Acertando as contas



O diretor Dumbledore estava muito aborrecido e decepcionado com todos os seus alunos, assim como alguns dos professores e o guarda-caça Hagrid. Exceto Filch, logicamente. Estava esperançoso para aplicar um de seus castigos medievais. Os alunos tinham vinte minutos para se apresentarem no Salão Principal. A maioria voltou para suas salas comunais para trocarem de roupa (boa parte ainda estava de pijama) enquanto os casos mais graves eram imediatamente enviados para Madame Pomfrey.
Por fim, depois de aceitavelmente arrumados, os alunos do quarto, quinto, sexto e sétimo ano de Hogwarts chegaram, acanhados, ao Salão. As quatro mesas e os longos bancos das casas foram removidos; em lugar deles estava um mar de cadeiras estofadas com pernas metálicas, parecendo os assentos de um cinema gigante, em frente á um grande palco improvisado, onde alguns professores os aguardavam, em pé. Os alunos, rápida e silenciosamente, se sentaram, enquanto Dumbledore tinha os olhinhos faiscando por detrás dos oclinhos de meia-lua, contemplando os jovens procurando assentos. Quando todos já estavam devidamente acomodados, o diretor deu um passo á frente, ladeado por Minerva e Snape, e disse em alta voz:
- o que eu presenciei hoje, foi de total vergonha e tristeza do fundo de minha alma. – o publico fazia um silêncio fúnebre - Nunca, em todos os meus anos, tanto como professor e diretor desta escola, eu vi tamanha selvageria e violência entre bruxos! Eu acredito que nem mesmo Você-Sabe-Quem trataria os seus comensais, como vocês trataram seus amigos nesta manhã. E tudo por quê? Por mentiras! Mentiras inventadas e descritas por pessoas inescrupulosas neste maldito livro! – Dumbledore atirou o Diário de Todo Mundo ao chão, que fez um barulho que ecoou por todo o aposento.
Phoenix, que estava ao lado de Hermione, guinchou. Pansy estava sentada com Johnny, na última fileira de cadeiras, e agia como se ela não fizesse parte dos alunos que estavam levando aquela bronca do diretor. Hermione se atreveu á olhar para trás: Draco estava sentado três fileiras antes dela, ladeado como sempre por Crabble e Goyle, e ao olhá-la, transpassou toda a decepção que estava sentindo ao balançar a cabeça negativamente para ela. Desviando o olhar, Hermione localizou Rony, Harry, Gina e Luna sentados um pouco mais atrás de Malfoy. Os quatro amigos não a viram, mas pela cara, Gina e Luna ainda pareciam estar muito chateadas.
- por Merlin! Como resolverei isso? – disse Dumbledore baixinho, abaixando e coçando a cabeça.
- permita-me, Professor. – aconselhou Minerva. – eu acho que tenho uma idéia.
A professora McGonnagal assumiu o controle. No minuto seguinte, ela conjurou pergaminhos, tinteiros e penas, que surgiram no colo de todos os alunos.
- quero que vocês – começou ela em voz alta – escrevam um pedido de desculpas para as pessoas que vocês ofenderam e maltrataram esta manhã. Quero que se arrependam de tudo o que fizeram, do fundo de seus corações, e que não estraguem suas amizades por meras mentiras. Nada mais que mentiras. – um feixe de luz dourada jorrou da ponta da varinha da professora McGonnagal e atingiu o Diário de Todo Mundo, que ainda estava no chão. O caderno rosado começou á esfumaçar por baixo da capa, e logo estava ardendo em chamas, até se tornar nada mais que um monte inerte de cinzas negras que foram logo foram varridas pelo vento. Hermione assistiu o livro ser queimado, e foi como se um peso estivesse sendo tirado de suas costas. Pansy não se importou com a queima do objeto, mas Phoenix e Cicci pareciam estar chorando no enterro de seu melhor amigo.
- agora, escrevam! – bradou a bruxa para os alunos á sua frente.
Um pouco relutantes e envergonhados, um a um os estudantes começaram a escrever em seus pergaminhos, seus pedidos de desculpas. Pansy era a única que não estava escrevendo.
