconsiderar sua decisão, pense com calma se é isso mesmo que você quer. Ele tem razão, o dia de sua libertação se aproxima, não há necessidade de apreçarmos a sua natureza. E no final, mesmo depois de tudo pelo que você vai passar o resultado não será o mesmo do que quando chegar a hora certa. Você só conseguirá despertar uma parte do seu real potencial, sabe disso. Então você terá sofrido tanto à toa. - Abel, vendo o quanto o moreno realmente estava preocupado com a menina, e também um pouco duvidosa se seria mesmo uma boa idéia ela se submeter à todo esse sacrifício, resolveu intervir na conversa, dando à menina a oportunidade de reconsidera sua decisão. E diante deste gesto, o moreno não pode deixar de lançar um olhar grato para Abel.

- Mas eu quero! - Não adiantara, ela estava irredutível. - Já te disse antes, não vou ser pega desprevenida de novo. Não vou perder mais ninguém que amo. Não suportaria isso. Prefiro enfrentar qualquer dor física a ter de chorar sobre o túmulo de mais alguém. Eu estou cansada de chorar.

Mas apesar dessas últimas palavras ela não teve como conter as lágrimas, que já rolavam por seu rosto. Vendo o desespero em que a menina estava entrando, o moreno rapidamente se adiantou até ela a envolvendo em um acolhedor e paternal abraço. Ao sentir essa proximidade dele, a garota se agarrou ainda mais forte à ele e deixou toda a sua angustia se esvair em suas lágrimas.

- Acalme-se meu anjo. - Sussurrou em seu ouvido, enquanto acariciava gentilmente seus cabelos. - Não fique assim. Sabe que me corta o coração te ver chorar.

- Eu não pude fazer nada pra salvar os outros. - Ela soluçava copiosamente - Mas não vou deixar... Que... Que nada, nem nin...ninguém me tire vo...você. - Sua voz soou chorosa e abafada contra o peito acolhedor do moreno. - Você é tudo o que me resta, é a pe...pessoa mais importante e que eu... Eu mais amo na vida. Não me impo...porta o quanto vai ser difícil ou doloroso, na...nada se compara à dor que eu sentiria se... Se te perdesse. - agora ela já começava a se acalmar e seu choro se tornava mais contido - Então, por favor, não me peça pra ficar parada e sem tentar fazer algo pra te proteger. Por que eu não me perdoaria nunca se algo te acontecesse também.

Agora era o moreno que não conseguia impedir que as lágrimas lavassem seu rosto diante de tal declaração de amor que a menina acabara de lhe fazer. Tudo o que ele mais queria na vida era protegê-la e era exatamente isso que ela estava tentando fazer, o proteger. Como ele pôde ser tão insensível? Não conseguia parar de se perguntar isso. Não havia parado para pensar em como ela devia estar se sentindo assustada e angustiada. Pior, desesperada com a possibilidade de ficar definitivamente sozinha. Deveria tentar entender os seus motivos e apoiá-la no que pudesse. E era isso o que faria.

- Agora escute meu anjo. Você também é a pessoa que eu mais amo nessa vida, nunca duvide disso! E eu também não suportaria que nada de mau te acontecesse, e é só por isso que eu sou contra essa sua decisão. Não quero vê-la sofrer mais do que você já vem sofrendo a vida toda. Mas se é isso mesmo que você quer, então só me resta aceitar e ficar ao seu lado te dando o meu apoio.

Com essas palavras eles se abraçaram de novo, e ficaram assim por um longo tempo, até que se afastaram e o moreno gentilmente secou o rosto da menina com um lenço. Esta, após se sentir mais calma, voltou a se sentar no chão, ao lado do menino. Enquanto que o moreno sentava-se novamente na mesa próximo a ela, lhe afagando os cabelos.

- Bom. Agora que os ânimos se acalmaram, será que alguém poderia me dizer por que vocês dois estão assim, tão bonitos e elegantes? Dessa forma a mulherada vai acabar agarrando vocês no meio da rua.

