Fúria e selvageria em Hogwarts

Fúria e selvageria em Hogwarts



Dumbledore estava tendo um agradável sonho quando mãos frias e magras o sacudiram para lá e para cá.
- professor! Professor! Acorde, depressa! – chamava a professora McGonnagal, ainda de camisola.
O sol tinha acabado de nascer. O castelo, entretanto, ainda tinha alguns cômodos no escuro.
O diretor, sonolento e mal-humorado por terem o acordado tão cedo em um domingo, entrou em sua sala bocejando, com um café forte esfumaçando na xícara que segurava pela asa com os dedos trêmulos. Já havia alguém assentando em uma das cadeiras da mesa de Dumbledore: era Pansy Parkinson, chorando feito uma desesperada, com um livro cor-de-rosa entre os braços.
- Professor! – começou ela com a voz trêmula – temos monstros em nossa escola! MONSTROS!
- acalme-se senhorita Parkinson, e me explique direito o motivo da senhora estar aqui tão cedo e neste estado.
- este livro, diretor! Este livro! Leia o que tem nele! Eu não acreditei quando vi! É horrível!
Pansy estendeu o livro á Dumbledore, com os braços tremendo. As lágrimas gotejavam de seu queixo. O diretor tomou mais um gole do café e apanhou o livro. Começou a folheá-lo. Pansy roia as unhas, ainda chorando.
- minha nossa! Oh, minha nossa! – dizia Dumbledore, enquanto passava página por página – pelas barbas de Merlim! O que significa tudo isso! Senhorita Parkinson, de quem é este livro?! – esbravejou Dumbledore, fechando o Diário de Todo Mundo com um baque surdo.
- Hermione Granger, Phoenix Leather e Cicci Mcllaine! – respondeu Pansy imediatamente, pondo-se de pé.


- Hermione! Hermione! Acorde! – Parvati sacolejava Hermione para um lado e pro outro, assim como Minerva fizera com Alvo.
- ai, o que você quer? Me deixa dormir!
- o diretor Dumbledore quer falar com você! – informou Parvati.
Hermione, que parecia que estava com um machado enterrado na cabeça, mediante á dor que sentia devido ao excesso de bebida da noite anterior, deu um pulo na cama. No minuto seguinte, ela estava colocando um roupão às pressas enquanto corria para a sala de Dumbledore.
Hermione encontrou a professora Minerva a porta da passagem para a sala do diretor.
- fique atrás da gárgula, senhorita Granger – ordenou a professora dando um sinal com a mão, indicando onde era o lugar.
Hermione obedeceu.
- Torta de pêssego – falou Minerva em alta voz. A gárgula girou. Uma escada circular se materializou diante de Hermione. Ela subiu e assim que percebeu estava dentro da sala mal iluminada de Dumbledore.
- sente-se, senhorita Granger. – pediu o velho.
Hermione olhou para ele. Estava sentado em sua mesa, e na frente dela estavam três cadeiras de costas para Hermione. Duas delas já estavam ocupadas por Cicci, que bocejava sem parar, e uma amedrontada Phoenix.
Hermione se sentou discretamente, retirou um cisco do olho, e olhou para o diretor, que segurava um caderno rosa nas mãos enrugadas. Ao reconhecer o objeto, a garota arregalou os olhos.
- sabem o que é isto? – perguntou Dumbledore, muito sério e aborrecido. As três garotas permaneceram em silêncio – eu fiz uma pergunta, senhoritas. Se não querem responder, eu vou lhes dar uma pista. – o diretor apoiou o livro em frente ao seu rosto e leu - O Diário de Todo Mundo. Mas que nome interessante! Sabem a resposta agora, senhoritas?
Hermione, Cicci e Phoenix permaneceram no mais profundo silêncio fúnebre.
- pois bem. – disse Dumbledore, ficando de pé – talvez algumas semanas na detenção com Filch, limpando troféus e trabalhando na floresta proibida de madrugada com Hagrid as faça mudar de idéia.
- não professor! – bradou Hermione para um Dumbledore furioso e de costas para ela. – essa... Esse livro... É meu.
Cicci e Phoenix olharam imediatamente para Hermione, incrédulas.
- seu não é? A pessoa que me entregou este livro me contou outra história. Disse que também pertencia á senhorita Leather e a senhorita Mcllaine.
- na verdade, é professor – disse Cicci, bem baixinho – mas tem uma outra pessoa também envolvida nisso tudo. Ai! – Phoenix deu um cutucão na colega.
- quer dizer algo, senhorita Leather? – perguntou Dumbledore.
- sim; oh, quer dizer não! Não... – respondeu Phoenix, assustada.
- conte á ele, Phoenix! Eu não vou levar a culpa toda sozinha! – esbravejou Cicci.
- eu não vou traí-la! Aliás, a Hermione escreveu mais nele do que nós três juntas!
- mentirosa! Ele existe desde o nosso segundo ano!
- cala a boca! – Phoenix tapou a boca de Cicci com a mão.
- SILÊNCIO! – bradou Dumbledore, fazendo a sala inteira vibrar. Os ex-diretores, em seus retratos, acordaram todos juntos com um pulo. – senhorita Mcllaine, se está se referindo á senhorita Parkinson, lamento em ter que lhe informar de que a senhorita está redondamente enganada! Por que, a própria Pansy, iria se referir á ela mesma como uma “Vadia sem vergonha, indigna de confiança”?
As três garotas entraram em silêncio novamente. Os olhos de Dumbledore, por detrás dos oclinhos de meia-lua, transpassavam fúria e pena pelas garotas cabisbaixas sentadas á sua frente.


