1001 maneiras



Capítulo 10 : 1001 Meios de Irritar Harry Potter


Terça feira, 29 de outubro de 1996, 20:00

Harry entrou na sala do diretor após ter dito a senha “Gobstopers Permanentes” à gárgula em forma de águia que guardava a porta do diretor. Mal podia disfarçar sua ansiedade enquanto suas mãos tateavam as vestes à procura da varinha. Queria mais do que tudo estar pronto para ter aulas com Dumbledore.

O rapaz olhou em volta, mas o escritório aparentava estar vazio. A mesa do diretor continha muitos envelopes e um selo de autenticação feito de cera que não continha o brasão de Hogwarts. Aproximando-se do selo, o rapaz pode distinguir um desenho que lhe era desconhecido. Parecia uma espécie de brasão familar, daqueles que ele já assistira em alguns filmes trouxas de época.

Mas antes que Harry pudesse dar uma boa olhada no desenho do brasão, foi interrompido pela voz do diretor:

- Diga-me Harry, você joga Xadrez de bruxo? – a voz veio de cima, subindo as escadas em espiral, onde parecia haver uma espécie de ante-sala com uma janela ampla dando para o céu noturno de Hogwarts.

A voz o pegara de surpresa. Harry deixou depressa o selo onde o encontrou, não queria passar a impressão de que gostava de se intrometer em coisas que não lhe diziam respeito. Dumbledore estava sentado numa pequena mesinha vitoriana circular onde jazia um tabuleiro de xadrez de bruxo.

- Sente-se e jogue comigo – o diretor parecia descontraído.

Sem querer contrariá-lo, Harry, ainda sem entender, se sentou e organizou suas peças. Ele jogaria com as pretas.

Decorreram mais ou menos uma hora e meia. Nesse intervalo, Harry perdera para Dumbledore três vezes de maneira impressionantemente fácil. Dumbledore parecia reorganizar o tabuleiro para uma quarta partida quando Harry não conseguiu mais se conter.

- Desculpe- me professor, mas o que tem a ver o xadrez e nosso treinamento?

O diretor empertigou-se na cadeira, como se estivesse esperando aquela pergunta na última hora e meia. Ajeitou os oclinhos de meia-lua e começou sua aula:

-Tudo Harry. O xadrez é mesmo um esporte fascinante. Em diversos países as pesquisas levaram à conclusão de que o xadrez favorece o desenvolvimento de aptidões e habilidades interpessoais relacionadas a criatividade, raciocínio, liderança, administração racional do tempo, sociabilidade, auto-estima entre outras.
Sem contar que é um jogo surgido diretamente da simulação de uma batalha. Trata-se de um jogo de estratégia, Harry. – E colocou o indicador em riste na direção do garoto - Uma estratégia perfeita é extremamente útil em tempos de batalha. Mas o primeiro passo é saber diferenciar as peças. –ele sorriu.

O rapaz estava meio ultrajado.
-Eu sei quais são as peças do xadrez!

-Sim... você sabe. – o diretor moveu a cabeça afirmativamente. – Sabe as peças deste jogo. – e sorriu enquanto indicava as peças sobre o tabuleiro – Mas sabe realmente as peças do jogo que acontece agora no Reino Unido?

- Jogo? – o garoto se surpreendeu com a afirmação do diretor.

-Sim, Harry, toda guerra é um jogo. Não no sentido leviano da palavra, mas nas suas perspectivas mais sombrias. Receio que você se lembre perfeitamente da partida de xadrez que seu amigo Rony liderou no seu primeiro ano aqui. Acontecerão perdas... já aconteceram algumas. De ambos os lados. E isso é necessário ao andamento do jogo;

- Harry teve de visualizar novamente a lembrança latente da morte de Sírius. Ainda era muito dolorido pensar naquilo. E mais dolorido ainda era saber que mais doses de dor semelhante estavam por vir.

-A dor não vai passar, Harry. Tudo o que é possível fazer é seguir em frente e ganhar o jogo, para que não haja mais perdas além das necessárias.

- Além das necessárias? – Harry estava um tanto revoltado – Eu não quero que ninguém morra... Não mais... Só quero que ele suma – e ensimesmou-se cansado na cadeira.

Dumbledore balançou a cabeça e fez um movimento com a mão como se espantasse uma mosca particularmente chata.
- Ao menos tente, Harry. Vai clarear suas idéias. Classifiquemos nossas “nemesis” de acordo com a hierarquia. Tome as peças pretas como o exército de Voldemort. Quem é o nosso inimigo?

Incerto de onde o diretor iria chegar, Harry conformou-se em relatar o que lhe fora argüido, em um tom um tanto vacilante.

- Bom... - o garoto tentava tecer uma rede de raciocínio lógico. – Voldemort obviamente é o rei. Ele não pode ser tocado. E se ele cair, o jogo praticamente termina.

Com um toque sutil da varinha de Dumbledore a peça do rei tomou a forma de Lord Voldemort. Totalmente em mármore negro. Harry sentiu que Dumbledore o encorajava a fazer mais suposições, mas ele não conseguia ir além dessa primeira.

O que eram os Comensais da Morte? Peões? Não... O contato deles com Tom, ainda que superficial era bem próximo. Eles se encarregavam de fazer as alianças e por em prática os planos dele. Se eles gozassem de algum crédito perante ele talvez Harry ousasse classificá-los como conselheiros. A movimentação era limitada e esquiva, sempre escondendo seus verdadeiros objetivos, nunca os encarando de frente.

- Os comensais são os bispos – Sentenciou ele, ao que Dumbledore tocou com a varinha os dois bispos. Um deles se tornou a figura negra de Belatrix Lestrange e o outro se assemelhou horrivelmente à Lucius Malfoy, os dois de capuz, com varinhas nas mãos.
A Mente de Harry foi dando guinadas. Se os peões eram aqueles que só cumpriam ordens na esperança de crescer ou de obterem uma promoção em suas condições de vida...

- Os peões são os lobisomens, os dementadores... Harry começou

- E os inferis, acrescentou o diretor enquanto apontava a varinha para os peões e eles se transfiguravam em pequeninas réplicas daqueles tipos monstruosos.

- E os gigantes?- Harry perguntou indeciso.

Dumbledore tomou a palavra:
-Veja Harry, o “time” de Voldemort é um time de movimentação. É ele que estava de fora do jogo e ataca primeiro na maioria das vezes. Seus locais de esconderijo são esquivos e mudam com uma periodicidade interessante. Logo, em lugar de fortalezas físicas, ele precisa desequilibrar nossas fortalezas físicas. Esse é o papel da torre. Esses são os gigantes à serviço dele. – e transfigurou as negras torres em pequenos gigantes negros.

- Faltam os cavalos, Harry. Alguma suposição?- o diretor o olhava perspicaz.

Harry encarou as peças no tabuleiro e tentou se lembrar de suas peculiaridades. Os cavalos eram aqueles que possuíam os movimentos mais complexos. Podiam pular peças, tanto do seu próprio time, quanto do time adversário. Eram peças muito valiosas e ágeis. Mas quem no exército de Voldemort poderia ter todo esse poder?

-Snape. – Harry respondeu a contragosto.

-Bom, Harry, creio que o conceito está correto – Albus alisou a barba apreensivo - porém receio que o professor Snape seja o cavalo do nosso time – e dizendo isso tocou com a varinha os cavalos brancos eles se tornaram a réplia mal-humorada e sebosa de Severus Snape.

E o diretor continuou com um floreio de sua varinha displicente em direção aos cavalos negros. Creio eu que as imagens que melhor ilustrem pra você os espiões de Lord Voldemort sejam aqueles que lhe causaram mais mal. – e dizendo isto os cavalos negros se transformaram em pequenas réplicas de Peter Petigrew e Kreacher.

Harry desviou os olhos para a janela, evitando olhar aquelas peças que lhe davam uma grande quantidade de asco e uma desagradável pontada no peito. Os responsáveis pelas mortes dos pais e do padrinho. Tentando desviar seus pensamentos e impedir que seu olhos se enchessem d’agua, percorreu novamente o tabuleiro com os olhos. O time de Voldemort estava quase completo, mas faltava uma peça.

-Falta a rainha, senhor. Talvez Nagini?

Dumbledore deu um entre sorriso ao garoto e ponderou:
-Receio, Harry, que Nagini não possa ser separada de lorde Voldemort. A rainha, no caso, é a peça que se move mais livremente pelo campo de jogo. É a peça ou Arma mais importante. Todas as peças em todas as direções são vulneráveis à ela contanto que se aproximem o suficiente.
No momento não existe ninguém no desempenho dessa função em qualquer um dos times. – o velho senhor sorriu triste - Voltaremos a essa questão mais tarde.
O que me diz de tentar classificar o nosso lado do tabuleiro?

Harry encarou as peças brancas como se desejasse saber o que elas iriam se tornar após o toque da varinha de Dumbledore.

Isso deveria ser mais fácil, pensou o garoto. Ele era parte integrante daquelas peças, convivia com a Ordem da Fênix, com a Armada de Dumbledore.

- Se as torres são as fortalezas, senhor, Hogwarts, o Ministério da Magia, Azkaban e a Sede da Ordem...

- Interessante seus pontos de vista, Harry. Isso demonstra que você está maturando a primeira questão do nosso time.- Dumbledore disse enquanto as peças do tabuleiro tomavam forma do castelo de Hogwats e a Sede da Ordem, enquanto uma terceira torre acinzentada surgia no meio do tabuleiro e tomava a forma do Ministério da Magia.
Já parou para pensar, Harry que não podemos confiar no Ministério? O governo E que se Voldemort conseguir o controle dele, a fortaleza de Azkaban começará a prender aqueles que estiverem do nosso lado?

- O senhor desconfia do ministro, professor?

