In Memoriam



Capítulo V
IN MEMORIAM



Gesh acordou com os finos raios solares que vinham de sua janela e lentamente abriu os olhos. Cada parte de seu corpo estava em dores; suas penas estavam exaustas pelos dias em que andou e seu braço direito estava quebrado. Ao lado de sua boca, atravessando seu rosto no extremidade direita, o corte ainda latejava. Gesh respirou profundamente. O lençol em que se encontrava escondia sua nudez; a cama macia balançava a cada movimento. Juntando todas as suas forças, ele se levantou, colocando sua calça e camisa - agora limpas.

Ele caminhou com esforço através do quarto até a porta. A casa possuia apenas um andar que Gesh pouco conhecia. Ha quanto tempo estou aqui?, pensou. O bruxo virou-se ao escutar uma voz. O barulho vinha do que deveria ser a cozinha. Assustado ele se dirigiu as vozes - agora mais de uma.

"Quem está aí?," indagou enquanto se aproximava da cozinha.

"Pelas Barbas de Merlin, ele acordou," Gesh conhecia aquela voz; ela era suave e calma, assim como aquela que a possuia. As palavras foram acompanhadas por rapidas pisadas. Do cômodo sairam uma mulher de cabelos loiros e e um rapaz, já em seus 20 anos. "Gesh, oh Graças a Deus," disse a mulher, abraçando o bruxo. O jovem rapaz veio logo em seguida também o abraçando.

"Giulia? Mas como...?" começou, uma onda de perguntar vierem a sua mente. Ele se sentiu mais forte; apenas por um momento porém.

"Não, as perguntas e suas respostas ficarão para depois. Agora você precisa se alimentar, tomar um banho e então nós conversaremos com calma. Há muito para se dizer e todo o tempo do mundo para tal."

Com a ajuda de seu filho, Gesh foi para a cozinha onde se sentou na cadeira mais próxima. De alguma forma misterioza a mesa estava farta. Onde ela conseguiu toda esta comida? Ele pegou seu prato e colocou algumas panquecas (com cobertura de caramelo), algumas tiras de bacon, dois pedaços de pão e, para acompanhar, suco de abóbora. Giulia apenas assistia, enquanto ele assassinava sua fome, criada por dias de apenas pão duro com queijo e água. Depois de satisfeito, Gesh inclinou-se na cadeira, colocando a mão sobre sua barriga. "Como eu senti falta desta comida," disse confortavelmente.

"Pai," Gesh olhou para trás, "eu preciso ir. Eu gostaria muito de ficar mais, porém eu tenho meu próprio lugar agora e, como o senhor imagina, eu não posso deixá-lo sozinho por muito tempo. Volto assim que possível."

"Próprio lugar?" perguntou Gesh surpreso.

"Sim, eu não tenho tempo para explicar. Mãe fará isso por mim. Até logo."

"Até, meu filho," Gesh observou enquanto Giulia e o rapaz sussurravam e então o viu desaparecer em chamas verdes na lareira. Ela retornou para a cozinha, fazendo um movimento para que o bruxo levantasse e fosse se lavar.

O banheiro era do outro lado da sala. Gesh esperava um banho gelado, porém a água era quente e confortável. Ele ficou ali, corpo todo submerso - exceto por sua cabeça -, por um longo tempo, pensando e pensando. Ele tentava organizar suas lembranças, mas apenas uma vinha à sua cabeça.

Gesh mais uma vez estava em seu esconderijo, rodeado por três Comensais da Morte. Eles não tinham máscaras - não neste sonho - muito menos rostos, dado que Gesh nunca os viu. Eles o torturavam. Por horas os Comensais tentaram extrair de Gesh uma preciosa informação. Preciosa e perigosa. Em mão erradas, apenas mal e destruição trairia. Ele quase enloqueceu, a dor era tamanha... a maldição era insuportável. Ele via a morte em frente, paz finalmente. E morte significaria que a memória estaria segura.