Foi a bela mulher de cabelos castanhos que quebrou o pesado silêncio que havia se instalado entre eles, com o seu usual tom divertido e debochado, e abrindo um dos seus mais graciosos sorrisos. Arrancando um tímido sorriso de todos, e ao mesmo tempo dando brecha para que o moreno tocasse no assunto que tanto esperava.

- Ah! Então você gostou do nosso novo visual? Sabe, eu fiquei em dúvida quanto à usar essas vestes trouxas, mas até que elas me caíram bem. O que já era de se esperar, afinal eu fico lindo que qualquer jeito.

Se levantou, passando as mãos pelos cabelos de uma forma bastante sedutora, e abrindo um sorriso maroto em direção a mulher, que o olhava divertida enquanto este fazia um pequeno desfile para ela.

- Por Deus! Como é convencido. - Resmungou a menina revirando os olhos, mas sem deixar de dar uma risadinha pelo comportamento dele. - Pára de palhaçada homem, e diz logo pra que toda essa produção. Sei que você deve estar doido pra falar mesmo. - Completou fingindo desinteresse, mas no fundo já suspeitando do que se tratava.

- Você é mesmo uma estraga prazeres, garota! - Reclamou cruzando os braços, fingindo indignação, mas logo desfez a tromba e respondeu a ela. - Está bem eu digo. Acontece que hoje nós temos muitos compromissos importantes e precisávamos estar devidamente vestidos para essas ocasiões.

Apesar da forma descontraída em que essas palavras foram pronunciadas pelo moreno, um inevitável clima pesado se formou mais uma vez entre eles. A bela e até então sorridente mulher não pôde deixar de esboçar uma profunda preocupação em sua face.

- Então... Já é hoje? - Ela perguntou hesitante, e o moreno apenas lhe respondeu com um aceno positivo de cabeça. - Queria poder ir também.

Ela completou se levantando e lançando a ele, agora, um olhar definitivamente preocupado. Este caminhou até ela e lhe deu um carinhoso abraço que ela correspondeu de imediato, deitando sua cabeça em seu ombro.

- Não se preocupem! - Escutaram a jovial voz da menina, que soava naquele momento de uma forma séria e tranqüila. Virando-se para ela, os dois puderam perceber que esta mantinha um olhar perdido e fora de foco enquanto falava. - Tudo vai acabar bem, e a justiça será feita.




O dia, que já havia prometido ser muito bom desde o amanhecer, surpreendentemente só estava melhorando à medida que as horas passavam. O café da manhã que Harry tomara fora, como Gina prometera, muito gostoso. E agora, depois que todos já haviam acordado e tomado o café da manhã, encontravam-se no jardim preparando uma grande festa de aniversário para Harry, mesmo este repetindo diversas vezes que isso não era necessário. Harry sabia bem que a família Weasley não dispunha de muitos recursos financeiros e que provavelmente tudo isto estava lhes saindo bastante caro. Sendo assim ele não podia deixar de se sentir constrangido em ver todos tão empenhados em lhe preparar esta festa. Principalmente por que nenhum deles o deixava ajudar em coisa alguma, alegando que ele era o aniversariante e que este dia era especial sendo assim ele não devia se preocupar com nada. Enquanto ele protesta contra esta imposição com um ou outro que esbarrava com ele em seu caminho, os garotos Weasley se encarregavam de preparar a mesa para o almoço e os demais preparativos para a festa, mais à noite.

Na hora do almoço todos se deliciavam com um farto banquete que foi servido. Este preparado com muita dedicação pela Sra Weasley e com a ajuda muito prestativa de Gina e Mione. Para a completa surpresa de Harry, os Weasleys haviam convidado para a sua festa alguns de seus colegas de Hogwarts. É claro que não poderiam ser muitos, afinal depois dos acontecimentos do final do ultimo ano letivo seria mais prudente que quanto menos pessoas soubessem do atual paradeiro do garoto melhor. Sendo assim, agora todos se encontravam sentados à mesa desfrutando de uma saborosa refeição enquanto colocavam a conversa em dia.