- Não do Ministro, Harry. Mas receio que Cornélio Fudge não vá permanecer no cargo por muito tempo. Ele se provou incapaz de controlar a situação e a volta de Voldemort está gerando um pânico na comunidade bruxa semelhante à época da primeira Guerra. E o ministério está cheio de pessoas, humanos como nós Harry, alguns com muito medo de perderem suas vidas a ponto de concordarem a fazer vista grossa para algumas coisas que já andam acontecendo dentro e fora da administração do mundo mágico. O jogo já começou.( N/A: The game is afoot!*)

Harry se recompôs. E tentou continuar o exercício.
- Os peões são as pessoas comuns, aquelas que querem defender aquilo que amam e os aurores do ministério. E os bispos são a Ordem da Fênix e a Armada de Dumbledore.

- Excelente Harry! – E com um aceno de varinha os peões se transformaram em alunos, elfos domésticos e na figura de dois aurores. Os bispos assumiram a forma de Dumbledore e de Rony. Nesse momento Harry interrompeu o diretor;
Mas senhor, creio que a sua figura seja...

- O rei? Aquele que deve ser protegido?- e como o menino anuísse – Não Harry. O rei é você – e a figura em miniatura de Harry Potter tomou o posto de rei no tabuleiro das peças brancas – Eu nada sou além de um conselheirto Harry. Alguem que está tentando administrar os rumos da batalha, mas você é o Eleito. Caberá a você destruí-lo e chegará um momento em que a minha ajuda não será mais uma realidade plausível.

E cortando qualquer pensamento que Harry pudesse estar formulando em protesto, continuou:
- Nosso time é aquele que está defendendo o território. Somos aqueles que têm mais a perder. Por isso é natural que formemos um jogo de retranca, que pode ser colocado a perder se Tom conseguir disseminar medo e desconfiança suficientes. Você sabe que nossa sintonia com o Ministério e com a população não é o que podemos chamar de efetiva. Os movimentos desordenados dessas pequeninas peças que são os peões podem colocar todo o jogo a perder. E o ministério já percebeu que precisamos unificar as diretrizes.

- Unificar as diretrizes? – Harry perguntou pensativo

-Certo, rapaz. O time das brancas precisa se unir sobre uma bandeira. O ministério tem me procurado incessantemente. Querem que eu disponibilize o Menino-que-sobreviveu como ícone representativo do ministério, para dar respaldo às ações deles.
-Que ações? – Harry arregalou os olhos.

-Sei que você não presta a atenção nas aulas de história da magia, Harry, mas vou te passar um dever. Estude a primeira guerra bruxa contra Voldemort e a luta contra Grindenwald. Depois compare com a Primeira e Segunda Guerras Mundiais dos trouxas. Quero que me diga na próxima aula quais são as tendências que a política dos países tendem a assumir nesses períodos.

Dumbledore então pausou. E retomou sua própria análise do tabuleiro. Pegou em suas mãos as duas figuras da rainha, que estavam meio à parte, e num gesto suave com os dedos indicadores fez com que as duas peças imergissem em uma só. Essa uma oscilava as cores entre o branco e o preto como se fossem dois líquidos imiscíveis que formavam uma mistura heterogênea que negava-se a ficar em repouso, como se fervesse. Harry deixou sua atenção ser levada pela curiosa pecinha oscilante.


- Vejamos agora a questão da rainha, - o diretor girava a peça nos nós dos dedos com agilidade, como os mágicos trouxas costumam fazer com moedas justamente antes de fazê-las desaparecer. Mas o diretor não a fez desaparecer. Apenas parecia prestar à ela uma atenção extra antes de retomar o assunto. - veja que isso é muito importante. Creio que a única pessoa apta para assumir essa posição num futuro próximo seja sua madrinha – Harry olhou para o diretor espantado e o senhor sorriu de volta enquanto colocava a peça que havia tomado a forma de Acácia, ainda oscilante, ao lado do tabuleiro – assim que ela conseguir controlar sua própria maldição. O que não posso garantir... é para qual dos lados ela vai preferir jogar.

-Como assim? Ela pertence à Ordem da Fênix, não é professor? – Harry parecia buscar nas palavras de Dumbledore a mesma certeza com que ele afirmava a credibilidade de Snape ou mesmo a de Lupin, que também era amaldiçoado.

Dumbledore sorriu tristemente:
-Ontem, quando ela atacou o professor Snape, Harry, havia alguma sombra de humanidade ou consciência nela?


Harry baixou os olhos ao responder:
-Não, professor, não havia nada.

-Imaginei... – e subtamente Dumbledore parecia muito mais velho que o usual, mais velho e mais cansado também. – por hoje é só, meu rapaz. Procure praticar o jogo com seu amigo, o Sr.Weasley. Ele poderá ajudá-lo a compreender a atual conjuntura dos acontecimentos e, quem sabe até antever alguma coisa.

Harry ainda estupefato, se retirou silenciosamente do escritório de diretor.


***

Tinha sido mais fácil que Harry imaginara. As primeiras frases saíram difíceis e agoniadas, mas logo que ele achou os olhares de Rony e Hermione, lhe dando o apoio necessário o garoto verteu a verdade em poucos minutos.
Rony o olhava meio boquiaberto, com uma nítida expressão de preocupação no rosto. As primeiras palavras sensatas vinham da boca de Hermione.

- Ah Harry, eu já desconfiava... Você está esquivo, desde o final do ano passado e sei que não tem relação com a morte de Sirius. – a garota não pode se conter e o abraçou com os olhos cheios de lágrimas.

- O Eleito? - Rony levantou-se e gesticulava energicamente - Derrotar Você- Sabe-Quem sozinho?Isso é loucura!

- Harry não está nem estará sozinho Ronald!- Hermione tornou ao tom de sermão que normalmente usava com o ruivo - Nós estaremos com ele até o final.

E o rapaz parou um momento e assentiu.
- Se é pra você matar o velhote, estaremos lá segurando os asseclas dele.

- Obrigado pessoal, vocês são os melhores amigos que eu poderia querer. –Harry conseguiu abrir um tímido sorriso e percebeu que talvez pudesse haver uma luz ao final de tudo.

-Bom, agora que você já desembuchou o óbvio, dá pra nos inteirar dessa história de aulas com Dumbledore?

Harry contou tudo pacientemente, falou do tabuleiro de xadrez e das peças que representavam o jogo atual, mas teve a discrição de não comentar a possível identidade da rainha e sua atual ambigüidade.

***
Quarta feira 30 de outubro

O dia amanheceu mais leve que o anterior. Harry se sentia mais tranqüilo após a conversa com os amigos que planejavam estudos e treinamentos que pudessem enriquecer o repertório de Harry. Mione dividira grupos de pesquisa por assuntos dos profetas diários para que eles tentassem ver um pouco da conjuntura do mundo mágico.

Acácia também estava relativamente mais calma dentro do possível. A conversa com Severus fora proveitosa e ele lhe colocara a par do que Dumbledore lhe havia pedido. Tudo ia bem até a chegada do correio naquela manhã.

A coruja depositara um berrador em frente o prato de torradas com geléia de Waracnac. Não precisava pensar muito para ela saber do que se tratava, ou quem seria o remetente, o selo do Ministério da Magia não deixava dúvidas. Havia começado a caçada por sua desmoralização.

A professora pegou o envelope vermelho fumegante e o abriu calmamente, como se fosse uma carta qualquer que se recebe pela manhã.
Nesse instante uma voz muito conhecida pelos alunos, só que 100 vezes ampliada recitava em tom cordialmente irônico o conteúdo da correspondência:

PREZADA SENHORITA WARACNAC,

CHEGOU A NOSSO CONHECIMENTO QUE A SENHORA PROMOVEU UM TESTE DE HABILIDADES ENTRE SEUS ALUNOS QUE PODE SER TAXADO COMO NOCIVO E PERIGOSO. A RESULTANTE DO REFERIDO TESTE FOI O FERIMENTO QUASE FATAL DO ALUNO DRACO MALFOY. JULGOU-SE POR BEM MOVER CONTRA V. Sra. UM PROCESSO POR INAPTIDÃO DIDÁTICA E DANOS MATERIAIS.
V. Sra. ESTÁ ATRAVÉS DESTA INTIMADA A COMPARECER COMO RÉ A UMA AUDIÊNCIA NO DIA 15 DE NOVEMBRO ÀS 19 HORAS NA QUAL JULGAREMOS A PROCEDÊNCIA DAS ACUSAÇÕES. ATÉ O DIA DO JULGAMENTO A SENHORA NÃO DEVERÁ DEIXAR A INGLATERRA E DEVERÁ SE MOSTRAR À DISPOSIÇÃO DOS INVESTIGADORES DO MINISTÉRIO, QUE DEVERÃO PROCURÁ-LA NO INÍCIO DO MÊS PARA APURAR AS PROVAS.

ATENCIOSAMENTE,
DOLORES UMBRIDGE
ASSISTENTE SÊNIOR DO MINISTRO DA MAGIA
MINISTÉRIO DA MAGIA

O estardalhaço que tomou conta das mesas dos alunos parecia bem menor que o sorriso no rosto de Draco Malfoy, sentado à mesa da Sonserina ao lado de Crabble, Goyle, Nott e um pequeno grupo. A professora assistiu calmamente a carta se desfazer em cinzas, arruinando suas torradas. Limpou a boca polidamente no guardanapo e se retirou. Harry cruzou o olhar com o dela para ter certeza de uma coisa: Ela estava muito irritada.

(Nota da Beta:Dolores = BITCH! Draco é uma peste. ôh vontade de socar o menino.)


***

Snape esperou o final do café da manhã e foi ter com Acácia.

- Quantas?- se limitou a perguntar.

-Duas. Eu não sou uma pessoa tão descontrolada assim, Severus. Mas foi uma ótima jogada de Lucius conseguir que o ministério comece a mandar berradores. Aposto que amanhã bem cedo já teremos cartas pedindo o meu afastamento. Ela estava de pernas cruzadas em sua sala olhando para o pôster dos bruxos das trevas mais famosos de todos os tempos.