- e quando todos terminarem, avisem! – bradou Dumbledore.
Levou quase duas horas para os pedidos de desculpas ficarem prontos. Quando as penas pararam de arranhar os pergaminhos, uma tímida aluna do sexto ano da Lufa-Lufa subiu ao palco improvisado e começou á ler, com as mãos tremendo:
- gostaria de pedir desculpas, a minha amiga Evelina pela maneira como a tratei hoje, e dizer que o que estava escrito naquele pergaminho era a mais pura mentira. Eu não me tornei sua amiga para me aproximar do seu irmão. Tornei-me sua amiga porque admiro sua persistência e sua coragem, ainda mais nas aulas de Trato das Criaturas Mágicas, onde temos que tocar naquelas coisas arrogantes, e também é mentira o fato de terem escrito que eu espalhei para toda a escola que você rói as unhas dos pés e gosta de homens mais velhos. É isso.
A tal Evelina parecia contente com o pedido de desculpas, mesmo tendo sido um pouco constrangedor. Evelina subiu ao palco e abraçou a amiga, e desse modo foi a vez dela. Assim foi por longos quarenta e cinco minutos, até que foi a vez de Cicci:
- bem, eu gostaria de pedir desculpas á minha amiga Phoenix. Amiga, - Cicci olhou para a colega, que pareceu apreensiva, afundando na cadeira – me perdoa por aquela vez que fiquei com o Mark na aula de Poções sabendo que você gostava dele, e me desculpa por rir da vez em que você menstruou na aula da professora Sprout, e por te lembrar disso, e por estar repetindo agora para a escola inteira, é!
Phoenix estava com os olhos fechados e a boca torta. Alguns alunos abafavam risadinhas, outros gargalhavam indiscretamente. E assim, tentando se recuperar da vergonha, Phoenix subiu ao palco.
- eu só estou aqui para dizer que perdôo todos vocês. – começou ela com um largo sorriso de superioridade - Eu compreendo... Ainda mais vocês, queridinhas do quarto ano, quem morrem de vontade de ser como eu, e também á vocês, garotos desprovidos de beleza facial. Eu perdôo por vocês viverem sonhando acordado comigo, me imaginando nua. É compreensível. Eu sei que não dá para todos vocês serem um Gilderoy Lockhart, mas é isso! Não estou nenhum pouco chateada com vocês. – Phoenix deu uma risadinha irritante.
Alguns alunos se enfureceram. Outros não acreditaram na baboseira que acabaram de ouvir. Todos ficaram revoltados perante á falta de humildade da colega; e não deu outra. Milhares de varinhas postas em posição conjuraram tomates e tortas, que pairaram no ar. Os professores estavam distraídos, conversando revoltados sobre o acontecido. No segundo seguinte, elas foram lançadas na direção da garota, que estava sozinha no palco, seguida de vaias de todos.
- peraí! Não foi isso que eu quis dizer! SOCOOOOROOOO! AI! AI! AHHH!
O alvoroço chamou a atenção dos professores. Dumbledore segurou uma gargalhada, enquanto subia para o palco para ajudar a aluna. Phoenix estava caída no chão, coberta por uma grossa camada de tortas de maçã azedas e tomares crus. Cautelosamente, á retiraram de cima do palco, e foi a vez de Luna Lovegood.
Quando Luna estendeu o papel á frente de seu rosto para lê-lo, uma vozinha conhecida falou algo bem alto, ao longe:
- finalmente ela teve a oportunidade que ela tanto esperava: ser o centro das atenções e mostrar para todos nós o seu mundinho confuso.
Pansy Parkinson deu uma gargalhada vitoriosa, assim como o restante dos alunos da Sonserina, espalhados entre os presentes.