Dentre os convidados estavam Neville Longbottom, que já havia conseguido encharcar o cotovelo da manga de suas vestes em uma tigela com molho e experimentado 'acidentalmente' mais um dos bolinhos com creme de canário dos gêmeos, que se admiraram pelo garoto ainda cair em suas traquinagens. Dino Thomas, que conversava excitadíssimo sobre quadribol com Olívio Wood, que havia tirado uma folga do time especialmente para comparecer a festa de Harry. E as meninas do time, com exceção de Alicia Spinnet. E este era justamente o assunto que pairava em uma parte da longa mesa onde todos almoçavam.

- Então foi por isso que a Alicia não pode vir? Sabia que Você-Sabe-Quem não ia ficar quieto por muito tempo, é um absurdo que ainda assim o ministério se negue a acreditar que ele ressurgiu. Coitada da Alicia.

- Mas não é todo mundo do ministério que se mantém com essa opinião distorcida Hermione, muitos já estão abrindo os olhos para a verdade, e depois desse último ataque a este bairro bruxo muitos dos que apoiavam Fudge estão se voltando para o lado de Dumbledore. O problema é que o nosso ilustríssimo ministro está usando de toda a sua autoridade, isso para não falar no abuso dela, para abafar estes casos, impedindo que a imprensa publique qualquer coisa sobre esse assunto.

Explicou o mais velho entre os filhos dos Weasleys, Gui, que assim como Carlinhos tinha vindo passar as ferias de verão em casa com a família e aproveitava para ajudar seu pai e Dumbledore, de todas as maneiras possíveis, a convencer o maior número que conseguissem de bruxos, que o Lord das Trevas havia mesmo ressurgido.

- É verdade meu caro irmão, mas não se esqueça de incluir nessa sua lista de mentes aparvalhadas o nosso queridíssimo Percival - Comentou Fred entoando uma falsa solenidade em sua voz enquanto apontava uma cocha de galinha para o irmão mais velho.

- Isso mesmo. Aquela pequena anta acéfala, que teve a coragem de se colocar contra toda a família para ficar ao lado do babaca do Fudge. - Completou Jorge sem disfarçar o ressentimento na voz.

Nesse ponto, Olívio, que tecia detalhes sobre a sua atual posição no time para Dino, pareceu se interessar sobre o assunto e entrou na conversa.

- É nisso que eu não consigo acreditar. Quer dizer, o Percy sempre foi daquele jeito todo certinho, um pouco obcecado por leis e normas, mais eu nunca imaginei que ele teria coragem de tomar partido contra Dumbledore. Ele sempre o admirou tanto, até o defendia quando alguém dizia que o velho diretor estava caducando.

- É pra você ver como as pessoas mudam meu caro Olívio. Foi só ele sentir um pouquinho do gosto do poder pra ficar com a cabeça virada.

- Fred tem razão, ele pirou desse jeito depois que o Fudge o convidou para ser seu assistente pessoal. Ai já viu né, ele ficou se achando 'o cara'. - Mais uma vez Jorge se exaltava, suas orelhas se avermelhando de raiva.

- Ele é tão babaca que nem se toca que o Fudge só fez isso pra atingir o papai. Tá na cara que ele só tava querendo alguém que ficasse por dentro dos planos de Dumbledore para o informar de seus passos. - Continuou Fred.

- E como ele sabe que o papai está ligado ao velho, pensou que seria uma boa forma de conseguir essas informações.

- É tão obvio que ele só está sendo usado. Não sei como esse idiota do Percy não vê isso.

Agora Fred, assim com Jorge, tinha a sua face tão vermelha quanto os cabelos, e o forte soco que ele deu na mesa, demonstrando toda a sua indignação, causou um sobressalto em todos ao seu redor. Por sorte o Sr e a Sra Weasley não estavam na mesa nesse momento, tendo entrado em casa para buscar as sobremesas. Afinal todos sabiam que desde que Artur e Percy haviam brigado e o rapaz saído de casa, que este assunto se tornara proibido na Toca. Primeiro por que a lembrança da terrível briga que pai e filho tiveram no dia em que o segundo anunciou a sua promoção para assistente pessoal do ministro, que resultara na partida deste de casa, ainda machucava muito a Sra Weasley, que sempre chorava quando o nome do filho era mencionado. E depois por que o próprio Sr Weasley havia proibido que se tocasse nesse assunto, mostrando o quanto ainda estava ressentido do filho.

