A Partida



Capitulo 3: A Partida


Mal podendo conter a excitação, Harry se pegou revirando o seu armário e depositando todas as suas coisas em seu malão de Hogwarts, quando algo lhe ocorreu. Seus tios. O que eles diriam ao saber da novidade? Sim, por que eles já estavam decididos a deixá-lo com a Sra Figg, e não perderiam essa oportunidade de estragar o divertimento do garoto. Mas Harry estava decidido, iria para A Toca nem que tivesse que passar, literalmente, por cima de seus tios. E depois Dumbledore também já tinha decidido, e eles não poderiam fazer nada para impedi-lo. Amanhã as dez da manhã o senhor Weasley estaria ali para buscá-lo e pronto. No entanto, uma vozinha chata teimava em zunir em sua mente dizendo-lhe que devia falar com seus tios, nem que fosse por mera formalidade. Sendo assim, Harry parou o que estava fazendo, recolheu a carta que havia deixado sobre a cama e saiu do seu quarto decidido a comunicar a seus tios a decisão do diretor de Hogwarts.

Quando já estava a porta da sala, Harry parou, respirou fundo e depois, munido de toda sua coragem, adentrou no cômodo. Assim que se pôs diante de seus tios percebeu que a fúria ainda os consumia devido à carranca que eles dirigiram a ele. Antes que pudesse dizer qualquer coisa Tio Valter se levantou e já começou a bradar; a sua enorme e redonda cara mais vermelha do que nunca, e sua vasta bigodeira se contorcendo furiosamente.

-O que você está querendo fazer moleque...Arruinar as nossas vidas? Como ousa deixar aquela coisa voando livremente por aí, carregando pedaços de papel velho, pra cima e pra baixo, como se fosse a coisa mais natural do mundo? O que você acha que os vizinhos vão dizer de nós se virem isso? Que somos um bando de loucos ou coisa pior, é claro!! Mas não! Eu não vou permitir que você arruíne as nossas vidas! Que jogue fora tudo o que levamos anos pra construir, por conta dessa sua anormalidade, entende? Hoje mesmo eu quero aquele bicho fora daqui!!! E se dê por satisfeito deu não o colocar pra fora também!

Ele terminou bufando como um rinoceronte, enquanto Harry apenas escutava tudo aquilo de forma indiferente. Não colocaria Edwiges pra fora, e não teria que aturar mais nada disso, não quando estava prestes a dar o fora dali. No dia seguinte ele iria para casa da família Weasley e não teria de vê-los até o próximo verão, isso se ele sobrevivesse até lá. Lembrou-se por um momento, amargamente, que Voldemort havia ressurgido. Realmente era impressionante como os seus tios conseguiam tirar-lhe o ânimo e faze-lo lembrar de coisas que definitivamente ele queria esquecer, pelo menos por hora.

Inesperadamente Tio Valter recomeçou a falar, tirando Harry de seus devaneios, e agora sua expressão parecia mais contida, mas igualmente aborrecida.

-Agora, quanto a nossa viagem, a Sra Figg acaba de nos ligar, e disse que infelizmente não poderá ficar com você. Parece que uns parentes dela apareceram de última hora, sem avisar, e a casa dela ficará cheia durante toda as férias. - Harry foi tomado por uma grande surpresa e curiosidade. Estava tão entretido em seu quarto que nem ouvira o telefone tocar. E também nunca soubera antes que a velha Sra Figg tinha parentes, ela sempre lhe pareceu tão sozinha e nunca comentara nada sobre a sua família. Queria saber que tipo de gente eles deviam ser. - Por isso não vejo outra saída a não ser te levar conosco - continuou Tio Valter, alheio aos pensamentos que rondavam a mente de Harry -, mas vou logo lhe avisando se você aprontar alguma...

-Eu não vou.

Harry sentenciou interrompendo seu tio, que pareceu ficar meio desconcertado por um momento, mas tratou logo de se recompor e indagá-lo estreitando seu olhar no garoto.

-Como assim, não vai? O que quer dizer com isso?

