O Reencontro



IV – O Reencontro



No instante em que a porta se fechara com Rony indo para a Casa dos Gritos, Hermione olhou, mas não reconheceu o rapaz de touca. Apensa sentiu um perfume familiar e seu coração deu um salto.

Porém não conseguiu segui-lo. Não tinha coragem para tal e não sabia mais o que pensar de tudo aquilo que estava fazendo até aquele momento.

"Afinal, foi há tanto tempo... Não creio que ele vá lembrar...” – pensava ela – “Então talvez fosse melhor se... não, não! Eu vim até aqui, não posso desistir agora!”.

Hermione balançou a cabeça freneticamente, fazendo com que um transeunte a observasse com curiosidade.

“Será que é medo? Medo de que ele não se lembre? Medo de que... tenha me esquecido...” – Hermione mantinha esses pensamentos enquanto pagava a conta e saía do pub, em direção à Casa dos Gritos.

Mal sabia ela que o rapaz que seguia mais a frente tinha esses mesmos temores...








Rony estava lá sentado naquela cama que trazia tantas lembranças, como sua perna doía naquele dia! Sirius poderia ter sido menos voraz... Riu lembrando das aventuras do "trio", era tão legal, ele, Harry.... Mione.

Rony mirou a parede de forma monótona. Havia descoberto uma falha no combinado, não tinham marcado um horário exato. E o fato de ela poder aparecer até as seis lhe irritava de modo insuportável. E mesmo que, de alguma forma, ele já pressentisse que logo ela estaria ali, a sua inquietação aumentava cada vez mais.

Seus dedos tamborilavam de forma louca sobre o colchão e seus pés batucavam em um ritmo descompassado na madeira velha e quase podre. Mordeu os lábios. Não podia mais ficar ali. Não conseguia conter sua dúvida, seu desejo de que os minutos passassem mais rápido.

Deitou na cama, tentando ser paciente e fechou os olhos, estava muito cansado. Num instante, adormeceu.



– Ha-ha, Rony! Pára! – disse brincando.

– Eu amo o seu sorriso – disse encarando-a.

– E eu amo você – Hermione deu um sorriso. Rony ficou estupefato. – O que foi, Rony?

– Nada – pegou-a pela cintura e a colocou mais próxima de si – Mione – chamou; ela o olhou – Eu também te amo.

Hermione o beijou docemente.

– Eu não quero que acabe, Rony.

– E quem disse que vai acabar? – perguntou dando outro beijo nela.




Rony acordou com o barulho da porta batendo lá embaixo. Levou um susto e resolveu descer, mas não antes de dar mais uma relembrada naquele rosto e de sentir novamente aqueles lábios.

Estava escuro demais para que pudesse enxergar, mas aquilo não lhe incomodava completamente. Estar em meio a escuridão fazia com que pudesse acalmar seus pensamentos, pensar através da sua razão e não de seus sentimentos. De modo compulsivo, ela amassava um pedaço de papel entre seus dedos, nervosa.

Em passos cada vez mais lentos e vacilantes, Hermione ia adentrando na Casa dos Gritos, até avistar a escada que a levaria para o quarto. Seu consciente pedia para que virasse de costa e fosse embora, mas seu coração cheio de expectativas pedia que continuasse.

Ali estava, frente a sua decisão. Levou os dedos trêmulos e gélidos até a maçaneta enferrujada a ponto de ser duvidoso o fato que ainda abrisse e a segurou com força. Girou-a lentamente, abrindo uma pequena fresta. Porém, como uma surpresa, a porta levou seu corpo para frente ao ser puxada com força. Sem qualquer equilíbrio, sentiu que caia, mas, ao encontrar o macio, percebera que não fora o chão quem amortecera sua queda. Elevou os olhos até mais para cima e pôde visualizar um homem ruivo que mirava sua face do mesmo modo divertido de sempre.