Luna deu um sorrisinho e disse, dobrando o papel e colocando-o no bolso:
- ta legal! Parece que não vai ser do jeito que eu queria... - Luna assumiu um ar totalmente exêntrico - Eu vim aqui esta manhã para pedir desculpas a uma pessoa muito querida de todos vocês! Trata-se de Pansy Parkinson! Eu só queria mostrar a ela todo o meu arrependimento por te-la ridicularizado tanto debaixo dos narizes de vocês. – do outro lado do Salão, Pansy ficou séria e descruzou os braços - Bom primeiro a Hermione tentou dar para ela uma barrinha de chocolate que fazia inflar feito um balão, mas infelizmente quem comeu foi a Cicci, acidentalmente. – alguns alunos começaram á rir. – e depois eu e a Gina trocamos o creme de rosto dela por Catarro de Trasgo, que deixou ela uma semana na enfermaria. – o público gargalhou ainda mais – e por último dizer que a ela que a Hermione sempre, SEMPRE soube das suas tramóias Pansy, querida. Ah, e tem mais, vamos ter casamento! A Pansy resolveu trocar Draco Malfoy por Johnny Durham, da Corvinal! O que acontece é que o Malfoy ainda não sabe! – Luna deu uma gostosa risada, exatamente como o resto do público que apontava para Pansy.
A ex-Imperadora-Chefe parecia estar furiosa! Hermione virou-se para Pansy, que estava ao lado de um Johnny que tossia sem parar. Pansy olhou para Hermione, do fundo do salão, furiosa, e lhe deu as costas. Hermione foi atrás dela, enquanto Luna desocupava o palco para que um outro aluno se desculpasse.

Como era de costume, e também para não atrapalhar os horários das aulas, o time da Corvinal treinava o Quadribol aos sábados pela manhã. Pansy andava apressada, saindo do castelo, as mãos cerradas, furiosa. Hermione corria atrás dela, quase a alcançando.
- Pansy! Pansy! – berrava ela – espera! Por favor! Tenho que falar com você!
- falar o que? Falar o que, hein Granger? – perguntou Pansy aos berros, sem lhe dar atenção, quase chegando aos jardins do castelo.
- por favor! Quero pedir desculpas! – era a primeira vez em dias que Hermione se dirigia á Pansy – por favor, me ouve!
- ouvir o que? Ouvir o que, garota? Você me fez de palhaça esse tempo todo! – Pansy se virou para Hermione, que parou de súbito. Os cabelos das meninas brilhavam á luz do tímido sol que saia detrás de uma pesada nuvem.
- não fale assim! Você é tão culpada como eu!
- olha, foi um erro! Um verdadeiro erro colocar você em nosso grupo! Eu devia ter escutado a Phoenix! Você não merecia a fama que nós demos á você!
- quanta injustiça! Você só me colocou nas Imperadoras porque queria me ferrar!
- é isso mesmo! Queria ferrar você por estar tentando tomar o meu namorado!
- Draco Malfoy não era seu namorado! Ele foi! Hoje ele não é mais!
- ele será enquanto o meu pai for patrão do pai dele!
- Draco já tem idade para tomar suas decisões, sozinho!
- e acha que ele vai ficar com você? Uma sangue ruim? Na arvore genealógica dos Malfoys só tem lugar para sangues-puros sua idiota!
- você é tão primitiva... Eu nunca quis tomar Draco de você! Eu nem gostava dele... Foi... Por acaso!
- acaso... Sei... – desdenhou Pansy
- de que adianta falar de amor com você, Parkinson? Você nunca compreenderá quão bom é amar alguém de verdade.
- calada! Afaste-se de mim e de minhas amigas para sempre! Foi um erro termos nos envolvido com você! É típico esse tipo de comportamento das pessoas de sua laia!
- apenas me responda! Você vai me desculpar?
- nunca! Sabe o que você faz? Pode pegar, minha querida – Pansy se aproximava, com o indicador apontado para Hermione – as suas malditas desculpas e enfia-las na...
- CUIDADOOOOOOOOOOOOOOOOO – berrou a voz de um menino, ao longe.
- AHHHHHHHHHHHHHHHHH – gritou Pansy, sendo arremessada metros de distância para longe de Hermione.
Um balaço atingira a menina nas costas, em cheio, e foi assim que Pansy Parkinson morreu.

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