- Hei, vocês dois! Tentem se acalmar, não adianta nada ficar se irritando com as burradas que o Percy está fazendo. E depois se o pai e a mãe ouvirem vocês falando assim vão se meter em encrenca.

- Gina tem razão. Moderem o animo de vocês, afinal já temos muito com o que nos preocupar. Deixem que cedo ou tarde Percy vai ver o grande erro que esta cometendo e vai se arrepender do que fez.

Carlinhos tentava acalmar os ânimos dos gêmeos. Afinal, por mais que eles estivessem entre amigos não era prudente falar tão abertamente sobre certos assuntos.

Tentando mudar a direção da conversa, e também tirar algumas de suas dúvidas, Rony, que até então se manteve calado, resolveu voltar a um outro assunto.

-É isso aí. Vamos deixar o mané do Percy pra lá. Agora, eu estava pensando cá com os meus botões, com tudo isso que aconteceu, o que a Alicia e a Sra Spinnet vão fazer?

- Bem, nós estivemos no enterro do pai dela e a visitamos há dois dias. E até onde nós sabemos, elas decidiram sair do país. Sabe, elas têm medo disso não ter acabado ainda, de virem atrás delas. - Foi Angelina que respondeu, muito penalizada pela perda que sua amiga havia sofrido e por provavelmente perdê-la também. Percebendo a tristeza da garota Fred, que estava sentado ao seu lado, passou seu braço pela cintura da menina a trazendo para mais perto em um gesto de conforto. Então Katie, que se encontrava de frente para a amiga e ao lado do outro gêmeo Weasley, vendo as condições da garota continuou por ela.

- Ela disse que irão para a América. Perece que têm uns parentes por lá, então ela terá de terminar seus estudos em uma escola Canadense.

- Pera aí! Isso quer dizer então que além de não termos um goleiro agora o time também tá desfalcado em uma artilheira?

- Rony! Francamente, isso lá é hora de se falar de quadribol? - Hermione se irritara com a total falta de sensibilidade do amigo.

- Mas Mione, isso é sério, se já ia ser difícil arrumar um bom goleiro pro time o que dirá um novo artilheiro. Vai ser muito pior, por que ele vai ter que aprender em muito pouco tempo a se entrosar com as meninas e o resto do time.

- É Hermione. Dessa vez o Roniquinho tá certo. Este é o último ano pra maioria de nós e queremos sair com grande estilo, assim como o Olívio que conseguiu ganhar a Copa de Quadribol em seu último ano. Não podemos nos dar ao luxo de perder justo este ano. - Fred, que já havia se acalmado, só agora com o comentário do irmão tomava consciência das condições precárias em que o time se encontrava.

- Bem, eu acho que a falta da Alicia no time pode sim nos prejudicar um pouco, mas se nós pedíssemos pra Prof ª McGonagall para começarmos os testes assim que as aulas se iniciarem, acho que daria tempo para se fazer uma boa seleção e treinar os novos jogadores. Angelina e Katie tem um entrosamento muito bom, não vai ser difícil pra elas colocaram o novo artilheiro no ritmo delas. E quanto a você e Jorge, desde que não atirem nenhum balaço na cabeça dos novatos vai ficar tudo bem. O que me preocupa mesmo é o goleiro, os outros times, principalmente a Sonserina, tem um ataque bastante ofensivo, vai ser difícil encontrar um bom goleiro que agüente essa pressão. - Harry que durante todo esse tempo se mantivera calado, agora subitamente entrava na conversa, para o espanto geral. Pois este, mesmo tendo todos os seus amigos ali festejando o seu aniversário, encontrava-se extremamente disperso e pensativo. Todos ali sabiam bem o motivo pelo qual ele não devia estar se sentindo muito animado para comemorar, mas é claro que ninguém tocaria no assunto. E foi por isso que quando ele finalmente resolveu tomar parte da conversa todos não puderam conter a surpresa, mesmo a disfarçando bem. No entanto este seu simples gesto chamou muito mais a atenção de um certo goleiro amigo seu, que não pôde evitar que uma brilhante idéia se forma-se em sua mente.