-Exatamente o que o senhor ouviu. Foi por isso que eu vim aqui. Acabei de receber uma carta do diretor da minha escola me dando permissão para passar o resto das férias com os Weasley. Eles chegam amanhã por volta das dez da manhã pra me buscar. - Harry despejou tudo de uma vez, com a expressão mais impassível que pôde, e sem ao menos deixar que seus tios tivessem tempo para raciocinar sobre aquilo e bolar alguma coisa para o impedir de ir, ele acrescentou. - E com alguma sorte talvez o meu padrinho me faça uma visita por lá - mentiu, adorava ver a cara de pânico na face de seus tios toda vez que Sirius Black era mencionado. - Sabe, agora mesmo eu enviei uma carta a Sirius, avisando que eu estaria com os Weasley caso ele precisasse falar comigo, então vocês não precisão se incomodar com Edwiges, ela irá me encontrar lá na Toca depois de entregar a minha carta à ele.

Um longo silêncio se fez enquanto Harry se continha para não rir em ver as diversas reações que se operavam em sua 'família'. Pra começar, foi com grande satisfação que ele viu a face redonda de seu tio passar de vermelha, como um tomate, para um branco leitoso, como se seu sangue tivesse se esvaído de todo o seu corpo, ao passo em que ele deixava o seu enorme corpanzil despencar sobre uma poltrona. Já Tia Petúnia emitira um guincho de horror ao ouvir o nome do perigoso fugitivo e Duda tremeu de pavor tampando a boca com uma das mãos e agarrando-se as próprias nádegas com a outra a simples menção do nome Weasley.

Por fim, quando Tio Valter pareceu se recuperar do susto, foi com um fio de voz que ele perguntou:

-Aqueles... Aqueles anormais virão aqui? Amanhã?

-Foi o que eu disse!

Harry respondeu dando de ombros, e se preparando para dar a conversa por encerrada, ainda tinha muitas coisas pra arrumar e não queria mais perder tempo. Mas mais do que de pressa Harry viu, incrédulo, Tio Valter se levantar e caminhar nervosamente até a lareira, se abaixando diante dela e começando a desinstalar o fogo elétrico e a desobstruir a passagem dela. Provavelmente ele ainda se lembrava muito bem do que ocorrera no ano anterior e não estava disposto a ser pego de surpresa de novo. Vendo que de fato agora não havia mais nada a ser dito, Harry apenas suspirou e voltou ao seu quarto.


O sol mal começava a iluminar as grandes casas quadradas da rua dos Alfeneiros, indicando que um novo dia começava, quando ela despertou. Ficou ainda um certo tempo deitada, remoendo suas angustias, quando decidiu se levantar. Quando tocou o chão com seus pés o primeiro impulso que teve, era de que eles não conseguiriam sustentar o seu corpo e por isso hesitou por um momento em se erguer, mas ela sabia que esse medo era infundado e que, como este, ainda haveriam muitos outros obstáculos pelo qual ela teria que passar, e não poderia se deixar levar por seus temores. Então, respirando fundo, ela firmou os pés no chão e se ergueu. Como pensara suas pernas ainda estavam fracas e por isso ela cambaleou, mas logo recuperou o equilíbrio e deu o seu primeiro passo, o segundo, o terceiro e assim por diante até chegar a cama ao lado da sua. Nela ainda se encontrava uma bela mulher, profundamente adormecida. Se inclinando sobre ela, a garota afastou uma de suas mechas castanhas e deu-lhe um singelo beijo na testa, em seguida ela apanhou uma capa sobre a cadeira entre as camas e a vestiu, saindo pé ante pé do quarto.

Após descer as escadas silenciosamente, caminhou por um pequeno corredor que dava em uma sala atulhada de gatos adormecidos. Olhou para todos os lados e não viu ninguém mais ali. Subitamente um estranho barulho causou-lhe um sobressalto, ela apurou os seus ouvidos tentando identificar de onde vinha aquele ruído. Foi então que ele se repetiu, e qual não foi a sua surpresa ao perceber que o estranho barulho vinha nada mais nada menos do que de seu estômago. Ela corou de leve ao constatar o óbvio: estava faminta. Nem se lembrava mais de quando fora a última vez que fizera uma refeição decente, afinal a última coisa que comera foi uma barra de chocolate, mais isso fora há horas, e agora sua barriga clamava por comida. Decidiu-se, então, em explorar aquela desconhecida casa onde se encontrava, a fim de encontrar uma cozinha e, com sorte, alguma comida.