- Na verdade, Dumbledore já recebeu algumas. - Snape prosseguiu taciturno - Me pediu para chamá-la, temos que planejar sua defesa.

- Defesa? Mostre os termos da prova! Estava tudo lá, preto no branco. E todos eles a assinaram, não é mesmo? – ela apoiou as mãos no queixo e os cotovelos nos joelhos desanimada.

- Vale a pena guardar a prova de Malfoy a sete chaves, para servir como documento. Mas você sabe que só existe uma maneira de Lucius retirar as acusações.

-O que eu espero que você observe que está fora de questão, Severus. Não tenho talento pra agente dupla. - suspirou - Quanto tempo eu poderia agüentar na presença Dele,.? Por quanto tempo eu manteria o controle?

- Resumindo, você TEM que ser absolvida.

- Até que eles venham... Vamos trabalhar como se nada estivesse acontecendo.

- Como queira.

Ela se levantou em direção à porta, Dumbledore estava a sua espera em sua sala. Não gostava de fazê-lo esperar.

***
O resto do dia foi tumultuado. Muitos alunos especulavam a culpabilidade da professora, outros não paravam de falar no banquete do dia seguinte e da decoração que já começava a aparecer em determinados pontos do castelo.

Hermione, como pessoa sensata evitou comentar durante todo o dia com Harry sobre a situação da professora. Talvez esperando que o garoto puxasse o assunto primeiro, afinal, pelo que a garota tinha observado, Harry não parecia nutrir nenhum sentimento de simpatia ou preocupação com a madrinha. E não era prudente cobrar nada do garoto nesse sentido, ele já tinha muito com que se preocupar: Deveres, detenções, aulas com Dumbledore, AD, estudar sobre a guerra, e ter o peso de se sentir marcado como escolhido para ser a única esperança do mundo bruxo frente a Voldemort.

Conversando a sós com Rony, que parecia melhor, embora não menos preocupado depois que Harry contou da profecia, os dois decidiram apoiá-lo no que pudessem. Hermione cuidava dos deveres, Rony e Gina montariam os planos das reuniões da AD. E Rony também conversara com Angelina Johnson, a capitã do time da Grifinória para tentar apaziguar a situação de Harry que só tinha 2 noites na semana disponíveis para treinar.

Harry estava muito cansado com toda aquela semana conturbada e não resistiu. Acabou adormecendo por cima dos livros de história da magia, enquanto pesquisava a primeira guerra bruxa.
(Nota da Beta: É complicado ser o escolhido. =P)

Quinta feira 31 de Outubro- Halloween

A manhã de Halloween surgiu límpida nos terrenos do castelo, as decorações para o banquete da noite estavam quase todas prontas, mas ainda era possível ver alguns elfos domésticos dando os últimos retoques nas lanternas de abóbora e nos morcegos cantores, mas pra isso era preciso estar nos corredores durante o horário das aulas...

A sala de DCAT, no primeiro andar estava silenciosa quando Harry entrou. Parecia que o clima das últimas aulas de Waracnac não deixava brechas para brincadeiras.
Na mesa havia 10 objetos estranhos que ele nunca vira antes. A voz fria da professora mal esperou ele se assentar e começou a aula:

- Hoje começaremos com um assunto de grande importância e perigo: o uso de artefatos amaldiçoados. Como as Artes das Trevas se desenvolvem com o propósito de causar dano a terceiros, muitos destes objetos são confeccionados e podem até matar as pessoas que os manusearem. Contra esses objetos, a primeira coisa a se utilizar é o bom senso.
Alguém poderia me dizer como detectar esse tipo de objeto?

Nenhuma surpresa quando Hermione levantou a mão:
- Cada objeto mágico possui uma energia remanescente do feitiço ou maldição lançado. Embora seja complicado, pode-se detectar esse tipo de objetos com a varinha. Mas a explicação do livro não identifica com exatidão como detectá-los. – Hermione adicionou desapontada.

Acácia emendou:
-Muito bem senhorita Granger, cinco pontos para Grifinória serão suficientes. Sobre a informação negligenciada no livro texto eu devo instruí-los que a reação da varinha a objetos amaldiçoados depende de pessoa pra pessoa. É uma reação bastante sutil, mas uma varinha, quando unida com seu portador é capaz de reagir à magia. Algumas varinhas podem vibrar, esquentar, às vezes um zumbido ou até um jato de luz. Existem bruxos muito habilidosos, que podem sentir a aura mágica que emana desses objetos sem o uso de varinha, mas isso requer uma quantidade considerável de poder, autocontrole e concentração. Mas por hora, ficarei contente se ao menos um de vocês puder deduzir corretamente o seguinte:

Destes objetos, todos são enfeitiçados, mas somente dois contém maldições. Um por vez vocês passarão pela mesa principal e poderão examiná-los com a varinha, sem usar nenhum feitiço! Ao final, vocês escreverão no pedaço de pergaminho em sua mesa seu nome, o nome dos dois objetos amaldiçoados e a sensação que tiveram QUE os levou a crer na maldição dos objetos . Aqueles que acertarem receberão como prêmio...

-HA! Agora você quer nos comprar com prêmios? – a voz sarcástica foi reconhecida na hora por Harry. Malfoy sorria - Primeiro você ataca o pobretão Weasley na plataforma com aranhas venenosas, mata um ex- aluno em Hogsmeade, depois expõe a todos nós a riscos, quase me matou naquele teste absurdo; e ainda...

- Como eu ia dizendo – a professora cortou seca levantando um pouco a voz – aqueles que identificarem os objetos amaldiçoados receberão um vale surpresa de logros, além de 25 pontos para sua respectiva casa. – terminou a frase já sem nenhuma emoção na fala, como se não tivesse sido interrompida.

A presente tarefa exige concentração e o mais profundo silêncio, portanto eu espero que silenciosamente vocês se aproximem da mesa e sintam as energias que emanam dos objetos. Teremos mais ou menos um minuto por aluno, marcados nessa ampulheta – e a professora indicou a parede a suas costas, onde surgiu uma ampulheta da altura da professora desenhada na parede. – ao final de seu tempo o aluno deve retornar a seu lugar e o próximo será aquele a sua direita, passando da primeira até a última fileira. Se não houverem perguntas vamos iniciar.

Mas ela não deu espaço para perguntas sinalizando com a mão direita qual aluno iria começar a seqüência. Tudo era feito no mais absoluto silêncio.

Os primeiros alunos não conseguiam disfarçar o nervosismo e outros tantos passavam o minuto todo em praticamente dois ou três objetos, esperando que algo acontecesse.

Embora a professora agisse como se nada tivesse acontecido, Harry sentiu falta das intromissões dela na sua vez, enquanto prosseguia na análise do artefato. Algo como: Se concentre mais!
Mas ela parecia evitá-lo também. Era de se esperar depois dos últimos acontecimentos... quando Rony se sentou meneando a cabeça de um lado a outro após seu exame, Harry notou que era sua vez.

Foi em direção ao centro da sala e observou atentamente cada um dos 10 objetos:
Um livro de capa dura preta, desbotada e gasta dos lados;
uma moeda de um galeão;
um relógio de bolso ornado com filetes de ouro e prata entrelaçada;
um anel simples com um diamante solitário no meio;
uma pena para escrita azul elétrico;
um par de sapatos vermelhos femininos, tipo bonequinha;
um suéter xadrez;
um prendedor de cabelos femininos, estilo piranha;
um chapéu-coco, que lembrava o do Ministro da Magia;
um pequeno faqueiro para 6 pessoas.
A primeira coisa que Harry notou era que todos os objetos convidavam ao toque. Eram coisas extremamente corriqueiras de se manusear, no mundo mágico ou não. E todas podiam ter sofrido feitiços protetores, autolimpantes, embelezantes, azarações antifurto ou até maldições.

Após passar cuidadosamente a varinha pelos objetos, ele percebeu que todos emanavam algum tipo de vibração mágica. Sensações como um quente acolhedor ou frio deslocante, ou ainda um leve formigamento nos dedos ou uma sensação inexplicável de nostalgia.

Olhou a ampulheta, tinha cerca de um quarto do tempo. Voltou do início e, lembrando-se a contragosto das aulas de oclumência, procurou silenciar seu pensamentos e identificar as sensações que cada um dos objetos provocava.

Foi quando percebeu que em meio a todas essas sensações táteis haviam dois objetos que não lhe provocavam nada. Mas não um nada neutro. Era como se os dois sugassem a energia em volta, um nada pesado denso e estagnado. Esses objetos eram o relógio de bolso e o suéter.

Como ninguém falasse nada, ele voltou a seu lugar e escreveu seu palpite num pedaço de pergaminho, que a professora ia recolhendo.


Quando chegou a vez de Draco, este desceu até o centro da sala e fez uma cena com a varinha. Fazendo-a chacoalhar em suas mãos como se estivesse viva, Draco apontou para a professora, que Harry viu estar com a mão esquerda sob as vestes, pronta pra se defender de um possível ataque. Malfoy riu com escárnio enquanto brandia a varinha e falava tremendo:

- Professora, a única coisa amaldiçoada nesta sala... é a senhora!- as risadinhas da já formada gangue de herdeiros de comensais ecoaram na sala silenciosa.
(N/B:EU TENHO OÓÓÓÓÓDIO DO SEU DRACO! Ô MENINO CHATO!!!!!)
Ela olhou profundamente o rapazola que a encarava com desafio:
- Obrigada senhor Malfoy, mas creio que sua demonstração de sensibilidade foi um tanto... exagerada para nossa aula. Receio ter que retirar cinqüenta pontos de minha própria casa. – a sala ficou em choque. Acácia praticamente não descontava pontos de nenhuma casa. Ela caminhou lentamente até a porta da classe.
- Sobre seu acidente, nos veremos no tribunal para decidir minha culpabilidade. Enquanto isso poupe-me de sua presença em minha aulas... Se quiser contestar o fato, procure o diretor de Sonserina. – ela disse abrindo a porta.
(N/B: TOOOOMA, DRACO MALFOY!!!! O PESSOAL DA SONSERINA DEVERIA FAZER UM CORREDOR POLONÊS PARA ELE DEPOIS DE FAZER A CASA PERDER TODOS AQUELES PONTOS.)
E Harry viu Draco se levantar e sair da sala com um ar arrogante. Percebeu a madrinha evitar travar contato visual com o loiro, e também com ele...