Finalmente o Comensal a sua frente levantou a varinha. "A-...," era agora, "-vada...," sem dor. "Keda-...," isso, "-vra," e então... nada. Ele estava vivo... VIVO. Não era um sonho. Nao podia ter sido um sonho.


Gesh levantou-se da banheira. Ele pegou a toalha para se secar. Após vestir-se, ele saiu do banheiro e olhou ao redor, contemplando a casa pela primeira vez. Ele estava na sala principal - na qual já havia cruzado duas vezes. A sua frente estava o sofá vermelho e mais adiante - no outro lado - a cozinha. A porta do quarto estava no canto direito perto da lareira, que jazia na parede a sua direita.

Giulia veio da cozinha com uma bandeija, que continha uma chaleira, duas xícaras e biscoitos. Ela olhou-o nos olhos e ele entendeu imediatamente que deveria se sentar. Ele o fez. Assim que estava acomodado ele pegou a xícara com chá, que ela havia preparado.

“Giulia, nós precisamos conversar.”

“Sim, sim meu amor. Agora é o momento. Você primeiro, porém. Eu preciso saber sua estória antes de contar a minha.”

“Muito bem. No dia em que parti eu aparatei para o interior e tentei escontrar pequenos vilarejos trouxas em que eu podia me esconder. Como eu contei na minha primeira carta eu estive ali por alguns dias e então movi para outra vila. Eu ainda não tinha meios de falar com Dumbledore ou o Ministro sem ser rastreado por Voldemort. Eu continuei movendo e tentando me comunicar com o Ministério por duas semanas, quando então eu cometi um erro terrível. Eu mandei uma coruja para um conhecido meu, eu não lembro porque; talvez algo sobre o Ministério. Ela provavelmente foi intereceptada e um dia depois três Comensais me rodeavam.”

“Nós já conversamos sobre os Comensais Gesh. Foi tudo um sonho.”

“Não, por favor me deixe terminar. Eu conhecia um deles: Dolohov. Ele não retirou a máscara, mas eu conhecia aquela voz. Eles vieram pela memória e me torturaram por horas; eu sangrava por dentro. Dolohov se cansou pela minha resistência Giulia. Eles não conseguiram me quebrar... não conseguiram corromper minha mente e então eu vi o jato de luz verde vindo na minha direção enquanto fui jogado para trás, no chão. Ele tinha usado a Maldição da Morte, más eu senti o ar voltar aos meus pulmões e abri os olhos. Eu estava vivo... por favor deixa eu terminar. Imediatamente, juntando minhas forças, preparei tudo para fugir. Achei minha varinha, a penseira e aparatei para uma outra vila, com uma casa abandonada. Lá eu enviei a coruja para você. Depois disso esperei alguns dias e fugi novamente... eu lembro de ter queimado a casa.

“Eu não lembro nada do que tenha acontecido depois disto e por mais que eu tente, nada me vem à cabeça. Você tem que acreditar e mim, eu sobrevivi à maldição. Não foi um sonho.”

“Muito bem Gesh, se você quer que eu acredite, então eu irei. Agora que eu sei o que aconteceu com você, eu posso completar o resto... ou até onde minha inteligencia me permite.

“A sua última carta me deixou extremamente preocupada. Eu pensei e cheguei a conclusão que junto estariamos mais seguros, então fui a procura de um novo esconderijo. Achei esta casa e pedi a proteção do Ministério. Dumbledore me aconselhou a procurar por você imediatamente.”

“Dumbledore?”

“Sim, eu entrei em contato com ele assim que recebi sua carta. Bom, ele me ofereceu dois elfos da escola para ajudar. Eles passaram dias à sua procura, achando alguns rastros seus, porém nada. Eles inclusivem acharam a casa queimando, provavelmente minutos após você ter desaparatado. Quando eles finalmente te encontraram você estava gravemente ferido. Os elfos te levaram para Hogwarts imediatamente, onde você ficou por três dias. Depois disso, eu te trouxe para cá. Hoje faz exatamente três semanas que você foi encontrado e desacordado desde então.”

“Três semanas?”

“Sim, graças a Merlin você acordou.”

