Acidente de Percurso



Capítulo 3 – Acidente de percurso



Harry, apesar de irritado com a atitude meio grotesca de Gina, ficou triste consigo mesmo após ver, pelo retrovisor, Gina chorando na porta de casa, dizendo pra ele voltar e não sair de carro. Ele não entendia muito bem porque Gina tinha tanto medo de andar de carro; será que ela não entendia que ele necessitava de um? Resolveu, então, tirar suas dúvidas com Rony; afinal, ele estava ali, do seu lado, e é irmão de sua namorada. Com um certo tom de irritação na voz, ele perguntou ao ruivo:

- Rony, você sabe por quê a Gina tem tanto medo de carro? Tem medo até de andar de táxi!

- Ih, Harry, essa história é meio... Meio complicada, saca? É como se ela tivesse um... Trauma, entende? – Rony parecia estar meio embaraçado com essa pergunta, pois não sabia nem o que dizer. Havia sido pego de surpresa e ele nem ao menos gostava de dizer sobre esse trauma de Gina, pois tinha sido um grande problema na família. Harry interessou-se muito sobre isso e, meio que assustado, ainda quis continuar a saber sobre a vida de sua amada:

- Trauma? Como assim, “trauma”?

- Ahm... É assim, aconteceram tantos acidentes na vida de Gina que ela acabou criando um certo pavor de carros, principalmente dos velozes.

- Explique melhor, Rony! Vamos organizar parte por parte. Como tudo começou? – Harry passou a “interrogar” Rony, com todo o seu ar de advogado renomado, enquanto dobrava a esquina para entrar numa avenida.

- Bem... Tudo começou quando ela tinha 5 anos e andava de carro com o papai e a mamãe, estavam saindo do hospital. Eles estavam discutindo sobre Gina, mamãe dizendo que papai deveria prestar mais atenção em Gina e ele dizendo que não tinha muito tempo, mas se pudesse faria isso, essas coisas. Mas a discussão tirou a atenção do papai no volante, ele acelerou ainda mais e, quando foi ver, estava frente a frente com um carro. Papai, além de ter perdido o carro no acidente, quebrou a perna, enquanto mamãe sofreu uma pequena lesão na cabeça, nada demais. Foi desse acidente que papai passou a usar até hoje uma bengala. Gina se sentiu mau com isso, como se ela fosse culpada e...

- Ficou com medo de andar de carro outra vez, não é? – Harry interrompeu Rony, mas logo o ruivo falou:

- É... Mas não é só isso. Depois, aos 10 anos, ela foi participar de um campeonato mirim de baseball com as amigas dela. Elas andavam numa van e Gina passou a conversar com o motorista, que andava apressado por que elas estavam atrasadas pro campeonato. O motorista, quando voltou sua atenção pra pista, tentou desviar de um carro e uma moto, freou bruscamente e o carro capotou. A melhor amiga dela, Katherine, acabou morrendo nesse acidente. Todas as outras sofreram alguns arranhões e lesões e o motorista quebrou o braço e teve traumatismo craniano!

- Puxa! Gina deve ter se sentido como a causadora disso tudo, mais uma vez.

- Mas nesse caso foi pior porque houve uma morte, e da melhor amiga dela, ainda por cima... Não Harry, por essa rua, não! A essa hora deve estar tudo engarrafado! Vai por aquela via, ali! – Dizia Rony, que olhava pro relógio a toda hora, querendo chegar ao trabalho e acabar com essa conversa “embaraçosa”. Porém, ainda assim continuou:

- Sem contar no acidente com o Jorge, que quase o matou. Ele ficou em coma por meses e isso fez com que o trauma dela piorasse, porque ele andava num Chevrolet Vectra a alta velocidade com o Fred e a Patrícia. E ainda tem o acidente dos seus pais, quando você era pequenininho... Ah, finalmente chegamos! – Disse Rony, com um certo ar de alívio, ao chegar na garagem do enorme prédio de engenharia onde trabalhavam.

- Putz, se eu soubesse disso, nem teria cogitado a possibilidade de comprar esse carro! – Harry lamentou após fechar a porta do conversível.

