Anjo Caído



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N/A: Aleluia! Aleluia! Aleluia! Finalmente eu consegui terminar esse bendito capitulo!!!!! Aff! Povo, realmente me desculpem pela demora. Eu sei o quanto é chato ficar sem atualizações por tanto tempo, eu realmente detesto quando um autor de alguma fic que eu estou lendo demora tanto pra atualizar. Mas é que realmente foi difícil pra mim esses últimos tempos. Primeiro bateu um baita bloqueio, e depois minhas provas na faculdade começaram, aí já viu né?! Depois que o bloqueio passou, e as provas também, foi à vez de um professo meu, muito escroto por sinal, atrapalha o andamento do trabalho. O cara me passa um puta seminário, ao nível de monografia, pra valer a metade da prova, e fica botando o maior terror em todo mundo, o que deixou a turma toda em polvorosa. A minha beta já deve estar de saco cheio de me ouvir falar disso. Hehehehe!!!
Mas em fim, agora que já apresentei o famigerado seminário, acho que finalmente terei um tempinho pra me dedicar mais a fic, até por que logo as férias estarão aí. E com esse friozinho, nada melhor do que ficar enrolada nas cobertas escrevendo. Hehehe!!! Bom, essa nota já ficou grande de mais. Sorry mais uma vez pela demora, e aproveitem a leitura.

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Capítulo 08: Anjo Caído.

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A aurora emergia para mais um dia, trazendo consigo uma suave brisa que soprou sobre os cabelos dela. Estava muito cansada depois de mais um dia e uma noite tão exaustivos como os de ontem. Aqueles rituais estavam acabando com ela, sugando a sua saúde e enfraquecendo o seu espírito. Mas ela não se importava. Já começava a sentir os seus efeitos, e todo o seu sacrifício seria válido se com isso ela pudesse proteger as pessoas que amava. Não perderia mais ninguém, jurara para si mesma. Um pequeno raio de sol penetrou pela janela indo iluminar sua face, isso a incomodou e ela virou-se na cama para escapar dele. Não queria se levantar ainda. Estava exausta. E principalmente queria adiar ao máximo os acontecimentos daquele dia. Não queria partir.

Ainda não tinha despertado completamente, vinha sentido cada vez mais sono nos últimos dias, estava esgotada. Mais isso não impediu que ela sentisse uma pequena presença entrando furtivamente no quarto. Não precisou se concentrar para a reconhecer. Eram assim todos os dias. Ele sempre vinha lhe acordar, e a aporrinhar. Decidiu ignorá-lo. Não ia se levantar e pronto! Pena que ele não concordava com isso. Foi pega desprevenida. Quando deu por si ele já estava pulando em cima da sua cama e dela também. Oh Deusa! De onde ele tirava tanta energia já de manhã? Odiava isso nele.

- Acorda! Acorda! ACOOORDA! Preguiçosaaaa!!!

Incessante. Podia esmagá-lo como uma barata. Tentou cobrir a cabeça com o travesseiro, mesmo sabendo que não teria resultado. Ele o arrancou dela e começou a surrá-la com ele, ainda gritando.

- Levanta! Vamos, levanta vai se atrasar! Não podemos nos atrasar!

Dane-se! Não queria ir a lugar nenhum mesmo, pensou, cobrindo-se com o lençol. Ele o agarrou puxando-o e a descobrindo. Cara chato! Voltou a esmurrá-la com o travesseiro, enquanto ela se encolhia para evitar os golpes.

- Para!

Gemeu. Estava farta. Só queria dormir, droga!

- Vamos, o dia está lindo lá fora. Não vai querer perder isso...

Ele parecia não tê-la ouvido, ou fingiu não tê-lo.

- Quer parar!

Rosnou entre dentes, tentando não perder a paciência. Estava difícil.

- Abel fez panquecas, não estão com uma cara muito boa mais os muffes de chocolate estão ótimos! Você conhece alguém que goste muuuito de chocolate?

Perguntou com uma cara travessa tentando provocar-la, sabia do seu ponto fraco. E definitivamente não estava prestando atenção nela. Mais travesseiradas.

- PARAAA!!! - Explodiu, sentando-se pesadamente na cama - Mas que droga!!! Que inferno, não se pode mais dormir em paz, não?! Saco!!!! - Vociferou exasperada, o empurrando para longe e, através de um emaranhado de cabelos, lançou-lhe um olhar assassino.

Ele parecia ter se assustado com o grito dela, pois parou imediatamente com a sua bagunça. Uma pluma desceu suavemente entre os dois fazendo-a desviar o seu olhar severo dele, que até então se mantinha fixo no menino. Este suspirou aliviado, já estava ficando com medo daquele olhar. Mas o que ela lhe lançou em seguida não foi menos assustador. Parecia realmente furiosa, mas também não podia ser diferente, pois não só ela como toda a sua cama estavam repletos de plumas que haviam sido brutalmente arrancadas do interior de seu pobre travesseiro por aquele selvagem.

- O que você pensa que está fazendo? - Perguntou entredentes, acentuando cada palavra. Ele a olhou ainda sério, talvez ainda um pouco assustado pela explosão dela, mas logo em seguida abriu um dos seus típicos sorrisos brincalhões e respondeu simplesmente.

- Te acordando!

Mais uma travesseirada, bem na cara dela. Ela tombou para trás, mas logo se recuperou e foi atrás do menino, que já tinha tratado de correr da cama para fugir dela. Tinha muito amor pela própria vida.

- Volta aqui seu projeto de gente!!! Vou te ensinar a me respeitar! Vai ver só!!

Gritou o ameaçando, já não tão irritada como queria aparentar. O alcançou antes que pudesse fugir pela porta e o arrastou de volta para cama o cobrindo logo em seguida com uma surra de cócegas e travesseiradas.

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Este estava prometendo ser mais um dia tumultuado, como em todos os outros anos, para a matrona da família Weasley. Não adiantara em nada Molly pedir milhões de vezes para que todos deixassem as suas coisas previamente arrumadas na noite anterior para que não houvessem atrasos na manhã seguinte. Já estava cansada de todos os anos ter de sair aos tropeços de casa por conta de seus filhos atolados. E dessa vez não estava sendo diferente. Começando com os gêmeos que para variar já acordaram aprontando. Fred não parava de ir e vir do quarto para pegar algo de que se esquecera, sendo vigiado atentamente por Molly. Quanto a Jorge, ela precisou se ocupar por um pouco mais de tempo na inspeção de suas roupas e malas. A todo o momento ela encontrava mais algum artigo das Gemialidades Weasley , que simplesmente pareciam brotar magicamente de onde ela acabara de confiscar algo. E o fato dele ficar aparatando e desaparatando, a todo o momento, para fugir dela não estava ajudando muito.

Mal ela sabia que isso não passava de um artifício que os gêmeos montaram para desviar a atenção de sua mãe das malas de Gina. Era lá que eles estavam realmente contrabandeando os seus produtos, e isso é claro com o apoio da menina. Mione ficara escandalizada com Gina quando esta lhe confessou estar ajudando os irmãos. Mas não teve tempo de passar um sermão na amiga, pois tivera que ir atrás de Bichento, que acabara de fugir de sua jaulinha para correr atrás de um guinomo. Rony também estava tendo problemas. Não conseguia encontrar o seu distintivo de monitor. Harry o estava ajudando a procurar, mas Rony achava essa busca inútil. Tinha certeza que os gêmeos o haviam seqüestrado e só o devolveriam depois que tivessem tempo de o arruinar.

Na hora marcada para saírem, por incrível que pareça, todos já estavam com suas coisas finalmente arrumadas e postados no jardim, de onde puderam perceber que mais uma vez chegariam a Hogwarts em baixo de uma torrencial chuva. Várias nuvens pesadas se formavam, tomando o lugar do dia ensolarado que o começo da manhã prometera, e um vento forte soprava, arreliando os cabelos de todos. Entrementes a isso, todos aguardavam inquietos pelo meio que o Sr Weasley dissera ter arranjado para os levar, e felizmente não foi preciso esperar muito para que logo todos pudessem descobrir qual seria o transporte deles.

Com uma brusca freada, um grande ônibus de três andares roxo estacionou bem diante dos jovens estudantes e dos demais adultos que os acompanhavam.

- O Nôitibus Andante? É assim que nós vamos para a estação? - Perguntou Rony, pondo em palavras toda a surpresa que os demais sentiam.

- Isso mesmo! Agora vamos todos vocês, já perdemos tempo demais... - Ordenou-os eficiente a Sra Weasley, os despachando para dentro do ônibus. Gui e Carlinhos se ocupavam de ajudar a colocar as bagagens para dentro, iriam os acompanhar até a estação assim como o seu pai. Harry achou isso um pouco estranho, afinal apesar de ser época de férias o Sr Weasley não deixara de trabalhar praticamente nenhum dia, então por que justamente hoje ele havia decidido ficar para os acompanhar? Não seria a primeira vez que a Sra Weasley os levaria sozinha, então por que disso agora? Se Harry já estava curioso com este fato à coisa só piorou quando ele finalmente embarcou no ônibus e deu de cara com o motorista.

Incredulidade descrevia bem a sua expressão, pois sentado ao volante estava ninguém menos que Olho-Tonto Moody, seu ex, ou melhor, quase ex-professor de DCAT. Rony que vinha atrás dele resmungando algo trombou com as suas costas enquanto lhe perguntava:

- Então, por que você acha que nós vamos de Nôitibus Harry? Hei, por que você par... - Não terminou. Sua boca escancarou no momento em que ele reconheceu a mesma pessoa a quem Harry encarava paralisado nos degraus do ônibus.

- Se quer mesmo saber, um cara do departamento de regulamentação de transportes mágicos me devia um favor e me concedeu emprestado esta geringonça para dar uma carona para vocês a pedido de Artur. Então agora feche essa boca grande antes que entre mosca e vão os dois entrando logo, estão impedindo a passagem... - Rosnou Olho-Tonto, os enxotando da porta. Rony e Harry seguiram trocando olhares intrigados, se acomodando em grandes e confortáveis poltronas com descanso para as pernas, bem no meio do ônibus. Logo Mione e Gina se juntaram a eles, as duas parecendo tão surpresas quanto os dois.

- Tem alguma coisa acontecendo, sem duvidas que tem. - Sentenciou Hermione, sentando-se em uma poltrona ao lado das que Harry e Gina ocupavam. Rony se debruçava no encosto da poltrona em frente à de Mione para participar da conversa.