Felizmente ela não precisou procurar muito, logo encontrou uma pequena cozinha e caminhou até uma enorme caixa branca, que por dentro era gelada e costumava conter comida. Ela lembrava-se vagamente de ter uma dessas na casa de seus pais, e sempre achou fascinante todas essas coisas trouxas que eles usavam. Esta em sua frente, por exemplo, se ela não se enganava, chamava-se geladeira. Após abri-la, ela se pôs a procurar por algo que pudesse comer, no entanto não estava tendo muita sorte. A primeira coisa que ela avistou foi um bolo, quase intocado, ela o colocou sobre a mesa e buscou uma faca em cima da pia para cortá-lo. E foi aí que ela percebeu que essa tarefa não seria muito fácil, pois só depois de muito custo é que ela conseguiu cortar um pedaço do famigerado bolo, mas antes não o tivesse feito, pois assim que o colocou na boca ela teve certeza de que aquele bolo solado não estava somente duro, mas também tinha um terrível gosto de sola de sapato. Imediatamente desistiu de comê-lo, sua barriga roncando ainda mais alto, ela deitou sua cabeça sobre a mesa e suspirou derrotada. Foi então que ela escutou o barulho de passos e quando se virou deu de cara com uma simpática vovó a fitando carinhosamente.

-Bom dia minha jovem! Dormiu bem?

-Como uma pedra. E a senhora, como está? Já fazia um bom tempo que não a via, creio que esta seja a sua casa.

A garota perguntou se levantando e levando com sigo o tabuleiro de bolo, guardando-o na geladeira antes de se voltar para a senhora e a ver caminhando até um armário de onde ela tirou uma caixa de cereais e o colocou na mesa.

-Pode me pegar a caixa de leite, por favor? -Ela pediu, agora distribuindo duas tigelas e colheres sobre a mesa. -Eu vou bem, obrigada! E é verdade que já fazia um bom tempo que não nos víamos. Desde aquele terrível acidente, creio eu. E sim, essa é minha casa e espero que você sinta-se a vontade aqui querida.

Ela concluiu despejando o cereal nas tigelas e as enchendo de leite, o qual a garota havia lhe entregue.

-Quanto tempo vou ficar aqui?

-O quanto for necessário, meu bem. Coma os cereais, deve estar faminta pelos roncos que seu estômago está dando. Pude ouvi-los das escadas.

Brincou a velha senhora abrindo um grande sorriso para a garota, esta corou furiosamente diante do comentário da bondosa velhinha e retribui-lhe com um sorriso encabulado.

-É, já faz um tempo que eu não como nada - Respondeu colocando uma boa colherada na boca e depois continuou. - A senhora lembra da proposta que me fez naquela época? Ainda estaria disposta a fazer aquilo que me ofereceu?

Ela indagou um pouco incerta, esperando ansiosa por uma resposta. Por alguns momentos a velha senhora apenas a fitou, analisando a expressão da garota, mas por fim abriu-lhe mais um de seus melhores sorrisos e respondeu.

-Você sabe ser bem direta, não é? Isso é bom, mas não seria prudente que você se propusesse a passar por isso apenas por vingança minha jovem. - Depois de uma pequena pausa ela continuou, seu semblante agora mais marcado pela preocupação e a sua voz um pouco sombria. Já não parecia mais em nada com a mesma bondosa vovózinha de antes, esta dera lugar, agora, a uma sabia e poderosa bruxa que se dirigia à garota encarando-a atentamente. - Lembre-se, esse procedimento é muito complicado e perigoso, até para bruxos experientes, e no seu caso...bom você sabe, pode perder o controle por alguns momentos e o seu dom especial ficaria mais aguçado. Se já é difícil agora para você lidar com essas coisas pode acreditar que será ainda mais difícil depois. E não se esqueça da influencia que [i]ele[/i] tem sobre você e as suas crises. Não tenho como prever que tipos de reações ela pode lhe proporcionar. Pode agravar mais a sua situação. -ela fez uma pausa respirando fundo. A menina que parecia muito concentrada em seus cereais, estava de fato analisando cada palavra que a senhora a sua frente dizia. -Quando te fiz aquela proposta você estava passando por um momento muito difícil, e ter um controle maior de seus poderes poderia lhe ter sido muito útil para superar toda aquela dor, mas agora realmente acho que não faria mais tanta diferença. O que estou querendo dizer é que talvez agora seja melhor esperar até a sua libertação natural, e evitar um sofrimento desnecessário. E depois teríamos muito pouco tempo e seria bem puxado pra você.