-Mais alguém?- ela encarou a turma enquanto fechava a porta.

***
Saindo da aula o trio foi caminhando até as estufas para Herbologia, foram ficando pra trás no fluxo de alunos, enquanto conversavam:

- Mione, o que você pôs no seu palpite? – Rony perguntou interessado – eu não faço idéia se havia alguma diferenciação entre aquelas coisas, todas elas me faziam sentir como se tivesse um nó nas tripas...

- Ora, Rony... Nem foi tão difícil assim! Bastava ver o brilho que os objetos emanavam... alguns eram coloridos, mas outros eram escuros...

-Então eu tinha que prestar atenção nas cores?? –Rony perguntou chateado.
(N/B: RONY=TOPEIRA)

Harry que até então estava um tanto pensativo retrucou, ainda mirando o chão:
- Eu senti diferente, Mione, provavelmente isso varia muito, porque não vi nenhum tipo de cores... só senti... Foi meio estranho... como se os objetos pudessem guardar memórias.

- De qualquer forma, finalmente ela passou algo mais útil pra gente poder treinar na AD... – Hermione não conseguiu se segurar.

Harry não respondeu. Estava pensando na discussão com Malfoy

- Professora, a única coisa amaldiçoada nesta sala... é a senhora!

Será que o sonserino sabia de alguma coisa? Vira algo do que acontecera na segunda feira? Não podia comentar nada com Rony e Hermione, mas não custava ver o que eles achavam do ocorrido:
- E aquela cena com o Malfoy, hein? Bem estranho, né? E desde quando o Draco começou a se preocupar com o Rony?

- Hey, mas aquilo na plataforma foi um acidente! – Rony expressou um pouco de preocupação - Nunca houve em toda a História um Malfoy se imcortando com um Weasley... ele está tramando... e não é pouca coisa.

- Ele quer jogar os alunos contra a professora Waracnac. Apesar da popularidade dele ter caído, muitos alunos acham que aquele teste foi demais... – Hermione enganchou seu argumento - O que foi aquilo sobre ela ter matado um ex- aluno?

- Parece que foi aquele comensal do ataque a Hogsmeade – Rony se lembrou – Mas ela estava defendendo os alunos!

Pararam um pouco.

-Mas o que me preocupa, Harry é o “e ainda...” -Hermione continuou - Malfoy estava falando como se estivesse guardando o melhor pro final...

Realmente o panorama era incerto. Será que Draco sabia de alguma coisa? Harry sentiu compaixão pela madrinha. Se este fosse o caso ela não duraria muito tempo em Hogwarts... Então subitamente teve uma idéia brilhante! Mas teria de esperar até o dia seguinte para por seu plano em prática. O Halloween sempre mantinha todos muito ocupados... e ele estaria preso a Snape durante a festa...
Harry bufou. Achava essa sensação pior do que se todos os objetos amaldiçoados do mundo mágico estivessem juntos em um mesmo lugar. Mas não havia remédio...


***
Quinta feira 31 de Outubro- Halloween - 17 horas

Acácia não costumava falar muito enquanto observava e preparava 10 insumos diferentes. Atos impensados, como falar, podiam comprometer pequenos detalhes e tornar inválidos todo o dia, ou a semana, de trabalho.

Snape estava silencioso em seu setor do laboratório, supervisionando o cozimento de 10 poções simultâneas, mas não pode deixar de notar quando Acácia foi calmamente até o lixo e jogou 5 de seus insumos semi-prontos para testes fora.
-Draco lhe aborreceu?- Snape perguntou divertido.

-De maneira alguma... – Ela limpou as luvas com um feitiço da varinha prateada - Só tive que mantê-lo longe de minhas vistas antes que eu pudesse vir a aborrecer seriamente os pais dele.

-Eles vão jogar pesado. – Snape não tirava os olhos dos caldeirões borbulhantes em sobre-tons de azul e prata.

-Aposto que sim. Nossa sorte é que todo o material das pesquisas está no laboratório, cuja localização exata seja de conhecimento exclusivo meu e seu. Meus humores, no entanto, são mais fáceis de controlar. – ela apontou para uma pequena bolsinha que trazia presa ao corpete.

Snape deu um risinho debochado. A verdade é que Waracnac nunca fora impassível. E era através de sutilezas como o fato de estragar 5 insumos antes de testá-los que ele notava a profundidade dos sentimentos dela. Tinha certeza de que ela nem mesmo notava o quanto se alterava, mesmo de forma sutil.

Acácia pareceu dar o dia por encerrado ao ver que seus progressos técnicos eram parcos.Estavam num impasse a mais ou menos uma semana.
- Tem certeza sobre os ingredientes? Parece faltar alguma coisa...Já testamos praticamente todas as combinações possíveis para os padrões da maldição que você levantou.

- Absoluta. Segundo o que consegui levantar a data de nascimento dos 2 casos confirmados é semelhante. 23 ou 22 de julho, dependendo se o ano é bissexto.

-Só 2 casos confirmados? – ele levantou uma sobrancelha incrédulo.

- Por isso a periodicidade de 500 em 500 anos... Um deles por volta de 1450 e outro por volta de 950 d.C.

Severo olhava os caldeirões borbulhantes pensativo.
- Entre esses períodos, nada?

-Há uma série de relatos ditos falsos... Entre 1700 e o meu caso existem ao menos 5 suspeitas, embora todas muito estranhas. Uma delas teria vivido até a velhice, mesmo em sociedade... Pra isso ser verdade, ou ela descobriu uma forma de autocontrole ou o caso é falso...

Snape a olhou de soslaio.
-Você nasceu em 1960, não é?

-Sim. Nesse ano houve um cometa de longo período passando por aqui. E a orbita dele é de 500 anos aproximadamente.

- Mas e sobre o seu nascimento?
- Segundo Wulfrie me disse, em 23 de julho, numa noite de lua nova em Londres. Minha mãe, uma trouxa, conseguiu fugir de seus captores bruxos e foi acolhida no orfanato onde nasci. Ela estava à morte e não resistiu.

Mas antes que Snape perguntasse mais, Acácia resolveu mudar de assunto, olhou o relógio e disse:
- Nunca Hogwars esteve tão bonita, Severus, você não vem para o banquete? – a figura pálida de Waracnac retirava o avental num gesto calculado e o depositou dobrado sobre o banquinho próximo à gaiola de aranhas que ela observava.

-Tenho trabalho hoje à noite. – ele disse displicente e mal humorado.

- Detenção com o Potter, entendo.- ela baixou o rosto e mirou o chão.

-O mínimo que aquele fedelho mimado lhe deve é um pedido de desculpas, Acácia. – disse ranzinza - ainda mais agora. Ele devia estar do seu lado.

- Eu não estive ao lado dele quando ele precisou, Severus. – ela se assentou num banco comprido que ficava próximo da mesa central. – É natural que ele não se sinta impelido a ser simpático comigo. E além do mais, você está do meu lado. Que mais poderia eu pedir? –Snape reconheceu o levíssimo tom irônico nas falas da amiga.

-Achei que suas predileções se direcionassem exclusivamente a um certo lobo que habita o sótão do quartel general da Ordem.

- Muito engraçado.- ela o olhou de soslaio - Ele é outro que não deve falar comigo tão cedo após a discussão que tivemos no outro dia.

- Então você é quem devia ir falar com ele. Aproveitar que ele está num estado em que não pode revidar verbalmente. – e os olhos de Snape sugeriram um sorriso perverso.

- E agora, até Severus Snape possui “know-how” suficiente para dar conselhos amorosos... - Ela balançou a cabeça de um lado para outro com um levissimo esboço de sorriso, enquanto fechava os olhos demoradamente, e deixou o laboratório.


***
A toca - Quinta feira, 31 de Outubro- Halloween - 19 horas


A casa toda estava cheirando a torta de abóbora! Ela simplesmente A-D-O-R-A-V-A aquele cheiro, talvez tanto quanto amava a data de Halloween. Tomando mais cuidado que o usual para não esbarrar nos Jack o’lanterns (aquelas lanternas de abóboras) que flutuavam no ar iluminando a sala e a cozinha, ela seguiu até a cozinha. Estava cedo e provavelmente os outros só chegariam após terminar suas tarefas, alguns nem viriam. Mas a idéia de Molly, de fazer um pequeno banquete de Halloween para os membros da Ordem da Fênix era uma maneira de manter a todos unidos nesses tempos obscuros onde muitas vezes a esperança vacilava. Por isso ela saíra mais cedo do Ministério, na esperança de ajudar Molly e de dar mais uma espiada em Remus. Ele não estava nada bem, ela podia dizer. E não era por causa da lua cheia. A bem da verdade crescia em sua consciência a sensação de que nada estava bem e ela precisava de alguém para desabafar.

Distraíu-se nesses pensamentos e não pode evitar escorregar no tapete da sala de visitas e cair ao chão com um estrondo.
Sorte que caí bem depois de ter saído da lareira...Um dia desses ainda quebro o pescoço! - pensou.
A porta da sala se abriu e deu visão aquela figura tão acolhedora e preocupada que era Molly Weasley.

- Cuidado por onde anda Nymphadora! – ela ralhou divertida balançando a cabeça de um lado para outro enquanto enxugava as mãos no avental e guardava sua varinha no bolso do mesmo.