- Por que precisou ser o Moody a pedir o ônibus? Papai também tem muitos contatos no Ministério, podia ter arrumado uns carros como no nosso terceiro ano, não é? - Todos chegavam à mesma conclusão que Rony. E a pergunta de todos também era a mesma: Por que Moody estava realmente ali?

- Hei, vocês! Se estão curiosos com Olho-Tonto então deviam dar uma espiada nas figuras que estão lá em cima. - Disse Fred que junto a Jorge acabava de descer do segundo andar e escutara a conversa do quarteto.

- Como assim lá em cima? Tem outros passageiros aqui além de nós? - Indagou Gina. Sabia que se fosse Rony a perguntar provavelmente este receberia uma resposta mal criada dos gêmeos. E uma discussão entre os seus irmãos não lhes daria a resposta que precisavam.

- Não estou bem certo se são passageiros, mais nós não estamos sós, isso eu garanto.

Respondeu Jorge se dirigindo para frente do ônibus com Fred e deixando os demais na curiosidade.

No entanto, esta curiosidade não durou muito, logo o primeiro de seus ‘companheiros de viagem’ veio se juntar a eles, ou melhor, companheira. Ela podia ser classificada no mínimo como ‘diferente’. Harry sabia que os bruxos em geral tinham o habito de serem ligeiramente excêntricos por natureza, mais definitivamente esta mulher abusava desse direito. Usava um conjunto de vestes bruxas coral sob uma capa púrpura e seus cabelos eram tão rosas como a bola de chiclete que ela fazia na boca enquanto caminhava tranqüilamente, como em um belo campo de flores.

Os quatro trocaram outro olhar intrigado, mas antes que qualquer um pudesse comentar algo a respeito ela os alcançou, parando diante deles.

PLOC!

Ela estourou uma grande bola de chiclete, que cobriu boa parte de seu rosto, no instante em que encarou de perto Harry (muito de perto, na opinião do garoto), tanto que mais um pouquinho e ele teria compartilhado do mesmo destino que ela, ficando todo grudado. Ela limpou-se despreocupadamente e depois voltou-se para Harry.

- É, você se parece mesmo muito com James. Apesar de ter os olhos de Lílian.

E abriu um largo sorriso, deixado-o encabulado. Sua naturalidade era tamanha que até parecia que ela já era muito íntima deles.

- Você conheceu os meus pais? - Passado à surpresa e a timidez, como sempre Harry ficou ansioso ao saber que aquela estranha mulher podia lhe dar alguma informação sobre seus pais.

- E sem dúvida que tem o mesmo gosto por ruivas como James.

Seus olhos se desviaram, divertidos, para a mão de Harry, entrelaçada a de Gina, ignorando a pergunta do rapaz ao mesmo tempo em que os seus cabelos mudavam para um verde fluorescente. Esta mudança causou um imediato sobressalto em todos. E Harry até se esqueceu de corar diante do comentário feito por ela.

- Hei!! Você é uma metamorfomaga, não é? Eu já li sobre isso! - Exclamou Hermione excitada com a demonstração da bruxa.

- E você deve ser a Hermione, não é? Já ouvi muito falar de você, e de toda ajuda que vem dando a Harry. Ele tem muita sorte de ter amigos como vocês.

Hermione corou diante do elogio feito por aquela mulher, enquanto esta limitou-se a dar mais um largo sorriso, encostando-se em uma das poltronas, cruzando os braços e voltando a fazer uma nova bola de chiclete, tomando mais cuidado para que essa não estourasse em sua cara.

- Ham...desculpe perguntar, mas quem é você? E como sabe sobre nós?

Insistiu Harry, buscando uma resposta. Mas antes que ela respondesse, uma segunda pessoa, vinda do segundo andar do ônibus, se pronunciou.

- Tonks, tudo certo aqui? - Perguntou um bruxo alto e negro, com uma expressão alerta.

- Está sim, Kingsley. Estava apenas levando um papinho com as crianças - os quatro fizeram caretas desgostosas diante do comentário dela. - Veja, este é o Harry... Lupin tinha razão, não acha? Vê como são parecidos?

O bruxo se aproximou mais um pouco observando a todos, sua face se descontraindo um pouco enquanto mirava Harry a uma certa distância.

- Tem razão. Ele é muito parecido com James, mas os olhos são inconfundivelmente os de Lílian - Harry teve a impressão de ver uma sombra melancólica passar pelos olhos dos dois adultos, que se encaravam enquanto conversavam como se eles nem estivessem ali. - Bom Nymphadora, agora é melhor você voltar para seu posto, vou dar uma palavrinha com Moody e depois vou a seu encontro...

- Kingsley Shacklebolt!!! Quantas vezes já pedi para não me chamar de Nymphadora? É só Tonks!!! - Reclamou exasperada a bruxa. Seus cabelos ficando muito vermelhos e arrepiados. Rony acabou levando um cutucão de Mione por não conseguir conter um risinho e Harry e Gina não sabiam se riam ou prestavam atenção à discussão daqueles bruxos desconhecidos.

- Deixe de chiliques, Tonks! Só você pra preferir ser chamada apenas pelo sobrenome. - Respondeu com impaciência, voltando a caminhar para a parte da frente do ônibus.

- Queria ver se fosse a sua mãe que tivesse lhe dado um nome tão idiota como Nymphadora! - Retrucou indignada as costas dele. Este se virou, olhando-a por cima do ombro e disse antes de partir:

- E fique de olho em Mundugus enquanto estiver por lá. Ele me pareceu um pouco verde, passou a noite na gandaia outra vez, suponho...

E seguiu o seu caminho sem dizer mais nada, talvez sem escutar os resmungos da bruxa que deixara para trás.

- Hunf! E ainda por cima espera que eu fique de babá para aquele traste... tantos anos estudando para terminar assim... que decadência... -E seguiu seu caminho, exasperada, de volta para as escadas, dando uma topada em uma das poltronas no caminho e quase caindo. Rumou para o segundo andar sem voltar a se dirigir aos jovens que ficaram completamente confusos, ainda a ouvindo praguejar sobre a dor em seu pé.

- Alguém aí entendeu alguma coisa? - Perguntou Gina se esticando para tentar ver o que estava acontecendo mais à frente, percebendo que todos já haviam embarcado e que seu pai se ocupava em uma conversa com Olho-Tonto e o tal de Shacklebolt. Sua mãe parecia dar novas broncas nos gêmeos e Gui e Carlinhos, já acomodados em poltronas mais à frente, conversavam tranqüilamente.

- E quem eram eles afinal? - Foi à vez de Harry questionar.

- Não sei, mas definitivamente eles sabem quem você é Harry. - Concluiu Hermione, seguindo o olhar de Gina.

- Claro que eles o conhecem. Afinal ele é “Harry Potter”, esqueceu? Quem no mundo mágico não sabe quem ele é?

- Não, Rony. Me refiro a outra coisa. Você não os ouviu? Eles obviamente conheciam os pais de Harry. Viu a cara que fizeram? Pareciam tristes...

- Então você também percebeu? - Perguntou Harry e Hermione confirmou com a cabeça, continuando:

- E também parecem conhecer o Lupin. Ouviram quando o mencionaram?

- E daí? Papai também o conhece. - Respondeu displicente Rony, apontando para Shacklebolt.

- Deu pra perceber, eles parecem estar conversando sobre alguma coisa bastante importante lá... - Harry comentou, indicando com a cabeça os adultos na dianteira do ônibus.

- Mas não me refiro de agora. Uma vez fui ao ministério com papai e ele nos apresentou, já faz muito tempo isso, mas eu me lembro bem. Esse aí, o Shacklebolt, é um auror.

- Tem certeza Rony? - Perguntou Hermione ofegante.

- Claro que tenho! Por quê? - O garoto não entendia a súbita ansiedade da amiga. Mas Hermione não pôde responder na hora, pois o assunto em questão vinha se aproximando e passava nesse momento por eles. Sua face mais uma vez muito concentrada, tanto que nem se deu ao trabalho de desviar os seus olhos a eles antes de alcançar as escadas e sumir por elas.

Assim que achou seguro recomeçar, Hermione disse:

- Ora Rony, você não vê como tudo isso é suspeito? Primeiro o Mood aparece de motorista para nos levar a estação....

- Depois aparece essa bruxa cheia de intimidades pra cima do Harry... - Pontuou Gina rapidamente seguindo o raciocínio de Hermione, e sem querer, deixando o seu tom de voz sair um pouco contrariado ao se referir a tal da “Tonks”. Harry disfarçou rápido um sorriso ao perceber essa pontada de ciúmes demonstrada por Gina.

- Isso mesmo. - continuou Mione - E depois me aparece o outro bruxo, que você mesmo disse ser um auror Rony. E pelo que eu entendi, há mais alguém lá em cima...

- E não esqueçamos do seu pai, Rony. - Harry falou, olhando para o amigo.

- Que tem meu pai? - Perguntou o garoto ainda sem entender muito bem aonde os amigos queriam chegar.

- Bom, não acha estranho ele ter ficado para nos acompanhar à estação hoje?

- É mesmo, ele tem trabalhado tanto esses dias, nem parece que estamos em férias... - Gina se mostrou igualmente curiosa com o comportamento do pai.

- A Sra Weasley já havia nos levado à estação sozinha uma vez, e em condições bem mais complicadas. - Lembrou Harry

- E com todos esses bruxos a nossa volta não haveria necessidade dele nos acompanhar... - Completou Hermione.

- A menos que... - Gina levou as mãos à boca. Uma luz de compreensão se formando na cabeça dos três.

- "A menos que" o quê? - Rony detestava quando Hermione ficava de mistérios ou fazendo rodeios. E achou ainda mais insuportável ter de agüentar esse comportamento também de seu amigo e de sua irmã.

- Mais está tão claro Rony!!! - Respondeu Hermione, indignada pela falta de atenção do rapaz.

- Então você também acha isso? - Perguntou Harry antes que Rony pudesse manifestar algum protesto. - Acha que eles todos estão aqui, inclusive Gui e Carlinhos, para... me vigiar?

Hermione apenas confirmou com a cabeça.

- Então era isso? - Finalmente a luz se fazia para Rony - Eles estão aqui para nos escoltar até a estação? Bom, não é de se admirar que eles estejam tomando certos cuidados, não é? Afinal Você-Sabe-Quem, está de volta, e com seus poderes recuperados. E todo mundo sabe que ele está atrás do Har...