Um novo silencio se fez, no qual nenhuma das duas trocaram um só olhar. E foi só então quando a jovem finalmente ergueu a cabeça, e encarou os penetrantes e astutos olhos daquela bruxa, que finalmente se pronunciou, já completamente decidida sobre o que faria a partir de agora.

-Eu sei de tudo isso, mas não quero esperar mais. Tenho total consciência de como será difícil e doloroso, mas diante das últimas circunstâncias não temos outra opção, eu preciso começar a desenvolver todo o meu potencial o quanto antes para não ser pega despreparada de novo. Então, a senhora me ajuda?

-Tem certeza de que é isso que você quer?

-Nunca tive tanta certeza na minha vida. Se tivesse aceitado antes, talvez pudesse ter evitado tudo isso pra começo de conversa.

-Bom, isso nós nunca saberemos, não é? Agora termine o seu cereal.

Ela sugeriu começando a comer o seu próprio, a simpática velhinha havia voltado.


Naquela manhã qualquer um que entrasse no nº4 da rua dos Alfeneiros, poderia pensar que a família Dursley havia acabado de voltar de um funeral, tamanho o desânimo que assolava os habitantes daquela casa, com exceção talvez de um jovem, próximo aos seus quinze anos, que de tempos em tempos abria um furtivo sorriso, e se esforçava ao máximo para conter toda a sua alegria e ansiedade. Toda essa euforia da parte do garoto não era em vão, afinal dali a algumas horas ele estaria deixando a casa dos seus tios para só regressar à ela no próximo ano, e isso era motivo mais do que suficiente para soltar fogos.

Após o café, os Dursley se dirigiram para a sala, a fim de esperar que a anormal família Weasley viesse buscar Harry, para que assim eles pudessem se ver livres do garoto bem antes do final das férias de verão - este era o único consolo que eles tinham, visto que não poderiam evitar a presença daquela gente estranha em sua casa.

Por volta das nove e meia, Harry subiu para o seu quarto e com uma certa dificuldade desceu o seu malão para a sala, para facilitar as coisas e poder ir embora o quanto antes dali. Olhou para a gaiola de Edwiges, e se lembrou que à essa hora ela devia estar voando atrás de Sirius. Na noite passada, após voltar para seu quarto, Harry escreveu uma carta para o padrinho contando que passaria o resto de suas férias na casa de seu amigo Rony. Tivera essa idéia após a pequena 'ameaça' que fizera a seu tio, mentira na ocasião dizendo que já havia enviado uma carta ao padrinho para que não fizessem objeção a sua partida, mas só o fez de verdade após retornar ao seu quarto.

Agora seu tio Valter não parava de passar as mãos nervosamente por sua bigodeira, e vez ou outra lançava um olhar furtivo para a lareira. Conseqüentemente Tia Petúnia não parava de ajeitar os lençóis que havia colocado sobre os moveis da sala para evitar que estes ficassem cobertos por cinzas como da outra vez, e Duda mantinha os dentes o mais serrados possível por de baixo de uma das mãos gorduchas e com a outra, mais uma vez, ele agarrava nervosamente seu bumbum afundando-se cada vez mais no sofá à medida que os minutos passavam.

Quando o relógio soou dez horas em ponto ouviu-se o som da campainha ser tocada. Imediatamente Tia Petúnia se adiantou em atender a porta, se perguntando quem poderia ser numa hora dessas. Seria realmente constrangedor se algum vizinho presenciasse a aparição da família de cabelos de fogo adentrando por sua lareira. Sendo assim ela partiu para a porta determinada a despachar quem quer que fosse imediatamente. No entanto assim que a abriu deparou-se com a visão de duas lindas meninas a fitando de forma bastante ansiosa.