- Harry tem razão, o mais difícil vai ser achar o goleiro. - Comentou Jorge, também já mais calmo, animado com o novo assunto.

- E não podemos esquecer do capitão. Tenho certeza que assim que chegarmos em Hogwarts a Prof ª McGonagall vai cair em cima da gente exigindo que escolhamos um novo capitão, como faremos pra escolher? - Completou Fred.

- Bom, desde que não seja nenhum fanático como o antigo, que adorava tirar o nosso couro. - Implicou Jorge querendo ver a reação de Olívio, que foi dar-lhe um belo tapa no braço, mas sem conter o riso.

- Hei! Pelo menos esperam eu sair de perto pra falarem mal de mim pelas costas.

Todos caíram na gargalhada, e quando esta cessou, Angelina, que já havia recobrado o ânimo, teve uma idéia e chamou a atenção pra si.

- Como não pensamos nisso antes? Olívio, ninguém melhor do que você pra decidir quem poderia ser o novo capitão. Não poderia haver melhor ocasião para isso, o time todo está aqui e depois a Prof ª McGonagall ficaria muito orgulhosa de ver que nós tomamos essa iniciativa. - A idéia de Angelina pareceu agradar a todos, que abriram grandes sorrisos e direcionaram seus olhares para Olívio que parecia um pouco constrangido com essa atitude de seus amigos, mais muito honrado com a sugestão.

- Hum, não sei não... Acho que seria melhor que vocês mesmo decidissem isso, afinal eu não faço mais parte do time. - Argumentou, tentando se desviar da tarefa. Não que a idéia não lhe agradasse, inclusive ele já até tinha uma boa idéia de quem escolheria, mas não achava certo se intrometer em assuntos que já não mais lhe diziam respeito. Entretanto, essa não parecia ser a opinião dos demais.

- É isso aí cara! A Angelina tá certa Olívio, acho que falo por todos quando digo que não tem ninguém aqui que conheça melhor o time que você. Mesmo que a palavra final seja da Prof ª McGonagall a sua opinião vai contar bastante pra todos nós.

Falar de quadribol parecia realmente ter animado Harry, que mal podia conter seu entusiasmo pela idéia da artilheira. E como todos pareciam concordar com suas palavras, Olívio não teve outra escolha se não concordar com a idéia.

- Tudo bem! Já que vocês insistem, eu posso dar a minha opinião, mas não é por isso que vocês devem escolher aquele que eu indicar. Essa decisão deve ser de vocês e eu apenas vou...

- Pára de enrolar e fala logo, Olívio! - Jorge o interrompeu se levantando exaltado e ansioso para saber logo quem o ex-goleiro da Grifinória escolheria para ser o novo capitão do time.

- É isso aí!!! Nós não estamos no vestiário nos preparando para uma final de campeonato pra você fazer um de seus discursos Olívio. É só dizer logo quem você acha mais indicado pro cargo.

- Ok! Já deu pra sacar que os meus discursos não agradam muito a massa. Então sem mais delongas...

- Que rufem os tambores!!! - Gritou Jorge e Fred começou a tamborilar duas colheres na mesa. Olívio corou um pouco diante da brincadeira dos gêmeos, mais continuou.

- Como eu dizia, antes desses dois bufões me interromperem, - Fred e Jorge fizeram uma reverência exagerada agradecendo o "elogio" - na minha opinião o mais indicado para ser o novo capitão do time é aquele que por mais tempo irá permanecer nele, já que no ano que vem os demais irão se formar. - Nisso todos olharam para Harry, que estava distraído servindo-se de suco de abóbora e não prestara atenção no ex-capitão, mas que com a sensação de ter todos o olhando não pode deixar de erguer levemente seus olhar, justamente quando Olívio continuou - Isso mesmo Harry você é o mais indicado para ser o novo capitão.

Assim que Olívio terminou o seu anuncio, Harry que no momento estava sorvendo um grande gole de suco se abóbora não pode se conter e acabou devolvendo grande parte dele em Neville, que estava sentado a sua frente, encharcando todo o garoto.

- Desculpe Neville! Olívio, você tá maluco? Eu, capitão do time?