Só então Rony se tocou da seriedade da situação, e calou-se abruptamente. E bem a tempo, pois mais um minuto e teria levado um belo cascudo de Hermione, pela sua falta de tato. A garota o estivera fulminado com os olhos desde que ele começara a tagarelar. Isso o fez finalmente voltar sua atenção para Harry, e pode notar o porquê da preocupação de Hermione.

Harry, que havia soltado sua mão de Gina, agora mantinha ambos os punhos cerrados. Seu olhar fixo na poltrona a sua frente. E uma expressão nada boa em sua face. Uma mistura de indignação e raiva se aflorando em si.

- Então é isso. Eu já devia ter imaginado que as coisas estavam calmas demais. Tentei me enganar, ignorar tudo que eu estava sentindo nos últimos dias, as dores, os pesadelos... Dumbledore disse para que eu não me preocupasse com eles, e eu achei conveniente seguir esse conselho. - A atmosfera entre eles ficara tão tensa que ninguém ao menos notou o grande solavanco que o ônibus fez ao dar a partida. Na cabeça de todos a forte lembrança da final do torneio Tribruxo, e as conseqüências que elas trouxeram. Os três sabiam o quanto estava sendo difícil para Harry superar tudo aquilo. Fizeram de tudo para o distrair durante as férias, e com o início do namoro dele com Gina achavam que ele finalmente começara a superar. Mas agora, vendo-o tão transtornado percebiam que de fato ele apenas havia guardado para si as suas angustias. - Mas de que adiantou fingir que estava tudo bem? Isso não mudou, e nem vai mudar, o fato de que pessoas inocentes estão morrendo por aí, como Cédrico e o pai da Alicia. E que ninguém mais conseguirá realmente se sentir seguro enquanto ele estiver solto por aí. A ponto de uma simples ida a estação de trem precise se tornar numa verdadeira operação de guerra. Uma guerra... é exatamente para uma que o mundo mágico está se encaminhando agora com a volta de Voldemort. E tudo isso por que? Por minha cau...

- Não!!! - Gina o cortou com uma voz carregada de determinação - Não ouse recomeçar com essa história Harry. Não vou permitir que você fique se culpando por algo que não pôde evitar.

Todos olharam surpresos para Gina. Por um momento Harry sentiu um grande temor ao fitar tão belos olhos castanhos. E se algo acontecesse a ela por estar junto dele? Jamais se perdoaria. Sentiu uma pontada em seu peito, não suportaria vê-la ferida, ou pior. Maneou a cabeça para espantar esses pensamentos, mas eles já estavam muito fixos em sua mente. Tinha que fazer algo para protegê-la, mesmo que isso significasse afastá-la dele, assim como os seus amigos. Mas antes que ele pudesse dizer algo, Gina tocou seus lábios com a ponta de seu dedo, calando-o, e depois percorreu toda a sua face com suas delicadas mãos até segurá-lo, emoldurando o seu rosto. Então disse algo bem próximo de seu ouvido:

- Eu não vou deixar que continue se culpando e muito menos que nos afaste de você. - Harry se assustou, era como se ela tivesse lido seus pensamentos - Ficar sozinho não vai resolver nada, pelo contrário, a união é o que nos fortalece, e nós jamais vamos deixar que você fique sozinho no que esta por vir. -Ao lado deles Rony e Hermione assentiram com as cabeças concordando com suas palavras, e admirados com a maturidade de Gina. - E não me importa o que pode acontecer, sei que estaremos bem enquanto estivermos juntos. Confio em você Harry, você salvou a minha vida uma vez, sei que teria feito o mesmo por Cédrico se tivesse tido chance. Então não se atormente mais com isso, por que me dói te ver assim, você não merece passar por tudo isso... - sua voz morreu na garganta, e Gina tinha lágrimas nos olhos quando abraçou-se forte a Harry, dando pequenos soluços.

Emocionado com as palavras da namorada, ele deixou-se afundar a cabeça na curva de seu pescoço, inalando o gostoso perfuma da garota, o que sempre lhe acalmava tanto. Percebendo que deviam dar um momento de privacidade ao casal, Hermione se levantou e arrastou Rony com ela para frente do ônibus, onde começaram uma conversa, não muito animada no que lhes dizia respeito, com Gui e Carlinhos.

Harry não saberia dizer por quanto tempo ficara ali. Abraçado a Gina, sentindo a sua respiração pesada em seu peito, onde ela descansara a cabeça, acariciando os seus cabelos. Mas quando percebeu que ela finalmente se acalmara afastou-se um pouco para forçá-la a olhá-lo. Sentiu-se mal ao ver como seus olhos estavam vermelhos e manchados de lágrimas. Tudo porque ele dissera coisas tão estúpidas. Como ele podia pensar que conseguiria se afastar de seus amigos? Ou pior, dela, por quem ele sentia algo que jamais pensou ser capaz de sentir por alguém. Sorriu, estava realmente caído por aquela menina. Com as pontas dos dedos secou delicadamente o caminho que as lágrimas haviam feito por sua face. Depois se aproximou lentamente dela, até encostar a sua testa com a de Gina, fechou os olhos e suspirou. Sentiu quando ela envolveu o seu pescoço com seus braços e começou a acariciar os cabelos de sua nuca. Ele adorava isso, sentiu um arrepio gostoso lhe percorrer a espinha. Abriu os olhos e encontrou com os castanhos dela. Aproximou mais o seu rosto da garota, e ainda sem desviar o seu olhar do de Gina roçou suavemente seu lábios nos dela, e depois murmurou contra eles:

- Nunca vou deixar que lhe façam mal. Prometo que vou estar sempre contigo Gin... Sempre.

Ele a sentiu estremecer ao ouvir suas palavras e não tardou a puxar o seu pescoço contra si forçando-o a tomar os seus lábios, o que Harry obedeceu prontamente. Logo os dois estavam envolvidos em um dos beijos mais arrebatadores que já haviam trocado até então.

Harry retirara o descanso de braço que separava as suas poltronas, e assim pode trazer Gina mais para perto, enlaçando-a pela cintura, mas não se atrevendo a tomar nenhuma liberdade a mais. Esta por sua vez acomodara as suas pernas sobre o colo de Harry, quase se sentando nele, permitindo assim um maior contato entre seus corpos, enquanto suas mãos percorriam suas costas ou seus cabelos. Seus beijos se tornavam cada vez mais exigentes, e ambos podiam sentir seus lábios inchados e os queixos doloridos, mas não queriam parar, fazendo apenas pequenos intervalos para reabastecerem-se de ar antes de retornarem a reivindicar os lábios um do outro.

Harry podia sentir não só o seu rosto como todo o seu corpo aquecendo-se imensamente, devia estar muito vermelho, mas não se importava. Queria apenas desfrutar daquele momento. Sentir Gina em seus braços. Toda sua. Sua pele sedosa, seus lábios macios, seu doce perfume.

Cada toque, cada suspiro, todas aquelas maravilhosas sensações, banindo de sua mente todos os desagradáveis pensamentos, que a pouco o atormentavam. Foi então que começou a sentir uma reação diferente, que no começo não deu muita importância, mas que logo começou a crescer o fazendo romper bruscamente o contato com Gina.

- O que foi? - Perguntou a menina confusa e ainda ofegante.

- N-nada! - Foi a resposta rouca que conseguiu lhe dar, sem ter coragem de encarar Gina nos olhos, e temendo que ela percebesse o seu estado embaraçoso.

Sem perceber o constrangimento de Harry, Gina simplesmente inclinou-se novamente sobre ele buscando mais uma vez por seus lábios, mas antes que o alcançasse Harry voltou a repeli-la. Dessa vez Gina não pode deixar de demonstrar uma expressão magoada, obviamente achando ter sido rejeitada pelo namorado, mas antes que dissesse algo Harry tratou de inventar uma desculpa.

- É melhor paramos por aqui, Gina. Já devemos estar chegando e nem quero pensar em como seria se alguém nos visse assim. Já imaginou?

Com essas palavras Gina rapidamente deu uma boa olhada em Harry e depois em si mesma, e corando ainda mais se é possível, notou que realmente haviam se empolgado demais, e que tiveram mesmo muita sorte de ninguém ter os pego naquela situação. Mais do que depressa ela retirou as pernas de cima de Harry e começou a se ajeitar, puxando a saia pro lugar e arrumando os cabelos. Harry ficou aliviado por Gina se encontrar ocupada demais ajeitando-se e assim não ter notado como ele procurava se manter estrategicamente curvado enquanto tentava dar uma arrumada em seu próprio visual.

Após finalmente acalmarem os ânimos, foi com mais tranqüilidade que Harry puxou Gina novamente para perto de si, permitindo que essa apoiasse a cabeça em seu peito enquanto ele passava um de seus braços por seu ombro. Não demorou muito, no entanto, para que uma forte freada anunciasse que finalmente aviam chegado a Londres.

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Já estava ali sentada no parapeito daquela janela há algum tempo. Seus pensamentos voando para o passado e revivendo todos os acontecimentos daqueles últimos meses: A notícia de que finalmente poderia ingressar em uma escola bruxa.

Lembrava-se da felicidade que essa novidade lhe trouxera e de todos os planos que havia feito junto à ele para quando lá chegassem. Ah, realizariam grandes feitos! As aventuras que viveriam, as travessuras que aprontariam, e estariam juntos em tudo. Mas então veio aquela terrível noite. Ainda podia ouvir os seus gritos mandando-a fugir. O tinir das espadas. E seu sangue escorrendo e levando consigo o brilho de seus olhos. Secou uma lágrima. A cada uma que derramava jurava ser a última, mas em seu íntimo sabia que muitas mais viriam. Todas às vezes, como agora, que a saudade apertasse sua garganta e roubasse-lhe o ar, deixando-a apenas com sua dor e uma vontade imensa de gritar.

Alguém estava à porta. Batiam. Havia chegado a hora de partir, não podia mais fugir. Abraçou-se tentando encontrar conforto. Seria muito duro ter de ir para lá agora que estava sozinha, sem ele. Corrigiu-se; não estaria sozinha, ele havia deixado-lhe um grande presente, que ela protegeria com todas as suas forças. Permitiu-se um breve sorriso. Teria o seu pequeno a seu lado nesse momento tão difícil, e este era seu único consolo.

A porta. Batiam tão forte que logo a derrubariam. Deu um suspiro cansado e resignadamente se forçou a levantar para abri-la. Lá estava ele. Seu carrasco, pronto para levá-la ao seu derradeiro destino. Buscou os seus olhos e o que encontrou foi à mesma frieza que adotara também para com ela nos últimos anos.