“E as minhas coisas? A penseira... eu enterrei ela, mas...”

“Sim, sim. Porém Dumbledore sabiamente me aconselhou para que a penseira fosse para Hogwarts. Ele foi buscá-la pessoalmente. Bom... aparte disto, tem mais. Algo estranho está acontecendo no mundo trouxa. ‘Milagres’ eles estão chamando. Pessoas que deveriam ter morrido estão vivas. Você sabe... casos em que sobrevivência é impossível. O Ministério suspeita que alguma bruxo esteja usando mágica em trouxas, mas nada é certo.”

“E Mikhail... como assim ele tem o próprio lugar? E onde você conseguiu tanta comida?”

“Mikhail decidiu que ele deveria achar um lugar para si, outro esconderijo. Assim se um cair o outro ainda está de pé. Ele também se apaixonou uma bela moça, na qual ele quer se casar. Linda ela é e muito inteligente. Bruxa mais perfeita não tem. Quanto a comida, Dumbledore tem enviado suprimentos regularmente.”

Gesh pareceu preocupado com o fato de seu filho estar sozinho, mas então outra pergunta veio a sua mente. “Dumbledore viu minhas lembranças?”

“Sim Gesh, por segurança. E é por isso que a situação agora é séria. Eu estava guardando isto para o final.”

“O que?”

“Bom, quando Dumbledore revistou a penseira ele não consegiu achar a memória.”

“Isto eu já suspeitava”

“Como?” perguntou Giulia surpresa.

“Eu passei a memória para outra pessoa.”



Lorde Voldemort aparatou em frente de seu destino, seguido por Dolohov. Essa missão era importante e Voldemorta a completaria ele mesmo. A rua em que se encontrava era mal iluminada. A casa para qual se dirigia era estreita, porém alta. Ele passou pelo portão de entrada e com o aceno de sua varinha abriu a porta verde da casa.

Voldemort e Dolohov entraram, suas silhuetas praticamente se arrastavam. O Comensal havia cumprido com sua palavra e o Lorde das Trevas estava feliz. A última missao fora um sucesso. Dolohov olhou ao redor: a casa possuia poucos móveis. Em frente à porta se encontrava uma escada. coberta por um velho carpete azul. Voldemort se dirigiu ao segundo andar. Dolohov apenas o seguiu.

O bruxo por quem procuravam estava no único quarto da casa, à direita do último degrau. Lorde Voldemort observava o bruxo dormir. A brisa noturna atravessava a janela e movimentava a cortina de seda. Voldemort permaneceu calado por um tempo. Ele simplesmente olhava para o bruxo, que agora estava perdido no mais profundo de seus sonhos. Algo passou pela janela, uma sombra. O bruxo abriu os olhos.

"É você então? Voldemort finalmente me encontrou. Eu esperava pelo o dia em que o conheceria. Noite agradável não?"

"Sem mais delongas," disse Voldemort com uma voz fria, levantando sua varinha, "Crucio". O bruxo urrou de dor. Ele sentia milhões de agulhas perfurando o seu corpo. "Agora, para que eu pare é simples: a memória. Dê-me-a e talvez eu o deixe viver. Pegar ou largar, velho."

O bruxo, mesmo com dor, riu-se. "Ela já não está mais em meu poder. Do mesmo jeito em que a memória me foi passada, eu passei-a adiante". Voldemort tentou responder, porém o bruxo foi mais rápido. "Você pode me torturar pelas próximas horas que estão por vir; até o dia chegar e a noite cair. Mais lhe digo agora que estará perdendo seu precioso tempo. Eu estou preparado para sofrer por estar memória; morrer se for preciso. De mim você não terá nada."

Voldemort gritou de raiva. Ele persistiu por horas. Nada. "Avada Kedavra," disse finalmente, terminando com a vida do velho. Então virou-se para Dolohov.

"Lorde Voldemort é piedoso, Dolohov. Eu não o culparei pelo o que aqui aconteceu. Sabedoria se ganha com o tempo... e obviamente você não o tinha. Preciso que vá em mais uma missão, Dolohov. Encontre aquela memória... e desta vez tenha certeza de onde ela está."