- Mas é genial Harry! Você não vê? - Os olhos de Rony brilharam em excitação, com a possibilidade de ver seu melhor amigo como novo capitão do time, e Hermione teve que puxá-lo para se sentar de novo em seu lugar.

- É, quem foi o mais jovem apanhador do século? - Fred parecia tão entusiasmado com a idéia quanto seu irmão mais novo.

- Quem é o maior apanhador de Hogwarts? - Completou Jorge, também empolgado.

- É, Harry, e você realmente sabe bastante de quadribol, tá no teu sangue. - Rony conseguia estar ainda mais animado que todos os outros.

- Tá, eu sei de tudo isso, mas não acho que seja o suficiente para me qualificar como capitão. É muita responsabilidade que está em jogo e depois qualquer um de vocês tem muito mais experiência do que eu, não só por serem mais velhos, como também por terem muito mais conhecimento nesta área, já que vocês jogam desde crianças.

Harry tentava a todo custo se desviar da idéia de Olívio de lhe fazer capitão. É claro que tinha gostado da idéia e estava muito contente de todos os seus amigos estarem lhe apoiando, mas a verdade é que ele não se sentia apto a assumir uma responsabilidade tão grande assim.

- Harry, não adianta você tentar se negar. Sabe tão bem como todos aqui que você é a melhor opção que temos. Olívio está certo. Ano que vem você será o único com experiência o suficiente para assumir a liderança.

- É como a Angelina disse, Harry. Não podemos deixar um novato no comando. - Agora era Jorge que tentava convencer o amigo.

- Seria o fim do time. E quer saber do que mais, mesmo que você não aceite agora a própria McGonagall vai acabar te obrigando a aceitar no ano que vem. - Agora Fred tocava num ponto muito importante.

- Claro, afinal é mais do que natural que ela também chegue a essa conclusão. E se nós a conhecemos bem ela seria bem capaz de ameaçar lançar um feitiço em você caso ousasse se recusar. - Harry não pôde deixar de sentir um arrepio só de pensar no que a sua professora de transfiguração poderia fazer com ele. Não, era melhor nem pensar.

- E você sabe o quanto ela é obcecada por quadribol, aposto que...

- Ok, ok já me convenceram. - Harry já se sentia tão agoniado com todos os argumentos de seus amigos que nem deixou que Katie terminasse de falar - Talvez vocês estejam certos sobre a McGonagall, acho que seria bem provável que ela pensasse como vocês e me escolhesse como capitão. - Nesse ponto todos abriram um imenso sorriso de vitória, até mesmo os irmãos Weasley mais velhos que não haviam se intrometido na conversa pareciam contentes com o rendimento de Harry, assim como o Sr e a Sra Weasley que a pouco haviam voltado a mesa e prestavam atenção na mesma. - No entanto, ainda acho que não estou pronto pra assumir algo assim. Então vamos fazer o seguinte. Ano que vem eu juro que aceito ser o capitão e vou me esforçar ao máximo para não deixar o time cair, mas este ano fica sendo um de vocês. -Todos pareceram um pouco decepcionados mais deixaram que ele terminasse. - Com isso eu tenho tempo para me acostumar com a idéia e posso me preparar melhor para assumir ano que vem.

- Mas Harry...

- Deixa Rony, se o Harry prefere assim então é melhor não forçar.

- Mas então quem você acha que deve ser Olívio? - Perguntou Jorge ao goleiro, também se dando por vencido.

- Bem, como eu disse não vamos forçar o Harry a aceitar, mas acho que seria interessante se ele desse a sua opinião quanto a quem deve ser o novo capitão.

- Certo! Então, o que você nos diz Harry?

- É, pra quem você passa a faixa? - Completou Fred a fala de seu gêmeo.

- Não sei se é uma boa idéia. - Respondeu o garoto, um pouco sem jeito.

- Ah, anda logo Harry. Deixa de ser esquivo. É só dizer de quem você é mais puxa-saco.

- Jorge!!! - Exclamou a Sra Weasley repreendendo o vocabulário do filho.

- Foi mal mãe! Então, Harry desembucha logo.

