A decepção de Lorde Voldemort



Capítulo III
A DECEPÇÃO DE LORDE VOLDEMORT



“O QUÊ? Como assim não morreu?”, o grito ecoou por todo o andar do quartel oficial da CIA em Langly, na Virginia. “Seja qual for a piada, meu humor está abaixo de zero hoje, agente.”

“Não é piada, chefe... o presidiário não morreu.”

Em seus mais de 20 anos como detetive, a Diretora Central de Inteligência Norte-Americana, Brenda Leigh Jonhson, nunca esteve tão horrorizada com uma notícia. Sendo a cabeça por trás de muitos planos da CIA, a loura de olhos azuis já enfrentara diversos terroristas, traficantes, chefes da máfia e serial killers, porém, um condenado imortal seria sua primeira vez.

Chefe Jonhson aparentava todos os seus 45 anos – e alguns mais. A diretora usava seu típico conjunto azul marinho e um batom vermelho – que acentuava ainda mais seus notáveis lábios. Em seu peito, do lado esquerdo, um brasão com a bandeira americana e as medalhas por seus serviços exclamavam abertamente que Jonhson era a diretora central por dois motivos: seu amor pelo país e seu vício pelo trabalho. Brenda era de longe a melhor policial de sua turma, a melhor investigadora do departamento e cruelmente perspicaz em uma sala de entrevistas. Seu lema sempre fora Find the truth, encontre a verdade.

“Mas como isso é possível?”, ela tinha seu rosto vermelho de raiva e, ao mesmo tempo, parecia surpresa.

“Nós não temos uma explicação ainda, chefe... pelo menos uma plausível. O FBI nos entregou os arquivos há pouco – desgostosos, devo acrescentar... não que vá nos ajudar”, disse Agente Provenza, um dos que trabalhavam para Chefe Jonhson.

“Certo... então eu gostaria de saber o que a CIA já sabe.”

Agente Provenza parou por uns instantes, recordando de tudo que sabia. Tendo certeza de que não iria se esquecer de nenhum detalhe importante para a investigação, Provenza começou com as informações.

“O prisioneiro devia ter morrido ontem entre as 21h e as 21h30, chefe. Ele entrou na sala às 21h08. A cadeira foi acionada exatamente às 21h13 e assim permaneceu por pouco mais de um minuto. Às 21h15 o corpo voltou a respirar – espantando a todos, é claro. A cadeira foi acionada mais duas vezes... a primeira às 21h16 e a segunda às 21h19... ambas em vão. Segundo testemunhas, o prisioneiro gritava de dor e, então às 21h21 os policiais resolveram retirar a máscara. Às 21h26 ele foi retirado da sala e levado para um hospital, com sérias queimaduras.”

“O FBI já processou o local?”

“Eles chegaram no local, sim. Porém, ordens são de que ninguém tocasse em nada. A sala está lacrada neste momento, esperando pela senhora.”

“Muito bem. Recrute sua melhor equipe, Agente... sentindo-se bem para uma viagem?”

“Sim, senhora.”

“Ótimo, o local permanece fechado. Até segunda ordem, Provenza, ninguém sai ou entra daquele prédio.”

“Assim seja, chefe.”

“Agente Provenza, só mais uma coisa... o choque tinha força suficiente para matar? Eu espero não estar indo para um caso de erro técnico.”

“Força suficiente para matar um leão, chefe.”

“E o prisioneiro continua vivo?”

“Sim e ele não está nem perto de partir para uma outra vida.”

“Eu quero todos prontos em 10 minutos, agente. Providenciarei o avião mais rápido que eu puder. Esse problema com o pessoal do Texas me deixou realmente preocupada e quanto mais eu demorar, menos evidências terei para analisar.”

“Evidências?” Agente Provenza estava curioso, “exatamente que evidências a senhora espera encontrar?”

“Qualquer evidência que me ajuda encontrar a verdade. Ninguém sobrevive a um choque daquele, Agente, não se o choque estava realmente programado corretamente.”

“Algum aliado dentro da prisão?” Provenza estava cada vez mais surpreso.

“Talvez, eu ainda não tenho certeza. Mas de algo eu estou certo... esse caso me dará uma grande dor de cabeça. Teremos um dia longo, Agente.”

“Sim, chefe... longo” e com essas palavras Brenda Leigh Jonhson dirigiu-se para a porta de sua sala no 10º andar do escritório central da CIA. Após 20 minutos, a diretora, juntamente com outros 6 agentes – entre eles Provenza –, dirigiu-se para o avião que seguiria em direção de Austin, no Texas.

* * *


Dolohov observava sua varinha; a idéia de perdê-la era horrível. O fiasco de sua última missão – uma informação importante para o Lorde da Trevas, que ele deveria ter conseguido de um velho bruxo – fora a gota da água para Lorde Voldemort. Dolohov, as conseqüências de suas últimas são decepcionantes. Seus erros estão me custando caro; ainda ecoava em sua mente. Mais um erro, somente mais um e eu aconselho-o a fugir para sempre. Lorde Voldemort precisava daquela informação, que estava agora perdida com o bruxo que Dolohov tinha assassinado dias atrás.

