A Armadilha de Parkinson



Hermione estava extremamente aturdida. Tentava prestar atenção no que a professora Trelawney dizia, mas sua mente ainda estava na masmorra de Snape, ao lado de Malfoy, roçando os joelhos...
- querida? – perguntou Trelawney despertando a aluna de seu devaneio.
- sim, professora.
- nada. – disse ela, esquecendo Hermione e voltando-se para o restante da sala.
Hermione estava sentada sozinha. Harry e Rony ocupavam uma mesinha não muito longe dela. No minuto seguinte, Pansy e suas amigas adentraram a sala, silenciosas, e, para surpresa de alguns, ela se sentou no banquinho vazio ao lado de Hermione. Phoenix e Cicci ocuparam outra no fundo da sala. Por fim entrou Malfoy, que se sentou ao lado do capitão do time de quadribol da Sonserina, Marcus Flint.
Hermione procurou ignorar Pansy, enquanto esta abria o livro de Runas Antigas delicadamente.
- Em que página estamos? – perguntou Pansy, cortando o silencio entre as duas.
- 78 – respondeu Hermione sem olhar para a companheira.
Hermione tentava á todo o custo fixar a atenção no que Trelawney dizia, risonha, mas o rosto desdenhoso de Draco perpassava seus olhos á curtos intervalos, e a respiração de Pansy á incomodava. Perto do fim da aula onde Hermione não aprendera absolutamente nada, Pansy cortou novamente o silêncio.
- eu sei que começamos mal, Granger.
- hum – bufou Hermione recolocando o livro na mochila, enquanto os demais alunos já iam saindo.
- podemos ser amigas? – perguntou Pansy quando Hermione colocu a bolsa nas costas.
- o que? – perguntou Hermione, incrédula.
- amigas! Eu, você, Phoenix e Cicci formariam um quarteto perfeito!
- não daria certo.
- é claro que daria! Olha, não seja boba! Vamos, aperte minha mão e em todas as outras aulas, vamos sentar juntas.
- algum problema? – perguntou Rony, aparecendo atrás de Hermione, ao ver a mão de Pansy estendida para a amiga.
- nenhum, Rony. Pode nos dar licença? – dispensou-o Hermione.
Rony saiu de sua presença, aborrecido, e acompanhou Harry, que lia um bilhetinho de Gina entregue por um garotinho da Grifinória, e saíram da sala abafada.
- huum, eu estou com uma fominha... – disse a professora Trelawney, saindo da sala, desaparecendo entre os alunos que tumultuavam a porta de saída. Draco deu uma ultima olhada nas garotas que dialogavam e se juntou a multidão. A mão de Pansy ainda estava estendida; ela sorria radiante, Phoenix e Cicci se aproximavam. Quando a multidão se dissipou e só o ruído das conversas abafadas escadaria abaixo era ouvido, Hermione apertou a mão de Pansy e disse:
- amigas, então.
- ótimo! Vamos para o salão principal juntas! – disse Phoenix, dando as mãos á Pansy e Cicci, enquanto Pansy agarrava com a outra mão a de Hermione. E juntas, saíram da sala. Durante o percurso para o almoço no salão principal, Hermione foi a única ouvinte das barbaridades que Pansy e as amigas diziam dos alunos e professores que iam passando.
- espero não estarmos apavorando você, nova amiga – disse Pansy voltando seu olhar para Hermione – mas verdade seja dita, não é meninas? – e Phoenix e Cicci balançaram a cabeça positivamente. Ninguém escapava das línguas afiadas daquelas três garotas. Exceto Draco e alguns membros da Sonserina, claro. Sobrou até para a gata do zelador Filch, Madame Nora.
- aquela gata é uma animaga! Na verdade ela é a esposa do Filch. Ele a amaldiçoou para que ela ficasse na forma de gata para sempre! – resmungou Phoenix quando o animal passou.
As quatro garotas só se separaram quando chegaram ao salão principal.
- nos vemos na aula de Herbologia, amiga! – despediu-se Pansy, finjindo tristeza.
- tchau, Mione! – disse Cicci.
- amo você! Beijinhos, beijinhos! – disse Phoenix, beijando a mão e soprando o lugar na direção de Hermione.
Harry estava sentado com Gina, e o lugar de Hermione, ao lado de Rony, estava cuidadosamente seguro com os livros do garoto. Entretando, a menina se sentou bem longe deles, quase no fim da mesa, ainda pensando em Malfoy e nas novas “amigas”.
“estarão dizendo a verdade? Será que querem mesmo serem minhas amigas? Se for verdade, eu poderei me aproximar mais do Draco... ele e a Pansy terminaram ano passado mesmo... acho que ela não vai se importar...”
- Hermione! – a voz grave e suave de Draco Malfoy entrou pelos ouvidos da garota, criando um iceberg dentro de sua barriga e lhe arrancando calafrios.
- Malfoy – disse ela, virando-se para ele, fingindo seriedade.
- você esqueceu isso – e Draco lhe estendeu uma das várias penas de Hermione – deve ter caído de sua bolsa.
- é claro. Obrigada – agradeceu Hermione, arrancando o objeto das mãos do garoto – mas eu nem senti a falta dela... eu tenho tantas.
- eu ia lhe entregar na aula da Trelawney, mas a Pansy estava com você e eu, bem... estou tentando manter distancia dela.
- e porque?
- acho que ela me quer de volta, mas eu não estou mais apaixonado por ela.
- mesmo? – perguntou a garota que se servia de uma suculenta coxa de frango.
- é sim... estou apaixonado por outra pessoa neste momento, mas acho que não tenho chances.
- que pena. Mas um dia você vai encontrar a sua outra metade – riu Hermione.
Draco, que estava em pé, sorriu.
- vou indo. Até mais, Hermione. – despediu-se Draco, e ele saiu do salão.
Hermione parou o que estava fazendo e deu um longo suspiro, o olhar apreensivo.
Sua cabeça latejava de tanta confusão. Estava, até dois dias atrás, caída de amores por Rony, mas agora, com as atitudes tão estranhas de Malfoy a deixaram com a pulga atrás da orelha.o que fazer? Á quem recorrer? Harry parecia não estar sentindo á sua falta. Provavelmente á procuraria quando estivesse com dúvidas em alguma matéria, mas Rony estava um pouco mais aborrecido, olhando Hermione de longe, os olhinhos apertados.
- preciso esquecê-lo! É impossível! Hermione, Hermione, o que está havendo com você?!