- É Tonks, Molly, só Tonks... – a garota sorriu enquanto se ajeitava novamente em pé, esfregando as ancas doloridas da queda.

A senhora não se deteve por aí, se aproximou rodeando a mais moça verificando sua aparência. Parecia notar o tamanho dos pulsos, os cabelos acinzentados e opacos, as olheiras debaixo dos olhos. Subitamente, Tonks se lembrou com um leve desconforto que já fazia semanas desde que se dera ao luxo de pintar as unhas.

-Você não está bem, querida. – Sentenciou Molly.

-Certo.- Tonks encaminhou-se para a porta fazendo pouco caso – que eu saiba, mamãe, a senhora e meu digníssimo pai estão fora do país.

A Senhora Weasley silenciou um pouco enquanto as duas se abraçaram brevemente e guiou Tonks para a cozinha da casa. Ao passar pela porta, Tonks a fechou.
- E Remus?

- Ora... como sempre enfurnado naquele sótão! Mesmo de dia, quando a lua não está no céu, mesmo sem se transformar. Ele não era assim...

- Então você também notou, não é?

- Ora, menina, eu não sou cega!Aposto como é a mesma razão de suas olheiras e cabelos cinzas. E não me venha dizer que é a Guerra, porque eu não nasci ontem, muito menos trouxa!
Você gosta dele.

- É tão óbvio?- Tonks sentiu-se corar violentamente!

A senhora Weasley riu. Os cabelos da metamorfomaga tinham adquirido um tom laranja-flosforescente que contrastava com o pálido de suas feições e o vermelho das maçãs do rosto.
-Espero mesmo que vocês se acertem, Tonks querida, ele é um bom rapaz e você tem um coração de ouro. Formam um belo casal! E se quiser alguma ajuda desta velha aqui, é só falar! – Molly falava enquanto retomava a tarefa de inspecionar o fogão.

Talvez por isso ela não tenha visto de pronto a reação de Tonks àquele comentário. Nymphadora se sentou na mesa desanimada, os cabelos retornando a cor cinza.
- Eu acho que ele... na verdade, agora eu tenho é certeza... – as palavras faltavam- ele... não me corresponde.

Molly quase derrubou a panela com a sopa, que seria a entrada daquela noite, no chão com um gesto involuntário:
-Será possível?

-Ahn Molly... Ano passado foi tão bom!- Tonks olhava a janela sonhadora - A gente se aproximou, ficou amigo, conversávamos sobre tudo, sabe? Ele, ele até ria das minhas brincadeiras... e parecia realmente feliz. – pausou - E de repente ele se tornou... fechado, distante, vazio... ele sempre está olhando pro nada, com aquela expressão indecifrável no rosto. E então... teve uma conversa entre nós, no início da semana, depois do café, na segunda...

Moly olhava a garota com cada vez mais interesse

(FLASHBACK)
Após ter batido uma dúzia de vezes sem ter resposta, ela achou que talvez Remus estivesse passando mal com os efeitos da transformação se desfazendo e resolveu entrar e ajudar.

-Opa, beleza Remus? Desculpa eu ir entrando, mas como você não respondia, achei que você tava precisando de uma mão... – Tonks entrou no aposento equilibrando uma bandeja com o café da manhã.

-Como foi a noite? – quase bateu na própria boca depois de perguntar isso, afinal é lógico que ele tinha tido uma péssima noite, mas ela não podia deixar a bandeja cair. Deixou a bandeja com o café na mesinha e se virou para ele.

Foi quando ela realmente o viu. Já estava de pé, magro, pálido com uma calça que precisava urgentemente de bainhas e colocava as abas da camisa para dentro das calças. Ele mirava o espelho como se procurasse em sua figura patética e cansada inúmeras respostas.

Parecia não notar que ela estava ali. Na verdade estava tão concentrado que não notara mesmo. Só viu quanto a moça argüiu-o novamente, enquanto lhe estendia o paletó e o balançava diante dos olhos do moço de cabelos castanhos claros:
-Oi Lupin! Alguém em casa?

A resposta não veio de imediato. Ele pegou o paletó das mãos de Nymphadora, mas não retirou-lhe dos braços da moça. Na verdade, ele se aproximou dela dando um passo em sua direção.

Nesse instante ela topou com aqueles olhos que a deixavam tão desconfortável e em casa ao mesmo tempo. Ele a olhou nos olhos pela primeira vez em muito tempo, como se finalmente a visse como um ser independente de seu universo.
- Tonks, preciso de um conselho. Você é mulher, talvez entenda melhor...

Tonks parou de sopetão. Ele estava a menos de um metro dela e ela podia sentir sua respiração cansada, seu cheiro de citronela. Ela se sentia zonza... ele estava falando com ela, olhando nos olhos dela.... perdeu o equilíbrio e deu um passo atrás apoiando o braço esquerdo na mesa onde depositara a bandeja, errando-a por milímetros, fazendo o chá balançar.

- E se eu disser que há alguém? – depois de uma eternidade ele continuou - E ela está sozinha.

A espinha dela estremeceu. Ele estava se declarando? Ela entendia menos ainda... O que era isso... E porque ele estava olhando pra ela daquele jeito?Ele tinha dado mais um passo a frente? No que ele estava falando mesmo?

- Diga sinceramente, Nymphadora... Será que eu tenho alguma chance de alguém realmente gostar de um monstro como eu? – Ele aproximou-se mais um tanto chateado enquanto pronunciava as palavras como se as amaldiçoasse.

Ela esqueceu-se de xingá-lo por tê-la chamado pelo nome de batismo. Aqueles olhos estavam a 40 centímetros dos dela e ela sentia os joelhos fraquejarem. Sentia como se fosse entrar em transe. Isso não era certo! Não uma garota como ela, que sempre se orgulhara de ser forte, independente... Os olhos inquisidores de Remus esperavam uma resposta.

-Oi... é... Bom... Re... Remus,- respirou fundo tentando esquecer o cheiro de citronela(sem sucesso!) e soltou tudo de uma vez :
- Seelarealmentegostardevocê,suamaldiçãonãodeveserumempecilho!E... Se ela te rejeitar por isso, é porque ela realmente não te merece!

Então ele se aproximou dela abriu um pequeno sorriso cansado e colocou a mão direita sobre o ombro de Tonks.


(FIM DO FLASHBACK)

- Então, eu estava pronta pra cair nos braços dele e dizer: Eu não me importo, nunca me importei! - e dar nele AQUELE beijo cinematográfico dos filmes trouxas,quando ele sorriu e agradeceu...

- O que mais ele disse? – Molly perguntou estupefata.

Tonks abaixou a cabeça.
- Ele disse que vai se declarar pra ela... depois que a lua cheia passar. Dá pra acreditar? E a boboca aqui achando que... Será que ele não percebeu até hoje que eu... arg! – a moça socou a mesa sobre a qual estava assentada e balançava os pés freneticamente como uma criança hiperativa.
-Mas será que eu perdi alguma coisa? Tem mais de um ano que nos tornamos amigos e eu nunca o vi com nenhuma garota, Molly!

A senhora Weasley não respondeu, passaram se mais de um minuto enquanto a senhora ajeitava as panelas no fogão, como se meditasse as palavras da amiga. Mas Tonks estava impaciente, seu peito queimava por dentro e ela não se sentia capaz de realizar qualquer tipo de raciocínio lógico sem ajuda:

-Molly?
A matriarca Weasley deixou as panelas de lado e balançou a cabeça de um lado para outro, resmungando irritada:
-Maldita... Só podia! Aquela sem-mãe voltar pra atazaná-lo justo agora...

-O quê? – a mais moça não tinha entendido os resmungos, ficara ainda mais confusa.

Então, finalmente Molly se virou para ela num sorriso melancólico e acolhedor de uma mãe que tem que dar más noticias a um filho amado:
- É Acácia , Nymphadora...

O queixo de Tonks caiu.
- A Snape número 2? – a auror juntou as sobrancelhas e riu nervosa com a surpresa da revelação.

- Na minha opinião ela é irremediavelmente pior do que o Snape... Mas isso não vem ao caso. O que interessa é que os dois tem uma história, ou pior, os três. – Os olhos de Tonks se arregalavam a medida que a mais velha prosseguia a narrativa - Não entendo como ele, apesar de tudo, ainda idolatra o chão que ela pisa... Só porque ela ajudou na descoberta da Poção de Acônito ele acha que significa alguma coisa, algum sentimento da parte dela!

-Mas o que aconteceu, Molly?

-Não dá pra saber com todos os detalhes a não ser que um dos três se disponha a tocar no assunto. Meus irmãos mais novos estavam no sexto ano em Hogwarts, e me lembro do enorme rebuliço que o caso tomou. Era o assunto da vez, Fabian e Gideon falaram por meses no escândalo que foi a manhã quando Remus assumiu um namoro com aquela Sonserina que já tinha fama de poucos amigos, inclusive dentro da própria casa. Black e Potter abordaram Waracnac no início da mesma tarde para que ela explicasse e dissesse qual poção do Amor ela tinha dado para Remus beber, sem sucesso porque ela acabou azarando os dois. No fim da tarde ela foi vista indo na direção da sala do diretor e, na mesma noite, quando Remus procurava por ela, a encontrou aos beijos e amassos com ninguém menos que... Severus Snape.

-Amassos? Com o Snape? – As feições de Tonks se contorciam, ela parecia vislumbrar uma cena de filme de horror excepcionalmente nauseante e amador. Na verdade, ela não sabia se ria ou se fazia careta.

Molly deu um tempo para Tonks se recuperar do choque:
- Parece que ela só tinha saído com Lupin para humilhá-lo. Ele ficou arrasado por várias semanas, nem comia direito. Enquanto isso, ela andava por toda Hogwarts, como se nada tivesse acontecido. Não o procurou nem para se desculpar!