-Olá! Bom dia! Sra Dursley? - A mais alta das duas começou a falar meio hesitante, mas mais educadamente possível para tentar passar uma boa impressão para aquela mulher trouxa, de quem ela já tanto havia ouvido falar e que tinha a pior opinião possível sobre gente como ela. A tia de um de seus melhores amigos, Petúnia Dursley. - Bem, desculpe incomoda-la tão cedo, mas é que nós viemos aqui pra ver o...

Mas a Sra Dursley não a deixou terminar.

-Ora, mas não é incomodo nenhum meninas entrem, por favor!

Uma idéia absurda passou por sua cabeça e mais do que depressa Tia Petúnia, puxou as duas meninas para dentro, abrindo um grande sorriso para elas. As meninas se deixaram levar encarando uma a outra sem entender nada, até que chegaram na sala e a mulher que as seguravam pelos braços começou a falar euforicamente.

-Veja meu querido Dudinha! Você tem visitas, essas duas lindas meninas vieram lhe ver.

Ela anunciou radiante. Imediatamente o gorducho primo de Harry se levantou de um salto do sofá, alisando os cabelos com as mãos e abrindo um sorriso demente para as meninas ao mesmo tempo em que as olhava de cima a baixo.

-Olá meninas!

Ele cumprimentou de forma desajeitada com uma reverencia de cabeça. Tio Valter se levantou da poltrona que ocupava e caminhou até o filho, lhe dando uns tapinhas de leve em seus ombros e comentando com um sorriso maroto.

-Esse é o meu filho. Que danadinho, hein? Duas, é assim que se faz, meu rapaz!

-Oh! O meu garotinho está crescendo, e já trás as namoradinhas em casa. Que bonitinho!

Choramingou Tia Petúnia toda emocionada. Na mesma hora as duas garotas se entre olharam entendendo a confusão, e a mais alta delas tratou de tentar se explicar.

-Ham...Senhora, acho que ouve um pequeno engano.

-Isso mesmo - completou a outra -, nós viemos aqui pra buscar o ...

Mas nesse instante Harry, que tinha ido a cozinha beber um copo d'água, acabava de retornar a sala e parou de chofre ao reconhecer as meninas ali paradas, que exclamaram juntas quando o viram.

-Harry!!!

Imediatamente a mais alta correu até o rapaz e se jogou em seus braço, dando-lhe um forte abraço, e deixando os Dursley de boca aberta.

-Mione!? O que faz aqui?

Harry perguntou quando se separaram, e ele não pôde deixar de dar uma boa olhada na amiga. Esta estava trajando roupas tipicamente trouxas; usava uma calça jeans azul clara abaixo do umbigo consideravelmente justa delineando bem as suas curvas, uma blusa vermelha em estilo camponesa que se abria pouco abaixo do bojo deixando a barriga da garota de fora quando ela se movia e pra completar um delicado tamanco. Definitivamente este ano as férias estavam fazendo muito bem a garota, Harry pode notar, seus cabelos antes lanzentos, agora estavam mais ondulados e menos cheios e Harry não pode deixar de pensar em qual foi à reação de seu amigo Rony quando a viu. Só depois que concluiu sua rápida análise sobre as novas formas da amiga, que Harry se deu conta da outra garota ali presente. E ele precisou piscar algumas vezes para se dar conta que estava enxergando direito.

Alheia a essa repentina confusão que se passava pela mente de seu amigo, Hermione o puxou pelo braço o levando para mais perto da sua acompanhante.

-Olá Harry!

A ruivinha o cumprimentou, e foi preciso um cutucão de Hermione para que o garoto a respondesse.

-Olá...Gina!?