Após o curto almoço, os sextanistas da Grifinória e da Corvinal desceram as escadas de predra rumo á orla da floresta proibida, onde Hagrid aguardava ansioso, ladeado por Canino e um estranho bicho que mais parecia um gato com cabeça de macaco. Quando todos os alunos estavam acomodados sobre troncos espalhados pelo quintal de Hagrid, ele começou:
- bom, crianças, tenho algo fantástico para vocês hoje! Este é um Cankey original! São muito raros e só são encontrados nas florestas da China e da Austrália. Também são extremamente dóceis e fáceis de domesticar. Ele está entre as criaturas mais astutas do mundo da magia e... – continuava Hagrid, acariciando o animalzinho em seu ombro, entediando á todos.
Pela primeira vez naquele dia, Hermione estava entre Harry e Rony, mas os amigos pareciam não nota-la.
- Alguém gostaria de tocá-lo? – perguntou Hagrid, e Harry e Rony saíram de perto de Hermione na mesma hora.
A garota ficou sozinha, contemplando a multidão que queria tocar no Cankey deitado no colo de Hagrid. Porém, sua repentina solidão logo foi preenchida por uma garota da Corvinal: Alice Prescott.
- ops! Desculpe, Hermione – falou Alice depois de finjir dar um esbarrão na garota que estava sentada num dos troncos.
- sem problemas Alice – disse Hermione sem dar atenção.
- a aula está chata, né? – perguntou Alice se sentando ao lado de Hermione, querendo puxar assunto e, claro, cumprir a árdua missão concedida por Pansy e suas amigas.
- é, está sim – respondeu Hermione
- você é uma garota de sorte!
- por quê?
- você fica o dia inteiro andando com Harry Potter para cima e para baixo! E eu não tenho coragem nem de dar “oi” para ele.
- mas por quê? Você gosta do Harry, Alice?
- bom... Mais ou menos, mas por favor não conte á ninguém que eu lhe disse isso, por favor! – implorou Alice, desesperada.
Hermione, no entanto, riu.
- não se preocupe Alice. Quem nesta escola não gosta do Harry. Muitas garotas já me disseram a mesma coisa.
- é sério?
- claro! Olha, eu posso contar: são 4 garotas na Lufa-lufa, 8 na Corvinal com você, umas 3 na Sonserina e um monte na Grifinória. Daria para fazer o que os trouxas chamam de fã-clube.
- nossa, e eu que pensava que era a única.
- fique sossegada. Se depender de mim, ninguém saberá. Sem falar que Gina morre de ciúmes dele.
- hum – Alice deu um muxoxo, e finalmente chegou aonde queria: - e você? De quem esta gostando? - Hermione engoliu em seco. Arregalou os olhos para Alice, que aguardava a resposta. Hermione relutou, mas precisava dividir aquela sensação estranha com alguém:
- ah Alice, eu não estou 100 por cento certa. Estou um pouco confusa. Eu estava começando á me apaixonar pelo Rony mas...
- mas...
- mas surgiu outra pessoa. Não vou te dizer quem é... você iria rir de mim.
- não Hermione. Jamais. Você não riu quando te falei do Harry, porque eu iria rir de você? – estimulou Alice
Não resistindo á tensão em seu cérebro, Hermione desabafou:
- ele é da Sonseria, sangue-puro, cabelos loiros.
- Draco Mal... – Hermione tapou a boca de Alice, antes que a garota pudesse pronunciar o nome todo naquele volume.
- é, é! Do Malfoy! Agora você já sabe e, não conte para ninguém, ouviu?
Ainda com a mão de Hermione sobre sua boca, Alice balançou a cabeça positivamente.
Depois da confissão de Hermione, Alice perdeu a vontade de continuar á conversar com a garota. Já tinha a informação que precisava. Era só contar á Pansy e pronto! Estaria livre e seu segredo continuaria seguro.
- acho que vou tocar no Cankey. – disse Alice olhando para o bichinho coberto de mãos curiosas dos alunos – até depois, Hermione.
- tudo bem, Alice. Tchau. – Hermione entristeceu-se, e foi invadida por uma sensação enorme de remorso e medo, por ter contado aquilo á uma simples conhecida e de uma casa diferente. Harry e Rony voltaram para lhe fazer companhia, mas nenhuma palavra foi trocada. Enfim, o sinal tocou, e Hagrid dispensou todos. Grifinória se separou de Corvinal e se juntou novamente á Sonserina, e as duas fileiras de alunos de uniformes diferentes rumaram para as estufas, nos fundos do castelo. Draco olhava para uma Hermione de costas discretamente. E Hermione, não conseguia parar de pensar em Draco, mas logo voltava a realidade, quando o fantasma de Rony surgia enquanto ela se imaginava beijando o sonserino á beira de uma linda praia ao crepúsculo.

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