- Por que não abriu de uma vez? - Inquiriu seco e indiferente. Nem uma sombra de simpatia ou consolo. Não ia mais aturar isso.

- Vamos acabar logo com isso. - Saiu pisando duro, esbarrando nele no caminho, sem se importar com seus resmungos.

Alcançou as escadas e as desceu apressada. Não queria que agora ele forçasse uma conversa. Chegando a sala encontrou os outros a esperando. Dirigiu-se primeiramente a senhora, que tão gentilmente a hospedara em sua casa naqueles dias.

- Adeus Sra Figg. Muito obrigada pela acolhida, e principalmente por toda ajuda que tem me dado. Nunca vou me esquecer disso. - Com essas palavras ela deu um forte e emocionado abraço na bondosa senhora e se afastou.

- Não tem do que me agradecer minha criança. Apenas cumpri com a minha obrigação. Te mostrei um caminho, agora cabe a você decidir como seguir por ele. - Elas trocaram mais um abraço e voltaram a se afastar. - Em minhas preces pedirei que Corellon Larethiam* esteja contigo, e lhe proteja em seu caminho.

- Obrigada! - Agradeceu com um sorriso e se voltou para os demais que se encontravam na sala.

- Bom, não gosto de despedidas, então só venha até aqui e me de um abraço. - Pediu se aproximando dela aquele a quem ela já amava como a um verdadeiro pai. - Prometa-me que vai se cuidar e que não se meterá em confusões. Me ouviu bem mocinha?!

- Pode deixar! - Respondeu de má vontade - Ninguém nem vai perceber a minha presença por lá.

Não teve muita certeza se era essa a resposta que queria ouvir, mas o fato é que o homem se deu por satisfeito e libertou-a de seus braços para que ela pudesse se despedir dos demais.

Depois de muitas recomendações de todos e de respostas atravessadas, da parte da garota para eles, foi que finalmente cansado de tanta demora aquele que fora buscá-la em seu quarto a chamou.

- Vamos logo, acabem com isso! Já estamos atrasados!

Percebendo que o tom áspero usado por ele poderia inflamar os ânimos de alguns ali, a menina rapidamente apresou-se em respondê-lo, se aproximando.

- Tem razão, não adianta mais tentar adiar. Já podemos ir se quiser.

Sem dizer mais nada ele retirou de dentro de suas vestes uma caixa e a abriu diante da garota. Esta pode ver que se tratava de um vidrinho comum para poções. Uma Chave de Portal.

- Toque-a! - Ordenou.

Sem nem lançar um último olhar para os ali presentes ela o obedeceu e no segundo seguinte já não estava mais lá.

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Finalmente haviam chegado à Estação King’s Cross, e atravessado à barreira entre as plataformas nove e dez, que os levariam a plataforma nove e meia, onde enfim poderiam pegar o Expresso para Hogwarts. Harry se sentiu bastante aliviado por sua escolta não os ter acompanhado até ali também. Já havia sido bastante complicado chegar a Estação sem chamar muito a atenção dos trouxas, que obviamente estranhavam o comportamento de Olho-Tonto e dos demais, que pareciam desconfiar de tudo e de todos por onde passavam.

Agora já na plataforma, Harry se encontrava acompanhado apenas da família Weasley, que no momento se ocupava com as despedidas. Enquanto a Sra Weasley repetia algumas recomendações aos filhos, Harry observava as demais pessoas na estação. Como sempre ela estava apinhada de gente. Pais que se despediam dos filhos e colegas que se cumprimentavam contando as novidades sobre as férias. Mas Harry também pôde notar que havia uma atmosfera diferente por todo lugar. Era possível perceber que muitos dos pais ali presentes mantinham uma expressão mais carregada que o habitual, e alguns pareciam até mesmo assustadiços, olhando a toda hora por cima dos próprios ombros.

E não foi difícil para Harry entender o porquê disso. Pois era de se esperar que mesmo com todo o esforço que o Ministério da Magia estava fazendo para abafar os casos de ataques por comensais, ainda assim muitos boatos se espalhavam a cada dia, de que de fato Você-Sabe-Quem estava de volta ou ao menos tentando retornar. E isso com certeza já começava a afetar o comportamento da sociedade bruxa. Afinal era natural que depois do ocorrido em Hogwarts no ano anterior, durante o Torneio Tribruxo, os pais dos alunos ficassem apreensivos em mandar novamente seus filhos para lá. Harry inclusive não se admiraria se não encontrasse alguns de seus colegas de classe por lá esse ano, que assim como Alicia pudessem ter resolvido mudar de escola.

Harry foi tirado desses seus pensamentos quando sentiu Gina puxar a sua mão lhe chamando para embarcar. A Sra Weasley lhe deu um último abraço apertado e despachou a todos para dentro do trem. Percorreram alguns vagões até finalmente encontrarem uma vazio. Fred e Jorge largaram suas coisas com eles e logo saíram em busca de Lino. Rony e Hermione também não se demoraram por lá. Explicando que teriam de se apresentar à cabine dos monitores e depois fazer uma pequena inspeção pelos vagões, se despediram e também deixaram a cabine que ocupavam, sobrando apenas Gina e Harry.

- Começou a chover. - Comentou Gina se recostando no ombro de Harry e coçando as orelhas de Bichento que ronronava satisfeito em seu colo. Edwiges dormia com a cabeça sob uma das asas em sua gaiola e Pichi engasgava eventualmente com alguns petiscos para corujas que comia.

- Uhum! - Foi a resposta que obteve.

- Tenho pena dos primeiranistas esse ano. Lembra que ano passado o irmão do Colin caiu no lago? Tadinho do Dênis, se não fosse a lula gigante talvez tivesse se afogado, porque não tenho certeza se Hagrid sabe nadar... Harry, tá me escutando?

- Ahm? Tô sim, primeiranistas, né? Sobre o Dênis ter caído no lago e tudo...

- É, mas você não me parece ter realmente prestado atenção no que eu disse.

- Prestei sim Gina... Eu só não tenho certeza é se teremos muitos alunos novos este ano, sabe? Depois de tudo que aconteceu.

- Ah sei... - Respondeu a menina vagamente, tomando cuidado ao escolher as palavras - Mas você não acha que vai haver uma retirada em massa de alunos, acha? - Perguntou incerta.

- Eu não sei... Mas não tenho certeza se foi impressão minha ou a estação não estava tão cheia como deveria? Além disso, as pessoas me pareciam bem preocupadas e assustadas. - E dizendo isso voltou sua atenção para a chuva que tornava-se cada vez mais forte lá fora, deixando o dia cada vez mais obscuro.

Durante a ausência de Hermione e Rony, alguns colegas de Harry e Gina apareceram na cabine para os cumprimentar, mas nenhum realmente se demorou por lá. Dino e Simas foram os primeiros a aparecer, mas logo os deixaram. E Harry teve a estranha impressão de que Simas evitara o encarar, enquanto Dino parecia um pouco sem graça com algo. Em seguida foi a vez de Colin, que chegara lá acompanhado de uma colega do mesmo ano que ele e Gina. Luna Lovegood, uma menina loira e de olhos muito grandes e azuis, que lhe realçavam a aparência levemente desequilibrada. Mas esta, ao contrário de Colin, não deu muita importância ao casal, se mantendo ocupada em ler uma revista. Enquanto isso Colin tentava convencer Harry e Gina a lhe permitir tirar uma foto do casal, e se divertia vendo as expressões envergonhadas de ambos. Na verdade só o que ele queria era implicar com os dois.

Depois que se foram, Harry se sentiu bem mais aliviado. Detestava ser assediado daquela forma, se bem que havia percebido que o garoto na verdade só estava de curtição com a sua cara. No entanto fora por pouco tempo que o casal conseguiu ter alguma privacidade. Logo mais um visitante entrava pela porta de sua cabine, e num momento nada apropriado, pois ele e Gina havia acabado de dar início a um cálido beijo.

- Ih! Opa!! Hum... desculpa, desculpa!!! Não queria atrapalhar! Já tô saindo, faz de conta que eu nem entrei. - Era Neville, que ficara incrivelmente vermelho por flagrar os colegas numa situação tão íntima. Talvez só não tão vermelho quanto o casal, se bem que não se podia dizer se a vermelhidão de ambos era apenas por vergonha ou por terem sido interrompidos. Já estava se retirando atrapalhadamente quando Gina o chamou.

- Não Neville, tudo bem! Não foi nada, pode entrar... Vai, senta aí. - Pediu a garota tentando aliviar a situação e não demonstrar algum aborrecimento. Já Harry não se esforçou tanto pra esconder o seu descontentamento, amarrando a cara para a namorada por ter convidado o garoto para ficar.

Os três ainda permaneceram por algum tempo imersos em um silêncio constrangedor. Harry já estava pensando em perguntar a Neville se ele não se tocava que estava sobrando ali, mas foi Gina que quebrou o silencio.

- Neville, aconteceu alguma coisa? Você me parece pálido. Ah... já sei! Você perdeu o Trevo de novo, não foi? - Dizendo isso ela lançou um olhar solidário ao garoto e sorriu-lhe em forma de consolo. Só então Harry deu uma boa olhada em Neville, e percebeu que ele não estava apenas pálido, de fato ele parecia bastante abatido, e Harry pode notar que o colega estremecera ligeiramente quando ouviu Gina mencionar o seu sapo de estimação. Como resposta à pergunta de Gina, o garoto apenas acenou negativamente com a cabeça, que mantinha abaixada, e ambos puderam ouvir uma fungada vinda dele.

- Então o que foi Neville? Porque obviamente aconteceu alguma coisa com você, para estar assim.

Agora Harry já esquecia toda a sua chateação com a indiscrição do menino, e se mostrava realmente preocupado.

- Não está assim pelo o que aconteceu há pouco, não é? Olha, nós realmente não ficamos chateados com você Neville, não é Harry? - Perguntou, lançando um olhar fulminante a Harry.

- Claro, se é isso não precisa se preocupar cara.

Mas Neville voltou a negar com a cabeça, o que deixou o casal ainda mais intrigado. No entanto antes que um dos dois pudesse dizer algo a porta da cabine foi novamente aberta, e dessa vez o novo visitante definitivamente desagradou a todos ali. Um par de olhos frios e cinzentos esquadrinhou toda a cabine antes de se fixar nas mãos de Harry e Gina, entrelaçadas. Um sorriso zombeteiro, então, se formou na pálida face do sonserino ali presente.