- É, mas já comprou, tá comprado. Já brigou com a Gina, já piruetou com esse carro, agora agüenta, porque vai vir mais confusão quando você chegar na “Toca”.

- Como sempre, o Santo Potter está metido numa confusão! E sempre ao lado desse pé-rapado do Weasley! Nem sei como conseguiram um emprego aqui! – Comentou uma voz arrastada que acabava de sair de um jaguar preto. Trajando um terno francês, com os cabelos loiros penteados para trás e usando um óculos escuro que dava-lhe um ar misterioso. Ao seu lado estavam dois grandalhões desajeitados, Crabbe e Goyle. Mas Harry e Rony logo descobriram quem era pelo modo que falara com eles e pelos amigos: Draco Malfoy, o grande “inimigo” deles desde pequenos, quando entraram no colégio interno. E as alfinetadas dele não pararam por aí:

- Engraçado, o cicatriz nunca deixa certas manias. A primeira é de arranjar confusão; a segunda é de estar na companhia de gentalha; e a terceira é de ser idiota: esqueceu sua pasta no carro! – Dissera Malfoy, debochando de Harry, com um sorriso cínico na boca e com Crabbe e Goyle rindo da piadinha. Ele não perdia uma única oportunidade para criticar ou irritar o moreno. Harry, totalmente atordoado com o que Rony lhe contara, esquecera sua pasta dentro do carro e estava odiando ter que se passar por idiota na frente de um panaca como o Malfoy. Mas rebateu-lhe da mesma maneira, só que melhor:

- Você também nunca deixa certas manias, não é, sua doninha quicante? A primeira é de ser intrometido; a segunda é a de estar na companhia de pessoas bajuladoras e babacas; e a terceira é a de ser um completo imbecil que só percebe o erro dos outros, mas não o seu: o pneu do seu carro está furado! – Draco, na mesma hora, abandonou o sorrisinho cínico e, olhando para o pneu dianteiro, que estava furado, quase fuzilou Harry e Rony com o olhar, sendo que os dois estavam bastante alegres com a raiva de Draco e dos “armários” que perseguiam-no. Mesmo assim, Draco tirou um pouco do azedume que tinha na cara e deu uma “desculpa” a Harry:

- Foi só um... Acidente de percurso, nada demais... Ah, soube que vai se casar com Gina... É verdade?

- Olha Malfoy, é Gineviéve pra você. E mesmo não devendo te contar, sim, vou me casar com ela. Por que o interesse?

- Por nada, por nada... Só pra confirmar os boatos. Vai ser quando, se é que eu posso saber?

- Daqui a um mês. Espero que não ocorra nenhum empecilho até lá...

- É, ia ser muito ruim ter que adiar a data... E você, Weasley? Estranho não estar na companhia da Granger... Ela te abandonou, foi?

- Cala a sua boca, Malfoy! Ou quer que eu mesmo cale? – Rony falou isso com tanta irritação que Draco até se afastou um pouco e disse-lhe:

- Calminha aí, Weasley! Foi só uma pergunta!

- Mas você está fazendo perguntas demais pro meu gosto, Malfoy... Nunca se interessou pelas nossas vidas! E quer saber, cai fora, não é da sua conta se a Hermione está aqui ou não! – Rony apontava o dedo para Draco dizendo tudo isso e o loiro, com um sorriso cínico e vendo que tinha conseguido o que queria (irritar um deles), saiu na mesma hora com os dois grandalhões que estavam ao seu lado, dizendo:

- Você se irrita muito fácil, Weasley! Agora entendi porque a Hermione te abandonou! Ah, e vê se devolve logo esse carro, Harry, antes que a Gina fique pior do que já está e te abandone também!

- É Gineviéve, Malfoy! E não se intrometa no que não é da sua conta! – Gritara Harry, morrendo de ódio de Malfoy e segurando Rony, que queria partir pra cima do loiro há muito tempo:

- E Hermione não me abandonou! Eu acho... – Rony falara essa última frase com a voz embargada e triste. Há muito não via nem recebia notícias da estudiosa garota.