Agora, mais de perto, Harry pode fazer uma avaliação completa da garota. E concluiu que nem de longe esta a sua frente lembrava a menininha que ele salvara em seu segundo ano na câmara secreta. E ele não pode deixar de ficar impressionado com a mudança que se operara na garota. A sua, outrora, face infantil de menina agora havia dado lugar a um rosto mais maduro e feminino e ainda assim muito delicado, uma beleza que até então ele jamais enxergara na garota. Seus cabelos estavam cortado na altura dos ombros e uma repicada franja emoldurava o seu rosto. Ela, assim como Mione, estava trajando uma roupa trouxa; um delicado vestido de alças finas e decote reto, branco com flores cor-de-rosa bordado por todo ele, que chegava a altura dos joelhos, em suas costas uma pequena fita era enlaçada acentuando as curvas de sua cintura e por ultimo uma sandálinha rasteira abrigava os seus pequeninos pés.

Obrigando-se a sair do torpor no qual emergira, devido à inesperada beleza da irmã caçula de seu melhor amigo, Harry voltou-se para Hermione repetindo sua pergunta.

-O que vocês fazem aqui?

-Ora Harry! Francamente, isso é jeito de cumprimentar suas amigas? Parece até que não gostou de nos ver? Fica aí fazendo perguntas irrelevantes ao invés de perguntar o que realmente importa como, por exemplo, como estamos ou então nos contar as suas novidades.

Concluiu a garota fazendo uma fingida cara de magoada, que Harry não sabia que a amiga era capaz de fazer. Dando uma rápida risada da cara da garota ele continuou.

-Tá Mione, não enrola. Pelo que eu estou vendo, vocês duas estãomuito bem, e depois as novidades que eu teria pra contar não são apropriadas para esse lugar - Terminou lançando um significativo olhar aos seus tios que os olhavam ainda aturdidos, mas já começando a se recuperar e a encará-los com irritação.

-Harry está certo, Mione, e depois nós já não temos muito mais tempo.

-Tempo? Tempo pra quê?

Mais uma vez Harry perguntou, esperando que dessa vez a amiga lhe respondesse como devia.

-Bom, está certo então. Harry é o seguinte, o Sr Weasley estava muito ocupado no Ministério, e a Sra Weasley também estava muito atarefada n'A Toca e como não confiava nos meninos, principalmente nos gêmeos, sobrou pra gente vir te buscar.

-É, foi isso.

Gina concluiu com um belo sorriso, que fez Harry sentir uma singular e perturbadora reação percorrer-lhe todo o corpo. Sensação esta que sempre acontecia quando uma outra garota lhe sorria daquele jeito, uma certa Corvinal, de olhos puxados, Cho Chang. Mas o que estaria acontecendo com ele, nunca sentiu-se assim perto de Gina, na verdade ele quase não percebia a presença dela, e agora isso. Lá estava ele diante da irmã mais nova de seu melhor amigo, sentindo seu rosto corar só por causa de um sorrisinho. Felizmente, ninguém pareceu notar isso e ele procurou manter sua atenção no que Hermione estava para lhe dizer.

-Então o senhor Weasley nos conseguiu uma Chave de Portal, com a qual viemos aqui, e dentro de exatamente dez minutos ela nos levará de volta para A Toca.

Hermione terminou tirando algo de sua pequenina bolsa, que trazia consigo nas costas, e em seguida ela abriu um lencinho de algodão que ocultava uma pequena colher de chá. A Chave de Portal.

-Bom, menos mal. Então agora é só esperar, certo?

-Isso mesmo. Suas coisas já estão prontas? É só isso?

Perguntou Hermione, apontando para o malão de Harry e a gaiola de Edwiges sobre ele.

-É sim.

-E cadê a Edwiges?

Indagou Hermione mirando a gaiola vazia.

-Bem...ela foi levar uma carta minha para Snuffles.

Respondeu Harry meio constrangido por ter de falar em código com Hermione sobre Sirius na frente de Gina. Principalmente por que a garota demonstrou bastante interesse em saber de quem eles estavam falando.

-Quem é Snuffles?

Ela perguntou de uma forma tão encantadoramente inocente que Harry quase cedeu a tentação de responder a verdade para aquela bela ruivinha. No entanto antes que ele pudesse formular uma resposta, uma furiosa voz reboou pela sala. Tio Valter tinha finalmente se recuperado.