- Então é verdade o que estão dizendo por aí. Finalmente essa Weasley resolveu tirar a família da lama dando o bom e velho golpe do baú. Muito bem Weasley, estou admirado, não se contentou apenas em arrumar um partido rico, foi ambiciosa o bastante para fisgar justamente o famoso Harry Potter . - Malfoy terminou quase cuspindo essas palavras, como se estivesse realmente enojado pelo que via. Imediatamente Harry se ergueu. Seu corpo tremendo em fúria e a varinha apontada para o peito do Sonserino.

- Retire o que disse Malfoy! Retire ou eu não respondo pelos meus atos! - Bradou, quase avançando em Malfoy, mas sendo firmemente seguro pela camisa por Gina. Sua fúria só aumentou ainda mais quando Draco recostou-se no batente da porta cruzando os braços e lançando um olhar maldoso a Gina, que sentiu-se corar, pois este parecia a analisar dos pés a cabeça.

- Sabe Potter, eu se fosse você pensaria muito bem antes de perder o controle e sair apontando a varinha para seus superiores. Não vai querer começar o ano já perdendo pontos e ainda mais tendo que cumprir uma bela detenção.- Disse isso voltando o seu olhar para Harry.

- Do que esta falando Malfoy? - Tentando ignorar toda a sua gana de socar a cara de Draco e tirar aquele sorrisinho superior que ele ostentava, Harry limitou-se a indagar, ainda apontando a varinha para o sonserino.

- Ah é verdade, provavelmente a sua amiguinha cabeçuda ainda não teve a oportunidade de lhe dar as boas novas. Mas tudo bem, só assim eu posso ter o prazer de lhe contar pessoalmente.

- Olha como fala da Hermione, Malfoy! E pára de enrolar, cai fora de uma vez! - Voltou a se exaltar erguendo ainda mais a varinha e dando um passo à frente, aproveitando que Gina se distraíra e afrouxara a mão que o segurava. Mas esta ainda teve o reflexo de o puxar novamente pra trás, a fim de impedir o garoto de perder o controle.

- Harry pára! Não vale a pena se encrencar por causa desse traste do Malfoy. - Pediu Gina tentando voltar a atenção do namorado para si.

- Isso Potter. Escuta o que a Weasley diz. Obedeça direitinho ou ela puxa a coleira. - Zombou o sonserino, e dessa vez Neville teve de ajudar Gina a conter Harry, pois por pouco ele não conseguira se soltar e avançar em Draco. Este pareceu muito satisfeito com a reação de Harry, e não se contendo voltou a provocar. - Sabe Weasley, eu realmente estou admirado em ver como você consegue dominar esse panaca do Potter. Mas se aceita um conselho, sugiro que use de seus encantos para convencê-lo o quanto antes a fazer um testamento lhe beneficiando. Afinal nunca se sabe quando o Lord das Trevas vai se cansar de ser misericordioso com esse aí, e talvez você não tenha tempo de se tornar uma viuvinha alegre, como lhe convêm.

PLAFT!!!

Foi tudo muito rápido. Num momento Draco estava rindo-se de suas palavras, no outro Gina virara a mão na cara do sonserino fazendo-o ir de encontro à parede da cabine. Quando voltou a erguer o rosto, foi para que todos pudessem ver claramente marcado em sua antes tão alva face, as marcas avermelhadas que os dedos de Gina deixaram, juntamente com um pequeno corte em seu lábio, de onde escorria um filetinho de sangue. Tanto Harry quanto Neville ficaram atordoados com o comportamento da garota e apenas assistiram imóveis ela descer o braço em Malfoy e agora apontar perigosamente seu dedo no meio da cara do rapaz.

- Agora escute bem o que vou lhe dizer Malfoy! Não me importo com o que diga de mim. Mas se voltar a fazer esse tipo de insinuações sobre a segurança de Harry, eu juro por Merlin que você nunca mais vai se esquecer de quem é Virginia Weasley. Por que a marca que eu vou deixar nessa sua cara de cobra vai te lembrar pro resto dessa sua vida inútil, me entendeu bem?!

Draco estava quase espumando de ódio daquela Weasley que se atrevera a macular seu rosto. Jurara internamente naquele momento que a faria pagar por tamanha audácia. Podia fulminá-la naquele momento, seu olhar injetado luzindo em fúria contra ela. Gina não esperou que ele desse alguma resposta, simplesmente deu-lhe as costas e voltou para perto de Harry.

Se Malfoy tivera a intenção de se aproveitar desse descuido da garota para lhe aplicar um golpe, ninguém jamais soube. Pois antes que alguém ali tomasse alguma atitude duas figuras grande e desengonçadas chegaram a porta e se dirigiram a Draco. Eram Crabbe e Goyle.

- Draco! Que bom que o achamos. - Disse Goyle, parecendo um pouco confuso em ver o estado do colega. - O que houve? - Indagou, mas antes não o tivesse feito, pois o olhar que recebeu como resposta o fez encolher-se imediatamente. Harry teve certeza de que Malfoy jamais admitiria a seus colegas que tinha acabado de apanhar de uma Weasley.

- Isso não é da sua conta! - Rosnou. - Já fizeram o que lhes mandei?

Perguntou seco, mudando de assunto, e parecendo ansioso em descontar toda a sua raiva em qualquer um deles. Definitivamente ignorando que os três grifinórios permaneciam ali.

- J-já! Mas não encontramos em parte alguma. Olhamos em cada cabine e nada! - Respondeu Crabbe temeroso.

- Vocês têm certeza? - A cada momento Draco parecia ficar ainda mais irado. Obviamente pensando que este não era o seu dia.

- Sim! Olhamos até mesmo no vagão bagageiro. Provavelmente não embarcou. - Justificou Goyle, ainda ressabiado.

- É, vai ver não chegou a tempo e perdeu o trem. - Tentou completar a desculpa de Goyle, mas isso só irritou ainda mais Malfoy.

- Não seja estúpido Crabbe!! Provavelmente usaram outra forma para irem, como eu já imaginava. Mais ainda assim vou dar uma olhada novamente por aí. Do jeito que você são tapados, não me admira que tenham se esbarrado e nem percebido!

E antes de finalmente se retirar da cabine, Draco voltou-se para os três. E a ameaça que fez pela primeira vez não foi direcionada a Harry.

- Isso vai ter volta Weasley! Escreva o que eu digo e fique de olhos bem abertos! - Harry ainda tentou uma última investida contra o sonserino, mas Gina o impediu mais uma vez, lançando-lhe um olhar que dizia claramente que ‘não valia a pena’.

Assim que se viram finalmente a sós na cabine, os três se permitiram voltar a se sentar. Harry ainda com uma certa dificuldade para engolir todos os desaforos que tivera de escutar. Neville parecia um pouco trêmulo. E Gina examinava a própria mão, que provavelmente estava dolorida devido a pancada dada em Malfoy.

- Você está bem? - Perguntou Harry, percebendo a inquietação da namorada.

- Estou, só a minha mão que está um pouquinho ardida. Mas já vai passar.

- Não devia ter feito aquilo. Ouviu o que o Malfoy disse? Ele não vai esquecer isso tão fácil. Vai ter de tomar cuidado quando andar pelo castelo Gina.

- Não se preocupe Neville. Malfoy não vai ser besta de tentar alguma coisa contra a Gina. Sabe que se fizer algo não é só comigo que vai ter de se entender mais também com mais seis irmãos raivosos e de pavio curto.

Gina e Neville riram com gosto da piada de Harry. Não demorou muito e a porta da cabine mais uma vez se abriu. Dessa vez, no entanto, os visitantes eram muito bem vindos.

-Ah, você também esta aí Neville? Desculpem a demora, mas é que tivemos que fazer uma ronda pelo trem e encontramos Fred e Jorge testando uma de suas invenções malucas em uns segundanistas. Por sorte logo os convencemos a usar o contra-feitiço certo para fazer a língua do Dênis voltar ao normal. - Disparou Hermione se sentando ao lado de Neville e recebendo Bichento em seu colo, que foi logo se acomodando e voltando a ronronar satisfeito de estar junto de sua dona. Rony vinha logo atrás, e ocupou o lugar ao lado da irmã.

- Hei! Vocês por acaso viram o Malfoy? - Perguntou desviando do assunto que Hermione iniciara. - Passamos por ele no corredor. Estava um trapo e brigando com os capangas tapados dele. O que será que aconteceu?

Harry, Gina e Neville se entreolharam, e não agüentando caíram novamente na gargalhada, deixando Rony e Hermione sem entender nada.

- Do que vocês estão rindo? - Indagou Mione, um pouco aborrecida com o comportamento dos amigos, ou com algo mais.

- É, qual é a piada? Também quero rir! - Perguntou Rony, não se contendo de curiosidade.

-Malfoy é a piada. - Respondeu Harry.

- Como assim? Ah Harry não me diga que vocês já andaram se pegando de briga?! - Exasperou-se a monitora, já imaginado quais conseqüências esse confronto poderia ter acarretado.

- O quê? Então você e o Malfoy caíram no braço e não me chamaram pra tirar uma lasquinha?

- Rony! - O repreendeu Hermione, lhe lançando o seu melhor olhar "Á lá McGonagall".

- Ah, vai Mione! Pelo menos pela cara do Malfoy dá pra saber quem levou a melhor. Então diz aí Harry, como é que foi?

Harry abriu um sorriso maroto e lançou um olhar cúmplice a Gina e depois a Neville, tomando o cuidado de evitar os olhos de Hermione.

- Bom pra falar a verdade eu nem encostei no Malfoy. - Disse simplesmente, dando de ombro. Tanto Rony como Mione franziram o cenho não entendendo a situação.

- Mas então quem brigou com ele? Não foi você né Neville? - Perguntou Hermione, mas sem acreditar realmente muito nessa alternativa. E por incrível que pareça o balançar de cabeça negativo de Neville só serviu para deixar os monitores ainda mais confusos.

- Mas então o que aconteceu afinal? Quem bateu nele? Por que uma coisa é certa, aquela marca na cara dele foi de uma pancada bem dada.

- E foi mesmo. - Disse Gina, esfregando a mão dolorida. - Mas foi bem merecida também! - Concluiu, e parecendo finalmente entender Rony perguntou, ainda incrédulo.

- Gina, não foi você, foi?