-Que mulher horrível!- protestou Tonks indignada - Remus nunca fez mal a uma mosca!

-Realmente, ele não merecia. Ele estava tão contente! Até parecia menos doente do que o normal, segundo meus irmãos. – a Sra. Weasley fazia gestos com a varinha, que iam aos poucos coordenando a lavagem das louças, desenformavam um empadão e a Torta de abóbora e colocavam a mesa para o jantar, fazendo com que alguns garfos espetassem Tonks de leve para que ela descesse da mesa.

- Mas como ele pôde perdoá-la? – Tonks esfregava o braço espetado, já de pé ao lado do forno - Como é que Dumbledore dá o maior respaldo pro que ela faz?

- Não faço a menor idéia, Tonks, mas se quer competir com ela é bom que não se deixe enganar com sua aparência inocente e seus modos corteses. A mulher é o diabo!
Era só o que faltava... De repente Nymphadora sentiu dificuldade de respirar naquele espaço e abriu a porta seguindo para a sala com a intenção de espairecer um pouco.

Passaram- se pouco mais de 5 minutos desde que a auror sentara-se emburrada com os braços cruzados no sofá. Os cabelos negros cresciam devagar, da última vez que ela se dera ao trabalho de observar estavam na altura dos joelhos.

Ela foi a primeira da casa a ver aquela luz prateada e reconfortante que parecia atravessar a janela externa e, sobre a forma de um lince seguiu ligeiro em direção ao hall de entrada, quando parou de súbito.
A voz que provinha do patrono de Kingsley Shackelbolt parecia estremecer as paredes da antiga mansão dos Black:


ATENÇÃO ORDEM DA FÊNIX! AZKABAN SOBRE ATAQUE! MANDEM TODOS OS REFORÇOS DISPONÍVEIS!


Houve um estrondo logo depois que a voz se pronunciara e Tonks mal havia chegado à cozinha para pegar com Molly a chave de portal, que Dumbledore deixara preparada em casos de emergência como aquela, quando a imensa figura de um lobisomem ofegante surgiu escada baixo. Sua respiração quente e ruidosa transparecia a vontade de lutar de Remus Lupin

Tonks tentou impedi-lo.
-Você ouviu, não foi? Escute, temos que ir pra lá. Não devemos nos demorar. Você fica aqui e se recupera, ok? –Tonks sorria tentando fazer o assunto parecer trivial.

Lupin se limitou a rosnar em forte discordância enquanto se aproximava de Tonks e da Senhora Weasley que se preparavam para deixar a casa.



-Remus, por favor, não insista...


-RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR!!!!





-VOCÊ NÃO VAI, REMUS JOHN LUPIN!! –Tonks berrou dando um passo em direção ao lobisomem sendo segurada na mão esquerda pela Senhora Weasley.

Novo rosnado, um bocado mais alto e ameaçador. E mais um passo em direção à moça, cujos cabelos já estavam vermelhos e passavam rapidamente para um tom de verde pálido.



-Aqui você está seguro, Remus! – dessa vez ela estava suplicando.

O Lobisomem rugiu furioso ameaçando arrancar a chave de portal do pingente de Nymphadora Tonks com uma patada. Mas ainda sim parou. Tonks era sua amiga, ela tinha que entender como ele estava se sentindo enfurnado e deprimido naquela casa enquanto todos aqueles com quem se importava entrariam em combate.


E Tonks realmente entendia...



Não pode evitar:
-Tá bom Remus, - suspirou, enquanto seus cabelos retomavam o cinza - eu levo você, mas prometa que não vai fazer nenhuma besteira! – e tomando o braço peludo do lobisomem na mão direita tocou com a outra mão, onde a Senhora Weasley se segurava, a chave de portal que Dumbledore fizera na pedra de um grande camafeu de prata que a moça levava ao pescoço.


***
Masmorras - Quinta feira, 31 de Outubro- Halloween – 19:00 horas


Irritado? Isso não chegava nem perto do que Harry estava sentindo. E o pior era que sabia não poder reclamar. Em verdade, tinha é que dar Graças a Deus e a Merlin, que Snape não tinha marcado detenção com ele pelo resto do ano letivo!

Harry chegara nas masmorras na hora marcada, tudo para evitar escutar mais sermões do que o necessário. Assim que colocou os pés na sala, a mesma se fechou. Ele se voltou para trás com o barulho, pendurou-se na maçaneta e tentou abri-la. Negativo.Esmurrou a porta. Nem o som ribombava nas paredes. Alohomorra, Bombarda... Nada abria a porta de novo. Seus feitiços simplesmente ricocheteavam.
Aquilo era tudo... uma brincadeira de mau gosto.

Tentou se aproximar do armário de ingredientes de Snape. Talvez ali houvesse alguma coisa com propriedades corrosivas pra dissolver a porta. Quando encostou na maçaneta do armário tomou um violento choque, que o jogou pra trás, de costas em uma das carteiras. A cena se repetiu todas as vezes que Harry tentou tocar em alguma gaveta ou armário do professor. As prateleiras abertas pareciam conter uma barreira invisível que o impedia de se aproximar delas.

Estava preso. Encurralado.

Não havia o que fazer a não ser esperar. Ao menos faria isso assentado, ou achava que o faria. Ao tentar se sentar em qualquer cadeira, a mesma desaparecia e ele caia no chão de imediato. Era humilhante.
Bom... Mas não daria a Snape o gostinho de vê-lo esperando-o assentado no chão, no meio da sala, numa posição inferiorizada. Posicionou-se de pé em frente a mesa do professor e aguardou. Mesmo quando seus joelhos começaram a doer e o pé começou a formigar.
Após fazê-lo esperar em pé durante uma hora inteira, Snape chegou dos recônditos de seu escritório, na maior calma do mundo. (N/B: Fazer o coitado do menino esperar 1 hora em pé é judiação. =P) Sorrindo, como se descobrisse que haveria meia dúzia de natais por ano, Snape tomou seu lugar na mesa de professor e seu olhar alfinetou o de Harry,que não escondia sua indignação.

-Então encurralar o Grande Harry Potter é assim tão fácil... Conheço uma dúzia de pessoas que dariam suas almas para terem uma chance como essa...Mas... conforme diz a profecia... hoje teremos uma simples detenção, não é mesmo, Sr. Eleito?

E com um aceno de varinha ele desfez as proteções mágicas dos armários e retirou de lá uns três sacos de linhagem grandes, que pareciam embebidos no sangue do que quer que houvesse lá dentro.

- Como você já se mostrou inúmeras vezes incapaz de utilizar o próprio cérebro, Potter, procurei uma atividade que não exija muito de sua parca massa cinzenta e que ao menos seja útil de alguma forma...

Mais uma vez o professor acenou com a varinha e surgiram, uma mesa em que Harry imaginou que trabalharia,sobre a qual se materializaram luvas muito grossas de couro de dragão, uma espécie de alicate e uma outra sacola.

-Suponho que o senhor esteja familiarizado com dragões, Sr. Potter – e sorriu malévolamente enquanto Harry lançou um olhar espantado aos sacos de linhagem – Esses são diferentes... são uma espécie aparentada dos dragões de komodo, conhecidos dos trouxas. São popularmente conhecidos como dragonetes e são criados nas Hébridas. As escamas e a pele são utilizadas em várias poções de grande complexidade...

Harry deixou a mente vagar... já tinha ouvido falar neles antes. Onde fora mesmo?... Ele lera em algum lugar, tinha certeza. Franzira a testa na intenção de se lembrar. Nesse instante Snape aproximou-se olhando nos olhos desfoques do garoto:

-Estou indo depressa demais pra você, Potter? – olhava pro garoto com fingida preocupação – Talvez eu deva começar com informações mais óbvias... e estalou os dedos na frente do garoto, assustando-o.

-Você vai descamar cuidadosamente aquelas peles de dragonetes.- E ergueu o dedo indicador em riste – Todas as escamas que você quebrar, rachar ou estragar estarão inutilizadas e,- adiantou-se - antes que você pense que seria o máximo fazer isso... – o professor olhou fundo nos olhos de Harry, cheio de desconfiança e desdém – saiba que sua madrinha depende da disponibilidade desses ingredientes. Entendeu ou quer que eu desenhe?

Como Harry não entendesse onde Acácia se encaixava na história, Snape deu uma boa olhada num relógio de bolso.

-Sua lentidão me impressiona, Potter. Já tem as informações desde o início do ano letivo e até agora você não sabe juntar dois mais dois. Típico de um Grifinório... Muito músculo, pouco cérebro...

E o professor apontou os sacos de linhagem e se virou de supetão, indo escarafunchar-se em sua cadeira, como um abutre espera a presa acabar de morrer antes de se aproximar para devorar os restos pútridos.

Com a pulga atrás da orelha, Harry começou a abrir o saco de linhagem e por o conteúdo sobre a mesa. Nojento era o mínimo. O cheiro era forte, ácido e impregnava o ambiente. Olhou o que devia ter sido um dragonete de 1,5 metros de comprimento e olhou sem saber por onde começar.

Snape, de sua mesa, deu um sorriso sarcástico:
-Realmente parece que o senhor é exclusivamente uma máquina de caçar pomos, senhor Potter. Seu pai ficaria orgulhoso. Será que nunca viu a trouxa da sua tia descamar um peixe?

Sem poder retrucar, Harry olhou sua mesa tentando imaginar tia Petúnia descamando um peixe de 1,5 metro.

Peixes não fediam a carniça, nem davam ânsia de vômito,pensou antes de vestir as luvas e empunhar o alicate.




Salão Principal - Quinta feira, 31 de Outubro- Halloween - 19 horas

O banquete estava quase começando. A decoração, perfeita, os alunos a postos. Mas aos olhos de Acácia aquilo parecia mais mecânico do que deveria ser. Ela notou ao vislumbrar a figura de Albus Dumbledore se aproximar da mesa dos professores para dar início à cerimônia. No momento em que seus olhos se cruzaram ela soube que havia uma sombra no ar.