-MOLEQUE!!! Quem são essas garotas? Explique-se, AGORA!!!

O corpulento tio de Harry se levantou e encarava, de forma feroz, os três jovens que confraternizavam animadamente no meio de sua sala. Harry revirou os olhos, e procurou se acalmar para não complicar ainda mais sua situação, mesmo sabendo que isso seria impossível. Virou-se, então, para ele e começou a apresentar suas amigas, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

-Tio Valter, Tia Petúnia, Duda... Essas são Hermione Granger, a melhor aluna de Hogwarts e minha melhor amiga - ele voltou-se para a mais alta indicando Mione que lhe sorriu de volta, levemente corada pelo elogio (e visto que seus tios já estavam furiosos mesmo, Harry nem ao menos se deu ao trabalho de evitar em falar o nome de sua escola). Depois ele indicou a mais baixa e a apresentou -, e esta é Gina Weasley, a irmã do meu melhor amigo Rony, e a mais nova na família Weasley.

Harry concluiu um pouco constrangido pelo sorriso que Gina, mais uma vez, lhe lançara. E também bastante incomodado pela forma em que seus tios estavam encarando as garotas.

-Isso quer dizer que elas são... são....

-Bruxas!

Exclamou Hermione, já se irritando com a cara de nojo que aquele homem horroroso as encarava. Afinal quem era aquele trouxa para se dirigir a elas assim? No entanto ela procurou se acalmar, afinal Harry já havia lhe falado centenas de vezes da verdadeira aversão que seus tios tinham por bruxos e ela já devia estar esperando por uma reação dessas da parta deles. Então decidida a acabar logo com aquela situação incomoda de uma vez ela continuou.

-Somos bruxas sim! Mas não se preocupe, não temos nenhuma intenção de lhes fazer mal algum, só viemos buscar o Harry - Ela explicou como se estivesse falando com uma criança, e depois acrescentou. - Mas felizmente recebemos uma autorização especial do diretor para usar magia hoje, para buscar o Harry, e também para o caso de termos algum problema imprevisto, entende? - Mentiu, tinha sim recebido permissão para usar uma chave de portal, mais assim como qualquer menor ela não poderia usar magia fora de Hogwarts. Mas percebendo que talvez os Dursleys oferecessem alguma resistência em deixá-las levar Harry por elas serem apenas duas garotas, ela achou que seria conveniente se esses se sentissem um pouco ameaçados. - Então não se preocupem, pois dentro de apenas alguns minuto nós estaremos indo embora, e o senhores não precisarão mais serem incomodados com a nossa presença.

Concluiu com toda dignidade que possuía, e Harry não pode deixar de achar que ela ficara muito parecida com a Prof ª McGonagall, quando esta dava uma reprimenda a um de seus alunos. Como Hermione havia pensado, sua pequena 'ameaça' funcionou, e os Dursley nada mais falaram nos minutos que se seguiram, apenas ficaram observando os três em silêncio enquanto os jovens conversavam sobre algo aos sussurros. Enfim, quando faltava apenas um minuto para a chave-de-portal ser ativada, Hermione voltou ao seu tom natural de voz pedindo para que os outros se preparassem.

-Bom Harry já está quase na hora - ela consultou seu relógio -, você sabe muito bem o que fazer, não é? - Sem dar tempo pra um resposta Hermione seguiu para o malão de Harry e se sentou nele entregando a gaiola vazia de Edwiges ao garoto e continuou - Agora segure isso Harry e toque a chave, você também Gina.

Ela estendeu a mão, e sobre ela repousava a chave, Harry e Gina seguiram suas instruções e com a ponta dos dedos tocaram a chave e ficaram esperando. Esperando. O que diabos aqueles três estavam esperando? Essa com certeza era a pergunta que os Dursley deviam estar se fazendo naquele momento, vendo aqueles três jovens anormais dispostos em circulo tocando uma colher de chá e esperando sabe-se lá o que. No entanto, antes que qualquer um deles pudesse colocar em palavras esta pergunta, um súbito estalido se fez soar pela sala e no segundo seguinte eles já não estavam mais lá.


Continua.....

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