- Caramba, que sono! A festa das Imperadoras acabou comigo – disse o monitor que estava tendo um casinho com Cicci, andando por um corredor com um colega do lado.
- nem me fale! Eu acho que estou bêbado até agora – respondeu seu amigo, um jovem, apesar de cheio de espinhas, muito bonito.
- que é isso? – perguntou o primeiro, olhando para um corredor com pergaminhos espalhados por todo o chão.
- “Cho Chang transou com Harry Potter três vezes em um armário de vassouras enquanto ainda namorava Cedrico Diggory”. – leu o garoto cheio de espinhas, após apanhar um dos vários pergaminhos do chão – caraça! Que é isso, meu irmão?
Os dois amigos iam pegando os pergaminhos e lendo. A cada minuto, descobriam um segredo novo de alguma beldade bruxa de Hogwarts e Hogsmeade.
Filch estava furioso. A primeira coisa que viu ao acordar, além de um rato morto embaixo de seu travesseiro escondido por Madame Nora, foi corredores e mais corredores cobertos de pergaminhos brancos. Assim estavam o salão principal, as salas de aula, as estufas e boa parte dos jardins da escola.
Logo os estudantes acordaram. E não deu outra. Assim como o monitor e seu amigo espinhoso, apanhavam os pergaminhos e começavam a ler.
Harry e Rony desciam para o café, admirando todos os estudantes que pegavam os pergaminhos do chão e liam em voz alta.
- o que significa? – perguntou Rony discretamente.
- deve ser alguma piada – respondeu Harry.
- Harry Potter! – gritou Gina, ás suas costas.
Harry deu um pulo. Gina vinha correndo em sua direção, um dos vários pergaminhos apertados nas mãos, furiosa.
- boa sorte – disse Rony, se afastando. – nisso ela puxou a mamãe, eu te garanto.
- então anda se encontrando com Cho Chang, não é? – perguntou Gina, aos berros.
- o quê? – perguntou Harry, de sobressalto.
O alvoroço repentino acordou toda a escola. Pansy Parkinson fizera cópias e mais cópias de todas as páginas do Diário de Todo Mundo e espalhou-as por toda a Hogwarts. Acreditando em todas as mentiras ali escritas, os estudantes resolviam suas diferenças no braço. Minerva e Filch entraram no salão principal, após ouvirem gritos, e se depararam com uma cena chocante: sobre as quatro longas mesas das casas e até mesmo no chão, garotas puxavam os cabelos umas das outras; os rapazes se chutavam e se esmurravam. Neville era espancado por Crabble e Goyle. Dino Thomas esmurrava seu melhor amigo, Simas Finnigan, contra a parede. Luna Lovegood corria de uma grandalhona da Sonserina, que gritava:
- eu vou te mostrar quem é que parece um elefante que anda nas patas traseiras!
Parvati e Padma Patil, as gêmeas, brigavam por causa de um garoto que estava namorando as duas ao mesmo tempo. Gina estava montada em Harry, lhe dando cascudos. Cho Chang era arrastada pelos cabelos por três garotas magricelas e altas. A escola para bruxos fora transformada em um ringe de luta - livre. Em cima da mesa de refeição dos professores, Pansy Parkinson contemplava a sua obra, com os braços cruzados, e um sorriso radiante no rosto.
- Crianças! Crianças! Calma! – berrava Hagrid, entrando no salão principal, separando dois jovens que se espancavam – calma! Calma! Tudo tem solução! AAHHH – Hagrid foi empurrado e caiu de quatro no chão. Um pergaminho, com a escrita virada para cima, chamou sua atenção. Hagrid apanhou-o e leu:

“O Guarda-caça de Hogwarts, Rúbeo Hagrid, não passa de um solitário que adora apontar os erros dos outros. Mas o pouco que eu sei sobre seu passado sombrio é mais que o suficiente! Hagrid foi expulso no terceiro ano em Hogwarts! Ele criava uma aranha gigante dentro do seu baú! No meu primeiro ano, ele trouxe um cachorro de três cabeças para nossa escola! Ano passado, escondeu um gigante na floresta proibida, e que está lá até hoje! Hagrid não é flor que se cheire! É um criminoso que... que vende ovos de dragões! A coisa mais proibidíssima do mundo da magia!”

Logo abaixo do que estava escrito, havia uma foto de um Hagrid furioso, espumando pela boca. O guarda-caça nem sequer suspeitava naquele momento que fora Hermione quem escrevera aquilo. Mas mesmo sem saber quem era o autor daquelas “meias-verdades-meias-mentiras”, ficou muito triste.
- ALVO! AQUI! DEPRESSA!
O grito da professora McGonnagal chegou abafado aos ouvidos de Dumbledore. Saindo de sua sala com as três garotas em seus calcanhares, ele contemplou a selvageria em que estava o lugar. Seus alunos, brigando feitos zumbis-canibais. Sua escola, um exemplo de ordem e disciplina, parecia um zoológico com animais em fuga! E então, cerrando os punhos, o diretor resolveu agir. Encostando a ponta da varinha no pescoço, sua voz ecoou pelos corredores, como se tivesse sido dita no microfone mais alto do mundo:
- SILEEEEENCIIOOOO!
O barulho cessou. Os alunos que estavam brigando, pararam na mesma hora. Alguns rapazes tinham o nariz e a boca jorrando sangue. Algumas meninas seguravam maços de cabelo de suas inimigas nas mãos cerradas.
- QUERO TODOS, NO SALÃO PRINCIPAL, DAQUI A VINTE MINUTOS!

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