Enfim Harry se deu por vencido pedindo um tempo para pensar. Por alguns minutos ele ficou de cabeça baixa, vez ou outra a coçando parecendo matutar algo. Por fim ele voltou a erguê-la e encarou um por um dos seus quatro companheiros de time e depois os demais presentes e então finalmente se voltou para o seu escolhido e anunciou.

- Se depender de mim, o novo capitão, ou melhor capitã, é você Angelina.

A artilheira pareceu ficar sem fala por um instante, boquiaberta, olhou para os outros companheiros de time e viu que todos lhe sorriam. Quando finalmente pareceu recobrar a fala, foi para Olívio que a dirigiu.

- Você concorda com isso?

- Claro! Espero que não se ofenda, mais na verdade você era a minha segunda opção. E o fato do Harry também te achar apta para assumir esse posto só me leva a crer ainda mais que ele daria um ótimo capitão.

Harry não pode deixar de corar com o comentário de Olívio, e ainda mais quando Angelina se voltou para ele com um lindo sorriso e lhe agradeceu por tê-la escolhido.

Após isso todos finalmente se deliciaram com as sobremesas que a Sra Weasley havia preparado e depois de satisfeitos decidiram jogar uma partida de quadribol, que se estendeu até o fim do dia.

Com o chegar da noite todos se puseram a preparar a festa. A longa mesa que durante o dia servira o almoço, agora estava coberta com garrafas de cerveja amanteigada, sucos de abóbora, bolinhos de todos os sabores assim como doces e salgados e um grande bolo de chocolate meio torto, mas que parecia bem saboroso coberto com 15 velinhas. Por todo o jardim várias tochas foram acendidas, iluminando com várias cores diferentes a festa. Gui trouxera a sua velha vitrola trouxa, que seu pai enfeitiçara para tocar músicas bruxas, e agora esta servia para animar a festa. De fato Fred e Jorge (que já haviam bebido uma considerável quantidade de cerveja amanteigada e vinho) estavam no meio do jardim dançando de forma bastante exagerada juntamente com seus pares, Angelina e Katie respectivamente.

Pouco depois de terem terminado o jogo de quadribol uma visitante inesperada chegara à Toca, por convite de Gui. Era Fleur Delacour. A francesa havia se mudado para a Inglaterra e se tornado muito "amiga" do mais velho dos filhos Weasley. Como ele sabia da estima que a garota tinha por Harry resolveu convidá-la para a festa. Quando ela chegou, no mesmo instante todas as garotas fecharam a cara, principalmente Hermione quando viu o quão idiota Rony estava se comportando, mas depois que viram que a francesa parecia ter olhos apenas para o ruivo de cabelos longos (com o qual ela dançava praticamente desde o momento que chegou), acabaram relaxando e voltando a se divertir.

Harry, é claro, não havia se animado a dançar e por isso permanecia a um canto conversando com Dino, Neville e Rony que vez ou outra lançava olhares significativos na direção de Hermione, que dançava muito animada com Olívio, enquanto Gina fazia par com seu irmão Carlinhos. Harry também não podia deixar de notar o quanto Gina dançava bem, e como as luzes multicoloridas davam um ar ainda mais encantador à menina, no entanto sempre que se pegava tendo estes pensamentos procurava desviar sua atenção para outra coisa, ou pessoa. E foi assim que ele percebeu que até o Sr e a Sra Weasley estavam se divertindo com a música, embora escolhessem um ritmo mais contido para dançarem, e não pôde deixar de se perguntar se seus pais haviam sido tão felizes juntos como aqueles dois pareciam ser.

Quando já passava das dez a Sra Weasley achou que já era hora de partirem o bolo e entregarem os presentes de Harry. Antes de cortarem o bolo, no entanto, Fred e Jorge inventaram de cantar uma miscelânea de músicas de aniversário e por fim insistiram que Harry fizesse um discurso, o que ele recusou veementemente já rubro de vergonha. Após todos se servirem de bolo começou a entrega de presentes. Harry podia dizer que sem dúvidas aquele era de longe o melhor aniversário que já tivera. Não, na verdade este era o primeiro aniversário de verdade que ele já havia tido.