A garota apenas abriu um grande e luminoso sorriso, o que foi mais do suficiente para confirmar o seu feito.

- Malfoy também não pareceu acreditar muito quando se deu conta do que o havia atingido. - Disse Harry orgulhoso da namorada a abraçando pelo ombro.

- Gina! Como pode fazer uma coisa dessas?! O que deu na sua cabeça pra agir assim? - Já era de se esperar que fosse essa a reação de Hermione, se bem que tanto Harry quanto Rony não achavam que ela tinha lá muita moral pra falar do assunto, afinal ela mesma já havia cedido a tentação de virar a mão na cara do Malfoy no seu terceiro ano.

- Essa é a minha maninha!! Provou que é uma verdadeira Weasley e que tem sangue nas veias! - Vibrou Rony, compartilhando do orgulho de Harry sobre a garota. Mione, no entanto, continuava incrédula.

- Ora vocês, francamente! Nós mal chegamos e provavelmente já estamos com pontos negativos na casa. Espero que estejam contentes! - Indignou-se Hermione, sua face ficando muito vermelha. Rony pareceu entender o ponto de Minone, seus olhos se arregalando e levando um belo tapa a testa. Ato este que foi ignorado pelos demais.

- Ô Mione, relaxa. Como nós podemos perder pontos só por que a Gina deu uma bolacha na cara do Malfoy?

Harry não conseguia entender como Hermione podia ficar tão zangada só por conta de uma briga. Nem mesmo ele que estivera envolvido diretamente continuava tão irritado como ela demonstrava estar.

- Como? Vou lhe dizer como! Por agredir um monitor. Só por isso! - Respondeu quase se descabelando de tão nervosa.

- Um o quê? - Disseram em uníssono os três, e foi Rony que respondeu, muito desanimado por sinal.

- Monitor! Malfoy foi escolhido como o novo monitor da Sonserina. Também foi um choque pra gente quando o encontramos na cabine de monitores. Tinha que ver a pose dele. Mas não me admiraria em nada se o pai dele também tiver comprado esse cargo pra ele, como as vassouras no segundo ano. - Concluiu desgostoso.

- Hei, Harry! Então devia ser isso que o Malfoy tava querendo dizer. Lembra? A tal novidade? - Lembrou Neville, que parecia ter se animado com a chegada dos monitores, apesar deles não terem trazido noticias lá muito boas.

- Ótimo! Tudo o que eu precisava na vida era ter o babaca do Malfoy seguindo os meus passos e tendo autoridade para me tirar pontos como bem entender. Vai ver só, não vou nem poder respirar perto dele sem que ele encontre uma forma de me punir por “monopolizar o oxigênio da escola” ou algo do tipo. - Resmungou Harry, já se imaginando tendo de cumprir todo tipo de detenções injustas impostas por Malfoy e com o consentimento de Snape.

- Ele não vai poder fazer isso Harry! Ser monitor não o coloca acima do bem e do mau, ele não poderá criar regras ou coisa do tipo. - Hermione tentou amenizar a situação, chamando-os à realidade.

- E depois será um monitor salafrário contra nós dois cara. Ou já esqueceu que eu e a Mione também somos monitores?

Ficaram ainda por algum tempo se ocupando em uma acalorada conversa onde planejavam as mais variadas formas possíveis de conseguirem a cassação do titulo de monitor de Malfoy. Sendo muitas vezes criticados por Hermione, que se negava veementemente a ajuda-los em certos planos, como pendurar Malfoy nu em uma das torres em pleno inverno, para que ele fosse assim acusado de atentado ao pudor.

Lá pelo meio dia a senhora que costumava passar vendendo doces pelas cabines deixou um pequeno estoque de suas guloseimas como os quatro amigos. Neville havia se retirado da cabine há algum tempo, deixando-os assim a sós. Depois de se fartarem de bolos de caldeirão e sapos de chocolate entre muitas outras delicias, foi com muita preguiça que Rony seguiu uma eficiente Hermione em mais uma ronda pelo trem. Harry e Gina aproveitaram o momento a sós para namorar um pouco, e esperavam que ao menos dessa vez não fossem interrompidos por algum colega inconveniente.

Infelizmente aquele não parecia ser um dia favorável para o casal. Gina acabara de recostar sua cabeça no ombro de Harry, após mais uma pequena seção de beijos e caricias, quando o rapaz subitamente a empurrou para longe, soltando uma exclamação. Quando Gina voltou-se para ele, a fim de descobrir o que estava acontecendo com seu namorado, foi com certo desespero que o viu cair de joelhos não chão. Suas mãos levadas à testa e uma expressão que demonstrava claramente o quanto ele estava sofrendo.

- Harry! O que houve?

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Um grito sofrido ecoou pelos desertos corredores daquele imenso castelo. Ouvindo um baque surdo atrás de si, ele se virou e a encontrou caída ao chão frio de pedras, se contorcendo em agonia. Sentiu seu sangue gelar diante de tal visão. Há muito tempo ele não presenciava uma de suas crises, e esta parecia ser uma das piores. Correu até ela e a ergueu em seus braços, correndo pelos corredores e deixando para trás uma trilha de sangue.

Sentia seu corpo tão fraco como nunca. Na verdade quase não o sentia. Aos poucos foi tomando consciência do ambiente a sua volta, mas não se sentia capaz de abrir os olhos ainda. Ouviu um barulho. Alguém se movia não muito longe dela. Concentrou-se um pouco e reconheceu quem era, e percebeu que ele se aproximava, parecia preocupado. Sentiu sua cabeça ser erguida gentilmente e seus lábios serem forçados a se abrirem. Um liquido viscoso e quente desceu queimando sua garganta e deixando um gosto amargo como fel em sua boca, algo que já lhe era muito familiar. Como já esperava pouco a pouco foi sentindo-se como se suas forças retornassem ao seu corpo.

Não saberia dizer por quanto tempo mais permaneceu naquele estado de letargia, mas quando finalmente sentiu-se um pouco mais restabelecida, foi com um pouco de dificuldade que ela forçou-se a abrir enfim seus olhos. E para sua surpresa percebeu que não se encontrava em uma sala hospitalar, como supusera, e sim num amplo quarto, e que estava sozinha neste. Ele devia ter ido informar o acontecido. Pensou. Havia muito pouca claridade ali, na verdade a pouca luz que iluminava aquele cômodo era provida apenas pelas chamas da lareira, que se encontrava acesa. Grossas cortinas negras garantiam que nenhuma luminosidade adentrasse pelas poucas janelas. Examinando um pouco mais o lugar ela pôde notar uma estante coberta de livros, muito antigos e desgastados, em uma das paredes. Também havia ali uma grande e escura poltrona, localizada em frente à lareira. Há um outro canto via-se uma escrivaninha coberta por pergaminhos, próxima a estante de livros. E por fim duas portas, uma de cada lado do quarto. Uma ela supôs, devia ser a de entrada, e a outra provavelmente levaria a um closet e a um banheiro.

Tentou erguer-se um pouco. Sentia sua boca seca e queria alcançar a jarra de água que descansava sobre o criado mudo, ao lado da grande cama onde se encontrava. Mas sentiu sua cabeça latejar no mesmo momento e seu corpo voltou a tombar sobre o colchão macio. Um grande frio começou a tomar o seu corpo obrigando-a a puxar mais as cobertas que a cobriam. Tinham o mesmo tom verde musgo que as cortinas do dossel, que ela desejou que estivessem fechadas, talvez assim o frio diminuísse. Se bem que ela sabia, aquele frio que sentia era só mais um dos sintomas que sempre a acometiam após uma de suas crises. E esta havia sido uma realmente terrível. Levou com certa dificuldade uma de suas mãos até o seu ventre. O sentiu dolorido, e um volume indicava que alia havia um curativo. Suspirou sentindo uma fisgada. Estava tão cansada.

Forçou-se a se recordar dos últimos acontecimentos, e foi com um arrepio na espinha que se lembrou da terrível sensação que acompanhara toda aquela dor lancinante que se abatera por seu corpo. Ele estava furioso! Sentiu seus olhos umedecerem, e sua garganta doer. Esse inferno nunca teria fim. Suspirou e tentou se acomodar um pouco mais nas cobertas. Foi interrompida por um barulho que vinha da porta, que chamou sua atenção. Não precisou esperar muito para o ver entrando e vindo em sua direção. Tentou dizer algo, mas sua garganta não produziu som algum. Ele sentou-se na beira da cama e deslizou uma de suas mãos sobre os seus olhos, fechando-os. A última coisa que ouviu antes de cair em um profundo sono sem sonhos foi à voz rouca dele dizendo:

- Descanse! Seus problemas estão só começando.

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Gina ainda não havia entendido muito bem o que acontecera. Uma hora estava tudo bem, e no momento seguinte Harry simplesmente caíra no chão, sentindo dores em sua cicatriz. Ela já ouvira falar muitas vezes desses ataques que ele sofria, mas nunca imaginou que fosse algo tão terrível. Quando o viu cair no chão sentiu seu coração parar em desespero, e sua primeira reação foi a de correr para o seu lado e o abraçar. Mas para sua surpresa ele a repeliu. Parecia fazer uma grande força para não gritar. E por mais que ela perguntasse se podia fazer alguma coisa para ajudar ou se ele queria que ela chamasse alguém, ele não a respondia. Apenas ficava lá, sofrendo sozinho, e isso cortou o seu coração. Queria tanto poder fazer algo para aliviar a sua dor, mas sabia que nada poderia ser feito.

Ela não saberia dizer por quanto tempo durou toda essa agonia, mas para sua surpresa, tão repentinamente como veio a dor se foi. E ela o observou deixar-se cair ao chão completamente esgotado. Com certo cuidado Gina tentou se aproximar novamente, e sentiu um grande alivio quando ele não a afastou dessa vez. Não foi muito fácil, mas ela o ajudou a voltar para o banco, e ali deixou que Harry repousasse sua cabeça em seu colo. Fazia uma grande força para conter as lágrimas, que ainda brotavam em seus olhos, mas estava difícil. Vê-lo assim, tão abatido era demais para ela. Acariciou seus cabelos, sentindo-os suados. Ele mantinha os olhos fechados tentando controlar sua respiração. Passou inconscientemente as pontas de seus dedos sobre a cicatriz dele, que estava muito vermelha e inchada, e o sentiu estremecer diante desse toque. Afastou rapidamente sua mão, com medo de estar o machucando. Ficaram assim, imersos nesse pesado silencio, até que ela o ouviu falar. Sua voz não soando mais do que um sussurro rouco.