“Como pude eu ter falhado mais uma vez?” Dolohov ofegava enquanto falava consigo. “O Lorde das Trevas não atura falhas. Eu deveria ter a informação... ao invés eu acabei com o único que a tinha. Minha última chance.”


O Lorde prezava Dolohov, mais do que qualquer outro Comensal. Sempre pronto para servir, para se entregar e obviamente devoto às Artes das Trevas. As últimas missões haviam sido, no mínimo, decepcionantes. Dolohov estava perdendo o jeito e certamente seria uma grande perda.

“Dolohov... as coisas estão ficando difíceis! Você não pode falhar desta vez! Não você”, disse Lorde Voldemort a si mesmo, enquanto olhava para o teto marrom de seu quarto. Para garantir sua segurança, os mago decidiu-se por um esconderijo no mundo trouxa; um nojento e escuro esconderijo. Uma situação momentânea, ele pensava toda vez que entrava no local.

O Lorde das Trevas nunca demonstraria seu orgulho por Dolohov, um ato como este criaria um grande conflito entre os Comensais e colocaria seu caráter em questão. Não... Voldemort tratava seus Comensais como empregados, que deveria fazer todo o trabalho sujo apenas pela chance de estar ao seu lado, porém Dolohov era especial. Ali estava ele, desde o começo, sempre ajudando quando podia. Dolohov era um bruxo incrível, com grande habilidade em Arte das Trevas. Era alguém para se preservar, mas, com os últimos acontecimentos, preservação estava se tornando impossível.

As últimas instruções do Lorde das Trevas tinham sido simples; a informação que Dolohov deveria ter conseguido na última missão era extremamente importante. Sem ela, Voldemort não poderia continuar com seus planos de se tornar o maior bruxo de todos os tempos. Eles teriam que consegui-la de alguma outra maneira. Por sorte, aquela informação havia sido passada para outra pessoa, que era agora a missão de Dolohov.

O Comensal estava se preparando para sair. Voldemort fora extremamente específico: Não retorne sem o que eu desejo; e Dolohov não iria. Ele estava decidido a vencer todos os obstáculos e agradar ao Lorde das Trevas... custasse o que custasse.

“Eu não falharei...” e, com essas palavras, aparatou.



A 2000 Km dali, em uma casa escura e abandonada em uma vila distante e esquecida, um velho bruxo se preparava para fugir. Tudo estava arranjado: a mala estava pronta, os objetos importantes guardados e a penseira já estava escondida... talvez para sempre.

A coruja também já estava de volta, com a resposta de sua família. A carta jazia em cima da mesa de mogno, no canto esquerdo da sala de estar.

Querido, essa história, por mais interessante que seja, é absurda. Não há meios de alguém sobreviver à Maldição da Morte. Foi tudo um pesadelo, mas já passou. Eu sei que os últimos dias foram terríveis, mas é só por um curto período. Em breve todos estaremos juntos.

Mesmo assim, eu concordo com você... saia daí o mais rápido possível. Você precisa continuar mudando de local até que tudo esteja seguro novamente. Não mande outra carta... eu te contatarei.

Com amor,
GD.


Por dias aquele bruxo não dormia. Talvez por medo de não acordar, talvez por medo de que aquele pesadelo voltasse.

Pesadelo... tudo um pesadelo. Porém, um pesadelo muito estranho. Ele ainda podia escutar aquele Comensal gritando “Avada Kedavra” enquanto seu corpo voava pelo ar, caindo morto no chão e, como num piscar, a sensação de imortalidade. O oxigênio que retornara para os seus pulmões e o impulso de levantar, como se nada tivesse acontecido. Tudo parecia real demais para ser apenas um pesadelo; mas nada parecia sensato. Um pesadelo.

O bruxo olhou pela última vez para casa. Ela fora um ótimo esconderijo. A casa parecia um castelo ao luar. Ela estava abandonada por décadas e ninguém na vila se atrevia a chegar perto – histórias de fantasmas e espíritos rondavam o local. Hoje, porém, seria o último dia daquela casa. Uma vez que o bruxo saísse, por precaução, a casa teria que ser destruída.

O bruxo saiu pela porta dos fundos, carregando uma mala média com algumas roupas e alguns outros itens. Ele não tinha idéia do que faria, nem para onde iria, mas fugir era inevitável. Retirando sua varinha de seu bolso esquerdo, o bruxo apontou para a casa: “Incendio”. Em segundos, o fogo se espalhou, consumindo cada centímetro da casa. Antes de o fogo terminar, o bruxo já tinha desaparecido rumo ao desconhecido.

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