Nas mesas o burburinho era alegre e convidativo. Albus Dumbledore gostaria que fosse assim. Com um acesso de jovialidade que lhe eram comuns ele anunciou o início do banquete com uma piscadela, indicando as travessas que se materializavam por todo o Salão Principal. Uma revoada de pequenos morcegos encantados que faziam acrobacias aéreas entretinha os alunos.

Waracnac não tocara sua comida, esperava alguma palavra do diretor. Talvez algo sobre sua defesa contra os Malfoys. Dumbledore simplesmente se virou para ela numa expressão amigável e ergueu o cálice como num brinde. Qualquer um diria que a expressão dele era serena, mesmo leve. Não ela. Desenhada na expressão do diretor estava algo que ela reconhecia como um tanto mais sombrio. Se pudesse sentir alguma coisa, era pensaria que aquele olhar leve e conformado lhe dava arrepios.

Não demorou muito, talvez uma meia hora, ela pensara, mas reconheceu imediatamente o brilho prateado que foi entrando no salão enquanto os alunos riam e comiam a sobremesa.

Um lince, ousado, arisco e astuto. O olhar penetrante e ágil era inconfundível.
A figura prateada cruzou o Salão Principal com velocidade em direção ao diretor atraindo a atenção de alguns alunos.
A voz que veio não foi alta, mas consistia um sussurro urgente:

“- Dumbledore, estamos sob ataque intenso em Azkaban!Precisamos de Reforços!”

Nenhum aluno escutou nada. Acácia foi rápida o bastante para conjurar um “Muffliato” antes do pronunciamento do patrono de Kingsley Shackelbolt. Precisava evitar o pânico, portanto limitou a recepção da mensagem à mesa dos professores.

Em seguida aproximou-se do diretor, juntamente com Hagrid e Firenze:
-Nós vamos, professor.

Não fora um pedido, mas sim uma constatação.
Por cima dos oclinhos de meia lua, o velho senhor deu um meio sorrindo, daqueles que ela saia que deixavam qualquer um se sentindo deslocado e inseguro:
- Tem certeza, Acácia?

Ela não respondeu. Só encarou o diretor, que a encarou de volta e assentiu.

Dumbledore retirou de seu pescoço um grande camafeu de prata que não se via por trás de sua grande barba e o colocou no pescoço de Acácia. A mulher deu o braço direito a Hagrid, que segurou-se em Firenze e ela, com a mão esquerda abriu o camafeu e segurou com força a pedra que estava dentro.

Imediatamente eles desapareceram do Salão Principal

O diretor pareceu demorar uns 10 segundo para notar a balbúrdia. Embora ninguém houvesse ouvido nada, todos viram que 3 professores haviam deixado a escola por meio de chave de portal após a aparição de um patrono.

Logo os membros da AD estavam em pé, liderados por Rony e Hermione na frente do diretor, buscando explicações sobre o que estava acontecendo. Pego em meio a seus pensamentos, ele tomou o controle da situação com um pronunciamento tranqüilizante, porém enérgico de que as preocupações eram desnecessárias e que pela manhã haveriam notícias mais claras. E, finalizando o banquete, mandou todos seguirem para suas respectivas casas e gozarem de uma boa e necessária noite de sono.

Cinco minutos depois, com o salão sendo esvaziado sob protestos dos estudantes, Albus viu que Hermione, Rony e Gina ainda se acotovelavam na tentativa de obter alguma informação do diretor.

- Professor, o que está acontecendo?

A professora Minerva se interpôs entre os garotos e o diretor.
- Ora, Senhorita Granger!O professor já disse que maiores explicações serão dadas pela manhã, no momento não sabemos ainda o que está acontecendo...

-Sinto discordar, professora minerva, mas eu como Monitora da Grifinória, exijo saber o que está havendo!

Foi a voz de Rony que acordou Dumbledore de seu transe momentâneo:
-Sabemos que aquele é o patrono de Kim! E nossa família também é da Ordem! Queremos saber como eles estão!

Dumbledore aproximou-se dos garotos e postando-se ao lado da professora Mac Gonnagal olhou cansado para eles:
-Azkaban está sob ataque.- disse apreensivo- Nada sabemos no momento, jovem Weasley, mas torçamos para nossos entes queridos eles voltem sãos e salvos.

E sem mais delongas Alvo Dumbledore deixou o Salão Principal e, nele quatro alunos boquiabertos: Rony, Hermione, Gina e Luna

- Que diabos aconteceu com Dumbledore? –Gina perguntou seca – é como se, de repente ele tivesse uns cento e trinta anos!

Luna ainda olhava a silhueta do diretor sumindo nos corredores que levavam à diretoria, pensou alto:
-As vezes não temos tempo de nos despedir das pessoas...


-Azkaban sobre ataque! Harry precisa saber disso! Ele vai pirar - Rony completou a linha de pensamento de Gina, como se Luna não tivesse dito nada.

E antes que alguém pudesse perguntar sobre o paradeiro de Harry, Hermione apertou o passo:
-Masmorras. Ele ainda deve estar em detenção com o Snape.


Masmorras - Quinta feira, 31 de Outubro- Halloween – 19:45 horas

Harry sentia a ponta de seus dedos sangrarem ao tentar descamar o couro fétido e espesso. E por mais que usasse o equipamento adequado as escamas pareciam atraídas por sua pele, como espinhos que quisessem perfurá-las. Era terrível só de imaginar! Todos estavam se divertindo, enquanto ele estava encalhado naquele serviço não só irritante, tendo que agüentar as tiradas e torturas psicológicas de Snape durante todo o processo.
Sabia que tinha feito mal na segunda feira, sabia que realmente tinha passado dos limites. Mas tinha certeza que o professor sorria internamente enquanto ele fazia tudo isso, sempre quisera torturá-lo, não é mesmo?

No mesmo instante, o professor falou-lhe sem se dignar a tornar a face em sua direção, como se o rapaz fosse indigno da atenção dele:
- Ao menos esse mês, você entenderá a dor dela. Seja grato.

Foi aí que a ficha caiu.

A pele e as escamas de dragonete

A primeira aula de Snape, A poção de Weelicante m. Lógico que eles não fizeram a poção, mas depois de uma redação de 50 centímetros sobre as propriedades inibidoras de libido da poção e da procura de oportunidades em que ela seria útil era de se esperar que ele se lembrasse de alguma coisa.
Um dos ingredientes eram as escamas de dragonete na fase inicial e a pele do mesmo ao final do processo.

O que a madrinha tinha a ver com aquilo?

E se a Maldição da viúva negra fosse sintoma de um descontrole da libido(como estava escrito no livro “Maldições Lendárias”, essas eram as bolhas que ele vira a madrinha tomar no trem e na segunda feira após o ataque.

- As bolhas é que mantém a prof Waracnac...
Os olhos de Snape se estreitaram como um punhal na direção de Harry

-Finalmente...- ele disse com desagrado - Mais vinte segundos e seria obrigado a presumir que uma ameba tem um raciocínio mais rápido que o seu...

-Mas amebas não...

-Silêncio! – Snape o cortou - Continue seu trabalho! Agora que você sabe pra que serve, talvez você seja um pouco mais zeloso - o professor tinha se levantado e rodeava Potter examinando as escamas de dragonetes seguras por uma pinça de prata para ver se elas estavam em perfeitas condições de uso.

E foi com desgosto que ele o viu o estalar de uma meia dúzia de escamas que o professor jogou fora. Tinham rachado ou vincado em algum lugar durante o duro processo de retirada.

- Grande Eleito você... – o professor disse com desprezo enquanto ria maldosamente – Os pobres coitados que precisarem confiar suas vidas a você estarão invariavelmnte mortos a julgar pela sua perícia...Você realmente não tem sutileza Potter! E isso vai matar todos os seus ditos amigos, um por um – Snape tinha uma voz soturna e olhava fundo nos olhos de Harry. O garoto tinha certeza que ele lia seus pensamenos e via as figuras de todos aqueles aquém amava mortos à sua frente, por sua própria inépcia.

Snape sorriu lentamente
-Doloroso, não?

Nesse ponto Harry atingiu o ápice, pôs o alicate de supetão sobre a mesa, encarando o professor e desejando usar o alicate pra torcer aquele nariz enorme:
-NÃO É JUSTO! NÃO É MINHA CULPA! EU NÃO PEDI PRA SER O ELEITO! E o SENHOR ...-e erguera o dedo indicador na direção do professor.

Snape cruzara os braços e encarara o garoto com desafio:
-Entenda de uma vez POTTER: A VIDA NÃO É JUSTA! AS PESSOAS NÃO SÃO BOAS E O MUNDO NÃO ESTÁ BEM! Você deveria ser absurdamente grato porque enquanto você está aqui descamando um mísero dragonete , HÁ UMA BATALHA LÁ FORA - e apontou a porta com raiva – E SABE MÉRLIN QUEM VOLTARÁ VIVO DELA!!!!

Nesse instante os dois foram interrompidos pelas batidas na porta.

Mal humorado, Snape fez um aceno com a varinha e destrancou a fechadura:
- Entre!


Ele não esperava os quatro jovens à sua porta, esperava Acácia. Depois riu-se de sua esperança tola. “É claro que ela tinha ido a Azkaban...” e ele tinha ficado ali... sendo babá do Santo Eleito.

- Suma da minha frente, Potter.- se limitou a dizer enquanto o garoto olhou para ele e para seus amigos sem entender o que se passava e aceitar a sugestão do professor e dar o fora dali.



AZKABAN - Quinta feira, 31 de Outubro- Halloween – 19:45 horas

Azkaban nunca fora um local simpático, mas o cheiro de pó de tijolos, misturado com maresia, explosões e sangue davam ao lugar um ar de desespero, desalento e medo.