- Gina... Não conte aos outros o que aconteceu... está bem? Não quero preocupá-los.

Terminou ainda com os olhos cerrados. Gina secou o rosto na manga da blusa antes de replicar.

- Mas Harry, você precisa contar para alguém o que aconteceu! Não pode esconder isso...

- Eu vou contar! - A cortou, finalmente abrindo os olhos, e fitando os belos olhos castanhos de Gina, agora vermelhos pelas lágrimas. Isso o angustiou, não queria vê-la triste por sua causa. Não queria preocupá-la, não queria preocupar ninguém, e era por isso que ele não queria que seus amigos soubessem de mais essa crise. - Quando chegarmos a Hogwarts. Vou procura o Professor Dumbledore, prometo.

Gina pareceu aceitar o pedido de Harry, pois nada mais disse. Já ele, procurou desviar seus olhos dela e se concentrar no que havia acontecido. Mais uma vez a ouvira gritar. Sempre ela. Se perguntou se ela estaria bem. Lembrou-se também do que sentira, fora a dor. Voldemort. Ele parecia furioso como algo. E Harry não pode deixar de se sentir aliviado com a possibilidade dessa fúria se dever ao fato dele ainda não ter conseguido fazer mal a ela. Apesar de saber (de alguma forma que ele não poderia explicar) que ela havia acabado de sofrer por algum motivo. Em seu íntimo Harry sabia que ela estava segura.

- Harry...

- Hum?

- É sempre assim? - Gina perguntou, sem estar muito certa se queira ouvir a resposta. No entanto, esta nunca veio.

Após mais um momento de silêncio Harry finalmente se sentiu melhor para se levantar, mesmo sobre os protestos de Gina, e se sentou ao lado da namorada. A garota ainda tentou mais uma vez tirar dele alguma coisa sobre o que havia acontecido, mas por fim acabou se dando por vencida, não queria o forçar a falar. E ele definitivamente não queria tocar no assunto. Para o grande alivio de ambos, Rony e Hermione não tardaram a retornar. E os dois estavam tão falantes que nem perceberam o clima estranho no qual a cabine se encontrava até a sua chegada. Aparentemente o motivo de tanta agitação, da parte dos dois, se devia ao fato deles terem de apartar pelo menos umas três brigas de grifinórios com sonserinos durante a sua ronda pelos vagões. Parecia que todos estavam com os ânimos bastante alterados já no começo do ano.


A noite lá fora cobria o céu com sua escuridão quando a tempestade pareceu dar uma trégua. Todos se sentiram aliviados por isso, pois já estavam chegando, e ninguém sentia-se muito animado com a idéia de começar o ano mais uma vez encharcados até os ossos, como fora no ano anterior. Não demorou muito e uma voz ecoou por todo o trem avisando que deviam se preparar, pois haviam chegado. Já com suas vestes trocadas, os quatro se retiraram de sua cabine para fazer o trajeto até as carruagens com os demais alunos. Rony e Hermione tiveram de dar uma ajuda a alguns alunos atolados que não sabiam muito bem para onde ir, enquanto isso Harry e Gina acenavam para Hagrid, que já reunia os primeiranistas. Harry lembrou do que Gina falara mais cedo, sobre se preocupar como os alunos do primeiro ano atravessando o lago no meio daquela tempestade. E ele não pode deixar de pensar que o fato da chuva ter passado não mudaria lá muito o perigo para os mais jovens, pois toda a chuva que antes caia dera lugar agora a uma forte ventania, que assolava a estação e suas redondezas, arreliando as vestes e cabelos de todos. Com certeza os barquinhos nos quais os primeiranistas fariam a travessia pelo lago passariam por maus bocados até chegarem ao castelo.

Quando Mione e Rony finalmente dispensaram os últimos alunos, se reuniram a Harry e Gina para procurarem uma carruagem. A escuridão era tanta que tudo o que eles conseguiam enxergar naquele breu eram as silhuetas dos demais alunos e carruagens a sua frente. Depois de algum tempo tateando entre uma carruagem e outra, os quatro finalmente encontraram uma vazia. Harry esperou que seus amigos entrassem primeiro, e quando estava terminando de ajudar Gina a embarcar um forte relâmpago cruzou os céus, clareando todo o ambiente, e foi nesse pequeno instante que Harry viu diante de sua carruagem algo se mexendo. Uma criatura semelhante a um cavalo, mas que ao mesmo tempo não se parecia com qualquer coisa que já tivesse visto. No entanto antes que ele pudesse analisar melhor aquela estranha criatura a escuridão voltou a encobrir sua visão e ele sentiu ser puxado para dentro da carruagem por Gina. Ficou ainda algum tempo abobado pensando se podia confiar no que seus olhos lhe mostraram ou se devia contar a seus amigos o que vira. Optou por ficar calado. Afinal ele parecia ter sido o único a ver as tais criaturas, e da última vez que algo assim lhe acontecera, descobriu que era ofídioglota, pois era capaz de ouvir e falar com cobras. E as pessoas não reagiram muito bem a isso, nem mesmo os seus amigos.

O caminho até o castelo foi feito em silêncio. Harry teve a impressão de que Rony e Mione finalmente estavam notando que algo estava errado naquele silêncio, pois não paravam de lançar olhares inquisidores sobre Gina, mas esta se mostrou firme em sua palavra e não mencionou nada sobre o acontecido no trem. Vez ou outra eles sentiam a carruagem dar um solavanco mais violento. Provavelmente por causa do forte vento lá fora. Mas a lembrança de que ela estava sendo conduzida por aquelas criaturas não deixava Harry nada sossegado. Finalmente eles passaram pelos portões ladeados por javalis alados, e não demorou muito para que enfim eles chegassem à frente da grande porta de carvalho diante do castelo.

Correndo escada acima para escapar das violentas rajadas de vento, eles adentraram no saguão de entrada. Dezenas de vozes podiam ser ouvidas vindo de dentro do Salão Principal. Depois de ajeitarem um pouco as suas vestes, que haviam ficado bastante revoltas por conta dos ventos, eles finalmente se dirigiram para a entrada do salão. Foi com um certo incomodo que Harry sentiu vários pares de olhos se voltarem imediatamente para eles assim que entraram no salão. Na verdade era para a sua mão entrelaçada a de Gina que todos olhavam. Se durante a viagem havia se espalhado rapidamente pelo trem o possível namoro de Harry Potter com a caçula dos Weasley, parecia que agora a confirmação deste relacionamento, com a entrada dos dois juntos, só viera para aumentar ainda mais os burburinhos que sempre rondavam o menino-que-sobreviveu. Harry sentiu Gina apertar forte a sua mão, e quando se voltou para ela percebeu o quanto toda essa atenção que estavam despertando a incomodava. Lançou-lhe um sorriso gentil e apertou de volta a mão dela em sinal de apoio, a encaminhando para um lugar a mesa. No caminho o olhar de Harry encontrou-se com o de uma certa apanhadora da corvinal, e o rapaz não entendeu muito bem o que aquele olhar que ela lhe lançou significava. Mas teve a nítida impressão de ter visto tristeza nos olhos de Cho Chang.

Sentaram-se o mais próximo possível da mesa dos professores, perto de Nick Quase Sem Cabeça. E como já estava se tornando um hábito, voltaram sua atenção para a mesa dos professores em busca do novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Para a surpresa de todos perceberam que não só a cadeira do novo professor estava vaga, como também o do tão odiado professor de poções.

- Onde será que está o Snape? - Inquiriu Gina, já menos incomodada com as fofoqueiras de plantão que continuavam a cochichar a seu respeito e apontar para ela e Harry.

- Será que o morcegão pediu as contas? - Sugeriu um esperançoso Rony.

- Perca as esperanças, Rony. Provavelmente ele esta fazendo algo para Dumbledore, ou auxiliando o Hagrid com os novatos - Mione, então, lançou um olhar desconfiado para o teto, onde podiam se ver densas nuvens de chuva pairando agitadas em meio a muitos raios que cortavam o céu e que indicavam que uma forte tempestade ainda cairia - Devem estar com sérios problemas com todo o vento que está fazendo lá fora.

Para o desânimo de Rony, a hipótese de Hermione fazia muito mais sentido que a dele. Mas é claro que ele não daria o braço a torcer concordando com ela, preferiu procurar uma segunda opinião.

-O que você acha Harry?

-Não sei... talvez Mione esteja certa. Quando ainda estava na ala hospitalar ano passado... depois de tudo aquilo... lembro de ter ouvido Dumbledore pedir para o Snape que fizesse algo que ele já sabia o que era, e acho que ele saiu naquele mesmo instante para executar esse pedido. Talvez ele ainda esteja nessa tal missão.

Rony assentiu com a cabeça, concordando assim como Mione. Ambos também lembravam muito bem dos acontecimentos daquela noite. Querendo mudar o rumo daquela conversa, que provavelmente trariam lembranças nada agradáveis a eles, Gina trouxe de volta um assunto que sempre era motivo de grande curiosidade para todos os alunos.

- Mas então... quem será o novo professo de DCAT? Seja quem for parece que está atrasado.

Os quatro voltaram sua atenção para a mesa dos professores, e passaram um bom tempo especulando sobre que tipo de pessoa seria o novo professor e se ele teria conhecimento sobre a possibilidade do cargo estar enfeitiçado.

Hermione já estava quase perdendo a paciência com Rony, por ele não parar de reclamar da demora dos primeiranistas e de repetir o tempo todo o quanto estava faminto, quando finalmente as grandes portas de entra do Salão Principal foram novamente abertas e por lá uma pequena multidão de pequeninos seres, demasiado molhados e desorientados, entraram escoltados por Hagrid. Todos foram guiados até a frente da mesa dos professores, onde o Chapéu Seletor já se encontrava repousando sobre o seu banquinho habitual. Então um rasgo se abriu junto à aba do velho e surrado chapéu de bruxo, se escancarou como uma boca e pôs-se a cantar uma nova música, assim que se fez silêncio no salão.

Após a canção do chapéu os aplausos ecoaram por todo o Salão Principal e a seleção começou. A cada nome que a Prof ª Minerva chamava um novo aluno era selecionado para uma casa diferente.

-Baynes, Andrew!

-Lufa-Lufa!

-Broslofski, Stanley!

Foi o primeiro a ir para a Sonserina, sento recebido por animados aplausos pela mesa das serpentes e vaiado por alguns alunos da grifinória, entre eles Fred e Jorge.