Enquanto abria os seus presentes, Harry não parava de agradecer por tudo que estavam fazendo e era incapaz de desfazer, nem que só por um minuto, o enorme sorriso que esboçava em seu rosto. Diante de todas as alegrias e emoções pelas quais ele já havia passado naquele dia era impossível acreditar que ainda naquela manhã ele havia acordado tão desanimado por mais uma vez ter tido um dos seus terríveis sonhos com o ressurgimento de Voldemort. Não, naquele momento Harry não se lembrava e nem queria se lembrar que Voldemort existia. Apenas queria curtir aquele dia de pura felicidade, coisa tão rara em sua vida.

De fato a única coisa que faltava para esse dia ser perfeito era ele poder ter alguma noticia de seu padrinho. Isso por que já fazia muito tempo que Sirius não lhe escrevia nem uma só linha que fosse. Na verdade desde a primeira semana de férias que ele nada sabia do foragido. O único sinal de vida que ele recebia deste eram os embrulhos de comida que lhes eram entregues na casa dos Dursley. E o fato de não ter recebido nenhuma só carta do padrinho justo no seu aniversário fazia-o se sentir um pouco deixado de lado, afinal desde que se conheceram que o padrinho nunca deixava passar em brando o seu aniversário e o natal. Por outro lado esse repentino sumiço de Sirius também o deixava preocupado. E se ele houvesse sido capturado e os Weasley não quisessem o preocupar e estivessem lhe ocultando isso? Não, afinal se isso fosse verdade o ministério certamente estaria fazendo o maior estardalhaço para mostrar a sua eficiência ao capturar tão perigoso foragido, mas coisa alguma sobre esse assunto havia saído nos jornais.

Foi no momento em que chegava a essa conclusão que a sua atenção foi chamada para um barulho semelhante a um chicote cortando o ar. Quando ele buscou com os olhos o responsável por este, encontrou sendo dirigido a ele um cintilante e familiar olhar por detrás de um oclinho de meia lua. Todos se levantaram e deram passagem ao velho mago que caminhava em direção de Harry. Este também se levantou e inacreditavelmente seu sorriso ficou ainda maior quando o velho diretor disse:

- Feliz aniversário Harry!

Após dizer isso Dumbledore se aproximou um pouco mais do garoto e bagunçou ainda mais os já tão rebeldes cabelos de Harry, o que fez o garoto corar furiosamente.

- Obrigado por ter vindo professor. Não precisava ter se incomodado.

- Ora Harry, não foi incomodo nenhum. Eu tenho é que me desculpar por só ter podido vir agora, mas é que eu não queria deixar de lhe trazer pessoalmente o meu presente.

Harry percebeu que os já tão azuis olhos do diretor pareceram cintilar como nunca quando ele disse essas palavras, terminado com uma gostosa risada. E por mais que achasse totalmente desnecessário que o mago lhe desse qualquer presente, já que a sua própria presença ali já lhe era formidável, Harry não pode conter um súbito entusiasmo com o que quer que o diretor tivesse lhe trazido. No entanto antes que ele pudesse deixar que a sua curiosidade o fizesse perguntar sobre o que se tratava o seu presente, um grito assustado da jovem francesa chamou a sua atenção, bem como as dos demais.

Harry se voltou, então, para o local onde a jovem se encontrava e depois seguiu o seu olhar, e foi aí que ele pode finalmente descobrir não só a causa do pânico de Fleur (como a do assombro dos demais) mas também pode entender de que se tratava o presente que Dumbledore estava falando. Por mais que ainda lhe parecesse irreal que ele pudesse estar ali Harry não pôde mais conter sua emoção e lentamente começou a caminhar até os dois indivíduos que o observava um pouco mais a diante. O primeiro, Harry logo reconheceu como sendo o seu mais querido professor de DCAT , Remo Lupin. Já o segundo, e o qual provavelmente havia causado o espanto na sua amiga francesa, era um enorme cão negro, quase do tamanho de um urso, que com a sua proximidade começou, para o espanto de alguns que assistiam, a se transforma no até então famoso foragido de Azkaban.

- Sirius!


Continua...


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