- Ela nunca ia nos abandonar. Ela nunca vai te abandonar. Eu sei disso. A Mione vai voltar, pode ter certeza! – Harry disse isso ao amigo com pena dele. Enquanto Hermione esteve fora, ele não ficou com nenhuma garota, apesar de não ser namorado dela. E Ron nem ao menos tinha notícias dela na França, o que fazia ficá-lo deprimido e jogando-se nos livros e nos estudos, numa forma meio maluca de tentar obtê-la e esquecê-la ao mesmo tempo. Rony, então, rebateu Harry:

- Será, Harry? Será que ela ainda pensa em mim? – Ron dizia isso enquanto subia as escadarias juntamente com Harry, que respondeu:

- Pensa, sim. Anos e anos de amizade e convivência não são jogados fora assim, de uma hora pra outra! E é melhor você parar de pensar nisso, porque foi só uma jogada do Malfoy para fazer você ficar assim! E você caiu direitinho, não percebeu ainda?! – Enquanto respondia, Harry apertava um botão de um elevador, e Rony, que estava ao seu lado, ajeitou a gravata desalinhada e, arrumando o cabelo, falou:

- O Malfoy é um estúpido! Acha que é melhor que a gente por ser um dos acionistas dessa empresa. Mas eu não vou ser somente mais um por aqui... Vou chegar ao topo, pode ter certeza! E não é ninguém, muito menos Malfoy que vai me fazer desistir ou ficar de cabeça baixa! E quando a Mione voltar, ela vai ver que sou capaz de superar obstáculos e de ser realmente bom em algo! Eu prometo! – Após dizer essa frase, Harry se impressionou com a mudança de humor e a perseverança do amigo em crescer profissionalmente. Não se lembrava de vê-lo assim, tão empenhado, durante anos! Admirado, disse ao amigo, entrando no elevador vazio e apertando outro botão, com o número 8:

- É assim que se fala, Rony! Se Hermione te visse agora, ficaria admirada da sua atitude! – E deu tapas carinhosos nas costas do amigo, que exibia um enorme sorriso.


* * * * * * * *

Gina havia ficado extremamente furiosa com Harry, que saiu rapidamente dali com aquele carro e deixou-a falando sozinha. Será que ele não conseguia entendê-la nunca com relação a carros e a alta velocidade? Foi então que ela se lembrou: nunca havia contado a Harry o porquê de tanto medo! Tentou, então ligar para o moreno, mas o celular dele estava desligado. E agora, o que faria: os dois estavam brigados e por um detalhe de sua vida que ela esqueceu de falar-lhe! Sua mãe há horas a chamava pra tomar café, mas ela não conseguiu comer quase nada.

Depois tentou ler um livro, ver TV, jogar baseball, futebol, mas tudo a entediava. Também quis dormir, descansar um pouco, mas ela não tinha um pingo de sono. Pensou que visitando os gêmeos na loja de brinquedos iria distrai-la, mas até mesmo as brincadeiras e traquinagens dos infantis, mas adultos, Fred e Jorge não a faziam rir! E após ter chegado da loja e tomado um banho, uma chamada vindo do seu celular despertou-lhe a atenção. Era Harry quem havia ligado. A ruiva, apressadamente atendeu o telefone e disse-lhe na mesma hora:

- Meu amor, me desculpa, eu...

- Eu te amo, Gi! É só isso que importa. Estou indo devolver o carro. Um beijo!

Após dizer essas palavras, o moreno desligou o telefone e Gina, com um sorriso nos lábios, esparramou-se em sua antiga caminha de solteiro. Ter escutado a voz de seu noivo dizendo aquilo havia salvo o seu dia (aliás, sua noite, já eram 19:35h). Mas dali a 10 minutos, uma outra chamada vinha de seu celular, porém não era Harry quem estava lhe ligando, mas um número desconhecido.

- Alô? Senhorita Weasley?

- Sim, sou eu, quem está falando?

- Aqui é do hospital, é que...

- O que foi? Aconteceu algo com alguém da minha família? O quê...

- Foi com o senhor Harry James Potter. Ele se acidentou agora a pouco e está no pronto-socorro sendo medic... Senhorita Weasley? Senhorita Gina Wesley, a senhorita está aí?

No mesmo momento que Gina ouviu a palavra “acidente”, ela desmaiou.




* * * * * * * *




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Carpe Diem

Hannah B. Cintra

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