-Davies, Ruth!

-Lufa-Lufa!

-Davola, Catherine!

-Corvinal!

Harry achou um pouco estranho a forma em que Cho mau dera atenção a nova aluna que se juntava a casa, se sentando a apenas um lugar de distância da apanhadora, normalmente ela teria a recebido de forma animada assim como os outros, mas ao contrário disso ela parecia simplesmente alheia ao que acontecia a sua volta. E Harry teve a incomoda sensação de que isso se devia aos acontecimentos do trágico final do Torneio Tribruxo. Provavelmente a garota ainda não tinha superado a perda que sofrera.

-Fisher, Annette!

-Grifinória!

-Marchal, Paul!

-Corvinal!

- McKormik, David!

-Grifinória!

-Pisetta, Almiro!

-Lufa-Lufa!

-Smyt, Brendon!

-Sonserina!

-Mas que demora! Vai... acaba logo! - Resmungou Rony, sendo prontamente silenciado por um cutucão de Hermione. Nas pausas entre os nomes e as decisões do Chapéu Seletor, Harry podia escutar o estômago de Rony roncando alto, e quase sentia pena do amigo, que recebia a todo momento reprimendas da parte de Hermione. A garota parecia estar realmente levando a sério à história de ‘dar o exemplo’, por ser monitora, e Rony não estava gostando nada disso.

- Teylor, Bredley!

Um menino negro e de óculos se adiantou até o banquinho, apanhou o chapéu, colocou-o e sentou-se.

-Grifinória! -gritou o chapéu.

Vagarosamente, a longa fila de alunos do primeiro ano diminuiu, e não demorou muito mais para finalmente a seleção ser encerrada, apesar da professora Minerva não fazer menção alguma de retirar o banquinho com o Chapéu Seletor de seu lugar. Fato este que passou prontamente desapercebido por todos.

- Pensei que não acabava mais! - Exclamou Rony, já armando com seu garfo e sua faca, apenas esperando o momento de atacar finalmente o seu prato.

Mas para seu desapontamento não foi para anunciar o inicio do banquete que Dumbledore se ergueu.

- Dou as minhas sinceras boas-vindas aos nossos novos alunos - Como sempre, Dumbledore se erguia de braços abertos e um sorriso acolhedor, que traziam um brilho cintilante aos seus olhos. - E sejam igualmente bem-vindos de voltas os antigos! Tenho certeza que muitos de vocês, assim com o Sr Weasley, devem estar com o estomago roncando de fome - Muitos alunos tentaram conter suas risadas diante do comentário do Diretor e do olhar que ele lançou sobre Rony, este poderia se enfiar no buraco mais próximo que encontrasse, suas orelhas mais vermelhas do que nunca. Harry sentiu as suas costelas doerem tamanha a força que fazia para não rir do amigo, fracassando miseravelmente, já Gina e Hermione se juntaram satisfeitas ao coro dos demais alunos, soltando divertidas risadas. - Mas receio que se faça necessário adiar por mais algum tempo este momento tão esperado por todos, pois preciso fazer uma pequena apresentação, que acredito irá ao menos saciar a curiosidade de muitos de vocês. Então, sem mais delongas. Tenho o prazer de lhes apresentas a nova Prof ª de Defesa Contra Artes das Trevas - Disse o Diretor, animado, diante da expectativa dos alunos.- Prof ª Allison Mack.

No momento seguinte, a mesma porta (logo atrás a mesa dos professores) por onde Harry se lembrava ter entrado após sua escolha como um dos campeões no Torneio Tribruxo, no ano anterior, se abriu. E por ela todos puderam observar uma jovem e bela mulher adentra no Salão Principal. Ela caminhou elegantemente até a mesa dos professores, lançando a todos no Salão um sorriso singelo, e postou-se ao lado direito de Dumbledore, que a recebeu com um cordial cumprimento.

De onde Harry estava pôde contemplar com maior atenção às belas feições da nova professora. Ela trajava bonitas vestes bruxas, bastante discretas num tom azul petróleo. Seus longos cabelos castanhos mantinham-se presos em uma trança larga e bem feita, deixando apenas algumas mechas soltas displicentemente emoldurando a sua face. Harry não saberia explicar muito bem, na verdade nem ele mesmo entendia, mas o fato é que havia algo naquela mulher que lhe transmitia uma imensa sensação de paz e segurança. Talvez fossem os seus ternos e amendoados olhos caramelos, ou o seu sorriso suave. Mas o que quer que fosse não importava, Harry só sabia que apesar dela lhe ser uma completa estranha, podia confiar-lhe plenamente.

Quando terminou sua conclusão sobre a nova professora, Harry percebeu que, aos poucos, os muitos aplausos e assobios, que seguiram a entrada da nova Professora, iam se extinguindo e mais uma vez Dumbledore se ergueu para falar aos alunos.

- Agora que as devidas apresentações já foram feitas, só tenho uma última coisa a lhes dizer - E antes de continuar, lançou um olhar muito significativo diretamente a Rony, que corou novamente. - Bom apetite!

BUM.

As grandes portas do Salão Principal se abriram violentamente causando um grande estrondo. Todos se voltaram sobressaltados para ela em busca do causador de tão abrupta interrupção. Um forte sopro de vento adentrou pelas grandes portas, percorrendo todo o Salão. Parado, sob o batente das portas, todos puderam ver, então, aquele que acabara de chegar.

- Tinha que ser o seboso pra estragar o meu barato. - Resmungou Rony chateado.

- Quem é que veio com ele? - Perguntou Hermione, pela primeira vez, naquela noite, ignorando os maus modos de Rony.

Logo atrás do professor de poções podia se ver um pequeno vulto encoberto por uma capa negra, que se encontrava a sombra de Snape. No entanto antes que esta questão fosse mais uma vez levantada por algum deles o temido professor deu entrada no Salão, sendo seguido de perto pelo vulto. Muitos pescoços se esticavam na direção das duas figuras que entravam em silêncio, na esperanças de descobrir de quem se tratava, no entanto esta pergunta não permaneceu por muito tempo no ar. Logo uma nova rajada realmente forte de vento soprou, fazendo o capuz que encobria a face da pessoa oculta oscilar violentamente e tombar para trás, finalmente revelando sua identidade.

- Uma garota!? - Harry não foi o único a se surpreender. Logo todo o Salão Principal era tomado por um crescente murmúrio, como o zunido de centenas de abelhas se aproximando. O olhar de Harry vagou momentaneamente por todo o salão até parar intrigado sobre a mesa da Sonserina, onde pôde observar, desconfiado, um brilho muito estranho surgir nos olhos cinzentos de Draco Malfoy, que assim como os demais mantinham seus olhos cravados na misteriosa garota. Este fato fez com que Harry resolvesse dispensar uma maior atenção a mesma.

A primeira vista ela poderia ser descrita como uma pessoa que inspirava cuidados, devido a sua aparência doentia, e Harry logo supôs que fosse esse o motivo de seu atraso. A garota não parecia nada bem. Seus longos e cacheados cabelos negros não paravam de se interpor pela sua face devido o vento, dificultando um pouco a visão de seu rosto. Harry se perguntou por que ninguém havia fechado as portas principais para acabar de vez com essa bagunça. Mas ainda assim ele pode notar o quão pálida ela era, até parecia que haviam lhe drenado todo o sangue da face. Seus olhos tão azuis, como duas safiras muito claras, encontravam-se opacos, quase fora de foco, e profundas e escuras olheiras marcavam o seu contorno. Por fim, os delicados traços de seu rosto e seu pequenino e franzino corpo, só ressaltavam ainda mais a sua fragilidade.

- Ela é bonita, não? - Ouviu Rony perguntar a sua frente.

- Você acha? Pra mim ela só parece muito doente. - Respondeu Harry no mesmo instante que seu professor passava a frente de sua mesa sendo seguido pela garota. E por um momento fugas Harry e ela trocaram um rápido olhar, no qual ele pode notar uma espécie de sombra misturado com o que ele reconheceu como desprezo. E a instantânea antipatia que esse olhar lhe gerou por ela o ajudou a constatar mais uma coisa sobre a garota. Sonserina. Sentenciou convicto para si.

- Eu também a achei um pouco abatida, mas ainda assim ela é bem bonita. - Contrapôs Gina, indiferente aos pensamentos de seu namorado.

- Hei Harry, você não precisa deixar de achar as outras garotas bonitas só porque está com a Gina, sabia? É só não ficar babando na frente dela. - Brincou Rony, querendo provocar o amigo.

- Eu não estou dizendo isso pra ficar bem com a Gina. Só realmente não achei nada de mais nela. Aposto que a Mione também não a achou grande coisa, não é? - Tentou se defender, procurando o apoio de Hermione.

- Bem... na verdade ela me parece uma bonequinha de porcelana. Ou um anjinho, sabe... com aquele monte de cachinhos, e tudo... - Respondeu Hermione, dando um sorrisinho tímido, um pouco sem graça por não poder concordar com Harry. Este apenas deu de ombro se rendendo. Afinal o que ele podia fazer se não gostara da garota? Principalmente depois da forma que ela lhe olhara.

- Do que você chamou ela? - Perguntou Rony, sem duvida não fazendo idéia do que fosse um anjo.

- Esquece! - O cortou, fazendo sinal para que prestasse atenção em Dumbledore que havia se erguido e ameaçava voltar a falar.

- Ah! Obrigado por trazê-la Prof Snape. Já estava me perguntando se chegariam a tempo. - Ao ouvir isso, Snape que se mantinha diante do diretor fez-lhe um aceno com a cabeça e voltou-se para o seu lugar, deixando para trás a garota que continuou de pé encarando o diretor. - Muito bem, agora acho que devemos continuar. Professora Minerva, poderia, por favor...

Antes que terminasse a Prof ª McGonagall já havia se levantado eficientemente, e segurando um pergaminho disse:

- Quando eu chamar o seu nome queira, por favor, sentar-se no banquinho e colocar o Chapéu Seletor, para que ele selecione-a para uma casa.- Sem nem ao menos esperar que a professora terminasse de falar a garota se virou de costas para ela e se dirigiu até o banquinho, já se preparando para apanhar o chapéu. Então Minerva continuou:

- Owens, Dillian!


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Continua....


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*Corellon Larethiam: é o nome do deus dos élfos, segundo um livro de rpg que eu li do meu primo, não me pergunte qual que eu não me lembro.

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