"Sim, Milorde. Obrigado por sua misericórdia."

"Não me agradeça ainda. Seu destino depende desta missão. Agora vá."

Dolohov obedeceu seu senhor e desaparatou. Voldemort olhou para a casa, seus olhos vermelhos brilhavam com furia. Ele considerou destruir a casa, porém desisitiu. Nós não queremos chamar atenção, então aparatou.

Dentro daquele quarto escuro um bruxo abria os olhos e uma sombra negra de olhos brancos fugia pela janela. E pela segunda vez a Maldição da Morte havia falhado.


* * *


O dia estava claro lá fora. O sol estava quente e o céu azul, como sempre. A bolsa de valores estava alta e a economia fluia perfeitamente. A guerra no Vietnã continuava a matar. Deus estava no céu observando a todos, porém Anthony observava somente duas pessoas: um casal para ser mais exato. Eles se divertiam na piscina, se amavam. Anthony os olhou de longe, por um bom tempo, então voltou para seu carro e foi para casa.

A mansão era fabulosa. Anthony era um dos diretores de uma famosa compania aérea. Ele adorava a Grécia e música clássica. A casa era repleta de estáturas gregas e quadros... e arte em geral. Ele se dirigiu ao seu escritório e ali permaneceu, escutando à Raindrops Prelude de Chopin. A manhã passou e veio a tarde. Já ao final - quando o céu tem um tom alaranjado - ele escutou um barulho na sala: sua esposa havia chegado. Anthony saiu de seu escritório para receber-la.

"Você chegou cedo hoje," disse ela assustada ao ver o marido.

"Eu estava cansado, então vim para casa descansar."

"Se sente melhor?"

"Sim, obrigado...," então um silêncio caiu sobre ele. Depois de alguns segundos e ele olhou para ela. "Sabe, enquanto dormia, eu tive um sonho. Foi mais um devaneio. Eu vi nós dois, quando nós nos conhecemos, você se lembra? Eu vi os seus olhos observando-me com interesse. Você vestia aquele vestido branco e o seu cabelo estava cacheado... você estava maravilhosa. Eu lembrei o por que eu te amo. Me diz, você sonha comigo?"

"Eu não tenho tempo para isso denovo."

"Você nunca tem tempo para nada. Sem tempo para sonhar, ou para se lembrar. Sem tempo para me amar."

"Por que você está fazendo isso? Me diz, por que?"

"Porque eu cansei de te esperar... eu... meu coração...," ele olhou para baixo. "Eu vi você com o policial hoje. Eu tinha que ter certeza. Eu te segui até o hotel..."

A esposa abaixou os olhos. Vergonha, raiva, amor... rendição. Uma mistura de sentimento passou por sua mente. Era isso, o fim; e ela sabia. Ela sabia que o dia chegaria e a muito que o esperava. Liberade. O momento nunca veio, não até agora. “Então é isso,” ela disse, com alivio.

“Isso? Não, eu ainda não terminei com você.”

“O que mais você quer?”

“Por que?”

“Por que?, ” ela repetiu a pergunta com sarcásmo. “me diz qual foi a última vez que você passou o dia comigo, ou nós tivemos uma tarde na praia, um jantar romântico? Você congelou-se por dentro. Se esqueceu de mim e agora a pouco se lembrou. Você e seus aviões. Se casa com eles Anthony... e me deixa em paz.”

“Eu sinto muito.”

“Tarde demais!”

"Não, eu sinto muito por...,” silêncio caiu sobre ele. Uma lágrima escorreu em seu rosto, "isto". A última palavra veio acompanhnada de um tiro. A esposa caiu no chão, um buraco entre seus olhos. Anthony guardou a arma e foi para seu escritório. E uma sombra foi, tão rapida quanto veio. O corpo no chão mexeu-se. A esposa respirou involuntariamente. O mundo em silêncio. Então não somente a Maldição da Morte havia falhado, como a morte - ela mesma – perderá mais uma alma. E agoram já eram centenas.

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