Hermione corou como se fosse uma adolescente ao encarar os olhos castanhos de Rony. Ele não sabia bem que atitude tomar, porém mantinha os braços firmes, segurando Hermione para que ela não caísse.

O pensamento de ambos, embora não pudessem ler a mente um do outro, era o mesmo: “Então, se lembrou!”.

E naquele momento em que havia muito a se falar, ficaram em silêncio, apenas contemplando a mudança que ambos sofreram nesses anos separados.

Os dois corações batiam descompassados e a respiração começava a arfar. Tinham tanto o que falar, tanto o que fazer. Entretanto, aquilo pouco parecia importar, já que o mero fato de estarem um ao lado do outro novamente já lhes parecia suficiente.

Cada um admirava o outro de modo abobado demais para poder dizer alguma coisa. Na realidade, talvez fosse mais correto dizer que estavam encabulados ao extremo para que arriscassem pronunciar qualquer palavra.

Hermione passou a mão pelos cabelos, arrumando-os de forma desnecessária. Seus pensamentos pareciam ter sumido dali, e ela pouco imaginava que os do jovem a sua frente também.

– Então... Você veio! – Rony deixou que uma voz rouca demais escapasse de seus lábios de modo oscilante, fazendo com que a morena sorrisse abertamente.

– É, eu vim. – disse, a respiração ainda irregular.

Os dois ficaram se encarando, o sorriso firme no rosto, expressando exatamente o que sentiam. Quando estava difícil demais resistir, os dois se aproximaram e foi inevitável o longo abraço que se sucedeu.

– Eu senti sua falta.

Rony encarou Mione, havia uma lágrima rolando por sua face. Seria por causa do que ele dissera? Apertou-a mais forte. Eles estavam tão próximos, nariz com nariz, um sentindo a respiração do outro, Rony se inclinou para ela...

Ele se inclinou e um som brusco fez os dois se separarem, assustados. Se encararam brevemente, até que Hermione desviou o olhar. Há muito tempo não conseguia encarar Rony mais do que cinco segundos.

– Então... Você lembrou. – ele disse novamente, tentando puxar assunto.

Ela não respondeu, sorriu com o rosto corado, concordando com a cabeça. Estava examinando como Rony havia mudado, estava muito mais bonito do que a última vez que o vira. Ele fazia o mesmo, reparando que Mione mudara muito, principalmente os cabelos, que antes ele achava lindo, e agora estavam perfeitos.

O silêncio entre eles era interrompido apenas pelo vento e algumas árvores que rangiam em demasia. Hermione tomou a iniciativa:

– Vamos?

– Claro – ele sorriu satisfeito.

Começaram, então, a caminhar pela neve, em direção a Hogwarts.

O vento que batia em seu rosto e o atravessava quase como uma faca de mil cumes deixava seu nariz sardento ainda mais vermelho do que o habitual. Suas orelhas estavam anormalmente pálidas e seus lábios começavam a ficar roxos de tanto frio. Entretanto, a situação da moça ao seu lado não era, na realidade, muito diferente. O casaco de lã não era grosso o suficiente para que mantivesse seu corpo em uma temperatura aceitável. Hermione levou seus dedos quase congelados a bolsa e tirou de lá uma touca rendada nas cores laranja e vermelho.

– Grifinória nunca deixou seu sangue, não é mesmo? – riu-se Rony, abraçando-se a si mesmo.

– Minha cor favorita sempre foi vermelha e, em especial, laranja – declarou a morena em meio a um sorriso – Você sempre soube, seu bobo!

– Podemos passar nos nossos antigos dormitórios depois que tirarmos a caixa do buraco... – sugeriu o ruivo.

– Será que todos os papéis e todas as outras coisas ainda estão intactos? – perguntou a jovem mais para si mesma que para qualquer outra pessoa.

– Espero que sim, sinceramente – sussurrou-lhe em resposta.

E, sem que percebessem, foram, aos poucos, aproximando seus corpos trêmulos e agitados um do outro, deixando que seus braços se entrelaçassem em um ato de carinho.


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