Acácia, Hagrid e Firenze chegaram nos portões de ferro de 5 metros de altura, forjados pelos duendes, somente pra notar que eles estavam totalmente destruídos, e distorcidos. Os barulhos de explosões e gritos vinham de dentro da imensa fortaleza de 40 metros de altura acima do nível do mar, cravada numa ilhota no meio do oceano como um arranha-céu de base triangular.

Entraram no pátio de varinhas em punho, Azkaban ara um labirinto ascendente. Para libertar os internos era necessário alcançar todos os níveis da edificação e era impossível que escapassem sem ajuda externa.

Corriam pelos corredores a procura de sons e feitiços que mostrassem alguém necessitado de cobertura. Não demorou muito e o grupo alcançou alguns aurores que estavam em desvantagem. Quatro comensais avançavam sobre três aurores, que esquivavam-se o quanto podiam.
A verdade era que não havia varinhas para todos e, mesmo com ajuda externa para fugir, o objetivo primeiro dos comensais era se rearmar para evitar a recaptura. Para isso,atacavam à toda, no corpo a corpo mesmo, para desarmarem os aurores e conseguirem algum poder de fogo.

Acácia deixou Hagrid ajudando na luta e Firenze recolhendo alguns feridos e seguiu subindo a espiral ascendente, ainda não haviam encontrado nenhum membro da ordem. Eles provavelmente estavam lá há mais tempo, portanto deviam batalhar nos andares superiores, onde ela desconfiava, estava o verdadeiro perigo.

Cruzou com hordas de aurores e guardas fugindo desesperados. Logo a seguir viu que um deles havia sido arremessado longe por poderosas garras.

Lobisomem. Era lua cheia. Muito provável que estivesse incontrolável.

Sabia que poderia enfrentá-lo, mas isso a desmascaria.

Mal teve tempo de correr e se esconder atrás de uma das colunas da entrada de uma das celas antes de ver a silhueta conhecida de Lobo Grayback passar em disparada descendo as escadas acompanhados de 3 outros fugitivos que disparavam feitiços a torto e à direito.

Sentiu-se ofegar com o esforço.


-Com medo, é Waracnac?

Rapidamente reagiu ao som e se viu apontando uma varinha para Molly Weasley, que se escondera de Grayback na coluna vizinha.

- Onde estão os outros?- Acácia perguntou num sussurro.

-Isso não é típico de você... Achei que iria fugir novamente- ela disse com desdém – Estamos procurando Kim. Tonks foi com Emelina Vance e Dédalo Diggle pra ala oeste.

- Hagrid e Firenze estão lá em baixo ajudando os aurores e os feridos.- Ela disse sem se incomodar com o humor venenoso de Molly. – Eu estou subindo.Vem comigo?

O olhar das duas se cruzou mais uma vez e a animosidade existia entre elas. Molly meneou um negativo com a cabeça e fez com gestos que pretendia unir-se à Tonks e os outros.

Acácia deu de ombros e saiu de seu esconderijo. Molly a imitou. Empunhando a varinha prateada foi se movendo no labirinto de Azkaban na direção oposta de Molly. Muitos fugitivos que desciam na expectativa de escapar investiram contra s duas, mas logo atrás o grupo de Hagrid já as alcançava para dar cobertura. Ali, ela já não era necessária.

Foi quando, dos andares superiores veio um uivo que gelaria a espinha de qualquer mortal.

Pelo jeito Grayback não era a única besta naquele inferno. Mas se ela ficasse sozinha, talvez pudesse agir, sem se revelar. Sabia que Kim devia estar nos andares superiores e provavelmente precisava de ajuda.

Subia as escadas o mais rápido que podia. Haviam muitos deles, e também muitos aurores do Ministério, além da guarda local, instaurada depois da rebelião dos dementadores. Por segundos parava pra ajudar algum ferido ou acertar golpes certeiros contra os detentos fugitivos à traição.Quem se importava com combate justo em meio a uma guerra?

Correu as escadas novamente e chegou ao sexto andar ofegante. O chão tremeu sobre seus pés. Houve uma explosão ao leste e, atraída pelo estrondo, Waracnac rumou pra ver se alguém precisava de sua ajuda.



Uma parte do sétimo andar parecia ter desabado sobre o sexto. Com cuidado, entrou no grande aposento cheio de escombros e poeira. Havia mais alguém ali.
Por um momento os dois vultos se encararam em meio à névoa. As varinhas emitiam faíscas brilhantes e sob os corpos e cacos estirados no chão as duas figuras se reconheceram.
A moça de olhos castanhos e determinados sentiu uma revirada no estômago e teve uma vontade íntima de acabar com aquilo de uma vez por todas. Um duelo bruxo. Certamente não havia cenário melhor.

A mulher de olhos estupendamente azuis e rosto impassível não parecia ver nenhuma parte da emoção que a garota lhe dirigia. Seria ela mesmo, ou algum inimigo disfarçado? Meio que pressentindo, Acácia acenou para Tonks, mostrando O camafeu de prata gêmeo do seu, que continha a chave de portal de Dumbledore. Tonks pensou novamente quão ridículo seria desafiá-la pra um duelo naquele momento.

Um duelo valendo o coração de Remus Lupin.


Teria de ficar para outra ocasião. Acácia acenava pra ela pedindo silêncio. Tinha alguém vindo naquela direção e pelas estridentes gargalhadas e estampidos, vinha fazendo um grande estrago.

Escondidas atrás de duas pilastras caídas elas se olharam e combinaram um ataque conjunto quando as vozes pareceram entrar o recinto.

O estampido uníssono dos feitiços que se seguiram derrubou Rodolphus Lestrange, que vinha na frente, de uma só vez. No entanto Bellatrix e Rastaban tiveram tempo de se protegerem atrás do que escudo humano de Rodolphus.

Os contra-ataques não conseguiram acertar ninguém e pareceu aos comensais, mais sensato deixar que a poeira baixasse, para ganhar visibilidade.

-Eu adoro brincar de esconde-esconde - gritava Belatrix Lestrange enquanto ria insanamente e rodeava o aposento ricocheteando feitiços por todos os cantos.

Se protegendo Acácia e Nymphadora tentaram novo ataque conjunto, sem sucesso, e acabaram revelando sua posição.


Quando os olhres de Bellatrix encontrou as duas mulheres, sentiu-se com água na boca. As vezes a realidade era boa demais pra ser verdade.

-Olha quem encontramos aqui- Bellatrix parecia deleitada com as novas “presas”. A filha de minha mais ordinária irmã... Nymphadora Tonks – e pronunciou o nome trouxa como se escarrasse – E... a maior desgraça que caiu na Sonserina desde sua fundação... Acácia Waracnac.

Rastaban riu.

O que se seguiu foi uma jorrada de feitiços de ambos os lados, Bellatrix acabou se engajando num combate contra Tonks, enquanto Rastaban atacava Acácia sem intervalos.

Tonks defendia-se como podia. Bellatrix era muito habilidosa com a varinha e a garota dava os primeiros sinais de cansaço após 5 minutos de feitiços initerruptos da tia.

Acácia e Rastaban estavam equilibrados, ela sempre preferira combates ao ar livre. A atmosfera interna a impedia de utilizar vários feitiços sem prejudicar sua parceira, sem contar a inexistência da liberdade de movimentação com a quantidade de obstáculos como tijolos de pedra maciça de 1,5 metros de aresta, caídos ao chão. Enquanto pensava nisso, lembrou-se da grande vantagem dos espaços internos: o mais interessante mesmo era que se podia jogar com o cenário.

Um dos feitiços de Acácia ricocheteou nas paredes e atingiu de raspão o rosto de Rastaban, que,sentindo o ardor em sua face esquerda e, vendo gotejar o sangue da ferida, gritou:
- SUA IMUNDA TRAIDORA DO SANGUE! – E irado, investiu novamente contra Acácia.

Acácia encarou Rastaban Lestrange entre um feitiço e outro:
-Antes trair o sangue - e atacou novamente - que trair a magia.

Mais fagulhas espocavam no aposento. Tonks estava se recuperando na batalha contra Bellatrix, que parecia uma máquina lança feitiços. Enquanto se protegia de uma investida particularmente dura, a garota perguntou com o máximo de desdém que conseguiu emular:

-Onde está seu precioso lorde, hein? Sentado se abanando, enquanto vocês se matam por ele?

Bellatrix pareceu deleitada em responder. Após uma longa risada, claro.

Cheia de escárnio ela novamente errava por um triz a própria sobrinha:
-Hahahaha Nosso Lorde não visita a escória como vocês. – e abriu um sorriso assustador – Ele tem assuntos de porte mais elevado para tratar.


Foi como se o mudo parasse em meio à batalha. Algo estalou no cérebro de Waracnac ao ouvir a fala da Comensal.


-----------------FIM DO CAP 10 (Até que Enfim, né???)----------------


É pessoal, por hora é isso! FINALMENTE!!!!!! Sei que já tem uma certa espada e um assassino atrás de mim porque demorei pacas a atualizar!! XP Mas eu estou de volta! huahuahuahuahua!
Vamos primeiro com as novidades!
Temos uma Beta!!! E eu vou deixar pra vocês alguns dos toques entre as nossas discussões! Ela tem me encorajado bastante a continuar com a fic, mesmo queseja difícil e eu ligue pra ela no meio da noite pra dizer que “eu não consigo escrever cenas de Snape e Harry que sejam legais! BuÁ”(particularmente esta de detenção foi um “PARTO”

Seja bem vinda, Senhora Daise D. ! ^_^

Agradeço também ao artigo da Lexicon denominado “Snape’s eyes”. Foi de fundamental importância pra entender o relacionamento entre os 2.

E fnalmente, a todos os leitores que ainda que ansiosos esperam pela fic!

BJOS A TODOS!!

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